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Andam Faunos Pelos Bosques

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Romances Completos de Aquilino Ribeiro, #3

Em "Andam Faunos Pelos Bosques" verifica-se a obra erudita de Aquilino, polvilhada de sabedoria com reflexões antiquíssimas, nunca concluídas, sempre por resolver. Fala-nos do belo e do divino. Mas também nos fala da relação entre o homem e o desconhecido, campo verde onde pastam as ovelhas da fé e onde, ao contrário do habitual, pastam também pastores. Retrata magistralmente um conjunto de sacerdotes da douta igreja, sacudindo-os e analisando-lhes as vidas e a fé. São eles, os padres, que carregam o peso da narrativa. É através deles que Aquilino nos conta a história, passada nas serras da Beira e parcialmente na cidade de Viseu, de um conjunto de estranhas ocorrências. Chegara à Terra o Inefável, que viria plantar a sua semente pura nos ventres das mais belas mulheres.

Aparece então a teoria clássica que ressuscita a imagem do fauno. Aparece depois a católica teoria demoníaca. O duelo entre as duas "escolas", defendidas cada qual por um punhado de padres, acaba saldado por uma intervenção de um outro padre num discurso absolutamente formidável que constitui uma das mais claras e racionais definições de fé...

272 pages, Hardcover

First published January 1, 1926

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174 people want to read

About the author

Aquilino Ribeiro

107 books87 followers
Aquilino Gomes Ribeiro was a Portuguese writer and diplomat. He is considered as one of the great Portuguese novelists of the 20th century. He was nominated for the Nobel Literature Prize in 1960.

Natural son of Joaquim Francisco Ribeiro, a priest, and Mariana do Rosário Gomes, he had three older siblings: Maria do Rosário, Melchior and Joaquim. Destinated to priesthood, Aquilino Ribeiro got involved in republican politics, opposing the Portuguese monarchy, and had to exile himself in Paris; he returned to Portugal in 1914, after the Republican Revolution of 1910.

He was involved in the opposition to António de Oliveira Salazar and the Estado Novo, whose government tried to censor or ban several of his books.

He married twice, firstly in 1913 to German Grete Tiedemann (ca. 1890-1927), by whom he had a son Aníbal Aquilino Fritz Tiedeman Ribeiro in 1914, and secondly in Paris in 1929 to Jerónima Dantas Machado, daughter of the deposed President of Portugal Bernardino Machado, by whom he had a son Aquilino Ribeiro Machado, born in Paris in 1930, who became the 60th Mayor of Lisbon (1977–1979).

