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Casa na Duna

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Casa na Duna foi publicada pela primeira vez em 1943. “Aqui não sabemos o que mais admirar — da desenvoltura da escrita à densidade do tema, passando pelas principais personagens, jamais reduzidas a caricaturas. Isto num autor que, à época, só tinha 22 anos! Corrocovo, a aldeia da novela, funciona como poderosa metáfora de um país arcaico e claustrofóbico, ainda dominado pela atmosfera rural. Lá, como em Portugal inteiro, ‘há homens a viver como os bichos’. Mas o seu empenhamento social não leva o autor a perder uma atracção quase poética pela natureza. Abundam descrições sugestivas como ‘Hilário gostava do Inverno à solta. Céus a desabar, casebres submersos, pinhais vergados ao peso das bátegas, água e vento contra a janela. Passava as noites acordado enquanto o ar de roldão devastava tudo. Ocorriam-lhe histórias nebulosas da infância. Bruxas, lobisomens, botas de sete léguas’.
O grande fascínio deste livro surge ao nível da técnica estilí o autor joga com mudanças súbitas de tempo, de forma verbal, de sujeito narrativo. Por influência do cinema, recorre a flashbacks para diversificar a acção. Inspirado em autores como Hemingway, Caldwell e Jorge Amado — que marcaram todo o neo-realismo português —, cultiva o parágrafo curto, seco, incisivo. Nesta prosa não há um adjectivo a mais, nem um vocábulo fora do lugar. Por sua vez, também ele influenciou é nítido o parentesco entre Casa na Duna e O Delfim (1967), de Cardoso Pires. Carlos de Oliveira (1921-81) deixou-nos uma obra de ficção lamentavelmente curta, com apenas cinco títulos editados em 35 anos, mas de qualidade indiscutível. ‘Basta que a memória ceda apenas um momento para os mortos estarem perdidos’, escreveu ele em Casa na Duna. Até por isso, é urgente lembrá-lo. E lê-lo.”
Pedro Correia in Diário de Notícias

178 pages, Paperback

First published January 1, 1943

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About the author

Carlos de Oliveira

39 books40 followers
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Coimbra (1947) e foi um dos iniciadores do movimento neo-realista. Colaborou nas revistas Altitude, Seara Nova e Vértice (de que foi director). Poeta e romancista, estreou-se com o volume de poemas Turismo (1942) e o romance Casa da Duna (1943). Publicou depois os volumes de poemas Mãe Pobre (1945), Colheita Perdida (1948), Descida aos Infernos (1949), Terra de Harmonia (1950), Cantata (1960), entre outros, e compendiou a sua obra poética em Trabalho Poético (1977-78). Além de romances (Alcateia, 1944; Pequenos Burgueses, 1948; Uma Abelha na Chuva, 1953, e Finisterra, 1978), publicou o livro de crónicas O Aprendiz de Feiticeiro (1971). Foi condecorado pela Presidência da República, a título póstumo, com o Grande-Oficialato da Ordem da Sant’Iago da Espada, em 1990.

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Displaying 1 - 20 of 20 reviews
Profile Image for Paula Mota.
1,665 reviews563 followers
June 16, 2023
De volta à Gândara para mais um dos poucos livros que Carlos de Oliveira deixou, em que pude novamente admirar a economia narrativa e a precisão das suas frases que aqui cometem a façanha de fazer as décadas avançar através da descrição das estações do ano, cuja inclemência martiriza uma região já por si pobre e agreste.
Em “Casa na Duna” encontramos a família Paulo, proprietários agrícolas de meados do século XX, confrontados com a dureza do clima, a aridez do solo, a inconstância das colheitas, a lenta mas inevitável industrialização e o progresso que pode chegar sob a simples forma de uma estrada, benéfica para alguns, desastrosa para outros.

A quinta parecia viver fora do tempo. Numa pausa do tempo. As memórias, os factos, as coisas, dir-se-iam flutuar ao acaso. Hilário não conseguia dar-lhes uma ordem coerente. A solidão, que tanto lhe agradara, começava agora a perturbá-lo, dissolvia no mesmo ritmo confuso o passado, o futuro. Dias, intermitências de sol e treva, que geravam semanas, anos, vidas, sem se dar por isso.

É um livro que deixa bem claras as condições terceiro-mundistas de grande parte da população portuguesa à época...

Os homens que voltam a Corrocovo empaludados, que gastam numa semana a féria amealhada em três meses nos charcos de arroz e acabam por ficar a curtir sezões o resto da vida.

...que conduzem ao embrutecimento.

Só o vinho abundava. Os homens esperavam o domingo, metiam-se na loja do Miranda, e ao serão as discussões nasciam nos casebres. Jornaleiros bêbedos espancavam as mulheres, a filharada.

