O Livro das Ignorãças, de Manoel de Barros, publicado em 1994, remete à realidade desconhecida, a um desconhecimento prévio dos conceitos, significados, sentidos. Um livro que guarda a origem das coisas. Desconhecer para conhecer, poderia se dizer, é o tema , portanto, da poética de seu autor, Manoel de Barros.
Manoel Wenceslau Leite de Barros is a Brazilian poet. He has won many awards for his work, including twice the Prêmio Jabuti, the most important literary award in Brazil. Today he is renowned by his critics as one of the great names of contemporary Brazilian poetry, and by many authors he has been considered the greatest living poet from Brazil, like the poet Carlos Drummond de Andrade recognized Manoel de Barros as the biggest poet of Brazil.
Venho de um Cuiabá garimpo e de ruelas entortadas. Meu pai teve uma venda de bananas no Beco da Marinha, onde nasci. Me criei no Pantanal de Corumbá, entre bichos do chão, pessoas humildes, aves, árvores e rios. Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar entre pedras e lagartos. Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz. Já publiquei 10 livros de poesia; ao publicá-los me sinto como que desonrado e fujo para o Pantanal onde sou abençoado a garças. Me procurei a vida inteira e não me achei – pelo que fui salvo. Descobri que todos os caminhos levam à ignorância. Não fui para a sarjeta porque herdei uma fazenda de gado. Os bois me recriam. Agora eu sou tão ocaso! Estou na categoria de sofrer do moral, porque só faço coisas inúteis. No meu morrer tem uma dor de árvore.
nada melhor do que aprender a desaprender uma língua, uma nova estética nasce. o poema fica puro, natural. manoel prova o quanto quebrar com os "limites" da linguagem é divertido. um verbo pra mim nunca será o mesmo depois do despertar desse livro. o verbo na poesia pega o delírio, e nele, quem é fluente são as crianças.
Deveria usar menos as redes sociais. No entanto, gosto delas. Foi assim que conheci o Manoel de Barros. Já tinha lido sobre ele, mas nunca tinha lido-o. Nas redes, conheci seus poemas, a maioria curtos, um deles presente neste livro, o primeiro dele que peguei para ler. É um portento. Suponho que ele não gostaria dessa palavra, mas é. Há uma opção pela singeleza, pela delicadeza, é certo, mas há também o fascínio pela natureza, que pode ser escatológica, violenta; estes elementos tormentosos estão também presentes em meio às sinestesias, neologismos, coloquialismos de criança que inventa palavras sem querer. A primeira parte, Uma Didática da Invenção, me parece mais lúdica, remete à infância (dele, mas pode ser extrapolada para a nossa - às vezes). A segunda parte, Os Deslimites da Palavra, são os supostos delírios de um canoeiro, Apuleio, que ficou três dias dormir e sem comer numa enchente no Pantanal, em 1922, só remando - um "delírio frásico" anotado num caderno de fiado. Boa desculpa para ele inventar, por assim dizer, uma narrativa com as imagens mais vivazes do livro. Por fim, na terceira parte, Mundo Pequeno, os poemas vão ficando cada vez mais sombrios, o último - autobiográfico - refletindo abertamente sobre uma morte que ele julgava que seria em breve, na qual seria reintegrado à natureza. Ele ainda viveu muito e pelo o que sei produziu muito mais. Espero ter tempo de conhecer seus outros livros, os de antes e os de depois. P.S. Sorvi o livro lentamente, lendo uma poesia ou página por dia. Manoel de Barros não demanda pressa. Por isso, relendo uns pedaços agora, pois iniciei a leitura tem um bom tempinho, diria que fui um pouco esquemático acima. Há melancolia também na primeira parte, há graça na terceira parte - a frase de Felisdônio, o vagabundo citado no início, está no final. Não aferrem-se às exatidões.
I'm really NOT into poetry. WAS... I WAS not? I gave up reading it because I can (could?) hardly understand it and that pisses (pissed? oh god) me off.
So why did I read this? It has been ages since I last read any poetry and a few weeks ago I enrolled to an online course that got me into reading some, and I actually liked it (like, REALLY really liked it). Also, I got a very special recommendation for this book, so I decided to give it a try.
Basically, this was enjoyable. It didn't piss me off. Let's take a break and celebrate! I think I rather liked it. There were some parts it felt like I was missing the point (some of the poems were bizarre and weird), but the words were easy and verses made sense and the poems were, overall, very simple and down to earth. Even funny, sometimes. Can you imagine that? Poetry... being... funny?
Bom, é um livro de Manoel de Barros, então é um pouco "chover no molhado" dizer que eu gostei. Mas, interessantemente, gostei menos do que dos outros. As sacadas ainda são geniais, as palavras ainda são desconstruídas para a magia. Mas senti que este livro tem uma narrativa mais linear e sólida em suas partes, o que me quebrou um pouco do encanto.
Mas a terceira parte é maravilhosa. A primeira é um tanto divertida. A segunda é deprimente... nunca tinha visto esse caráter um pouco melancólico na poesia de Barros antes. Interessante. Mas, menos encantador. Faz parte.
Agrammar is the term Manoel uses to describe his unique writing style. He didn’t use to find pleasure in phrases well constructed. He had a taste for broken and twisted words, for sickened sentences. This poetry book holds the mysteries of Pantanal in its pages. What I personally don’t like about it is the excess of the same. After ten pages of twisted phrases, the surprise element is killed in the writing as a lover who tries to caress their loved one but their hand keeps touching the same spot for hours. The caress stops being pleasant and starts to bother.
"Me procurei a vida inteira e não me achei - pelo que fui salvo."
Manoel de Barros cria jogos com a simplicidade e a alegoria do seu quintal, mostrando onde mora a verdadeira relevância: nas borboletas, lagartixas, rios, pedras e gafanhotos.
Me parte o coração dar 3 estrelas pra um autor que eu gosto tanto, por isso digo que essa nota não foi pela sua obra mas pela minha ignorãça de não estar na "vibe".
Decidi tentar adentrar no mundo da poesia brasileira. Comecei por Manoel Barros por sugestão de um canal no youtube que gosto bastante. Me comprometi a ler a obra inteira do autor. Até agora, percebi que os livros possuem alguns momentos muito interessantes, mas no total, não me sensibilizou. Inclusive, julgo ser hoje o pior dos livros do Manoel que li até agora. Vou continuar a leitura das demais obras e monitorar se essa percepção muda.
Se divide em três partes, cada uma revelando aspectos da sua poesia: método, estratégia e habitat. 1) Uma didática da invenção: desconhecer as coisas para conhecê-las. 2) Os deslimites da palavra: ir além dos significados e da sintaxe para se aproximar do âmago das coisas. 3) Mundo pequeno: A importância do sem importância, o valor das coisas inúteis.