Baseando-se em factos reais, José Rodrigues dos Santos traz-nos desta vez uma obra sobre Moçambique, os portugueses, a guerra colonial e, sobretudo sobre o mais aterrador segredo de Portugal no Ultramar.
A vida de José Branco mudou no dia em que entrou naquela aldeia perdida no coração de África e se deparou com o terrível segredo. O médico tinha ido viver na década de 1960 para Moçambique, onde, confrontado com inúmeros problemas sanitários, teve uma ideia revolucionária: criar o Serviço Médico Aéreo. No seu pequeno avião, José cruza diariamente um vasto território para levar ajuda aos recantos mais longínquos da província. O seu trabalho depressa atrai as atenções e o médico que chega do céu vestido de branco transforma-se numa lenda no mato. Chamam-lhe o Anjo Branco. Mas a guerra colonial rebenta e um dia, no decurso de mais uma missão sanitária, José cruza-se com aquele que se vai tornar o mais aterrador segredo de Portugal no Ultramar.
Inspirado em factos reais e desfilando uma galeria de personagens digna de uma grande produção, O Anjo Branco afirma-se como o mais pujante romance jamais publicado sobre a Guerra Colonial – e, acima de tudo, sobre os últimos anos da presença portuguesa em África.
José Rodrigues dos Santos is the bestselling novelist in Portugal. He is the author of five essays and eight novels, including Portuguese blockbusters Codex 632, which sold 192 000 copies, The Einstein Enigma, 178 000 copies, The Seventh Seal, 190 000 copies, and The Wrath of God, 176 000 copies. His overall sales are above one million books, astonishing figures considering Portugal’s tiny market.
José’s fiction is published or is about to be published in 17 languages. His novel The Wrath of God won the 2009 Porto Literary Club Award and his other novel Codex 632 was longlisted for the 2010 IMPAC Dublin Literary Award.
His first novel, The Island of Darkness, is in the process of being adapted for cinema by one of Portugal’s leading film directors, Leonel Vieira.
José is also a journalist and a university lecturer. He works for Portuguese public television, where he presents RTP’s Evening News. As a reporter he has covered wars around the globe, including Angola, East Timor, South Africa, the Israeli-Palestinian conflict, Iraq, Bosnia, Serbia, Lebanon and Georgia. He has been awarded three times by CNN for his reporting and twice by the Portuguese Press Club.
José teaches journalism at Lisbon’s New University and has a Ph. D. on war reporting.
"O mal é a incapacidade de nos pormos no lugar do outro. (...) O mal é a incapacidade de imaginar os sentimentos do outro e de os sentir como se pudéssemos ser nós. O bem é pormo-nos no lugar do outro. E actuar em conformidade, claro."
Este é o primeiro livro que leio do José Rodrigues dos Santos e revelou ser uma surpresa. Uma surpresa muito agradável. A história é baseada em factos reais e envolvida em fios de narrativa ficcionais que retratam o comportamento humano, ora movido por instintos, ora ditado pelo coração. A História é feita de histórias, como diz o autor, e José Rodrigues dos Santos dá-nos a conhecer um momento da História de Portugal através dos olhos de José e mais tarde do seu sobrinho Diogo. Acompanhamos José desde o momento exato do nascimento e, com humor, empatia ou tristeza, vemos retratas várias estapas da sua vida. De criança tímida a adolescente rebelde a adulto determinado, José casa-se com o amor da vida de adolescência e faz-se um grande médico e um homem ainda maior. O sobrinho segue no mesmo caminho em busca do bem, sendo recrutado para o exército para a mesma cidade de África onde o tio exerce a sua função. Num clima quente e de tensão de guerrilha, as suas vidas têm amor, amizade, luta, dedicação e também incompreensão num mundo onde os humanos nem entre si mesmos se entendem. Gostei muito deste livro e cada vez que o folheei deixei-me ser transportada para o seu mundo distante no relato, mas próximo nos sentimentos.
Mais uma vez acabo um livro de JRS com a nítida sensação de ter percebido mais e mais sobre a temática de fundo da história do livro.
