No início dos anos 80, Miguel Esteves Cardoso escrevia sobre música nas páginas de O Jornal, Se7e, e na Música & Som. Nesse período, dividia-se entre Lisboa e Manchester, o que lhe permitiu estar a par das novas tendências musicais que aí iam Joy Division, Durutti Column, entre outros. Logo se destacou por uma escrita inteligente, perspicaz e, sobretudo, com grande sentido de humor, tendo tido muitos seguidores na área da crítica musical. Esses textos foram compilados e editados pela Querco em 1982, tendo rapidamente esgotado. Foi o primeiro livro de Miguel Esteves Cardoso. Com o passar dos anos e a crescente popularidade do seu autor, tornou-se uma obra de culto, com procura incessante.Recuperámos também o texto que Fernando Assis Pacheco escreveu para a 1.ª ediçã "Há em Miguel Esteves Cardoso dois Miguéis Esteves Cardoso, o paciente recenseador de músicas que aqui se lê e o outro, o ficcionista, ainda sem estórias publicadas e não sei sequer se escritas. Mas que essoutro existe, aposto dobrado contra muitas das prosas críticas deste livro são já plots, fábulas, ficções, tudo servido por um uso pessoalíssimo da língua, não transmissível a epígonos.Sobre músicas (e músicos) pode escrever-se de muitas formas. Nos melhores momentos de humor a técnica de Miguel Esteves Cardoso consiste em agarrar um rocker pelo pescoço, dar-lhe duas voltas no ar e batê-lo de encontro à rocha do estilo, como se fosse um polvo da beira-mar. Dessa crueldade pescadora salvam-se as paixões, bem entendido, e algum mito sobrenadando na babugem dos dias, mas que há-de ter cuidado porque da próxima leva na mona.Do talento não parece-me evidente, com o único senão de fazer uma legião de invejosos. Os dois — ou três, ou quatro — Miguéis Esteves Cardoso andariam avisados se tentassem, por uns tempos, o epigrama. Ou, mais modesta ainda, a interjeição."
Miguel Esteves Cardoso is a Portuguese writer, translator, critic and journalist. He's a well known monarchist and conservative.
Miguel was born in a middle class family in Lisbon. His father, Joaquim Carlos Esteves Cardoso, was Portuguese and his mother, Hazel Diana Smith, was English. He had a good education and the advantage of a bilingual and bicultural upbringing, helping him to develop an outsider's detachment from the culture of his birth country. In 1979, he graduated from Manchester University in political studies and four years later, in 1983, he received his doctorate in Political Philosophy. While there he made contact with some of the New Wave bands of the Factory records like Joy Division or New Order.
In 1981 Cardoso became the father of twin girls. One year later he returned to Portugal, where he worked as an assisting investigator of the Social Studies Institute on the Lisbon University. He later became a supporting teacher of political sociology in ISCTE and then returned to Manchester University for a postdoctorate in Political Philosophy oriented by Derek Parfit and Joseph Raz.
Na década de 80, esta colectânea de crónicas musicais do Miguel Esteves Cardoso, foi rapidamente assumida como uma obra de culto. Felizmente, este ano tivemos a oportunidade de ver esse livro ser reeditado! E facilmente conseguimos reconhecer esse carácter único!
Com uma linguagem inteligente, perspicaz e um humor acutilante, que provocam uma (re)descoberta nostálgica da musicalidade de uma época, em que para se perceber a sua “actualidade” tínhamos que esperar para ler o jornal.
“Como ser um crítico de rock - um guia prático, 1981 A crítica de rock sem audição Ensinada a manipulação do bota-acima e do bota-abaixo, é importante agora frisar como se deve evitar ouvir um disco. Nesse sentido, dão-se as seguintes proveitosas indicações: A capa - A capa, dum modo geral, revela aproximadamente 75 por cento do conteúdo. (...) Se tiver uma mulher, nua, ou é das Selecções do Reader’s Digest (geralmente de lenta combustão e por isso ideais para fogões de lenha) ou da orquestra de James Last. Em qualquer das hipóteses, não tem de perder tempo. Se for um desenho abstracto, é música de vanguarda e deve dizer-se bem; embora, valha Deus, não se peça a ninguém, nem a um cão, que a ouça (...)”
Uma obra fascinante, sobre uma área artística que me acompanha diariamente. Se toda a música é extraordinária? Isso será sempre subjetivo, dependerá sempre da maneira como nos relacionamos com determinado artista/género, mas divirto-me muito a ler as observações que o MEC faz: porque não são polidas, são perspicazes e com um sentido de humor irresistível.
Embarquei numa viagem de descoberta e sei que voltarei a estas crónicas
Miguel Esteves Cardoso is my favorite portuguese person. He’s so brilliant in his thoughts I’m always amazed. Music is my favorite thing in the world. A book where MEC writes about music is a must read for me. In fact I wanted to read this book since 2007 when I discovered it existed. But it was impossible to find since the 90s. This augmented edition is absolutely perfect.