Desculpe lá, Mãe! é o livro que Rita Ferro escreveu em pareceria com a filha, Marta Gautier, a partir de cartas verdadeiras, partilhando dificuldades de relacionamento, de diálogo e de aceitação, com uma abordagem leiga e uma clara intenção pedagógica. À data, nem a Autora previu que este livro pudesse tornar-se, também ele, um best-seller, e muito menos um SOS para mães e filhas. Mas a procura que obteve junto de um público exigente, prova-nos que Rita Ferro, além de cronista, além de romancista, está também habilitada, pela sua própria experiência de mãe e de mulher, a falar em nome da sua geração. Um livro que dá uma resposta sensível aos problemas que atormentam, isolam e revoltam os jovens.
Rita Roquette de Quadros Ferro nasceu em Lisboa, a 26 de fevereiro de 1955. Iniciou a sua carreira literária em 1990 com a publicação do romance O Nó na Garganta. Estudou design e foi professora de Publicidade. É filha do escritor e filósofo António Quadros e de Paulina Roquette Ferro e neta de Fernanda de Castro e António Ferro, ambos escritores. Publicou, entre outras obras, O Vento e a Lua, O Nó na Garganta, Uma Mulher Não Chora, Por Instinto, etc.
Tem colaboração dispersa na imprensa, nomeadamente na revista Ler e nos jornais Diário de Notícias e A Capital.
I read this book in Portuguese, so I may not have understood it to its full extent. However, what I did understand made me like it for the gentleness, care and unconditional love shown between mother and daughter. It's a refreshingly honest dialogue between them, where the daughter asks for advice on personal conflicts and modern social developments (views on feminism and homosexuality, for example) that seem to be in complete contradiction to the religious way in which she was brought up by her mum. I am always touched by books that show the relationship between mother and daughter, because it reminds me of my own mum, and this is no exception.
This book was actually a very pleasant surprise. I didn’t expect to like and read it as much as I did. I really loved the fact that, despite being written in 1998 both the mother and the daughter have a very open and modern approach and mentality about certain topics such as feminism, for example. And it was really nice to be able to feel the unconditional love between the two and how openly the daughter asked for advice about various aspects of her life and how the mother always tried her best to give her daughter what she wanted without making her feel bad or judged. However I didn’t really feel connected to either character, they felt kind of dull and the way the themes went around changing even sometimes without a clear conclusion gave off an impression of very superficial “characters”. Overall it was a nice book, I recommend it. ~👾
Um livro interessante, num formato de postais entre mãe e filha (de classe média/alta - da altura), que apesar de morarem em juntas, o horário nem sempre é compatível. Escrito na década de 90 é relativamente atual, ao abordar temas como religião, sexualidade, diferenças intergeracionais, etc. Uma mãe que quer fazer o melhor pela filha é posta em check quando a filha lhe mostra as suas contradições. Uma filha que está a aprender a navegar um mundo aberto pede ajuda à mãe para entender como a experiência dela a ajudaria a superar este momento.
Uma leitura rápida e agradável.
Não dei 5 estrelas porque a troca de bilhetes pareceu-me muito expositiva sobre os temas que abordaram e menos conversacional.
Este livro foi-me emprestado por uma senhora que trabalha comigo e que me via sempre a chegar com um livro. Dizia que eu tinha de conhecer — ou, pelo menos, ler uma vez — um livro da Rita Ferro, porque escrevia muito bem. E, dos que tinha em casa, este era o mais leve e descontraído. Li-o por curiosidade e adorei a escrita, tanto da Rita como da Marta.
Parabéns às duas — e, que ligação extraordinária entre mãe e filha!
Um livro que nos ensina como lidar com vários problemas como ciumes, sexualidade, drogas, o primeiro emprego, amor, de tudo um pouco. É de rir algumas partes, nomeadamente das cartas de Mariana. Apesar de ser um livro de 1998, trata temas muito atuais e isso surpreendeu-me! Mas a escrita ás vezes torna-se maçadora e cansativa... Apesar disso sei que vou dar aos meus filhos, quando eles tiverem 20 anos, este livro para lerem e crescerem mais um pouco. Eis algumas frases que gostei: "Por vezes, o amor é uma coisa que leva a vida toda a ser provada. Felizmente, ainda temos muito tempo à nossa frente." "Mas a solidão também pode ser uma armadilha, uma ilusão de óptica, um equívoco". "E, se reparares, as grandes paixões tomam forma no meio da solidão; além disso, os músicos, os poetas, os escultores criam e inventam para poderem chegar aos outros e se sentirem acompanhados." "As pessoas, todas as pessoas são mais felizes do que pensam; dar valor ao que temos pode ser uma das formas de o descobrir." "Aliás, pode ser presunçoso uma pessoa querer ser tão perfeita como Deus. És humana, com todas as condicionantes que isso acarreta, e, se falhares em alguma coisa, perdoa-te a ti própria e tenta melhorar da próxima vez." "Irritante estar permanente ansiedade das pessoas perante o silêncio, como se a paz fosse sinónimo de depressão!" "É como se o amor nos encurralasse a um canto para nos dizer: "Rende-te, entrega-te, não vale a pena lutar.". Talvez seja romântico, mas é também assustador saber que "ele" nos vencerá toda a vida, independentemente do sofrimento que nos causa." "Mas deixa-me dar-te um palpite: notarás que amarás, amarás realmente o outro, quando te aperceberes de que, sem dar por isso, te encarregas voluntariamente do seu bem-estar". "Dizem os poetas: valeria a pena viver nem que fosse para semear uma flor... Mas, não são os poetas que se matam?" "P.s - Penso que a única forma de alimentares a tua auto-estima é ficares atenta aos teus esforços e aplaudires a tua própria evolução. O apreço dos outros é enganoso, porque só nós sabemos o que nos custa avançar..." "O que me parece é que o sexo é um assunto que causa ansiedade nas pessoas, e que há mais indefinição sexual do que se imagina..." "Nunca te lembrarias de dizer "tenho um amigo heterossexual", pois não? De facto, esse tique inquestionado e aparentemente inofensivo de classificar a sexualidade das pessoas como se ela fosse um nome próprio, revela-se de tal forma nefasto que só deixa ás vitimas duas míseras hipóteses: ou esconder a sua verdade para se defenderem do rótulo, ou confessá-la com bravura e ganharem como prémio um estigma que os perseguirá e prejudicará toda a vida. Isto, sem nenhuma das versões exclua a dor, o isolamento, a segregação." "É triste ter que lembrar que os homossexuais não são doentes, mas pessoas iguais a todas, com a mesma tendência para o vicio e para a virtude e tão eticamente corretas ou moralmente abandalhadas como as que se definem pelo outro perfil sexual." "Talvez nunca tenham reparado que existem heterossexuais frágeis e femininos, da mesma forma que há, entre os homossexuais, homens fortes, viris e até arruaceiros... Não há sexos, há pessoas" (isto em relação aos homossexuais serem chamados de "maricas"). "Não és culpada de sentir preconceitos em relação a certas coisas; serás culpada, sim, se não os contrariares".