Nerds & Encrenqueiros discussion
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Flowers for Algernon
Leitura Coletiva
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Flowers for Algernon (Junho/2019)
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Eu comecei a ler hoje, estou bem no começo, e já tenho algumas coisas pra dizer. A primeira coisa que eu notei é que não é - na minha opinião - muito fiel à realidade de uma pessoa com deficiência cognitiva. O Charlie (é em 1a pessoa) começa falando de uma forma um pouco caricata - apesar de não ser ofensivo, nem nada assim, só forçado mesmo. É claro que várias pessoas com uma mesma deficiência cognitiva, um mesmo QI inclusive, vão ser diferentes na maneira que falam, que escrevem e que se comunicam. Mas achei que deu a entender que o Charlie não tem profundidade emocional (como se isso dependesse do QI - o que não tem nada a ver). (view spoiler) Sei lá.... notei isso e quis comentar caso alguém que tenha mais experiência queira acrescentar (eu sou psicóloga, mas lido pouco com pessoas com deficiência cognitiva, a última vez foi no estágio da faculdade). Fiquei comparando com The Curious Incident of the Dog in the Night-Time, que é perfeito em termos de retratar uma pessoa não-típica (autista, neste caso, não deficiente cognitivo).
Apesar disso, estou gostando muito da leitura. Achei super fluido, gostoso de ler, sabe? Louca pra saber como vai ser quando o Charlie for capaz de se dar conta de mais coisas.
Apesar disso, estou gostando muito da leitura. Achei super fluido, gostoso de ler, sabe? Louca pra saber como vai ser quando o Charlie for capaz de se dar conta de mais coisas.
Comecei a ler uns dias atrás e fiquei atolado nos primeiros 10%.
Então, pra variar, resolvi ler pelo menos mais um "progris repoti" antes de dormir. E pra variar, foi um terrível engano: fiquei até 5 da manhã lendo até ~65%.
Quando ele começa a ficar mais esperto e principalmente a começar a perceber os reais motivos das pessoas, principalmente em relação a ele, a coisa começa a ficar bem interessante.
A parte que achei muito bem escrita foi quando um dos cientistas diz pro Charlie que ele tem conhecimento e inteligência, mas não compreensão.
É uma verdade absoluta, mas não dá pra deixar de perceber que isso vale pro mesmo cientista (e pros outros) que disse isso: eles tem todo o conhecimento técnico da condição do Charlie, mas ninguém compreende como ele se sente e como eles agem em relação a ele, desde os caras da padaria, a Alicie Kiennan e os cientistas.
Não dá pra não notar a verdade absoluta que ao mesmo tempo é uma puta duma hipocrisia. É uma ironia e tanto, fiquei impressionado com a sagacidade do autor nessa parte.
Então, pra variar, resolvi ler pelo menos mais um "progris repoti" antes de dormir. E pra variar, foi um terrível engano: fiquei até 5 da manhã lendo até ~65%.
Quando ele começa a ficar mais esperto e principalmente a começar a perceber os reais motivos das pessoas, principalmente em relação a ele, a coisa começa a ficar bem interessante.
A parte que achei muito bem escrita foi quando um dos cientistas diz pro Charlie que ele tem conhecimento e inteligência, mas não compreensão.
É uma verdade absoluta, mas não dá pra deixar de perceber que isso vale pro mesmo cientista (e pros outros) que disse isso: eles tem todo o conhecimento técnico da condição do Charlie, mas ninguém compreende como ele se sente e como eles agem em relação a ele, desde os caras da padaria, a Alicie Kiennan e os cientistas.
Não dá pra não notar a verdade absoluta que ao mesmo tempo é uma puta duma hipocrisia. É uma ironia e tanto, fiquei impressionado com a sagacidade do autor nessa parte.
Eu terminei a leitura há uns dez dias, mas não tinha tido tempo de vir aqui comentar. Eu gostei, foi um 3 estrelas pra mim. A escrita é realmente muito boa, fluida, tranquila de continuar. Mas foi realmente complicado pra mim continuamente ser interrompida na suspensão da descrença por erros científicos em termos de inteligência, consciência e psiquê. Eu sei que isso era esperado de um livro que foi escrito na década de 60, mas ainda assim...
Me dei conta que eu tenho muito mais dificuldades com clássicos de literatura fantástica (em especial de Ficção Científica) do que clássicos de literatura tradicional. Mas achei bacana que este livro deve ter sido um baita tapa na cara da sociedade daquela época com relação a como tratavam pessoas com deficiência cognitiva!
Assim como o Lanko, as coisas que eu mais gostei no livro foram as questões morais e filosóficas entremeadas na história de forma tão inteligente - muito lindo ver um "show, don't tell" bem feito, né?
