Ernestina

by J. Rentes de Carvalho

Ernestina é mais do que um romance autobiográfico ou um volume de memórias de família ficcionadas. É um retrato de Trás-os-Montes, dos anos 1930 aos anos 1950, um romance que transcende o relato regionalista e que transpôs fronteiras, transformando-se num fenómeno editorial na Holanda.
Ernestina é também o nome da mãe do autor e da intrépida protagonista deste livro.

Genres: Portugal, Fiction, Portuguese Literature, Romance

317 pages, Paperback

First published January 1, 1999

About the author

De ascendência transmontana, J.Rentes de Carvalho nasceu em 1930, em Vila Nova de Gaia, onde viveu até 1945. Frequentou no Porto o Liceu Alexandre Herculano, e mais tarde os de Viana do Castelo e de Vila Real, tendo cursado Românicas e Direito em Lisboa – onde cumpriu o serviço militar. Obrigado a abandonar o país por motivos políticos, viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque e Paris, trabalhando para jornais como O Estado de São Paulo, O Globo ou a revista O Cruzeiro. Em 1956 passou a viver em Amesterdão, na Holanda, como assessor do adido comercial da Embaixada do Brasil. Licenciou-se (com uma tese sobre Raul Brandão) na Univ. de Amesterdão, onde foi docente de Literatura Portuguesa entre 1964 e 1988. Dedica-se desde então exclusivamente à escrita e a uma vasta colaboração em jornais portugueses, brasileiros, belgas e holandeses, além de várias revistas literárias. A sua bibliografia inclui romances (entre eles, Montedor, 1968, O Rebate, 1971, A Sétima Onda, 1984, Ernestina, 1998, A Amante Holandesa, 2003), contos, diário (Tempo Contado ou Tempo sem Tempo), crónica (Mazagran, 1992) e guias de viagem. O seu Portugal, een gids voor vrienden (Portugal, Um Guia para Amigos), de 1988, esgotou dez edições. Com os Holandeses (Waar die andere God woont, publicado originalmente em neerlandês, em 1972, e um sucesso editorial na Holanda) é a primeira obra de J. Rentes de Carvalho no catálogo da Quetzal. O mais recente título de Rentes de Carvalho é Gods Toorn over Nderland – A Ira de Deus sobre a Holanda.

Reviews

[Célia Loureiro · Rating 5 out of 5]

Depois de ler O Meças, julguei J. Rentes de Carvalho incapaz de ternura. Porém, ternura é a palavra que melhor descreve este Ernestina.

Confesso que passei por estas páginas à espera de compreender o porquê do título. Nesse sentido, julguei que me propunha a uma leitura sobre a dureza de ser-se mulher no Portugal profundo, e na paisagem de beleza devastadora de Trás-os-Montes. Afinal, é um romance sobre as raízes, os antepassados, a terra, o tornar-se homem. Os desafios de ser-se homem - não inferiores aos de nascer-se mulher embora, talvez, mais pontuados de tolerância e privilégios.

Deparei-me com uma viagem no tempo ao Portugal da primeira metade do século XX, um Portugal interior e isolado que ainda hoje subsiste. As suas cerca de 300 páginas sugerem que a região mais dura do país tem sido sempre assim, desde tempos imemoriais. E as suas gentes, capaz das maiores barbaridades e de gestos de grandeza superior ao seu entendimento, também se mantém fiéis às suas origens desde o início dos tempos.

Acompanhamos José Avelino - possivelmente o receptáculo das memórias do autor numa narrativa que se sente autobiográfica - desde a existência dos seus avós até aos seus quinze anos, altura em que atinge uma espécie de maturidade que o faz acreditar que "já tem um passado".

Ernestina é uma saga familiar deliciosa, vale pelas paisagens, pelas personagens, pelas cruezas dos costumes, pelo caráter singelo dos avós e pela preservação das tradições. Melancólico, terno, supersticioso, cómico por vezes. Habituei-me à voz do autor e fiquei segura de que voltarei a procurá-lo.

Aconselho vivamente, tem todos os contornos de um clássico nacional!