Enredo à parte e já lá vamos, ficamos com clara noção do nosso (Portugal) envolvimento na Guerra de África e a forma atabalhoada como gerimos todo o processo de descolonização. Uma vergonha, uma nódoa na História que merece ser lida e relida por todas as gerações, as que por lá passaram e as mais recentes que raramente tomam contacto na escola com esta realidade. Por este motivo merece a pena ler o livro que uma vez mais (e bem) está carregado de investigação como o autor já nos habituou. A minha geração cruzou-se com familiares (País, tios) que viveram e combateram na guerra e presenciaram estas e outras histórias. As de tropas especiais como os Comandos ou Rangers assumem contornos de tragédia e crime, hoje em dia completamente recrimináveis, mas na altura e enquadradas na época, defendida por uma PIDE vistas como normais pelo menos aos nossos (governantes portugueses) olhos. O Livro apresenta detalhes que os mais susceptíveis poderão ficar chocados. Passando à História e personagens, esperava um desfecho diferente, ficamos sem saber exactamente o que acontece a José Branco, a Sheila e Diogo, a Mímicas e José. Se pretende simultaneamente ser um Romance e Romancear relações, a história não devia acabar de forma tão abrupta com alguma mágoa por não sabermos as razões e o que levou a mudança de opiniões de algumas personagens (Sheila e Mímicas), e o que ficou por esclarecer nessas relações. Ou talvez não porque afinal a Guerra tem destas coisas de um momento para o outro terminar com tudo. Achei a parte inicial da história um pouco brejeira com referências e descrições a partes do corpo humano da personagem principal algo despropositadas, tendo em conta que seria o Pai do autor. Refiro novamente o meu grau de satisfação na análise global do livro.
Um livro que todos os portugueses deviam ler, para conhecerem a verdadeira face da Guerra do Ultramar. Porque há muito mais na nossa história do que os manuais contam. Como por exemplo, os massacres gratuitos que a nossa "grande" nação executou.
Porque um verdadeiro Homem pratica o bem mesmo quando ninguém o está a ver.
Diria que é dos únicos títulos de José Rodrigues dos Santos que consegui ler (ex-aequo com a história de Calouste Gulbenkian).
Uma visão muito fiel sobre o que foi a história das migrações para África associado a uma descrição crua do que foi a vida das pessoas fora das metrópoles, dura, solitária e desafiante.
Gostei do registo histórico-jornalístico do livro, mas não do romance em si. Pareceu-me que o enredo foi mal planeado e mal executado. A história é demasiado linear. O ritmo é demasiado inconsistente. E a descrição das atitudes das personagens chega a ser quase ridícula em certos momentos (isto é, muito pouco realista). A vertente “moral” é também resumida de tal forma, que me faz pensar que mais-valia não ter nada. Por fim, o final parece ter sido feito a correr. Acaba por não se compreender a necessidade de uma tão grande “introdução” sobre as personagens, para depois o foco residir “apenas” no massacre.
Na apresentação do livro ocorrida há duas semanas na Sociedade de Geografia de Lisboa, o autor, entre outras considerações à obra e aos factos nela contida, afirmou tratar-se o presente livro de uma espécie de continuação de “A Vida num Sopro” e que, com isso, estaria a efectuar uma saga da sua família.
Assim, antes de ler “O Anjo Branco”, empreendi a releitura de “A Vida num Sopro” e em boa hora o fiz, pois as peças do puzzle encaixam-se de uma forma perfeita, sobretudo no primeiro terço de “O Anjo Branco”.
A história inicia-se precisamente algumas semanas após a morte de Luís, estando Amélia em profunda depressão sem que o seu marido soubesse como agir. Ou seja, é de facto uma continuação, pois as personagens iniciais são precisamente as mesmas, pese embora elas vão desaparecendo progressivamente, sendo substituídas por outras mas que mantém a família Branco como fio condutor, não fosse José Branco, filho de Amélia que cresce, licencia-se em medicina e parte para Moçambique para aí exercer a sua actividade em prol dos mais necessitados.
Embora o romance tenha o seu epílogo com o massacre de Wiriyamu, levado a cabo pela 6ª Companhia de comandos de Moçambique, este romance, que considero um dos mais bem conseguidos de Rodrigues dos Santos, é um romance essencialmente sobre a Guerra Colonial e a forma como os portugueses e os nativos a viram e sentiram.
