'Ai de ti, Copacabana', de Rubens Braga, é um livro que reúne crônicas, escritas de abril de 1955 a março de 1960, selecionadas e organizadas pelo próprio autor. As crônicas, impregnadas com o amor do autor à vida simples, dos humildes e sofredores, abordam assuntos do dia-a-dia, da infância, da mocidade e dos primeiros amores.
Rubem Braga was a notable Brazilian. He was born in Cachoeiro de Itapemirim city, state of Espírito Santo, on January 12, 1913 and is one of the few writers to attain recognition among the Brazilian literary establishment by solely penning crônicas (periodical Brazilian short stories published in newspapers) throughout his career.
Braga was raised in his hometown, but at an early age was sent to the city of Niterói by his parents, to live with relatives. He attended law school in Rio de Janeiro, but graduated in Minas Gerais, in the year of 1932, after having acted as a field reporter in the Diários Associados for the Revolta Constitucionalista.
He was a correspondent in Italy for the Brazilian newspaper Diário Carioca during World War II. He subsequently returned to Brazil, taking definitive residence in Rio de Janeiro. Braga was arrested several times by the Nationalist military government of the time.
His first book O Conde e o Passarinho was published in 1936, when he was 22. He is one of few Brazilian writers to get recognition by writing short stories. Braga founded, together with Fernando Sabino and Otto Lara Resende, the book publisher Editora Sabiá.
As a journalist, Braga was a reporter, writer and editor for newspapers and magazines from Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais and Bahia. In 1953 he was nominated the Brazilian "Chefe do Escritório Comercial" in Chile, due to his frindship with president Café Filho. In 1961 he was appointed as Brazilian embassor to Morocco by president Jânio Quadros. During his last years of life he worked for TV Globo. Braga died on December 19, 1990.
O escritor capixaba - Rubem Braga (1913-1990) - é considerado o maior e melhor cronista brasileiro, havendo quem diga que elevou o género da crónica ao patamar do romance e da poesia. Há já algum tempo que tinha a obra 200 Crônicas Escolhidas para ler, mas foi um podcast, com uma entrevista à Martha Batalha, que me fez ir ao encontro deste Ai de ti, Copacabana.
Então mergulho no meu sonho absurdo Entre carros, conchas, búzios Entre os peixinhos do mar Lembro Caymmi, Rubem Braga, João de Barro E sigo no itinerário da princesinha do mar 🎵 Alceu Valença, ai de ti, Copacabana
Este livro reúne 60 crónicas publicadas entre 1955 e 1960, em alguns dos jornais onde trabalhou. Os primeiros contos são escritos ainda em Santiago do Chile, onde o escritor narra sobre a sua casa, a cidade, as pessoas e as paisagens. Há referências à cordilheira dos Andes, ao Oceano Pacífico, palavras em espanhol, terremotos e até à civilização Inca.
Santiago não tem mar; mas tem, a leste, essa presença de abismo e de infinito, essa paisagem de estranha força, pureza e paz – de uma oceânica beleza.
Mandei um telegrama para o Brasil me demitindo. Agora estou sozinho em minha sala, no sétimo andar, olhando o movimento (…) sim, eu gosto do Chile (…) e do alto da minha janela solitária eu me despeço dele com um olhar em que talvez haja alguma pena.
A maioria das restantes crónicas são, na minha opinião, uma Ode ao bairro de Copacabana. Com um estilo melancólico, com um humor refinado e um jeitinho de contar histórias diz as coisas mais profundas da maneira mais simples. A premonição de Rubem Braga sobre o futuro de Copacabana não é das melhores.
1. Ai de ti Copacabana, porque eu já fiz o sinal claro de que é chegada a véspera de teu dia, e tu não viste; porém minha voz te abalará as entranhas. 4. Sem Leme, quem te governará? Foste iníqua perante o oceano, e o oceano mandará sobre ti a multidão de suas ondas. 5. Grandes são teus edifícios de cimento, e eles se postam diante do mar qual alta muralha desafiando o mar; mas eles se abaterão. 6. E os escuros peixes nadarão nas tuas ruas e a vasa fétida das marés cobrirá tua face; e o setentrião lançará as ondas sobre ti num referver de espumas qual um bando de carneiros em pânico, até morder a aba de teus morros; e todas as muralhas ruirão. 22. (…) Canta a tua última canção, Copacabana!