[Teresa · Rating 5 out of 5]

Em “Ernestina”, por exemplo, encontramos um relato bastante completo da sua infância e princípio da adolescência, até aos 15 anos.
Sim. E aquilo é mesmo biográfico. É tudo verdade. Apresentaram o livro como um romance, mas foi porque o editor holandês achava que a autobiografia não vende. “Vamos chamar-lhe romance”, disse ele. E assim ficou.
(Excerto da entrevista de Rentes de Carvalho ao jornal Expresso em Maio de 2016)

[Silvéria · Rating 5 out of 5]

A-DO-REI!
Opinião em https://youtu.be/xfd3fGAiAjc

[Paula Fialho Silva · Rating 5 out of 5]

Que delícia de livro 😍 Adorei a escrita e a história! Fiquei a conhecer Portugal da primeira metade do século XX e ri-me imenso com algumas passagens.
Só tenho mais uma coisa a dizer: leiam este livro!!!

[Ana · Rating 4 out of 5]

Não há muito a dizer. Foi uma leitura especial, emocional, que despoletou saudades, nostalgias, sorrisos e um grande orgulho por ser de onde sou e por ter tido uma infância mágica!
Recomendo. Leiam Ernestina e conheçam Rentes de Carvalho!

Opinião completa em:
http://osabordosmeuslivros.blogspot.p...

[Rita · Rating 5 out of 5]

Mãe de um só filho, a sua vida, que foi de uma tristeza, amargura e terrível solidão, dava um livro. Escrevi-lho eu. E a sua morte quebra o último elo carnal que me ligava à terra onde nasci. Felizmente são ainda muitos os laços que a ela me prendem.

J. Rentes de Carvalho

Autobiografia ficcionada, um volume de memórias de família e um retrato do Portugal profundo, lá para os lados de Trás-Os-Montes, da primeira metade do século XX.
Rentes de Carvalho escreve muitíssimo bem e as descrições são maravilhosas.

Passámos o Pinhão e o Tua, dois infernos àquela hora. Mais adiante outro longo túnel, descobrindo-se ao fim dele, no rio, o Cachão da Valeira, lugar de tantas mortes e naufrágios que as pessoas ao avistá-lo fizeram o sinal da cruz.
Tão devagar avançava agora o comboio que nem sequer se ouvia o matraquear ritmado das rodas nos carris. Excitado, vi aproximar-se a ponte da Ferradosa, para mim lugar mágico e espécie de fronteira, porque não somente se atravessava o rio, mas desde os primeiros anos me tinha convencido que do meio dela se avistava a nossa aldeia. Ilusão que meu pai, por cansaço, não refutava, e que eu criara um dia, ao ver dali um monte que me pareceu familiar.
Pouco a pouco a paisagem ia-se tornando mais erma, mais solene, grandes aves negras descreviam curvas lentas contra o azul do céu, nas encostas aparecia por vezes um burro solitário atado a uma oliveira.
Faltavam muitas horas para chegarmos ao nosso destino, mas não sei porquê sempre ressentia ali uma estranha mudança, como se o simples atravessar do rio augurasse a proximidade dum paraíso. Se bem que desconhecida, a razão deve ter sido funda, porque quando lá passo hoje, aquele ar, o chão, as cores, o arvoredo, fazem ainda ecoar dentro de mim a mesma felicidade e euforia.


#incunábulos @mastodon

[Rita Araújo · Rating 5 out of 5]

#alerportugal

[César · Rating 5 out of 5]

Este livro precisa de dois elogios:
1. A escrita.
JRC tem uma simplicidade eloquente e superior em tudo que escreve. A sua capacidade de dizer muito com muito pouco é sem par. A elegância é o adjetivo que melhor se lhe adapta. É um dos maiores escritores portugueses vivos, tardiamente descoberto e cujo reconhecimento em vida ainda está muito longe do que é justo e merecido.
2. A história
"Autobiografia" de 4 gerações de antepassados e do próprio, até aos 15 anos do autor, é uma belíssima narrativa de um mundo e uma vida portuguesa desaparecida. A história de gente simples contada como se príncipes fossem, a aventura e a grandeza encontrada na banalidade do dia a dia. A vida do campo e da cidade dos que tão pouco tinham mas que tesouros imaginavam.