Nesse mundo em mudança, Mariano Paulo, dono da grande casa na duna sobranceira à aldeia, viúvo e com um filho arredio sem interesse em lhe suceder, não se conforma e elabora a sua própria teoria raiada de loucura.

- Há famílias assim, votadas à destruição. Devia talvez cruzar os braços e deixar correr. Ser o cordeiro pacífico. Mas comigo o destino engana-se. Vou espernear até ao fim.
O médico ouvia-o, apreensivo. Lembrava a sombra do velho Paulo, praguejando pelo casarão, apoiado à bengala; via Hilário cada vez mais calado, mais azedo. E não tinha grandes ilusões sobre o que estava a acontecer com o amigo.


Tal como em “Uma Abelha na Chuva”, uma das personagens mais humanas e racionais é o médico, talvez numa homenagem de Carlos de Oliveira ao seu próprio pai que também foi médico. Na órbita desta família pouco dada a exprimir o que pensa e o que sente, o Dr. Seabra contrasta claramente com os homens do clã pela sua frontalidade e bonomia.

Não falo já de outras aspirações, de alegria, de felicidade, dum destino digno. Falo das coisas primárias, inadiáveis: alimentação, cobertores, remédios. Aponto simplesmente os factos, não indico nenhuma solução, não digo que o comunismo resolva ou deixe de resolver. Aquilo de que falo, toda a gente o tem debaixo do nariz e toda a gente finge que não vê.

Todavia, nem a sua lucidez chega para evitar a tragédia que se pressente desde o início de “Casa na Duna”.

As paredes do casarão escorriam humidade. E veneno. Respirava-se um ar doentio, morria-se antes do tempo, enlouquecia-se.
Profile Image for Teresa.
1,492 reviews
August 16, 2017
Casa na Duna é um livro de poucas páginas, sem nada a mais ou a menos, que conta a história de uma família da média burguesia rural, e do povo português, numa determinada época.

"Na gândara há aldeolas ermas, esquecidas entre pinhais, no fim do mundo."

"O trabalho na quinta era feito com enxadas, a uva esmagada sem prensas, o milho escarolado à mão."

"Partiram, passaram alguns meses no lodo [arrozais], amealharam meia dúzia de moedas e voltaram. Pois cá têm à espera a mesma fome dos que não saíram."

"Lá fora, a tarde cai sobre Corrocovo. As aves saem por fim das árvores e voam de encontro ao sol quase a tocar o horizonte. No silêncio da planície, só a mesma cantiga monótona ecoa. Uma voz de mulher. Exausta, triste."


Carlos de Oliveira escreveu Casa na Duna aos 22 anos.
"basta que a memória ceda apenas um momento para os mortos estarem perdidos."
Carlos de Oliveira não deve perder-se...
Profile Image for José Simões.
Author 1 book51 followers
February 16, 2021
Há realismos, neo-realismos e há Carlos de Oliveira. Eu, que não percebo nada dessas categorias literárias, diria que se o autor de Casa na Duna é colocado no mesmo saco de um Manuel da Fonseca, então é porque há muitos neos-realismos. O que não diminui nem um nem outro - são dois dos meus escritores favoritos e tanto Seara de Vento como Uma abelha na chuva me parecem obras-primas da Literatura. A questão é que Carlos de Oliveira, como um Aquilino ou um Saramago (beberam todos das mesmas fontes), extravasa o realismo e aproxima-se do telúrico profano, da superstição e da crendice, do mágico inexplicado sem se confundir com aquela escola do realismo mágico sul-americana. E tudo isto porque me parece que ultrapassa em muito a luta de classes, que mais do que um tema é um aspeto da... realidade, pois claro, onde também há a luta dos homens consigo mesmos, com os seus patrimónios e heranças, sejam genéticos ou prediais. E depois esse outro lado a que chamo mágico, da noite, do destino, da tragédia quase grega dos Paulos, do sangue e do mosto, das gentes «metade terra, outra metade homem».
Profile Image for Nelson Zagalo.
Author 15 books465 followers
August 21, 2025
Carlos de Oliveira publica Casa na Duna em 1943, dez anos antes de escrever Uma Abelha na Chuva. E percebe-se logo a diferença: este é um livro breve, ainda marcado por hesitações de tom, mas já com lampejos da voz maior que viria a surgir depois.

A Gândara é aqui o elemento mais sólido. Os pinhais, a areia, o vento e o sol não são meros cenários, são forças mudas que condicionam o destino humano. Oliveira descreve este espaço com uma precisão sensorial impressionante: sentimos a resina, o calor, a secura. É nesse registo que o romance atinge a sua plenitude, na capacidade de fixar na página a dureza de uma terra que engole tudo o que lhe resiste.

