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Paulina Chiziane Paulina Chiziane > Quotes

 

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“As mães gostam de dar aos filhos nomes de fantasia. Nomes de passageiros, de vagabundos. Tudo começou no princípio. Vieram os árabes. Os negros converteram-se. E começaram a chamar-se Sofia, Zainabo, Zulfa, Amade, Mussá. E tornaram-se escravos. Vieram os marinheiros da cruz e da espada. Outros negros converteram-se. Começaram a chamar-se José, Francisco, António, Moisés. Todas as mulheres se chamaram Marias. E continuaram escravos. Os negros que foram vendidos ficaram a chamar-se Charles, Mary, Georges, Christian, Joseph, Charlotte, Johnson. Batizaram-se. E continuaram escravos. Um dia virão outros profetas com as bandeiras vermelhas e doutrinas messiânicas. Deificarão o comunismo, Marx, marxismo, Lénine, leninismo. Diabolizarão o capitalismo e o Ocidente. Os negros começarão a chamar-se Iva, Ivanova, Ivanda, Tania, Kasparov, Tereskova, Nadia, Nadioska. E continuarão escravos.”
Paulina Chiziane, O alegre canto da perdiz
“As mulheres querem provar que elas existem e a sua presença é mais importante que todas as crenças e juramentos deste mundo.”
Paulina Chiziane, O alegre canto da perdiz
“Why are you dancing, dear mirror?
I am celebrating love and life. I dance upon life and death. I dance upon sadness and loneliness. I stamp into the ground all the misfortunes that torture me. Dancing frees the mind from life's passing concerns. Dancing is praying. When I dance, I celebrate life while awaiting death. Why don't you dance?”
Paulina Chiziane, Niketche: Uma História de Poligamia
“No passado, os grandes homens da Europa em sessões magnas, festins e banhos de champanhe dividiram o continente negro em grandes e boas fatias, escravizaram, torturaram, massacraram e deportaram as almas destas terras. Hoje, gente oriunda das antigas potências colonizadoras diz que dá a sua mão desinteressada para ajudar os que sofrem. É preciso acreditar na mudança dos homens, eles sabem disso, mas a sabedoria popular ensina que filho de peixe é peixe e filho de cobra cobra é. Toda a gente sabe que, neste mundo cruel, ninguém dá nada em troca de nada.”
Paulina Chiziane, Ventos do Apocalipse: Romance
“A imagem de meu pai é uma assombração triste. Vive no seu mundo de solidão e silêncio. Olho-o e vejo nos seus ombros o peso da vida. Vive de olhos fechados como se não mais quisesse olhar para o mundo. Dentro daquela alma deve estar muito escuro. Dentro do coração deve haver muitas feridas. Cicatrizes. Cancros. Deve haver decepções e frustrações do tamanho do mundo. Deve haver uma paixão ardente pela morte que não vem. Cumprimento-o. Responde-me com aquela voz lenta, moribunda, desinteressada. Tudo nele é o prenúncio da morte.”
Paulina Chiziane, Niketche: Uma História de Poligamia
tags: pai
“I'm a rushing river, flowing towards the cascades, I'm plunging over a precipice. Where will I come to a stop, dear God? I'm in the abyss, I'm sinking. Shame, my own shame, don't leave me alone, adrift in this life. Where are you going, shame, leaving me all alone like this?”
Paulina Chiziane, Niketche: Uma História de Poligamia
“povo busca explicações e tece fantasias sobre mordeduras de coelhos, causadoras de impotência sexual, condenando homens e mulheres a noites de eterna infância.”
Paulina Chiziane, O alegre canto da perdiz
“Os seus olhos parecem lua, que se mostra, que se esconde, que vai e volta. Ela sofre da doença da lua. A lua esta dentro dela. A lua é mesmo ela.”
Paulina Chiziane, O Alegre Canto da Perdiz
“Good girls are the ones who are most hunted, married, and shut away in their homes like treasure. They live in a box, without light or air, between love and submission. Bad girls are rejected and left free. They fly anywhere they feel like going, like butterflies. They lend nature the color of their wings and breathe the fresh air of the fields, between love and freedom.”