[Elsa · Rating 5 out of 5]

Esta é a terceira obra que leio de J. Rentes de Carvalho e apesar de já o “Meças” me ter deixado a amar a sua escrita, a “Ernestina” deixou-me fascinada.
A clareza da descrição de determinadas situações, a forma como nos faz sentir parte da estória, a sua capacidade de nos envolver na leitura... é indiscritível... Não sei explicar.
J. Rentes de Carvalho faz este ano 90 anos e a “Ernestina” conta-nos como foi a sua infância e adolescência e narra-nos muitas situações da vida difícil que a sua família viveu. A linguagem é por vezes cruel e a minha imaginação voou com a sua capacidade descritiva. Quase que podemos sentir os cheiros; seja do almoço ao lume, do tabaco que se fuma, do álcool na taberna, dos corpos suados depois da jorna no campo, da palha no palheiro... ouvir a algazarra na escola, o som dos elétricos ou sentir o clima denso das discussões familiares.
Para quem, que como eu, cresceu numa aldeia é fácil imaginar todas as descrições daqueles espaços, as vivências com os familiares e os vizinhos, os dias de feira ou romaria e, quase “voltar também ao passado, às suas memórias”.
Ri-me muitas vezes – por vezes até da crueldade das situações – e o mais incrível: dei comigo a dizer “não!”, em duas situações em que quase não queria acreditar que o que estava a ler poderia ser possível.
O vocabulário fez-me recordar os meus avós, algumas expressões usadas já não ouvimos tão regularmente: como “encafuar-se, amodorrar ou acabrunhar” e claro o Radio Philco também me levou de volta ao passado.
Sem dúvida um livro maravilhoso, de uma linguagem cruel e ao mesmo tempo de um realismo incontornável daqueles anos. Uma descrição perfeita, não só daquela família de raízes transmontanas, mas – com certeza – de muitas outras famílias portuguesas daquela época.

Leiam, - esta ou outra obra dele - afinal de contas é um privilégio de todo o tamanho termos este senhor ainda entre nós.

[Mª João Monteiro · Rating 5 out of 5]

É um romance parcialmente autobiográfico e de aprendizagem. Conta a história do autor e dos seus antecessores. Vidas duras e com pouca relevância para além da família, de Trás os Montes, em aldeias perdidas e pouco mais. Depois, a vida no Porto. Escrito de forma que é igualmente elaborada e simples. Gostei muito. Apenas não gostei do fim.

[Maria Carmo · Rating 5 out of 5]

Uma surpresa maravilhosa, a prosa fluída e cristalina deste livro, um épico do Portugal da primeira metade do século vinte... Uma maravilhosa descoberta de Trás os Montes e da infância do autor (na medida em que é de certo modo um livro autobiográfico). Um Português escorreito, rico, profundo sem ser "snob", muito concreto, semeado de perfumes e imagens, de ambientes e de rudes personagens de corpo inteiro e Alma plena! Maravilhoso, adorei descobrir este escritor...

Maria Carmo

Lisboa 14 de Junho de 2012.

A marvelous surprise, rich, fluid text full of intelligible references, an illumined way of writting this true "epic" of Portugal during the first half of the twentieth century... The discovery of Trás os Montes (the northernmost interior province of Portugal) and of the Author's childhood (since it is a biography of the early years). In its Portuguese original (it has been translated into several languages, including Dutch and English and French) the mastery of the language is absolute, with each precise sentence emanating all of the aromas, images and ambiances of the time and drawing the tough characters whose Souls appear as so luminous and real even today. Marvelous, I loved discovering this Author!!! I rarely ever give 5 starts...