Mas se a paisagem vibra, a ação rarefaz-se. O declínio da família que deveria sustentar a narrativa não se transforma em saga nem em tragédia. Dissolve-se em fragmentos, em episódios que nunca se expandem. O livro mostra menos o desmoronar de uma casa do que a erosão lenta, quase banal, de um mundo condenado.

É no interior das personagens que o romance procura intensidade. Hilário, Mariano Paulo, Maria dos Anjos vivem paralisados entre ressentimento e desejo, atravessados por dúvidas constantes. Mas também aqui o estilo oscila: há parágrafos de prosa seca, quase relatorial, seguidos de passagens de naturalismo brutal, e, de súbito, lampejos líricos que parecem deslocados. Essa mistura cria estranheza, e ao mesmo tempo revela a condição do livro: ainda não é a obra madura, mas um ensaio de voz, uma tentativa de encontrar o seu tom.

Lido hoje, Casa na Duna confirma a impressão que já referi noutro texto: o neorrealismo não é realismo, mas impressionismo. Oliveira não constrói uma narrativa total da decadência familiar, oferece antes fragmentos, cenas breves, impressões que sugerem mais do que explicam. O resultado é um romance que parece sempre inacabado, mas que nessa incompletude capta algo essencial: a atmosfera de um espaço e a dúvida existencial que o habita.

Se em Uma Abelha na Chuva encontramos a sofisticação plena, aqui sentimos ainda o peso do ensaio. Mas isso não diminui o interesse: antes mostra o processo de formação de uma voz, presa ao naturalismo e ao neorrealismo, mas já à procura de outra modernidade. Casa na Duna não é uma grande saga, mas um retrato fragmentário de um mundo em desaparecimento, uma família e uma terra que lentamente se afundam na duna.


Publicado no Narrativa X: https://narrativax.blogspot.com/2025/...
Profile Image for cat❀ .
56 reviews1 follower
March 11, 2025
Uma bela história, direta ao assunto, com descrições bonitas e sem demasiados adornos da linguagem para tentar parecer mais do que aquilo que é: uma história de uma família disfuncional que mais cedo ou mais tarde acaba por ser consumida pelas circunstâncias da vida e pelo destino.
Profile Image for Dana.
199 reviews49 followers
November 15, 2016
Publicat în 1943, în plin război mondial, la intersecția dintre vechi și nou, romanul "Casa de pe colină" al scriitorului portughez Carlos de Oliveira se încadrează în genul neorealismului de influență italiană ce portretizează scene cotidiene din viața oamenilor și transformările survenite la nivel psihologic în urma noului val de schimbări sociale și tehnologice. Descrierile dulcege și oarecum bucolice din primele pagini creează cadrul larg în care se va desfășura acțiunea acestui text de mici dimensiuni.

(fragment din recenzia completă: http://www.bookishstyle.ro/casa-de-pe...)
Profile Image for João Barros.
4 reviews3 followers
December 23, 2015
Um livro sobre a tragédia de uma família que vive numa Casa na Duna. Um casa impossível na montanha feita de areia e vento, que lembra a fragilidade e efemeridade de tudo o que é construído e inventado pelos homens. Carlos de Oliveira escrevendo sucintamente o essencial, faz-nos imaginar uma terra inteira habitada por personagens antigas mas que tão bem reconhecemos nos dias de hoje.
Profile Image for Catarina Baldaia.
16 reviews
March 30, 2024
que livro maravilhoso! a cantiga monótona que se faz ouvir dos horizontes só pode ser contrariada com a povoação sonhadora da solidão 💘
Profile Image for Kelle.
86 reviews
April 29, 2015
Casa na Duna é um romance de 1943 passado na zona da gândara numa época lá muito atrás, quando os camponeses tinham grandes dificuldades económicas, havia muita miséria e fome e os fidalgos se aborreciam com a vida monótona que levavam.
A história foca-se em Mariano Paulo, dono de uma quinta na aldeia de Corrocovo, que faz o que pode para evitar a compra de máquinas para trabalhar a quinta. O seu filho, Hilário, é um estroina conflituoso que não tem qualquer interesse em nada, e não se prevê que vá fazer alguma coisa da vida. É um retrato de uma sociedade exploradora e explorada tendo como cenário as areias brancas das dunas do mar da gândara.
Profile Image for Jorge Maia.
127 reviews6 followers
June 5, 2020
Publicado em 1943, o romance Casa na Duna terá tido a sua versão final na edição de 1980, pouco antes da morte do autor, Carlos Oliveira. Muitas das abordagens da obra do romancista nascido no Brasil salientam a sua fidelidade ao neo-realismo e a preocupação com temáticas de índole social e política. Isso não é falso neste primeiro romance, pois o retrato social da Gândara, o lugar geográfico no qual é situada a aldeia de Corrocorvo, onde se desenrola a narrativa, está muito presente e a política aflora aqui e ali, transportada por um médico, uma personagem secundária na trama narrativa. Não deixa de ser significativa esta natureza secundária da presença da política na obra, pois parece ser uma clara opção por motivos estéticos e literários e não tanto por questões políticas, como o medo da censura. Reler o livro quase oitenta anos após a sua publicação, desligado já do contexto social e político em que ele apareceu, e cuja sombra se projectou por décadas, dá ao leitor oportunidade para olhar para outros aspectos de natureza metafísica e não tanto social ou política, porventura mais estruturantes e fundamentais na economia da obra...