Paulina Chiziane, The First Wife: A Tale of Polygamy
“Nas cidades humanas a liberdade é proibida. O ser humano tem que andar sempre vestido, documentado, calçado. Por andar sem rumo, a polícia prende por vadiagem, como se alguém conhecesse de facto o rumo de cada passo. Por que é que tem de se andar num rumo exato se todos os lugares são lugares para andar? Por que é que tenho que caminhar a horas certas se todas as horas são horas para caminhar?”
Paulina Chiziane, O Alegre Canto da Perdiz
“Man has wings, and flies. From perch to perch, kiss to kiss, enjoying the fun this life offers. And we women sow love, one grain at a time over every inch of soil, and when it germinates, along come other beaks to reap our harvest, leaving us with a hunger the size of the world.”
Paulina Chiziane, Niketche: Uma História de Poligamia
“Olho para todas elas. Mulheres cansadas, usadas. Mulheres belas, mulheres feias. Mulheres novas, mulheres velhas. Mulheres vencidas na batalha do amor. Vivas por fora e mortas por dentro, eternas habitantes das trevas. Mas por que se foram embora os nossos maridos, por que nos abandonam depois de muitos anos de convivência? Por que nos largam como trouxas, como fardos, para perseguir novas primaveras e novas paixões? Por que é que, já na velhice, criam novos apetites? Quem disse aos homens velhos que as mulheres maduras não precisam de carinho?”
Paulina Chiziane, Niketche: Uma História de Poligamia
tags: amor
“Amor. Tão pequena, esta palavra. Palavra bela, preciosa. Sentimento forte e inacessível. Quatro letras apenas, gerando todos os sentimentos do mundo. As mulheres falam de amor. Os homens falam de amor. Amor que vai, amor que vem, que foge, que se esconde, que se procura, que se encontra, que se preza, que se despreza, que causa ódios e acende guerras sem fim. No amor, as mulheres são um exército derrotado, é preciso chorar. Depor as armas e aceitar a solidão. Escrever poemas e cantar ao vento para espantar as mágoas. O amor é fugaz como a gota de água na palma da mão.”
Paulina Chiziane, Niketche: Uma História de Poligamia
tags: amor
“Sonha.
Em construir uma casinha no alto do monte e casar-se com uma dama cozinheira de bons petiscos, temperados com coco, cravo e canela. Com pimenta e piripiri trazidos pelos marinheiros. uma dama recheada de corpo, a quem irá colocar missangas coloridas, na cintura e nos tornozelos. Que tome banho no rio e tenha sabor a algas e a flora dos rios. Imagina-se no umbral da porta, a ver a lua a chegar, romântica, redonda. Acender-se uma fogueira e iluminar a casa. Jantar com afrodisíaco. Preparar-se para o amor. Vé-la deitar-se nua, na esteira de juncos, bem pertinho da fogueira branda, e iniciar a dança da serpente, com requinte ensaidao na escola de sexo. Depois deitar-se ao lado dela, penetrar devagar na casa de todos os mistéios, apagar a fogueira do desejo com a chuva da sua carne, E semear-se. Sonha em ter um filho mulher. Porque as mulheres nascem com uma mina de ouro dentro delas e caçam o sustento no suor dos homens. Não deseja um filho homem, que nasce escravo. que é deportado, que caça o sustento nos perigos das matas, se torna ladrão e engrossa a população nas prisōes.”
Paulina Chiziane, O Alegre Canto da Perdiz
“Os homens comeram todos os quadrúpedes e ficaram sem sustento. Fizeram-se gatos, comeram todos os ratos, cobras e lagartos. A bicharada acabou e ficaram de novo sem sustento. Daí fizeram-se macacos saltando de árvore em árvore, comendo frutos silvestres, e até descobriram novos cardápios que adicionaram aos tradicionalmente conhecidos.