Mas, um pouco diferente de ti, Lanko, eu entendi que o autor estava querendo deixar claro que não há verdade absoluta quando se fala em ser humano. O Charlie mesmo, seja inteligente ou não, tropeça nas próprias verdades e se vê deficiente perante a elas o tempo todo - na minha opinião exatamente por não conseguir perceber que não é através da racionalidade que damos contas de tudo. Razão sem sensibilidade, no final, de nada adianta. (A referência a Jane Austen foi sem querer, mas foi notada, hehe).
Acho que a principal razão que eu gostei do livro e que achei ele genial foi que o autor não tenta responder essas questões. Ele deixa pra nós tirarmos as nossas próprias conclusões.
Me dei conta que eu tenho muito mais dificuldades com clássicos de literatura fantástica (em especial de Ficção Científica) do que clássicos de literatura tradicional. Mas achei bacana que este livro deve ter sido um baita tapa na cara da sociedade daquela época com relação a como tratavam pessoas com deficiência cognitiva!
Assim como o Lanko, as coisas que eu mais gostei no livro foram as questões morais e filosóficas entremeadas na história de forma tão inteligente - muito lindo ver um "show, don't tell" bem feito, né?
Mas, um pouco diferente de ti, Lanko, eu entendi que o autor estava querendo deixar claro que não há verdade absoluta quando se fala em ser humano. O Charlie mesmo, seja inteligente ou não, tropeça nas próprias verdades e se vê deficiente perante a elas o tempo todo - na minha opinião exatamente por não conseguir perceber que não é através da racionalidade que damos contas de tudo. Razão sem sensibilidade, no final, de nada adianta. (A referência a Jane Austen foi sem querer, mas foi notada, hehe).
Acho que a principal razão que eu gostei do livro e que achei ele genial foi que o autor não tenta responder essas questões. Ele deixa pra nós tirarmos as nossas próprias conclusões.
Eu terminei faz uns 10 dias, mas faltou tempo, e depois energia pra postar.
Confesso que o começo não me "grudou" muito, e os primeiros 15% foram a parte mais demorada.
Mas depois o livro deu uma ótima deslanchada. Só achei que o livro pula muito rápido pra parte que ele já tá gênio. Eu queria ver um pouco mais do build up e da felicidade dele (e da surpresa dos outros) ao verem ele aprendendo e se desenvolvendo.
Por exemplo, na parte da padaria quando parece que o processo todo na verdade demorou, mas pareceu ter sido da noite pro dia pela reação dos colegas. É meio que balanceado pela compreensão que ele ganha de certos eventos, entretanto.
E também pelo final: (view spoiler)
Aliás no meio do caminho acabei encontrando um artigo que bateu exatamente com uma parte do livro, quando a superinteligência do personagem não disfarça a imaturidade emocional/social dele.
Dizia que alguém 100% racional seria mais próximo de um psicopata do que algo bom, e... infelizmente não salvei e não consegui encontrar mais o artigo, mas a situação do livro e do artigo tinham batido tão bem pelo que eu lembre, com todo o foco em inteligência e não na pessoa e nas emoções. Se eu acabar encontrando mais tarde posto aqui.
Confesso que o começo não me "grudou" muito, e os primeiros 15% foram a parte mais demorada.
Mas depois o livro deu uma ótima deslanchada. Só achei que o livro pula muito rápido pra parte que ele já tá gênio. Eu queria ver um pouco mais do build up e da felicidade dele (e da surpresa dos outros) ao verem ele aprendendo e se desenvolvendo.
Por exemplo, na parte da padaria quando parece que o processo todo na verdade demorou, mas pareceu ter sido da noite pro dia pela reação dos colegas. É meio que balanceado pela compreensão que ele ganha de certos eventos, entretanto.
E também pelo final: (view spoiler)
Aliás no meio do caminho acabei encontrando um artigo que bateu exatamente com uma parte do livro, quando a superinteligência do personagem não disfarça a imaturidade emocional/social dele.
Dizia que alguém 100% racional seria mais próximo de um psicopata do que algo bom, e... infelizmente não salvei e não consegui encontrar mais o artigo, mas a situação do livro e do artigo tinham batido tão bem pelo que eu lembre, com todo o foco em inteligência e não na pessoa e nas emoções. Se eu acabar encontrando mais tarde posto aqui.
Books mentioned in this topic
The Curious Incident of the Dog in the Night-Time (other topics)Flowers for Algernon (other topics)




Este é o tópico para conversarmos sobre Flowers for Algernon, do Daniel Keyes. É um clássico que ganhou o Nébula em 1966, muito aclamado por falar das partes mais humanas da ciência, como a esperança, a ambição e as perdas do processo. O que estão achando do livro?
Não se esqueçam de colocar avisos de spoiler quando necessário!