Uma árvore fala de si própria e das suas percepções. É uma palmeira. Sabe que dentro de pouco tempo será derrubada para dar lugar a uma estrada. Tem centenas de anos de idade. Ficamos a saber que foi plantada pelo árabe Mohamede, que a trouxe de África. Conversou muitas vezes com ele. Outros, tais como os participantes nas Cruzadas, descansaram à sua sombra, mas não compreendiam a sua língua. No longo e cativante monólogo da palmeira, tecido de recordações de frases de amigos e declarações de estranhos acerca do seu destino e do de Portugal, a autora ilumina 800 anos de história portuguesa e ocidental. Cascais é um lugar para meditar sobre a vida individual e a história mundial. Sem raiva, sem indignação, inquirindo.
Alice Vieira nasceu em 1943 em Lisboa. É licenciada em Germânicas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 1958 iniciou a sua colaboração no suplemento «Juvenil» do Diário de Lisboa e a partir de 1969 dedicou-se ao jornalismo profissional. Desde 1979 tem vindo a publicar regularmente livros tendo, editados na Caminho, mais de cinco dezenas de títulos. Recebeu em 1979, o Prémio de Literatura Infantil Ano Internacional da Criança com "Rosa, Minha Irmã Rosa", em 1983, com "Este Rei que Eu Escolhi", o Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura Infantil e em 1994 o Grande Prémio Gulbenkian, pelo conjunto da sua obra. Foi indicada, por duas vezes, como candidata portuguesa ao Prémio Hans Christian Andersen. Trata-se do mais importante prémio internacional no campo da literatura para crianças e jovens, atribuído a um autor vivo pelo conjunto da sua obra. Alice Vieira é uma das mais importantes escritoras portuguesas para jovens, tendo ganho grande projecção nacional e internacional. Foi igualmente apresentada por duas vezes, como candidata ao ALMA (Astrid Lindgren Memorial Award).
Uma palmeira quase milenar que fala é um inestimável documento histórico. (Ainda mais agora que as palmeiras estão a desaparecer todas por causa dos escaravelhos!...) Mas mais que isso, pode ser uma Amiga! E personagem de um dos livros que eu mais gostei de conhecer desta autora. É sem dúvida original, poética e refrescante a forma como faz desfilar oitocentos anos de História, sob um ponto de vista único (e bastante alto). E o que mais gostei foi do modo como falou dos árabes, os "infiéis", os "inimigos" que afinal já cá estavam e a quem esta terra foi "conquistada". Muito interessante esta perspetiva de olhar para o outro o seu ponto de vista. É uma forma de nos compreendermos a nós próprios. E é para isso mesmo que deve servir a História.
Li-o bastante nova, na altura fiquei maravilhada. Todas aquelas histórias fascinaram-me e actualmente do que me lembro mais é da abordagem simples e a ideia deliciosa de ser uma palmeira sábia a narrar as histórias, como uma avó a contar a sua vida. Saudades :)
Porque a memória das coisas será, certamente, algo mais do que a sua consciência de si próprias e do que por elas passou; são resquícios de tempos idos que ficam em tudo o que é ou foi.
Este livro curto e de leitura fácil apresenta uma ideia original ao explorar a história de Cascais, em Portugal, do ponto de vista de uma palmeira. Contém informações interessantes e, embora seja classificado como literatura infantil, pode ser apreciado por leitores de qualquer idade. No entanto, senti falta de uma narrativa mais linear, já que a palmeira alterna frequentemente entre momentos passados e presentes, o que pode causar alguma confusão. Além disso, as histórias poderiam ter sido mais aprofundadas, e o final pareceu um pouco abrupto. Apesar destas observações, gostei do livro no geral.
Escrita do ponto de vista de uma palmeira centenária que narra e conta a história de Portugal pelos olhos de um ser vegetal estático. Achei super interessante e educativo.