Lacrimae rerum, uma das obras mais aclamada de Slavoj ?i?ek, ganha nova edição totalmente revista e ampliada pela Boitempo. A coletânea de ensaios, originalmente publicada em português em 2009, traz seis novos textos e análises originais sobre o cinema contemporâneo. Viral nas redes sociais e famoso por suas declarações polêmicas, o filósofo esloveno consegue manter-se sempre relevante no cenário intelectual ao abordar conceitos filosóficos pelo viés da psicanálise e da cultura pop. ?i?ek propõe um estudo aprofundado sobre as motivações de diretores renomados internacionalmente, como Krzysztof Kie?lowski, Alfred Hitchcock, Andrei Tarkovski e David Lynch. Nesta nova edição, ?i?ek analisa sucessos hollywoodianos recentes como Blade runner 2049, Batman: O cavaleiro das trevas ressurge, e o novíssimo Pantera Negra. A edição inclui também uma análise leninista sobre La La Land: cantando estações, comédia romântica musical lançada em 2017. Por meio de imagens familiares, o filósofo e evidencia como as histórias, mesmo críticas, fornecem um panorama estático da realidade. Segundo ele, essas narrativas são feitas de denúncias cínicas de mazelas, contrabalanceadas por uma crença irracional na "essência da situação". É a ficção concedendo legitimidade ideológica ao real. “Embora totalmente desiludidos, tais personagens são daqui e aqui devem ficar, esse sofrimento é seu mundo, eles lutam para encontrar um sentido na vida dentro dessas coordenadas, e não para ir à luta recorrendo a meio radical qualquer”, afirma no prefácio. Capa comum: 224 páginas Editora: Boitempo (7 de novembro de 2018) Idiom
Slavoj Žižek is a Slovene sociologist, philosopher, and cultural critic.
He was born in Ljubljana, Slovenia (then part of SFR Yugoslavia). He received a Doctor of Arts in Philosophy from the University of Ljubljana and studied psychoanalysis at the University of Paris VIII with Jacques-Alain Miller and François Regnault. In 1990 he was a candidate with the party Liberal Democracy of Slovenia for Presidency of the Republic of Slovenia (an auxiliary institution, abolished in 1992).
Since 2005, Žižek has been a member of the Slovenian Academy of Sciences and Arts.
Žižek is well known for his use of the works of 20th century French psychoanalyst Jacques Lacan in a new reading of popular culture. He writes on many topics including the Iraq War, fundamentalism, capitalism, tolerance, political correctness, globalization, subjectivity, human rights, Lenin, myth, cyberspace, postmodernism, multiculturalism, post-marxism, David Lynch, and Alfred Hitchcock.
In an interview with the Spanish newspaper El País he jokingly described himself as an "orthodox Lacanian Stalinist". In an interview with Amy Goodman on Democracy Now! he described himself as a "Marxist" and a "Communist."
Eu compraria “Lacrimae rerum: ensaios sobre cinema moderno”, o mais recente livro do Zizek publicado no Brasil (embora sua primeira versão tenha sido escrita no final da década de 90), mas previ que um amigo me daria de presente de natal. Previsão confirmada, lancei-me à leitura. Zizek consta entre minhas preferências intelectuais, desde os tempos de Essen, no KWI.
Mas este “Lacrimae rerum” decepciona um pouco. Seus ensaios sobre “Matrix” e David Lynch não me dizem muita coisa, e, embora eu saiba que ele não tem pretensão formalista, e sim política, creio que a leitura do esloveno ficou excessivamente simbólica. Como são exatamente os últimos ensaios, no final já não tinha muita paciência para as nervosas associações livres feitas pelo autor: imaginei-o gesticulando freneticamente, suando, falando compulsivamente etc.
Já o ensaio sobre Kieslowski ("A teologia materialista de Kieslowski") me parece ser, de fato, o melhor. Ao menos, tem um eixo mais claro de argumentação. Pelo que entendi, Zizek mostra a complexidade dos filmes de Kieslowski exatamente na manutenção constante da tensão entre vida simples e vida excepcional, rotina e aventura, para usar os termos de Simmel: “Kieslowski não defende a abdicação moralista da vida em nome da missão nem a sabedoria barata de advogar a vida simples contra a missão: é perfeitamente consciente da limitação da missão” (p.52).