Rubem Braga foi uma surpresa maravilhosa que meu ano de vestibular me trouxe. Com seu "Ai de ti, Copacabana" eu me encantei pela crônica, pelo Brasil do século passado, por vários outros países da América Latina nos quais Braga foi embaixador e pelo estilo descontraído do autor. Um dos maiores cronistas brasileiros (e meu favorito) é ainda mais querido por ser meu conterrâneo e conseguir transmitir, em poucas palavras, a beleza das coisas simples do dia-a-dia. Ele captura com uma sensibilidade rara os detalhes do cotidiano que, por vezes, deixamos escapar na correria. A forma como ele consegue colocar tudo isso em palavras é simplesmente encantadora. Este é um livro para ser saboreado aos poucos e a experiência é marcante. Recomendo muito.
É muito bom ler algo que é bom porque a pessoa escreve bem! Tava com saudade disso. As histórias são comuns, banais, mas a escrita é maravilhosa. Eu não conhecia nada dele até ler este livro.
Queria poder dar 6 estrelas. Que beleza, que sensibilidade! Na ponta da caneta de Rubem Braga qualquer coisa se torna uma história. Uma árvore, um par de luvas, o nome de uma rua... Não vou deixar que esse livro entre para a estante dos “lidos”. Quero reler inúmeras vezes suas crônicas e um dia poder ter essa percepção tão aguçada e poética da vida cotidiana como ele tem.
projetinho 1 livro pra cada estado: 2/27 - apesar do livro se passar principalmente em Santiago e no Rio, esse foi o escolhido para o Espírito Santo. Rubem Braga é capixaba, nascido em Cachoeiro do Itapemirim
Comecei a ler esse livro enquanto eu passava uma intoxicação alimentar. Nauseada o dia inteiro, só conseguia pensar em dormir e quando muito tentar ver uma série (dormia no meio do episódio). Mas encontrei nas crônicas do Ruben Braga um remédio para isso. Uma escrita leve, poética, acessível e bonita. O jeito que ele transforma qualquer banalidade do cotidiano em algo prazeroso de se ler. Nem lembro qual foi a última vez que eu parei para ler crônicas, mas espero aumentar meu contato com esse gênero literário que nos ajuda a enxergar a poesia no mundano.
Tentei destacar algumas favoritas e agora tô com diversas orelhas do meu livro dobradas. Mas vou citar aqui algumas que me “pegaram”: “A Cordilheira”, “Os amigos na praia”, “Sobre o Amor, Desamor”, “São Cosme e São Damião”, e “O padeiro”. Mas tem muitas outras!
Termino essa curta resenha com uma citação de Carlos Drummond de Andrade: O que ele nos conta é o seu dia, o seu expediente de homem, apanhado no essencial, narrativa direta e econômica. Sua novidade perene está nessa adesão ao vivo, sonho é alienação. É o porta do real, do palpável, que se vai diluindo em cisma. Dá o sentimento de realidade e o remédio para ela.
Ai de Ti, Copacabana é um compilado de crônicas famosas por sua escrita leve e poética que canta sobre a beleza do cotidiano sem cair no sentimentalismo. De fato, esse é dos motivos pelo qual o autor é considerado um dos melhores cronistas brasileiro do século XX.
Deve-se lê-las com um certo cuidado, no entanto. Sendo em sua grande maioria da década de 60, elas refletem pontos de vista e comportamentos que podem ser considerado repreensíveis na atualidade - isso não diminui em nada o seu valor.
São crônicas ricas do cotidiano e embora não seja o foco, Braga não se furta a fazer críticas políticas e sociais. Porém, elas são suaves e por serem recheadas de alusões e referências da época, sua compreensão varia em referência ao conhecimento do leitor.
“Confesso que escrevo por palpite, como outras pessoas tocam piano de ouvido.”