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42 (40%)
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2 (1%)
1 star
1 (<1%)
Displaying 1 - 11 of 11 reviews
Profile Image for Luís.
2,372 reviews1,369 followers
June 27, 2024
In "Andam Faunos Pelos Bosques," the scholarly work of Aquilino is verified, sprinkled with wisdom with ancient reflections, never completed, always to be solved. It speaks of the beautiful and the divine. But it also tells us about the relationship between man and the unknown, a greenfield where sheep of faith graze and where, unlike usual, pastors eat.
He also portrays a group of priests from the collegiate church, shaking them and analyzing their lives and faith. They, the priests, carry the weight of the narrative. It is through them that Aquilino tells us the story, passed in the mountains of Beira and partially in the city of Viseu, a set of strange occurrences. The unspeakable had come to earth, who would come to plant her pure seed in the wombs of the most beautiful women.
Then, classical theory appears, revitalizing the image of the faun. Then comes the Catholic demonic doctrine. The duel between the two "schools," defended each by a handful of priests, ends with another priest intervening in a formidable speech that constitutes one of the most precise and rational definitions of faith.
Profile Image for José Simões.
Author 1 book51 followers
July 8, 2020
Aquilino foi o pai espiritual de Saramago. Mesmo que não tenha sido, direi sempre que sim. Não apenas pela influência no estilo, mas também, neste livro, pela ideia - o famoso «e se...» saramaguiano que desencadeia tudo. Aqui trata-se de um «e se faunos (?) começassem a fazer das suas nas serranias da Beira Alta?», como desconfiamos logo na primeira ou segunda página. Depois, e o depois não é aqui um simples artifício narrativo já que pronto se verá que a história aqui não é o que mais importa, segue-se uma análise finíssima de tudo o resto, com saltos narrativos de grande inteligência. É este um enormíssimo livro, percebemos logo e desejamos mais. Junte-se então a isto um domínio mais que perfeito da língua portuguesa e da narrativa: nada está a mais, nunca a linguagem é simples, aliás, é a linguagem que nos faz entrar naquele mundo graças a arcaísmos, regionalismos vários, e mesmo uma erudita linguagem da clerezia e dos cabidos inçada de latinismos, mas só quando o ambiente o propicia. É escrita densa e obriga a ler e a reler, a procurar no dicionário certas palavras, a reconhecer escritas palavras que usamos na nossa terra e que estão em vias de se perder. Não fique descoroçoado quem achar que a leitura não é prazerosa. Um bom dicionário (online, se for o caso) bonda e rebonda. Li-o de ponta a ponta com um sorriso na cara, como quando se lê o bom sarcasmo e a ironia de um Saramago ou de um Eça. Não era caso para menos: mora aqui um génio parelho ao daqueles, ao de um Raúl Brandão ou de um Camilo. Há lixo que vende e revende e os grandes na sombra? Bah!
Profile Image for Paula M..
119 reviews53 followers
August 21, 2019
Serão faunos ? ..um anjo??..ou o demo ,que atira ao chão as jovens bonitas lá pelos caminhos da Serra?
Prepara -se uma caçada ao ‘Papa-Moças’ e um enigma desta envergadura exige debate em concílio episcopal. Um concílio que dura mais do que o previsto , para aborrecimento de alguns dos oradores . Padre Januário , após longos meses de leituras e preparação, defende a existência de faunos , os escritores da antiguidade clássica comprovam a sua existência ! Padre Damaso contrapõe e alguém propõe o envio desta tese para Academia Real das Ciências de Coimbra... uma comédia!
Aquilino sossega o seu leitor desembrulhando o mistério.
Ri-me bastante ao longo destas páginas, apesar da linguagem nem sempre ser fácil de desbravar .
Nem só de pão vive o Homem, nem os mais “terrenos”, nem tão pouco alguns dos que se dizem mais próximos do Céu . A atualidade não desmente .
Adoro-o Sr. Aquilino !
Profile Image for Thomé Freyre.
204 reviews6 followers
July 26, 2020
Aquilino Ribeiro é consequente com o seu anti-clericalismo, e em torno da sua crítica, constrói uma obra magistral, como é seu apanágio, de maior cultor da língua portuguesa do século vinte.
Profile Image for Renato.
21 reviews
August 29, 2018
Podia ser uma das grandes obras da literatura nacional. Estavam reunidas todas as condições. Cenário, enredo, personagens. Tudo! Enfim, uma boa história, enriquecida por um vasto vocabulário, e pela arte para retratar o norte interior rural, que em Aquilino Ribeiro encontra um dos seus maiores artífices.
Acontece, que a obra peca por curta, e face à diversidade de personagens, o desenvolvimento de cada uma, na minha opinião, deixa algo a desejar. Não deixando tempo, nem espaço para o leitor criar aquele à vontade com elas, nem sentir que lhes conhece todos os segredos. É caso para dizer que faltam páginas...
Profile Image for Paulla Ferreira Pinto.
265 reviews37 followers
December 24, 2021
É sempre delicioso ler Aquilino pela delícia da sua escrita, pela mestria e humor subliminar que revela no adestramento da língua.
Neste, para além da forma, a substância é igualmente deliciosa.
Nunca, mas mesmo nunca, Aquilino desaponta.
Uma maravilha.
Profile Image for Sonia Almeida Dias (Peixinho de Prata).
682 reviews30 followers
August 30, 2014
Custou-me mais ler este livro sem dicionario, que todos os que tenho lido em inglês. A riqueza de palavras antigas e já em desuso, os regionalismos das beiras tornaram-no um desafio bastante interessante. A história é muito engraçada, uma crónica de costumes, de natureza humana, com muita critica social de inicio de seculo XX à mistura. Aconselho, apesar deste autor ser infelizmente já dificil de encontrar. no entanto, qualquer alfarrabista deve ter e barato. Reciclar é sempre bom, mesmo nos livros.
Profile Image for Artur Coelho.
2,601 reviews74 followers
August 6, 2024
A fina ironia desta hilariante comédia de costumes é impressionante. Nas Beiras profundas dos inícios do século XX, as aldeias parecem estar a ser acometidas de estranho mal. Tudo começa quando uma jovem rapariga confessa ter sido abusada por estranha criatura, lesta, peluda e luxuriosa. Poderia ser uma efabulação que oculta uma violenta violação, mas o mal começa a espalhar-se pelas aldeias serranas. Diz-se que há bicho mau nas serras, que se aproveita dos púberes encantos das jovens pastoras e camponesas.

Mas a reação não é de medo. Para surpresa das comunidades, regidas pelos pacientes curas de aldeia, as jovens parecem procurar os encantos dos braços do tal bicho mau. De tal forma que se provocam tumultos e há revolta nas terras. A criatura é esquiva mas célere em provar os encantos das raparigas bonitas, para desespero das menos prendadas pela natureza, que bem se metem serra acima na esperança de serem tomadas pela lúbrica criatura que assombra os matagais.

Restam os guardiães da moral e bons costumes para repor a ordem: os tranquilos padres das aldeias, que vêem o tranquilo remanso das suas calmas vidas virado de pernas para o ar. Lá se vão os longos almoços bem regados após a missa dominical, os cuidados desvelados das mulheres da aldeia que vivem com eles, a quem lhes dão filhos que depois apadrinham como sobrinhos. Resta-lhes desenvolver esforços para repor a santidade do povo, dar caça à criatura, perceber se há demo à solta na serrania ou se é a expressão de uma outra mitologia, o silvestre fauno, que anda a desviar as meninas dos bons caminhos da virtude.

