

“Ambos descobriram que ali
sempre era março e sempre era segunda-feira, e então
compreenderam que José Arcadio Buendía não estava tão louco
como contava a família, e sim que era o único que dispusera de
lucidez bastante para vislumbrar a verdade de que também o tempo
sofria tropeços e acidentes e podia, portanto, se estilhaçar e deixar
no quarto uma fração eternizada.”
― One Hundred Years of Solitude
sempre era março e sempre era segunda-feira, e então
compreenderam que José Arcadio Buendía não estava tão louco
como contava a família, e sim que era o único que dispusera de
lucidez bastante para vislumbrar a verdade de que também o tempo
sofria tropeços e acidentes e podia, portanto, se estilhaçar e deixar
no quarto uma fração eternizada.”
― One Hundred Years of Solitude

“sei que a humanidade inventa deus porque não acredita nos homens e é fácil entender porquê. os homens acreditam em deus porque não são capazes de acreditar uns nos outros. e quanto mais assim for, quanto menos acreditarmos uns nos outros, mais solicitamos o policiamento, e se o policiamento divino entra em crise, porque as mentes se libertam e o jugo glutão da igreja já não funciona, é preciso que se solicite do estado esse policiamento.”
― a máquina de fazer espanhóis
― a máquina de fazer espanhóis

“estamos para aqui todos fascistas, com pensamentos de um fascismo indelével a achar que antigamente é que era bom, este é o fascismo remanescente que vem das saudades, sabe, acharmos que salazar é que arranjaria isto, que ele é que punha esta juventude toda na ordem, é natural, porque temos medo destes novos tempos, não são os nossos tempos, e precisamos de nos defendermos, quando dizemos que antigamente é que era bom estamos só a ter saudades, queremos na verdade dizer que antigamente éramos novos, reconhecíamos o mundo como nosso e não tínhamos dores de costas nem reumatismo. é uma saudade de nós próprios, e não exactamente do regime e menos ainda de salazar. eu escutava o meu colega silva e não sabia o que pensar, num momento dizia que éramos comunistas, no outro já éramos fascistas, e eu perguntava, isso faz de nós bons homens, ele regozijava, claro que somos bons homens, ó senhor silva, não somos por natureza inquinados de política nenhuma, temos de tudo um pouco mas, sobretudo, temos saudades, porque somos velhos e quando novos a robustez e a esperança curavam-nos de muita coisa, o fascismo dos bons homens, como diz, perguntou o senhor pereira, o fascismo dos bons homens, é o que para aí abunda, já quase não faz mal a ninguém e não é para prejudicar, mas é um sentimento que fica escondido, à boca fechada, porque sabemos que talvez não devesse existir, mas existe porque o passado, neste sentido, é mais forte do que nós. quem fomos há-de sempre estar contido em quem somos, por mais que mudemos ou aprendamos coisas novas.”
― A máquina de fazer espanhóis
― A máquina de fazer espanhóis
Matheus’s 2024 Year in Books
Take a look at Matheus’s Year in Books, including some fun facts about their reading.
More friends…
Favorite Genres
Polls voted on by Matheus
Lists liked by Matheus