Este livro apresenta uma estimulante história das imagens que abrange desde as técnicas da perspectiva linear renascentista até a computação gráfica. Não se trata, porém, de uma abordagem tradicional que expõe uma evolução dos diversos aparatos de visualização ao longo dos séculos. O panorama de Kittler é mais sofisticado: ele parte dessa base para focalizar os princípios de arquivamento, transmissão e computação que têm norteado as transformações midiáticas da imagem até o início do século XXI. O que interessa ao autor são as mediações da luz realizadas a partir dos processos de sua captura, projeção e circulação por meio de câmaras obscuras, lanternas mágicas, fotografias, cinemas, televisores e computadores. Trata-se de uma tentativa de sistematizar essas "mídias ópticas" de acordo com os fundamentos tecnocientíficos que as gestaram e as redes discursivas que produziram, iluminando seus respectivos contextos históricos. A partir de uma análise das técnicas de construção dos "reinos pictóricos artificiais", Kittler examina de que modo a imagem foi captada pela câmara obscura e, em seguida, propagada pela lanterna mágica, entre os séculos XV e XVIII. Além de serem dispositivos de perspectivação e projeção da imagem, esses aparelhos tiveram uma sintonia crucial com o surgimento das técnicas de impressão de livros e com a propaganda visual da Igreja Católica durante a Contrarreforma. Após a apresentação desses bastidores históricos, que aqui também aparecem assombrados por fantasmas e pelas imaginações do romantismo alemão, observa-se como as imagens foram capturadas e começaram a se mover automaticamente no século XIX graças à fotografia e ao filme. Além de enfocar o impacto causado por essas poderosas técnicas de duplicação, Kittler também se detém na análise de certas ambiências que "sonharam" com o advento do cinema, entre as quais se destacam as concepções operísticas de Richard Wagner. Quando os processos fotoquímicos e mecânicos receberam o choque da eletricidade, no início do século XX, o cinema enveredou por novos caminhos e a televisão foi surgindo como "um efeito colateral civil de uma eletrônica essencialmente bélica". Além de captar e arquivar imagens, essa nova mídia também era capaz de transmiti-las simultaneamente, ecoando a lógica dos radares utilizados na Segunda Guerra Mundial. Por fim, o computador realiza a integração das diversas mídias, constituindo uma "máquina universal" com base no processamento digital e nas transmissões por fibra óptica, uma novidade do início do século XXI que sinalizou novas frequências, circuitos, sintonias e conexões para a imagem e suas frequências.
This is a rather concise wrap-up of all things Kittlerian: there's the anti-humanism, there's the sexism, there's the insistence on media and technology, there's the bellicism and so forth.
Yet, it is also filled to the brim with ingenious remarks, conclusions and connections that are wildly speculative at times, yet absolutely refreshing and interesting. What distinguishes Kittler from many other writers is his ardent refusal of any trope; historiographically and theoretically.
So, if you're interested in media, technology and the coming of optical media, and want to get a narrative that is more than just the usual erudite scholarship, this is the book for you.
May come with rants about political correctness and bizarre remarks on kama-sutra, tho...
His understanding is too technical. It always gets problematic whenever scholars from the humanitarian side get too much involved in science. This is not a comment just out of this one book. It's after quite a bit read of media theories. However, it is nevertheless a different angle.
Accessible, Hegel-influenced view on the history of image technology. For the most part the writing style is clear and the English translation seems accurate, though there may be a few misunderstood points. Consistently good quality and surprisingly good grasp of technical matters for someone with a background in German literature, with only a few surprising gaffs.