A história conta-se sob o ponto de vista dos padres, divididos entre a impotência para travar o que vêem com um mal que se espalha pelo povo, e as rotinas a que a sua vida de cura de aldeias os habituou. É aqui que reside a mais fina ironia do romance, uma tremenda crítica social e de costumes que disseca, com lâmina afiada, a vida no interior rural português do século XX, uma vida pobre, feita de atraso social e econónico, onda a palavra de padres fieis ao preceito "faz o que digo e não faças o que faço) é a lei.

Apesar da aparente intrusão do fantástico, sob a forma do mito milenar que vem desviar a pureza das meninas bonitas, o romance foca-se no abalo às relações de poder trazidas pelo inconformismo das populações. Fica claro que não há demos nem faunos à solta pelas serras, que isso é uma desculpa para as raparigas poderem provar o sabor da natureza livre. E essa liberdade é o que realmente atemoriza os contemplativos curas, cuja dicotomia de vida é desnudada com bisturi certeiro, a sua cupidez, gula e lubricidade, que exercem livremente sobre as mulheres das aldeias que tutelam, enquanto pregam o credo da pureza divina.

Ler este romance é um festim para o cérebro. A ironia, a comédia elegante, o profundo realismo do retrato das geografias e populações. As imagens da serra, das aldeias, formam-se na nossa mente com uma brilhante nitidez durante a leitura. Ajuda a isso a prosa elegante e complexa de Aquilino, useiro e vezeiro no uso de palavras e expressões fora do comum. Um sensual festim literário, onde o prazer da palavra impera.
Profile Image for tiago..
464 reviews135 followers
April 4, 2024
- Meu jovem amigo - interveio Moura Seco paternalmente - não seja tão radical com o maravilhoso. O maravilhoso é às vezes um veuzinho imperceptível com que a natureza gosta de encobrir as suas operações melindrosas.

Aquilino Ribeiro sentou-se um dia, decidiu soltar uns quantos faunos nas florestas da Beira Alta e sentar-se a ver o que acontecia; atiraram-se à mistura uns quantos padres reacionários e um Bandarra doidivanas a gritar profecias pelas serras e tínhamos um conto de fadas moderno criado. E a premissa é aliciante: a Natureza, farta de todas as amarras e normas estapafúrdias de uma sociedade que perdeu contacto com ela, envia um seu filho a libertar as gentes serranas das garras do dogma católico: e, assim, nasce um culto do amor livre.

Mas aqui entra a gente em problemas. Primeiro, este culto de amor livre afinal não é tão livre assim; passadas páginas a estabelecer esta nova forma de amar, Aquilino volta atrás dizendo, pela boca de um dos personagens, que estes seguidores do amor livre afinal tem relações tão monogâmicas e fiéis como aqueles que se casam pela Santa Madre Igreja. Que diferencia os membros deste novo culto, então? Uma recusa da religião católica, um afastamento dos seus limitadores preceitos? Talvez, mas muitos dos seus membros são mais cristãos que os próprios padres, afirmando que esse fauno da floresta é afinal um anjo enviado por Deus. É, então, só uma rejeição da rigidez das normas católicas, do celibato dos presbíteros e de semelhantes balelas? É o que parece. Acho chocho, confesso: já que estamos com a mão na massa, poderíamos ser mais utópicos. E depois, dá-se um grande tiro no pé com a forma como estes faunos começam a sua ação libertadora: violando garotas insuspeitas na serra. Ora isto será forma de começar uma sociedade de amor livre, Aquilino?

Ainda assim, é um livro muito agradável de ler, haverá que confessar. Tem um sentido de humor apurado, um ambiente alegre, folclórico, que recorda um Portugal de outros tempos, sublimado porque tão distante, belo porque autêntico, autêntico porque não tem vergonha de si. E dá gosto. Por isso, por incoerente que ache, leva mesmo as 4 estrelas. E venha mais Aquilino, por favor.
Profile Image for Carolina Monteiro.
4 reviews
August 20, 2024
Para alguém como eu, nada habituada a este tipo de escrita, não foi fácil encontrar o ritmo, no início. Larguem os dicionários. Não tentem perceber minuciosamente cada palavra. Sigam o paço natural da escrita de Aquilino Ribeiro, e qualquer uma das suas obras vai parecer mais alcançável. O mundo deste autor é um mundo perfeitamente atual, apesar da sua época. Histórias cruas, belas e adaptáveis aos dias de hoje.
Profile Image for Petra .
82 reviews
January 1, 2025
2/10
Não tem grande conteúdo em termos de aç��o e não me prendeu, tive dificuldades em ficar concentrada
Mas tive uma situação muito fofinha quando, pela primeira vez na minha experiência de leitora, um senhor viu-me a ler este livro e veio falar comigo sobre ele
E foi bom para ganhar vocabulário
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