Maria Carmo

[Natacha Martins · Rating 4 out of 5]

Quando lemos pela primeira vez um escritor e gostamos muito do que encontramos, gera-se quase automaticamente uma certa ansiedade quando pegamos num segundo livro para ler. E se "A Amante Holandesa" tivesse sido o único livro de jeito que J. Rentes de Carvalho escreveu? Felizmente não foi esse o caso e, "Ernestina" só veio confirmar que este é um autor para se continuar a ler. :)

Ernestina é um livro que o autor assume ser autobiográfico e onde nos é contada a história da sua família, o seu nascimento,"Deus criou o mundo em Vila Nova de Gaia, numa tarde quente de Maio em 1930", a sua infância em Vila Nova de Gaia, onde nasceu, e na aldeia de Estevais, em Trás-os-Montes, onde regressava todos os anos e onde viveu durante algum tempo com os avós. "E como se de par em par se abrissem as portas que me tinham ocultado a grandeza do viver, gritei de alegria e corri ladeira acima na pressa de encontrar o meu destino." É desta forma que termina a narrativa de J. Rentes de Carvalho, que com quinze anos acaba de encontrar mais uma razão para sorrir. :)

Numa escrita despretensiosa e bem-humorada, J. Rentes de Carvalho partilha connosco as suas memórias de infância, homenageia os avós e a terra que o viu crescer e faz-nos sentir da família. E que família esta! Repleta de personagens cativantes, com histórias caricatas, faz com que ler sobre as suas vidas seja uma autêntica viagem ao passado. É um livro cheio de humor, de cheiros e de cor, de certa forma inocente e, porque o autor não se coíbe de partilhar connosco as coisas menos boas da história familiar, o livro acaba por ser muito genuíno e enternecedor. Mais do que uma história autobiográfica, este é também um livro sobre Trás-os-Montes e sobre o Portugal das décadas 30 a 50, a forma como vivíamos e convivíamos.
Gostaria de destacar a viagem que J. Rentes de Carvalho descreve com mais pormenor, e que era feita todos os anos, entre a cidade e a aldeia. É fascinante a forma como ele descreve esta viagem longa, feita de comboio pelos velhinhos caminhos de ferro portugueses. É um dos pontos altos deste livro! :)

Enfim, é uma leitura que aconselho vivamente a todos. Aos que tiveram infâncias felizes junto de avós com cheiro a terra e a fumo e que se identificam com as memórias aqui desfiadas e, aos que não conhecendo esta realidade poderão, de certa forma, vivê-la nas palavras de J. Rentes de Carvalho.

Recomendo sem qualquer hesitação! :)

[Susana · Rating 4 out of 5]

A 4ª estrela deve-se, talvez, ao facto de esta autobiografia (que começa ainda com a história dos avós do autor) se passar, em parte, na zona que escolhi para viver (Mogadouro, em Trás-os-Montes) e, por isso, ter um sabor especial ao retratar a vida numa aldeia daqui (Estevais) no início do século XX. Mas os episódios passados em Vila Nova de Gaia são também muito bem relatados, numa escrita directa e vívida. Gostei bastante e vou recomendar a várias pessoas.

[Ana · Rating 4 out of 5]

Um relato da vida entre o Porto e Trás-os-Montes na primeira metade do séc. XX. Se agora vivemos tempos difíceis, não sei bem o que chamar áquilo. Gostei muito.

[Sergio Ferreira · Rating 4 out of 5]

Autobiografia muito bem escrita e de fácil leitura. Descreve a vida da sua família desde o final do século XIX. Um excelente retrato do que teria sido o Porto e o alto douro durante até um pouco mais de meio do século XX. Rentes de Carvalho deve ser uma pessoa bem interessante. Um livro delicioso. Teria pena de não o ler!

[Maluquinha dos livros · Rating 5 out of 5]

Um livro que andava para ler há muito tempo, mas sabia que tinha que ser lido no momento certo. Uma delícia! Uma escrita cuidada que nos leva até às primeiras décadas do séc. XX, em Trás-os-Montes e depois nos traz para o Porto e Gaia, e que nos dá a conhecer a vida nessa altura.
Adorei esta viagem no tempo, as tradições, as paisagens descritas - e que bem as conheço - e as personagens, ao mesmo tempo rudes, simples, mas cheias de ternura.

[Paulo Rodrigues · Rating 5 out of 5]

Ernestina de J. Rentes De Carvalho
 
"Mãe de um só filho, a sua vida, que foi de uma tristeza, amargura e terrível solidão, dava um livro. Escrevi-lho eu. E a sua morte quebra o último elo carnal que me ligava à terra onde nasci. Felizmente são ainda muitos os laços que a ela me prendem.»