Continuar a ler em https://bit.ly/2Myw6l6
Profile Image for Simão Pedro.
103 reviews1 follower
June 30, 2022
Neorrealismo feroz e avassalador. Novamente, um retrato dos primórdios de Portugal, a exposição de uma luta que se estende para lá do desagrado pelo desarranjo social e é consumada, também, no plano pessoal e íntimo. Aqui, nesta obra publicada no longínquo ano de 1943, encontramos uma família, homens e um país no cume de uma duna, distantes do que o lá fora alberga e circunscritos às suas pobres e vencidas vidas. A recordação do “velho” país, no decorrer do século XX marcado pelas elevadas incidências de analfabetismo e pouca formação, consequentemente refletidas num país maioritariamente provinciano e rural, é concretizada no seio da aldeia fictícia de Corrocovo. Desta gândara chegam-nos as numerosas parcelas de terra, a labuta das suas gentes, os pinhais e arvoredos densos e o grande casario dos Paulo, a imagem de inúmeras famílias e uma realidade ainda vigente, embora não com tanta incidência. A análise ao estudo do Homem e da sua capacidade de adaptação e acompanhar da história, a conclusão de um Homem arrasado pela história. O revés dum capitalismo ascendente que assim vaticinou as gentes da gândara, desunindo-as, fazendo esquecer as suas tradições e aquilo que sabiam ser os seus dias. O duelo intimo do Homem com a impotência e insuficiência que o arrebata.
Profile Image for Luis Bernardino.
184 reviews14 followers
March 29, 2021
Autêntica literatura portuguesa.
O retrato de um Portugal que já só existe nos livros.
Personagens fantásticas e todos nós conhecemos alguém parecido com elas.
Apesar de ser um livro pequeno, devorei o livro em grande velocidade.
A merecer uma leitura atenta, esta aguarela de um Portugal remediado.
Profile Image for Vítor Leal Leal.
Author 1 book3 followers
March 27, 2025
“Hilário não queria entrar em pormenores. Pormenor arrasta pormenor, enredam-se, baralham-se, e às tantas há um novelo, uma teia de aranha. Com o falador lá dentro. Não. Poucas palavras, escolhidas uma a uma.”

Esta transcrição da página 59, sintetiza a prosa de Carlos de Oliveira. A depuração elevada ao cerne da língua. Um português magistral, de chorar de tão belo. Texto maravilhoso.
Profile Image for Fernanda.
39 reviews
January 31, 2022
Um excelente retrato do Portugal rural dos anos 40 do século passado.
1º volume da tetralogia (independente) sobre a aldeia de Corrocovo.
Profile Image for Inês  Fonseca.
131 reviews
March 17, 2024
Este é daqueles livros que me dá raiva. QUEM É O LOBISOMEM? POR QUE RAIO MORRERAM TODOS-
This entire review has been hidden because of spoilers.
24 reviews1 follower
July 3, 2024
Descrição viva e crua da pequena burguesia rural de Portugal dos anos 40 .
Profile Image for barbruh :3.
159 reviews
April 3, 2024
Gostei da história em si, ainda que ache que me não a tenha percebido ou conseguido interiorizar completamente. A casa é vista como uma representação da atual situação dos seus donos e habitadores. Consoante esta se detiora também os que a habitam sofrem tais males.
Boa reflexão sobre o auto infligimento que criamos e que se acaba a propagar para os nossos.
Profile Image for Rita.
6 reviews
July 20, 2025
“Tudo foi escrito há séculos, letra a letra. O bom e o mau. A sua amizade também. Cá fico à espera do que falta, do pior com certeza. Mas não me entrego de mãos amarradas. Isso não.”

É impressionante pensar que Carlos de Oliveira escreveu este livro com apenas 22 anos. A quantidade de detalhes e mensagens subliminares é incrível e o vocabulário riquíssimo. A cadência da história não é tanto do meu agrado, daí a pontuação não ser máxima.
Profile Image for Simão Pedro.
150 reviews13 followers
April 22, 2014
Good, interesting book by a very underrated Portuguese author.
Displaying 1 - 20 of 20 reviews

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