Helena Carvalhão Buescu
Born
in Lisboa, Portugal
September 29, 1956
Genre
More books by Helena Carvalhão Buescu…
“COISAS QUE TEMOS: PEDRAS, MAÇÃS
Tive pedra, sobre ela
deixei cair as imagens,
para que aí ficasse gravada
uma memória de pedra, impiedosa ardendo sobre as trevas.
Uma pedra que dissesse: quem sobre mim olhar
verá a sua sombra reflectida do destino.
Pus uma maçã sobre a pedra,
e era sol então e ela imaginava:
subitamente, o sítio das pedras levantadas
ecoa contra a morte. Densamente.”
― Ardem as Trevas e Outros Lugares
Tive pedra, sobre ela
deixei cair as imagens,
para que aí ficasse gravada
uma memória de pedra, impiedosa ardendo sobre as trevas.
Uma pedra que dissesse: quem sobre mim olhar
verá a sua sombra reflectida do destino.
Pus uma maçã sobre a pedra,
e era sol então e ela imaginava:
subitamente, o sítio das pedras levantadas
ecoa contra a morte. Densamente.”
― Ardem as Trevas e Outros Lugares
“São letras as que de dor por vezes
Traçamos, e entretanto:
as sombras são silenciosas,
que investem contra a parede dos sonhos.
São gestos do tempo os que
na estação das rosas suspeitávamos:
longe do rosto, lá fora,
crescem coisas a que sem saber nos destinamos.
Ontem, ontem foi que fora do tempo
adivinhávamos como as palavras se calam.
Hoje distribuímos o gelo pelas caladas coisas,
Como anteciando o que só a nossa noite inclina.
Amanhã acendemos as luzes da terra,
para que o ar saiba onde pode renascer.”
― Ardem as Trevas e Outros Lugares
Traçamos, e entretanto:
as sombras são silenciosas,
que investem contra a parede dos sonhos.
São gestos do tempo os que
na estação das rosas suspeitávamos:
longe do rosto, lá fora,
crescem coisas a que sem saber nos destinamos.
Ontem, ontem foi que fora do tempo
adivinhávamos como as palavras se calam.
Hoje distribuímos o gelo pelas caladas coisas,
Como anteciando o que só a nossa noite inclina.
Amanhã acendemos as luzes da terra,
para que o ar saiba onde pode renascer.”
― Ardem as Trevas e Outros Lugares
“As estrelas são de cinza
porque se vestem da cor do tempo
que foi nosso e conhecemos e ele é
negro e vermelho
e ele é
o tempo que sabemos como vermelho e negro
e por isso elas caem
como se o céu nunca as tivesse segurado,
sangram-nos no colo um sangue negro,
espessamente cobrindo os nossos olhos,
olhamo-lhas então e os nossos gestos
sonâmbulos rodeiam as estrelas,
creio que gostaríamos de saber
soprar as cinzas
e voltar ao mistério de ver as estrelas
penduradas de um céu azul (vimo-lo azul),
brilhando como se o vermelho e o negro
nunca se tivesse
de nós aproximado”
― Ardem as Trevas e Outros Lugares
porque se vestem da cor do tempo
que foi nosso e conhecemos e ele é
negro e vermelho
e ele é
o tempo que sabemos como vermelho e negro
e por isso elas caem
como se o céu nunca as tivesse segurado,
sangram-nos no colo um sangue negro,
espessamente cobrindo os nossos olhos,
olhamo-lhas então e os nossos gestos
sonâmbulos rodeiam as estrelas,
creio que gostaríamos de saber
soprar as cinzas
e voltar ao mistério de ver as estrelas
penduradas de um céu azul (vimo-lo azul),
brilhando como se o vermelho e o negro
nunca se tivesse
de nós aproximado”
― Ardem as Trevas e Outros Lugares
Is this you? Let us know. If not, help out and invite Helena to Goodreads.