E é neste ensaio que Zizek se mostra mais interessante: nas dicas paralelas. Para ilustrar a idéia de tensão contra a concepção de organicidade, menciona Kleist, cujo texto sobre marionetes mostra que estas são possíveis e belamente aladas porque justamente têm um centro gravitacional governado por um mestre, ao passado que nós temos, dentro de nós, várias forças contraditórias que nos tornam verdadeiros desajeitados. Este desajuste é a base para que pensemos histórias alternativas possíveis, o verdadeiro segredo do historicismo, ignorado pelo próprio Zizek.
E o que dizer dos demais ensaios? Sobre Hitchcock, uma idéia interessante: o que as refilmagens de seus filmes dizem sobre os filmes originais? Zizek oferece, pelo que pude captar, uma resposta interessante: as refilmagens falham porque optam por uma das soluções latentes e possíveis Os filmes de Hitchcok são ricos porque, mesmo sendo narrativamente tradicionais, guardam em si, em sua própria linguagem, outros finais possíveis.
No ensaio sobre Tarkovski, destaca-se uma característica da escrita de Zizek: um longo prólogo até chegar ao assunto. Aposto como tudo é consciente e deliberado, pois é algo já feito no estudo sobre Hitchcock. Do texto, destacaria uma passagem interessante, a propósito do herói do filme "Nostalgia": "será possível ao intelectual de hoje (...) a esse homem separado da certeza espiritual ingênua pelo fosso da nostalgia, por um desespero existencial asfixiante, ser-lhe-á possível voltar à imersão religiosa imediata, readquirir sua certeza? Em outras palavras, a necessidade da fé incondicional e seu poder redentor não levarão a um resultado tipicamente moderno, ao ato decisionista da fé formal indiferente a todo conteúdo particular, isto é, a uma espécie de contraponto do decisionismo político schmittiano, em que o fato de acreditarmos sobreleva aquilo em que acreditamos?" (p.121) Sobre esta passagem, alguns comentários: (a) isto não valeria para a relação de Zizek com Lênin? (b) mas será que o decisionismo é moderno? Lembremos aqui o quão conservador e católico Schmitt era. Decisionismo voluntarista e individualismo liberal racional são antagônicos ou duas faces diversas (ora excludentes, ora complementares) da modernidade? Todavia, é interessante o esforço crítico de Zizek perante a obra do religioso (e por ele admirado) Tarkovski.
Enfim: um livro menor de Zizek. Dele, ainda prefiro mesmo "Bem vindo ao deserto do real" e a edição alemã "Die Nacht der Welt".
Me gustó de a ratos, en especial el análisis sobre el cine de ciertos creadores. Me costó seguir enganchada en cuanto a sus postulados sobre ciberespacio, pero logró despertar mi afán de leer casi al final, en la articulación entre el lugar del Otro en la perversión y la era en la que nos encontramos.
Primeira incursão em Zizek, e o primeiro sentimento é o de assoberbamento. Assoberbado com as voltas e reviravoltas que a análise da obra de Kristof Kieslowski dá. Para quem não domina a cinematografia completa, tendo-se limitado a ter visto a trilogia das cores há mais de duas décadas, e menos longinquamente a Dupla Vida de Verónica, a sensação é de assoberbamento total. As relações com outros autores, que fazem de Kieslowski o realizador de inspiração para Lynch ou Kubrick, entre outros, ou os paralelismos com outros, como Hitchcock, e ainda uma oposição a Tarkovski fazem o leitor menos versado sentir-se esmagadoramente burro. Daí que o mergulho nesta obra requeira um domínio mínimo da cinematografia de Kieslowksi, que domina bem mais de metade da obra. É um escrutínio quase que peça a peça dessa cinematografia, mas com uma particular incidência na obra a partir de 1979. A espaços largos as relações parecem forçadas e com recurso a aparentes quantidades de despejo de nomes, mas que no fim tornam sempre, de forma quase irónica, a uma tese central, a dos múltiplos universos paralelos das obras do realizador polaco.