Impressionou-me a extrema violência e a forma crua como o autor narra alguns acontecimentos. O próprio autor assume serem os casos amorosos puramente fictícios, os acontecimentos factuais são mesmo reais ou inspirados em coisas que realmente aconteceram, e é impressionante o que é narrado, a extrema crueldade de um conflito que, mais de 30 anos passados, ainda está por discutir na opinião pública.
Houve algo que me chamou a atenção na apresentação e que, após ler o livro, consegui compreender. Dizia o autor que, na altura em que estava a escrever o livro, quis entender a lógica do massacre, do porquê de soldados armados matarem mulher e crianças indefesas e que, inclusive, inquiriu o comandante que comandou os comandos nesse massacre, tendo o mesmo respondido que há coisas que não fazem sentido agora mas que faziam naquele contexto. Por muito forte que seja, damos connosco a perceber a lógica do massacre e a perceber que o mesmo foi feito porque, simplesmente, tinha de ser feito. E isso é uma das principais virtudes desta obra.
Numa escrita simples, sem grandes floreados e com as descrições necessárias, a história vai-se desenrolando de uma forma lenta, suave mas necessária. José Rodrigues dos Santos sabe como contar uma história, sabe interligar muito bem factos históricos com ficcionais, dando-nos uma visão da vida portuguesa que abrange 40 anos, findando num acontecimento que ainda hoje, repito, carece de explicação e discussão: A Guerra Colonial.
Todos os anos, por volta da altura do Natal, é quase certo que tenho por baixo da árvore de Natal o novo livro do José Rodrigues dos Santos. Este ano não foi excepção e, mais uma vez, não me desiludi. O Anjo Branco baseia-se na história de vida do pai do próprio autor, médico em Moçambique na altura da guerra colonial. O livro é extremamente interessante porque consegue tratar temas sérios como é o caso dos problemas básicos da saúde pelos quais a população local passava (falta de acessos, de médicos e de assistência hospitalar), a guerra colonial e a sociedade e vida politica da época, ao mesmo tempo que nos conta uma história apaixonante, focada no personagem principal e nas suas escolhas de vida. Os capítulos iniciais retraram a infância de José Branco ao mesmo tempo que nos narram um país fechado para o mundo, onde a Coca-Cola não era permitida e onde ouvir noticias do estrangeiro tinha de ser feito em segredo. Lentamente o livro vai evoluindo para temas mais pesados: a questão médica e o papel que José Branco teve na Fundação do Serviço Médico Aéreo de Moçambique, e depois, mesmo no final, um dos maiores segredos da guerra colonial, "narrado" pelo sobrinho do personagem principal. É, definitivamente, mais um livro a não perder de José Rodrigues dos Santos.
Com uma leitura suave, apaixonante e interessante, José Rodrigues dos Santos prende-nos mais uma vez aos seus enredos! Um livro inspirado na vida do pai do autor que foi médico em Moçambique durante o período da Guerra Colonial. Para mim, o melhor do autor, sem dúvida!
Tão bom! um livro sobre a guerra em Moçambique que não pretende ser um livro sobre a guerra. é antes sobre a vida de um Homem (o próprio pai de José Rodrigues dos Santos) que pretende apenas fazer o bem e se vê numa época difícil para tal. muito bom. hei de reler!
“Não sei se alguém me condenará, mas sei que eu próprio me condenarei e isso chega-me.”
“Empresta-me os teus pecados”
“Se o bem fosse fácil, meu filho, só haveria homens bons.”
“A história da ética é, de certo modo, uma busca incessante de resposta a perguntas sobre o bem.”
“Um homem bom gosta das pessoas e usa as coisas. Um homem mau gosta das coisas e usa as pessoas.”
“A varanda do clube estava transformada numa tribuna, com o tal ministro do Tramar no meio. Chiça, que raio de nome tinham posto ao homem! Ministro do Tramar!? Parecia ser gente importante, o que não admirava; um ministro que pelos vistos tanto gostava de tramar os outros era de certeza temível.”
“Na vida tudo é política.”
“Já era suficientemente experimentado para saber que entre os lençóis não havia duas mulheres iguais.”
“Oiça, não é que eu queira duvidar dos poderes de Alá, mas parece-me que isso não chega.”
“Como levar a cabo uma missão civilizadora se os próprios civilizadores precisam de ser civilizados?”