Ernestina é o nome da mãe do autor e da protagonista deste livro, recuando até aos bisavós Rentes de Carvalho conta -nos a história da sua família deambulando entre Gaia e Trás os Montes .
Mas este livro é muito mais que isso, mais do que um romance autobiográfico ou um livro de memórias, é um retrato de muitas famílias portuguesas, passado entre 1930 a 1950; mostra-nos um Portugal triste debaixo de um  regime político ditatorial e  autoritário. A dureza que era a vida no campo ou as famosas combinações de casamentos que nessa época eram tidas como normais,as dificuldades das viagens de horas e horas a caminhar carregados com sacos de cereais, pelas serras do interior, tudo é aqui retratado ora de uma maneira doce mas sem exageros ora duro sem nunca nos fazer perder a esperança. Os cheiros do campo, das "lojas" dos animais , os próprios sabores, são descritos com uma mestria que os sentimos entranhados em nós. A descrição das pessoas é tão minuciosa que as vemos tal como elas são sem precisar de olhar uma fotografia .
A Escrita é tão boa que chegados á última página ficamos mesmo com pena de ter acabado. Um livro maravilhoso deste Escritor que tal como muitos outros merecia mais carinho da nossa parte .
Leiam vale muito a pena.
 

[Maria João · Rating 4 out of 5]

Foi um prazer descobrir um escritor Português que até agora me era desconhecido, daqueles que sabem realmente escrever, fluida e correctamente, e sem afectações eruditas. A história também ajuda. É um romance auto-biográfico do autor, onde o acompanhamos da infância ao desabrochar da adultícia, num Portugal nortenho dos anos 30 e 40 do século XX. E é também um retrato do país daquele tempo, das gentes, das crenças, das normas do tecido social e familiar. E é também um espelhar da dicotomia campo (Trás-os-Montes) e cidade (Porto). Um livro e uma história aparentemente simples mas que encerram em si mundos, que deliciosamente se descobrem ao virar de cada página.

[Marta Clemente · Rating 5 out of 5]

Que delícia, este Ernestina!
Neste livro, com uma escrita deliciosa, J. Rentes de Carvalho conta-nos a sua história e da sua familia. Conta-nos de uma forma por vezes dramática, mas maioritariamente divertida a sua infância e adolescência, o nascimento e infância dos seus pais, a vida dos seus queridos avós. Num retrato certeiro da ruralidade portuguesa de meados do século XX, vai-nos desfiando as suas perceções do mundo e as suas pitorescas descrições de um Trás-Os-Montes e de uns hábitos de vida que já lá vão.
Muito bom!

[Marta · Rating 3 out of 5]

A escrita é muito boa! Gostei do retrato do Portugal antigo, do que significava viver num norte interior, numa família conservadora.

As temáticas que o livro aborda tocaram-me, sobretudo esse sentimento de solidão que acompanha Ernestina ao longo de toda a narrativa. A forma como o autor trabalha a saudade, quando Ernestina parte para o Porto/Gaia, é muito bonita. Até acho que Ernestina sente a falta da mãe, mas também sente uma perda progressiva de identidade, como se a mudança de lugar a afastasse de si mesma.

Ainda assim, o livro acabou por me parecer mais aborrecido do que prazeroso. Em várias passagens lembrou-me a educação dos nossos avós e os costumes que tentaram transmitir-nos, o que achei interessante. No entanto, senti falta de um verdadeiro enredo. Esta é uma história muito linear, quase sem “plot”, e por isso, confesso, um pouco monótona.

[Natacha Cunha · Rating 3 out of 5]

Ler Ernestina é viajar ao passado pelas mãos de J. Rentes de Carvalho e ver pelos seus olhos as memórias que marcaram a sua família. Mas Ernestina é muito mais que a história de uma família em particular: é o retrato fiel e genuíno de Portugal. É impossível não encontrarmos semelhanças com os relatos que ouvimos dos nossos avós, com as memórias vivas que marcaram geração atrás de geração no início do século XX.