No caso do artigo sobre Hitchcock, o foco está mais na temática de finais alternativos. Com o capítulo de Hitchcock, Zizek vai dar um destino final ao universos paralelos que explorou em Kieslowski, mergulhando agora em finais alternativos e de como a obra do realizador se expõe a estes. Muito focado em Psycho, acaba por ligar este filme a outros.
A frase de Zizek sobre haver quem leia em demasia na obra de Hitchcock foi algo que me ficou na mente quando abordei os outros cineastas aqui abordados (Tarkovski e Lynch). É que o texto fica particularmente sofrível quando entra nesses autores, parecendo para o pouco conhecedor os devaneios incoerentes de um bêbado na madrugada.
Em verdade se diga, Zizek não escreveu estes textos para estarem assim todos juntos. Se calhar, em contexto os textos fazem sentido. Mas no formato em que são apresentados, apenas o olhar sobre a obra de Kieslowski pode fazer com que o leitor se sinta compelido a ir ver a cinematografia do autor.
Lacrimae rerum fue mi primer contacto con la obra y el pensamiento de Slavoj Zizek, filósofo esloveno contemporáneo al que tengo gran respeto y aprecio (no en vano, de su "Sobre la violencia" saqué mi idea vertebradora de Hijos de una violencia sutil, mi 2a novela). Este Lacrimae rerum es un conjunto de ensayos sobre cine (os recomiendo que le echéis un vistazo por youtube a la crítica que hace Zizek de la película "Hijos de los hombres") super interesante. Pero más allá del contenido, quería hablar del contingente, de este ejemplar que guardo como recuerdo de una clase muy divertida y constructiva a través de la destrucción. Se trataba de entender cómo se fabricaba un libro y para eso, en esa clase nos daban a elegir un ejemplar (yo elegí este), nos daban un cuter y teníamos que descubrir qué clase de encuadernado tenía nuestro ejemplar: Tapa dura, rústica con solapas, fresada, cosida, encolada. Disfruté tanto de la clase, la compañía y de lo que aprendí que guardo el ejemplar, que me ha seguido en cada mudanza desde entonces...
Cuatro estrellas por el respeto al trabajo de reflexionar y ensayar acercar de ciertos títulos del cine, utilizando la psicología y la filosofía como herramientas de análisis. Pero siendo realmente justo le pondría 3 estrellas, solo como muestra de mi desilusión al no encontrar una mirada social a través de la cultura del cine. Pensé que me encontraría con una muestra de cómo se “debe” de politizar la cultura. De cómo la cultura se vuelve un reflejo de nuestra sociedad, y a su vez se puede llevar a convertir en un presagio de nuestro propio futuro. ¿Es posible encaminarnos a una sociedad ideal a través del imaginativo que nos ofrece la cultura y las artes?
Li os ensaios com um pouco de pé atrás, afinal, análises filosóficas e psicológicas de filmes combinam mais com uma conversa de lanchonete ou de mesa de bar. Contudo, o autor me surpreendeu com a forma metódica com que trabalhou o simbolismo sem deixar de criticar os trabalhos apresentados.
Com uma visão variando entre Lacan e Marx (e essa escolha por si só já dava outra resenha), o autor destrincha alguns clássicos como Hitchcock e Lynch, além de alguns outros diretores europeus não tão conhecidos em terras tupiniquins.
Há menções de alguns filmes de maior sucesso como Matrix, embora essa tetralogia seja um daqueles casos em que cada interpretação é mais subjetiva que a outra, onde os próprios criadores se contradizem a cada tantos anos.
É interessante para os apaixonados por crítica de cinema, mas pode ser tremendamente entendiante para quem apenas curte se sentar na frente da telinha.
Em Lacrimae Rerum, Slavoj Zizek traça uma espécie de teoria psicanalítica do cinema, focando em cineastas do naipe de Tarkovsky, David Lynch e Stanley Kubrick. Se gosta de cinema ou de psicanálise, é obrigatório.
Zizek na tropie Lacana w kinie Lyncha, Hitchcocka, Tarkowskiego. Fani erudycyjnej spotrzegawczości filozofa zaprzegniętej do popkulturnalnego magla będą zachwyceni.