Rubem Braga – um dos maiores escritores do Brasil – transforma o cotidiano em lúdico e fantasia. Suas crônicas arrepiam e nos fazem rir, e para todos aqueles que amam o Rio de Janeiro, são uma ode à cidade. Rubem Braga tem uma escrita tão simples e tão rica, faz muito com pouco, gênio, gênio, gênio! Gênio.
“E lá se foram a correr, os pedros álvares cabrais.”
Fui começar pela leitura deste aqui do Rubem Braga, e gostei bastante.
É um sentencista perfeito, e eu gostei principalmente dos seus textos mais melancólicos.
Só não me permito dar 5 estrelas porque praticamente todas as descrições de personagens femininas me incomodaram um bocado. Quando não dão ódio, constrangem por serem ruins mesmo.
Essa coletânea deliciosa de crônicas mostra as melhores qualidades (e alguns defeitos) do texto de Rubem Braga. Nela está, por exemplo, uma das melhores crônicas que já vi, “Entrevista com Machado de Assis” que mostra a genialidade do bruxo do Cosme Velho e a pontada de genialidade que Braga teve aib escrever essa crônica. Recomendo.
Que prazeroso foi revisitar Rubem Braga, especialmente com Aí de ti, Copacabana e Crônicas do Espírito Santo. Rubem tem esse dom raro de transformar o cotidiano em poesia, com uma leveza que parece natural. Sua escrita nos lembra um Brasil mais sensível e desacelerado como se o tempo tivesse o sabor de café coado e conversa na calçada.
Leitura obrigatória para o bom leitor e o aspirante a escritor que são nascidos no Brasil. Rubem Braga faz o uso mais moderno, poético e fluente do português brasileiro. Me lembra, no seu estilo, o E. B. White (outro grande estilista.)
Ler um compilado de crônicas é quase a mesma coisa de ler um diário de alguém. É divertido porque você meio que consegue visualizar a pessoa por completo.
A cada ano que passa tento me desafiar e me jogar em diferentes mundos, diferentes cenários literários. Se em 2018, me expus à poesia e aos quadrinhos; em 2019, decidi me abrir um pouco mais aos contos e as crônicas. E quando falamos desse último gênero, mesmo os menos sabidos sabem da importância de Rubem Braga. Apesar disso, não nego: nunca havia lido nada do autor. Não havia chegado ainda a hora da crônica para mim. No entanto, lembro de ficar com o nome de Rubem Braga na cabeça, tanto por ver uma amiga dar um livro do autor de presente para um outro amigo quanto pelas inúmeras citações de seu nome na biografia de Clarice Lispector.
Lembro-me também de estudar nas aulas de literatura o significado de crônica: uma narrativa curta, situacional, veiculada em imprensa. Na época, não me dizia muito. Mas após anos e anos de vida atribulada nessa São Paulo que não para, aprendi a ver as pequenas coisas, as coisas cotidianas de uma forma diferente, rica — e é esse mesmo pensar que faz a crônica surgir nas mãos e nos olhos daqueles de habilidade. Por isso, aqui estou com esse 'Ai de Ti, Copacabana!' nas mãos, para ver o que de riqueza Rubem Braga conseguia extrair de seus dias no Rio da década de 50.
O que mais me fascina é a possibilidade de 'sentar com Rubem Braga' em uma praia e experimentar aquela sensação que todos temos com aqueles poucos amigos de sempre: "Éramos três velhos amigos e cada um estava tão à vontade junto dos outros que não tínhamos o sentimento de estarmos juntos, apenas estávamos ali [...] Meses, talvez anos, podem haver passado sem que os três se vissem ou se escrevessem; mas aqui estamos juntos tão à vontade como se todo o tempo tivéssemos feito isso." Mas também é possível interagir com o padeiro, elogiar o presidente, rememorar uma versão sua mais nova passando por uma mesma rua. É possível viver amores de outros peitos, compartilhar solidões, coisas da vida.
Minha primeira incursão pela obra de Rubem Braga foi também a minha primeira pela crônica. Que venham muitas outras, assim tão boas.