Situemo-nos num quadro familiar, comum aos nossos dias, de um jovem casal citadino, a viver lá para os lados do Lumiar, frequentadores da Avenida de Roma: «Chamavam-se Arnaldo e Bárbara, andavam pelos trinta anos, eram empregados de escritório, e cada qual estaria, segundo informação mais aludida que confessada, "interessado" n’outrem.» A decisão sobre que destino dar a uma tartaruga doméstica acompanha o quotidiano deste casal desavindo, funcionando como o último elo de ligação à espera de uma solução jeitosa. A solução tarda, e entretanto o casal vai vivendo com partilhas comuns mais ou menos agrestes.
Mário de Carvalho nasceu em 1944, em Lisboa. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa em 1969. Desde jovem que se envolveu na luta antifascista, tendo estado preso ainda na década de 1960 e durante o serviço militar. A sua luta política leva-o ao exílio, primeiro para a França, depois para a Suécia, em 1973. Após o 25 de Abril regressa a Portugal. A sua estreia literária dá-se em 1981, tendo desde aí publicado regularmente numa grande diversidade de géneros: romance, drama, contos, guiões.
A sua escrita é extremamente versátil e torna-se impossível incluí-lo numa escola literária. A crítica considera-o um dos mais importantes ficcionistas da actualidade e a sua obra encontra-se traduzida em vários países (Inglaterra, França, Grécia, Bulgária, Espanha, etc.).
Recebeu diversos prémios, podendo-se destacar, na sua bibliografia, o romance histórico "Um Deus passeando pela brisa da tarde", que constitui o seu melhor sucesso de vendas e que mereceu a aclamação da crítica, tendo sido distinguido com o Grande Prémio da APE (romance) 1995, o Prémio Fernando Namora 1996 e Prémio Pégaso de Literatura do mesmo ano. Vencedor, em 2004, do Grande Prémio de Literatura ITF/DSTe, em 2009, do prémio Vergílio Ferreira.
"São os paradoxos da vida, que o facto de sermos habitualmente mais exigentes no julgamento dos nossos que dos outros não explica inteiramente. (...) Para sermos diferentes e desparadoxados era preciso passarmos a uma nova fase de desenvolvimento da humanidade e já não vamos a tempo."
This is the first novel I ve read from Portugese author Mario de carvalho. The story is set in contemporary Lisbon. The story is about a couple breaking up and trying to seperate themselves from the last common item they cannot divide: a turtle.
The author takes a satirical look at modern era about stupid behaviors, stupid reactions and interreactions between people, family an d friends. Readers can easily relate to any of the characters and this realistic story. The story is simple to read and understand and could happen anywhere.
Uma história tão real que podia ser a de cada um de nós, que nos faz pensar sobre o que planeamos, o que queremos e o que acaba por acontecer. Confesso que o que me agarrou, foi a história da tartaruga e com ela segui livro fora. Uma escrita animada, curiosa, por toda a narrativa que se torna complicada pelo léxico, mas também bastante humana. Gostei muito!
Há muito tempo que andava para ler um livro do Mário de Carvalho, de quem só tinha lido referências positivas. Daí talvez as minhas expectativas tenham sido demasiado elevadas. Este livro, também bem referenciado, está bem escrito, mas nunca me "conquistou". Falta-lhe talvez densidade e porventura extensão. Seja como for hei-de voltar ao autor para confirmar, ou não, esta minha primeira impressão "apenas" agradável.
Irresistível, um livro acerca de nada de particularmente importante, com uma voz narrativa fortíssima. Os sentidos de humor não se discutem, mas a escrita dele apela mesmo ao meu.
4 estrelinhas só, porque na minha opinião ele escreveu livros melhores.
Se podia ser a história de uma tartaruga? Podia. Mas não é. É também a história de uma cidade. Desta: "Eis Lisboa, de suave desenho, as suas pedras respondendo à luz única, cidade do mundo ideal para alguém flanar, perder-se e reaparecer".
Un joli romman à la narration lente et belle et qui ferait penser à Alessandro Baricco, si elle n'était pas aussi empreinte d'un fort cynisme moquant les passe-droits dont se dottent trop souvent les auteurs dans leur narration.