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The Solitude of Prime Numbers
Leituras Conjuntas
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4º Leitura Conjunta - 2ª fase
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É incrível que o autor tenha conseguido, neste livro, fazer quase um tratado psicológico... Pensando em Mattia, vem à ideia alguns síndromes (Asperger...) e em Alice, todas as ques~~oes da anorexia provocadas por uma profunda falta de auto estima...
Apeteceria acarinhar estes personagens que se tornam tão nítidos para nós, mas pensamos (como se calhar todos aqueles que na sua vida com eles se cruzavam) "não vale a pena, não vão reagir...". E no entanto, vemos que tanto Alice como Mattia reagem quando alguém toma uma iniciativa, embora isso lhes dê algum desconforto.
Um livro impactante embora difícil nalguns aspectos, se nos fizer pensar e sentir.

Este comentário da Tânia, na minha opinião está formidável! Parabéns Tânia.

É impossível depois de lermos um livro tão tocante, não nos sentirmos inspiradas :)


Bem, acabada mais uma fase, devo dizer que gostei ainda mais destes capítulos do que dos anteriores. Acho que nesta fase aos vermos Alice e Mattia terminar a adolescência e entrar na idade adulta, acabamos por conhecer melhor as duas personagens um pouco para além do trauma que cada um sofreu enquanto criança. Achei bastante interessante vê-los confrontados com situações de certa forma comuns a todos os adolescentes. A linha ténue entre amizade e amor, os mal entendidos que geram rupturas, a dificuldade em tomar decisões para o futuro.
Uma das coisas que mais gostei nesta fase, talvez por ser algo de muito realista, prende-se com a diferença de pontos de vista e de atitudes de Alice e Mattia perante as mesmas realidades. Enquanto Alice sente a necessidade de um envolvimento romântico com Mattia e tenta seduzi-lo, Mattia tenta ignorar aquilo que se esconde atrás dos olhares e prefere concentrar-se nos números. Quando Mattia finalmente se apercebe daquilo que sente por Alice e aquilo que deseja que aconteça entre eles, já Alice aceitou a indiferença de Mattia e decidiu seguir em frente. Um conjunto de mal entendidos e tempos desencontrados que originam escolhas que acabam por os levar por caminhos separados. A quanto de nós não terá já acontecido algo de relativamente semelhante?
Como aspecto menos positivo, realço apenas a pouca participação de Denis que parecia uma personagem que iria ter algum impacto na relação entre Alice e Mattia e talvez tivesse um papel de relevo no desfecho desta história. Até agora, revelou-se bastante secundária e sem grande importância. Mas ainda falta uma fase… vamos ver o que acontece. :)
Uma das coisas que mais gostei nesta fase, talvez por ser algo de muito realista, prende-se com a diferença de pontos de vista e de atitudes de Alice e Mattia perante as mesmas realidades. Enquanto Alice sente a necessidade de um envolvimento romântico com Mattia e tenta seduzi-lo, Mattia tenta ignorar aquilo que se esconde atrás dos olhares e prefere concentrar-se nos números. Quando Mattia finalmente se apercebe daquilo que sente por Alice e aquilo que deseja que aconteça entre eles, já Alice aceitou a indiferença de Mattia e decidiu seguir em frente. Um conjunto de mal entendidos e tempos desencontrados que originam escolhas que acabam por os levar por caminhos separados. A quanto de nós não terá já acontecido algo de relativamente semelhante?
Como aspecto menos positivo, realço apenas a pouca participação de Denis que parecia uma personagem que iria ter algum impacto na relação entre Alice e Mattia e talvez tivesse um papel de relevo no desfecho desta história. Até agora, revelou-se bastante secundária e sem grande importância. Mas ainda falta uma fase… vamos ver o que acontece. :)
Entre eles criou-se uma relação de cumplicidade contudo ao mesmo tempo com muitos silêncios.
Alice nas constantes visitas à mãe no hospital, conhece Fabio, que habilidosamente a tenta conquistar. Alice deixa-se levar por considerar que "nunca teria algo mais semelhante ao amor do que aquilo que podia encontrar ali" (pág. 165), depois de Mattia ter decidido aceitar um emprego numa faculdade inglesa.
Julgo que nesta fase é bastante curiosa a descrição dos números primos, como aqueles "que são divisíveis por 1 e pelo próprio número (...) números desconfiados e solitários", e uns números primos mais especiais que são os primos gémeos "pares de números primos que estão próximos um do outro, aliás, quase próximos, pois entre eles existe sempre um número par que os impede de se tocarem realmente" e Mattia chega a atribuir-se a si próprio um número primo e a Alice outro, resumindo a relação entre eles como a de serem números primos gémeos, isto é, "sós e perdidos, próximos mas não o suficiente para se tocarem realmente" (pág. 120), que reconhecem um no outro a própria solidão.
De notar o equilíbrio que o autor mantém na sua cuidada escrita, por vezes algo técnica mas esmiuçada para ser percebida por qualquer pessoa, ao mesmo tempo que faz uso de um léxico rico, com descrição de pequenos gestos do quotidiano, contudo habilmente transformados em momentos poéticos, como por exemplo quando "escolheu o mais comprido dos quatro lápis alinhados ao lado uns dos outros, perigosamente chegados à beira da escrivaninha. Da segunda gaveta tirou o apara-lápis e, dobrado, pôs-se a afiar o lápis para dentro do cesto de papéis. Soprou a serradura fina que ficara depositada na extremidade cónica do lápis."(pág. 162)