Filipa

“Olá , bom dia! - disse o principezinho.
- Olá , bom dia! - disse o vendedor.
Era um vendedor de comprimidos para tirar a sede. Toma-se um por semana e deixa-se de ter necessidade de beber.
- Porque é que andas a vender isso? - perguntou o principezinho.
- Porque é uma grande economia de tempo - respondeu o vendedor. - Os cálculos foram feitos por peritos. Poupam-se cinquenta e três minutos por semana.
- E o que se faz com esses cinquenta e três minutos?
- Faz-se o que se quiser...
"Eu", pensou o principezinho, "eu cá se tivesse cinquenta e três minutos para gastar, punha-me era a andar muito de mansinho à procura de uma fonte...”
― Antoine de Saint-Exupéry, The Little Prince

“A rua exprimia a perturbadora angústia de uma colectividade; não era um indivíduo orgulhoso a gabar-se da sua história. Era humana e grande na sua aflição por gritar a dor de toda uma multidão. E Sayed Karam assistia impotente a este grito dos homens através da matéria.”
― Albert Cossery, Men God Forgot

“A humanidade, que ao longo de milhares de anos foi atormentada pela ideia falsa, bizarra e infeliz de que era dominada por uma figura paternal severa e quase cheia de ódio, no espaço de alguns dias descobriu o seu erro.
Em vez dele, havia uma mãe.
Enquanto a existência a cada momento se afastava, a uma velocidade crescente, do estado descritível para entrar num reino para o qual já não existiam palavras, A LÍNGUA COMEÇOU A MORRER.
Um dos últimos fragmentos de linguagem dizia:
SE DEUS EXISTE, TUDO É PERMITIDO.”
― Lars Gustafsson, The Death of a Beekeeper