“Caminhando em silêncio no meio do grupo de combate, Diogo não via em seu redor irmãos de armas, mas miúdos a quem a tropa tinha desumanizado e transformado em ceifeiros de vida, algozes que haviam encharcado de sangue aquele dia fatídico. A noite despontava já no horizonte quando os soldados se abeiraram da estrada para serem recolhidos, os rostos transpirados iluminados pelo disco avermelhado do astro poente, como se até o sol quisesse gravar no firmamento os feitos da jornada de carnificina.”
Livro interessante! Tendo como plano de fundo a Guerra Colonial, o autor apresenta os feitos de um médico português no território norte de Moçambique.
O livro começa e acaba de forma interessante, mas o seu miolo mostra-se pouco estimulante. De leitura simples.
Recomendo a leitura, mesmo assim, pois é-nos possível captar a essência da vida portuguesa na antiga colónia portuguesa e o modo como o Antigo Regime se afirmou neste território.
Por fim, o autor revela que a personagem principal é o seu pai. Uma bela homenagem feita ao Dr. José “Branco” que procurou dar resposta ao grande desafio de ser médico numa África submetida a um sistema que desvalorizava os seus.
Honestamente estou desiludida. Um livro com tanto potencial, uma ideia tão fantástica e uma oportunidade perdida. Antes de mais devo dizer que apesar de ter adorado determinados aspectos da narrativa, senti falta de muito mais. Para um livro de quase 700 páginas, senti que muitas oportunidades foram perdidas e determinadas cenas e muitas referências foram forçadas. Achei estranho como Mimicas perde repentinamente todo e qualquer protagonismo ou referência, desnecessárias determinadas cenas de sexo e frustrante o final repentino. Na minha opinião, as primeiras 200 páginas podiam ter sido encurtadas, as 2ªs podiam ter sido melhor trabalhadas e as últimas expandidas e mais pormenorizadas.
Contudo, mesmo algo desiludida, estou contente por ter dado uma segunda oportunidade ao autor. Apesar de o seu estilo de escrita não me encher as medidas, consegui entender porque é que tanta gente gosta dos seus livros. Trata-se de um estilo de escrita simples e cheio de pequenos factos históricos que despertam facilmente a curiosidade do leitor.
Em 2 palavras: Muito Bom. É do conhecimento público que José Rodrigues dos Santos faz uma excelente pesquisa para os livros que escreve, como não podia deixar de ser, "O Anjo Branco" não é excepção! um romance que dá a conhecer a quem o quiser ler factos históricos sobre Portugal e a sua ex colónia Moçambique, com alguma ficção no meio. Este livro fala sobre a vida de José, um homem que vemos crescer nos primeiros capítulos, que se torna medico em Moçambique, e que com isso muda não só a sua vida como a de todos os que rodeia (quer para o bem, quer para o mal, conforme as prespectivas das personagens). Mais não digo, aconselho esta leitura a todos os interessados pela História do nosso país Portugal e a sua relação com as colónias, apesar do tamanho, que nem se dá conta. Tenho a certeza que qualquer leitor ficará com os olhos colados ao papel da 1a à última página.
I liked this new book from José Rodrigues dos Santos, but I think he didn't quite explored some of the ideas / situations... Despite the fact that the book is 600 pages long!! Perhaps is just me getting a bit tired of his style.
"Caminhando em silêncio no meio do grupo de combate Diogo não viu em seu redor irmãos de armas, mas miúdos a quem a tropa tinha desumanizada e transformada em ceifeiros de vida. Algozes que haviam encharcado de sangue aquele dia fatídico."
Já andava para ler este livro há anos. Mas sempre evitei, ou tive medo (porque tenho medo de histórias tristes, de histórias reais, ou de emoções fortes) ou até porque estava farta do José Rodrigues dos Santos. Ainda assim, posso confirmar que, de facto, este livro é diferente dos seus mais recentes.
