«Então não havia o Afeganistão, a Somália, o Irão ou a Colômbia, países ideais para um americano morrer de morte matada, sem levantar muitas comoções nem pasmos, pois eram territórios já habituados a serem tratados de promotores e antros horripilantes antiamericanismos? Aí tanto fazia, mais um menos um, não provocava qualquer crise mundial. Porque iria logo escolher a pacífica Benguela, onde, de memória de gente, nunca nenhum americano tinha morrido, nem mesmo quando os ianques andaram a apoiar, abertamente ou de caxexe, os famigerados "terroristas", linguagem oficial de um dos lados, "lídimos e heróicos defensores da democracia" no dizer do outro lado? Mas foi assim que aconteceu, o engenheiro gringo bateu subitamente a caçoleta na pachorrenta cidade das acácias rubras, para grande tristeza e preocupação dos governantes, locais e nacionais, e perante a indiferença da maioria da população, ocupada na legítima e cada vez mais problemática azáfama de sobreviver.»
Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos is a major Angolan writer of fiction. He writes under the name Pepetela.
A white Angolan, Pepetela fought as a member of the MPLA in the long guerrilla war for Angola's independence. Much of his writing deals with Angola's political history in the 20th century. Mayombe, for example, is a novel that portrays the lives of a group of MPLA guerrillas who are involved in the anti-colonial struggle, Yaka follows the lives of members of a white settler family in the coastal town of Benguela, and A Geração da Utopia reveals the disillusionment of young Angolans during the post-independence period. Pepetela has also written about Angola's earlier history in A Gloriosa Família and Lueji, and has expanded into satire with his series of Jaime Bunda novels. His most recent works include Predadores, a scathing critique of Angola's ruling classes, O Quase Fim do Mundo, a post-apocalyptic allegory, and O Planalto e a Estepe, a look at Angola's history and connections with other former communist nations. Pepetela won the Camões Prize, the world's highest honour for Lusophone literature, in 1997. Pepetela is a Kimbundu word that means "eyelash," as does "pestana" in Portuguese. The author received this nickname during his time fighting with the MPLA.
Um livro caricato, anedótico e satírico. Combina muito bem a crítica com o humor e Jaime Bunda é uma personagem peculiar. No entanto, a ação tem momentos aborrecidos que me atrasaram a leitura, porque me desmotivavam a avançar com a mesma.
Hilariante e uma boa descrição dos costumes daquele povo local e bom uso dos clichés dos funcionarios publicos que gastam sem se preocupar. Critica social mas sem parecer politico de mais, recomendo vivamente a leitura deste livro que é um bom retrato da vida em Angola e das suas gentes
This book had been sitting on my shelf for maybe 15 years. It had been a gift but I never paid to much attention to it... until last month. I was immediately hooked after the first pages and I found myself giggling while reading in the subway or at home. Pepetela's got a great sense of humor.
(PT) Um americano morre em Benguela, e os americanos estão inquietos. Com os angolanos a não quererem estar de maus modos com os "US of A", dado que já tem experiência nisso, o governo decidiu mandar o agente Jaime Bunda para saber o que se passou, e se aquilo foi proposital ou... outra coisa qualquer.
Claro, Bunda chega à cidade das Acácias Rubras numa altura em que os outros policias não estão lá muito felizes por verem a sua cara - e o seu rabo - e estão céticos sobre a eficácia do agente vindo de Luanda.
Publicado me 2003, dois anos depois do primeiro, Pepetela pega num caso que aconteceu nos anos 50 do século passado para falar sobre a sua cidade natal, as suas pessoas, os métodos policiais, e sobre os americanos no geral, numa altura em que estavam no centro da contestação por causa da invasão do Iraque. Usando o sarcasmo e mostrando os podres das instituições - ninguém sai incólume da situação - isto é uma maneira bem humorada de falar sobre uma Angola do nosso tempo. Divertido, algo memorável, e sinceramente, com vontade de ver esta personagem serializada em mais livros.
Francamente mais interessante do que o primeiro de “Jaime Bunda”. Este segundo não é uma mera e loooooonga anedota, mas um texto em que a crítica é certeira, eficaz e mordaz, embora algumas vezes “dissolvida” em momentos entediantes da acção principal. Enfim, temos aqui um Pepetela aos solavancos com duplo final bem sacado. Ainda uma nota: o glossário devia ser apresentado em rodapés e não por atacado no fim do texto.
Talvez tenha gostado mais da inocência investigatória anterior de Jaime Bunda, mas as personagens crescem, ganham dinamismo e qualidade e apesar de existirem ainda muitos laivos dessa inocência, está vai-se perdendo e Jaime Bunda vai-se tornando um polícia a sério. Excelente o autor a recontar uma história com mais de cinquenta anos!!!
One of my favorite books of All time from my second Favorite author of all Time (J.K Howling and the Harry Potter Series are my favorites). A National treasure as he is the most renowned Angolan author and his penmanship is no joke. One of my first reads in Portuguese, certainly more than worth it!
A boa literatura não é apenas composta de grandes obras, densas e profundas. O universo literário é tão vasto quanto os diversos estados de espírito dos leitores, daí a sua riqueza e o fascínio que exerce naqueles que se deixam seduzir pelos seus encantos. «Jaime Bunda» é um companheiro muito agradável para os momentos mais descontraídos, tão agradável que os dois livros que Pepetela escreveu com esta original personagem sabem a pouco. É difícil não desejar continuar a seguir as peripécias deste avantajado detetive, que cativa com o seu estilo desajeitado e ingénuo. No peculiar ritmo angolano, um país em transformação, pleno de idiossincrasias e contradições, serve de cenário às aventuras mirabolantes de um detetive fascinado por romances policiais. Jaime Bunda faz um esforço atabalhoado para deslindar complexos enigmas, tão intrincados quanto as redes da corrupção e injustiça que marcam a sociedade do seu país. Pois apesar do tom satírico e aparentemente leve dos livros, a crítica social está lá, nas entrelinhas. https://meiapalavrablog.wordpress.com/