Com uma escrita vívida, que nos faz sentir parte integrante da família, somos embalados por um relato sentido, numa verdadeira ode às vivências das gentes e da terra que viu nascer o autor. Num livro que saltita entre Vila Nova de Gaia e Trás-os-Montes, é muito bom encontrar expressões características a moldar situações por vezes muito caricatas, que nos fazem crer que foi mesmo assim.
Só não lhe dou mais uma estrela, que seria mais que merecida, por ter sido uma leitura arrastada, muito pelas características da própria narrativa, em particular a falta de diálogos.

Opinião: http://pbpretonobranco.blogspot.pt/20...

[Mariana · Rating 4 out of 5]

Um livro fantástico, engraçado, enternecedor, melancólico e sentido. Um retrato fiel de Portugal que nos transporta para um passado não tão distante assim.

A mim, permitiu-me ver o mundo de uma outra perspetiva, perceber aquilo que já me tinham tentado transmitir: a realidade vivida pelos meus avós e bisavós. E vi-a clara e transparentemente, através de um binóculo.

[José]

divertidissimo!!!

[Susana Margarida Jorge · Rating 5 out of 5]

67.2023 – Ernestina, J. Rentes Carvalho
Recomendação e empréstimo da minha querida Joana Guerra @sendmepoppies e de uma bibliotecária da Biblioteca Municipal da Marinha Grande (penso que se chama Susana), este Ernestina é um livro fabuloso.
Uma história contada por José Rentes de Carvalho sobre a sua mãe Ernestina. Um retrato fiel e aprofundado do Portugal rural e não só, de há uns anos.
Nascido na zona de Vila Nova de Gaia, passando parte da sua infância numa aldeia chamada Estevais onde vivia e de onde era oriunda a sua família, com retratos sobre os processos agrícolas, os casamentos, a vida quotidiana, as pessoas que iam para a cidade em busca de uma vida melhor, mas que regressavam (e esta foi uma das partes que adorei: a descrição da viagem de comboio) à aldeia na altura da festa e das colheitas.
Uma história contada com uma linguagem simples e interessante, mas quanto a mim não é uma leitura que se faça rapidamente, porque é importante absorver cada detalhe da escrita, das descrições.
Aconselho vivamente a leitura deste livro.

[Ana Cristina · Rating 5 out of 5]

Um livro maravilhoso, adorei a narrativa e dei por mim a sentir uma grande ternura por José Avelino, situações houve em que me senti nostálgica porque apesar de sermos de gerações diferentes, me identifiquei com ele principalmente nas idas para a aldeia, no Trás os Montes profundo.
É um livro que nos mostra o Portugal pobre e atrasado da primeira metade do século passado visto pelos olhos de uma criança, muito bonito e ternurento. Aconselho.

[Rafaela · Rating 5 out of 5]

Maravilhosa narrativa! Lido com sofreguidão. Desejosa de ler mais obras do autor. Que descoberta tardia, mas tão emocionante!


"Contudo, ser como ele sereno e uno com o que o rodeava, e ao mesmo tempo viajar para as ilhas cobertas de palmeiras, talvez fosse isso o que os adultos chamavam felicidade."

"O mundo entrava-me em catadupas para o cérebro e cada cena, cada conversa, por vezes uma simples observação, bastava para que numa torrente de sentimentos se me revelassem episódios inteiros das existências que me rodeavam."

[Jose Alves · Rating 5 out of 5]

Excelente, passado num mundo rural que desapareceu em apenas oitenta anos.

[Filipa Marcelo · Rating 5 out of 5]

Rentes de Carvalho é um Escritor brilhante! Este foi o primeiro livro que li do Autor. A sua obra autobiográfica destaca-se pela profundidade emocional em que cada detalhe nos envolve em crescendo e enriquece este retrato autêntico e comovente da vida rural portuguesa.

[Luis Charreu · Rating 5 out of 5]

Ernestina é um romance autobiográfico que nos conta a historia de uma família, entre o campo e a cidade, e que nos oferece um quadro do Portugal de ha cem anos. Destaco a linguagem, que me maravilhou pela simplicidade e pelo estilo, igual ao que se fala.
A descrição dos locais facilmente nos transporta até eles e as experiências relatadas enriquecem, sem duvida, o conhecimento da época.

[Rita | Cantinho Literário · Rating 4 out of 5]

Opinião de leitura aqui: https://youtu.be/56N8Ur3awPM?si=Gi3DR...