Ainda assim, quero "dedicar" algumas linhas ao meu avô António. Foi furriel em Angola durante a guerra, ativista pelo PCP quando voltou. Chorou pela revolução e até hoje vibra com ela. Por sorte, o meu avô não precisou de lutar, foi responsável por logística numa unidade recatada em Cabinda. Por sorte, muitas coisas aconteceram que o salvaram de um destino pior, mas apesar disto, andou de arma pronta a disparar na mão. Vêm-me as lágrimas aos olhos a imaginar aquilo que o homem que com tanto carinho, amor e disponibilidade me criou sentiu, o que temeu, o que pensou, preso contra a sua vontade numa Guerra que ninguém queria lutar, a ouvir relatos aterrorizantes e capazes de fazer qualquer homem esquecer o significado de coisas como a bondade e a natureza humana. Nos meses que passou no meio do mato, o meu avô viveu muito, ouviu muito. Eu sei de algumas partes, histórias que ele me foi contando. O massacre de Wiriyamu não me é um choque, as atrocidades não foram cometidas só uma vez, num só sítio. Ele emocionou-se a contar-me as histórias que conhecia, e eu tenho a certeza que nunca me contou tudo. Gostava que um dia me contasse, mas também sei quão difícil isso pode vir a ser. Eu amo o meu avô, e a ler estas páginas só pensava em ligar-lhe para lhe dizer que finalmente li o livro que ele me emprestou há 5 anos. Sei que ele vai adorar quando lho disser amanhã. Sei que tantas outras coisas talvez tenha para me contar, e a porta de entrada que este momento pode ser.
Ainda assim, horroriza-me ler isto. Horroriza-me o que os soldados portugueses foram ao Ultramar fazer. Custa-me tanto, e nem consigo até imaginar, o sofrimento de partir para a Guerra, nem o de lutar. A falta de esperança, os anos a passar, os colegas a cair, o desespero. O descontentamento e a vontade de voltar, de partir Europa fora escondido na mala de um carro e não mais voltar. O largar tudo com medo da alternativa. Menos compreendo o sofrimento de quem lutava pela liberdade da sua terra. Não consigo compreender de todo aquele de quem apenas vivia, quem procurava sobreviver pacatamente no seu recanto do mundo, criar os seus filhos. Sou grata pela revolução. Pelas vidas que salvou, em mais do que um sentido. 🌹
No entanto, de facto isto não é uma exposição das minhas opiniões pessoais sobre a Guerra Colonial. É uma análise de um livro. Este livro é bom. É José Rodrigues dos Santos antes de ficar, enfim, mau. É uma história relativamente verídica, romanceada como ele tão bem sabe fazer. Não dou as 5 ✨, até merecidas, por dois motivos. Muitas descrições que li aborreceram-me. E isto é puramente pessoal, mas escrita extremamente descritiva não é para mim, e mesmo que não estejamos perante nenhum Eça de Queiróz, ainda assim dei por mim a saltar para o fim da página sem querer. O outro motivo é o estilo DRAMÁTICO deste senhor, que se nalguns momentos me encanta, noutros dá-me cabo da paciência. Acredito que coisas feias podem e devem ser assim descritas às vezes, brutas e sem flores. Ele muito raramente o faz. Ainda assim, recomendo imenso este livro a toda e qualquer pessoa que acha que pouco importou a Guerra, mas também a todos que compreendem o quanto importou. Mais vale só dizer que recomendo a toda a gente.
Obrigada ao meu avô pelo livro (e pela paciência até que eu o lesse), ao meu namorado por me dar o impulso para o ler e aos sobreviventes, culpados ou não, por contarem a história que, por todos os motivos, poderiam ter escolhido esconder.
Apesar de ser um registo ficcional de um pedaço da história portuguesa na guerra do ultramar, o autor tende a abordar factos e histórias que poderão bem aproximar se da realidade que muitos portugueses viveram. Isento de colorações ideológicas, consegue camuflar o romance e alguma ficção no panorama temporal em que surge. O leitor sente-se parte da história quando é levado a viajar no espírito daquele tempo. Num dilema profundo entre a temática do bem e do mal, o nobre médico José Branco, vive na procura incessante da resposta a esta dualidade e torna-se uma pessoa que dedica a sua vida a ajudar as pessoas. “O mal é a incapacidade de nos colocarmos no lugar de outro. O mal é a incapacidade de imaginar os sentimentos do outro e de os sentir como se pudéssemos ser nós.” Quanto à história, tenho pena que acabe repentinamente sem qualquer desfecho. O leitor fica sem perceber o que acontece tanto a José Branco, como a outras personagens que desenvolvem uma relação ao longo da história. Penso que o autor poderia ter investido mais na parte final e no desfecho da história do que em certos pormenores que pouco interessam ao leitor.
O romance transporta o leitor para África, terra natal do autor, e aprofunda a complexa narrativa da presença portuguesa no continente. Serve como uma exploração fictícia de um capítulo significativo da nossa história, abordando meticulosamente as suas inúmeras contradições. O autor navega habilmente para além dos preconceitos ideológicos, procurando iluminar as realidades multifacetadas do passado, evitando simplificações excessivas dos acontecimentos e das suas causas complexas. Através de uma narrativa rica, a obra convida à reflexão sobre as complexidades da herança e da identidade.
O exemplar digital que tenho não é bom, poderíamos dizer que até um pouco mais de metade do livro merecia 3 estrelas, uma vez que era a história de um Albert Schweitzer português, depois quando se envolve e conta as barbaridades do imperialismo português quando atacou a aldeia merece mais uma estrela. Lamento que Portugal tenha apertado África daquela forma. El colonialismo outra forma mais do capitalismo voraz y predatorio.
Gosto muito de romances que tenham um contexto histórico real e que mostrem a opressão do Ocidente em relação aos países menos desenvolvidos. É uma forma de sensibilização.
4* Digam o que disserem, mas o Orelhas sabe escrever de forma a manter um leitor agarrado. Este livro percorre a vida de um jovem médico, baseado no próprio pai de JRS, e transporta-nos até ao Moçambique dos anos 60, à guerra colonial e a um dos seus mais horríficos episódios, conhecido como o massacre de Wiriyamu, perpetrado pelos comandados portugueses. Acaba também por ser um retrato da vida naquele período em África, da vida dos colonos brancos e dos moçambicanos negros, pautada pelos seus relacionamentos, pela ditadura, pelo preconceito, pela guerra e pela vertigem da violência, mas também da compaixão. É escrito de forma sóbria, quase jornalística (óbvio, né?). No entanto, achei que demora muito tempo a chegar ao cerne da narrativa e depois tudo acaba num ápice, deixando assim uma espécie de narrativa incompleta. Por isso, não lhe dou o 5*
This is a great book, perhaps one of my favourites of this year so far.
It's all about the Ultramar war in Mocambique, exposing the situation viewed from both sides of the conflict and bringing to light a lot of what is the worst of human nature.
It's factual and based on real-life events, the life of the writer's father, who was a doctor and took his duty seriously, practising Medicine the way it should be practised .... from a place of love, the love for another human being, the need to help, a place of understanding and empathy, completely from the heart.
Uma boa narrativa, mas que,na minha opinião, não deveria ter ido buscar personagens de outros romances (A vida num sopro e O manuscrito de Birkenau), pois não faz sentido que o inspetor da PIDE o o tio, Francisco, que levaram à morte do pai biológico de José apareçam neste romance e nunca se faça qualquer enquadramento ou relação entre as personagens!!! Ainda por cima deixando a sugestão que conheciam a família dele… este aspeto foi muito negligenciado e era escusado. Fiquei desapontada, como se a história tivesse ficado incompleta.
Um retrato de um bom pedaço da dominação portuguesa em Moçambique, contada especialmente por um protagonista muito carismático, José Branco, desde o nascimento dele. O começo é muito engraçado, mas a perspectiva vai mudando e quando chega em Tete, um povoado moçambicano, as coisas mudam muito.
Ótimo pra entender um pouco mais de dois países que falam a mesma língua que a nossa.
A história de José Branco, médico, cujos valores sempre estiveram acima de tudo e onde o que lhe importava era tratar os pacientes, fossem eles quem fossem. Uma mistura de realidade e ficção, com uma narrativa interessante, que nos ensina e nos mostra um outro lado da Guerra, de um injustamente mal-amado José Rodrigues dos Santos.
O que mais me chocou e impressionou no livro foi o relato do Massacre de Wiriyamu realizado por soldados portugueses em Dezembro de 1972. Nem consigo descrever o que li de tão horrivel. O livro está muito bem escrito. Uma escrita fluida, boa de ler. O tema interessante. Ainda mais baseado em factos verídicos o que aumenta a vontade de ler. O comentário completo em @catia.santos13