As pessoas caíam como cajus maduros. A alegria vem da barriga, se há guerras no mundo é pela posse de pão, na casa onde há fome todos ralham e ninguém tem razão”
Paulina Chiziane, Ventos do Apocalipse: Romance
“I laugh out loud. A kingdom is the center of human reproduction and the king is the reproductive commander-in-chief.”
Paulina Chiziane, Niketche: Uma História de Poligamia
“O desabafo é uma coisa louca. Umas vezes é tímido, outras é ousado. Não gosta da solidão nem da prisão do peito. Abandona o profundo e corre na estrada de ar, invade os tímpanos alheiros e encrava-se nos sentimentos de outrém.”
Paulina Chiziane, Ventos do Apocalipse: Romance
“A culpa foi minha. Por ter desejado ser o que jamais poderia ser. A culpa é do mundo, que me ensinou a odiar.”
Paulina Chiziane, O alegre canto da perdiz
“And the language of the vagina? If it could be spoken, what message would it give us? It would surely intone beautiful poems of pain and yearning. It would sing songs of love and desertion. Of violence. Of violation. Of castration. Of manipulation. It would tell us why it sheds tears of blood in every cycle of life.”
Paulina Chiziane, Niketche: Uma História de Poligamia
“Infelizmente muitas de nós, mulheres, agimos assim. Subimos ao alto do monte e só quando estamos no ar compreendemos que não temos asas para voar. Atiramo-nos do alto do céu para um poço sem luz nem fundo e quebramos o coração como um vaso de porcelana.”
Paulina Chiziane, The First Wife: A Tale of Polygamy
“A mulher do régulo da razão a Maria. Na Zambézia ainda há gente que não conhece algodão nem seda. Nem artifícios. Adultos de tangas e crianças de traseiro ao vento. A mulher do régulo lembra-se das roupas das esposas dos antigos feitores. Saias longas de mil folhos, no intenso calor dos trópicos. E achavam imoralidade a nudez e a liberdade das pessoas da terra. Os tempos mudaram muito. Até os padres aprenderam dos negros a dar um mergulho nu à beira do mar. As mulheres brancas aprenderam das negras a andarem de tangas, a que agora chamam mini-saias, colantes. Agora são esses europeus que gostam de andar por aí de tangas enquanto o povo veste, com rigor, as roupas antigas.
(...)
A nudez de Maria era o regresso ao estado da pureza. Da transparência. As mulheres ficam escandalizadas, porque o nu de uma se reflecte no corpo da outra.”
Paulina Chiziane, O Alegre Canto da Perdiz
“And this God, if he exists, why does he allow women to suffer in such a way? The worst of it is that God doesn't appear to have any wife. If he was married, the Goddess, his wife, would intercede on our behalf. Through her, we would ask to be blessed with a life based on harmony. But the Goddess must exist, I keep thinking. She must be as invisible as all of us. No doubt her space is limited to the celestial kitchen.”
Paulina Chiziane, Niketche: Uma História de Poligamia
“A mulher do regulo da razão a Maria. Na Zambézia ainda ha gente que não conhece algodão nem seda. Nem artifícios. Adultos de tangas e crianças de traseiro ao vento. A mulher do regulo lembra-se das roupas das esposas dos antigos feitores. Saias longas de mil folhos, no intenso calor dos trópicos. E achavam imoralidade a nudez e a liberdade das pessoas da terra. os tempos mudaram muito. Até os padres aprenderam dos negros a dar mergulho nu à beira do mar. As mulheres brancas aprenderam das negras a andarem de tangas, a que agora chamam mini-saias, colantes. Agora são esses europeus que gostam de andar por aí de tangas enquanto o povo veste, com rigor, as roupas antigas.
(...)
A nudez de Maria era o regresso ao estado da pureza. Da transparência. As mulheres ficam escandalizadas, porque o nu de uma se reflecte no corpo de outra.”
Paulina Chiziane, O Alegre Canto da Perdiz
“O pai d Delfina disse não à assimilação, sem saber que a libertação da pátria seria na língua dos brancos e sem imaginar ainda que os filhos dos assimilados iriam assumir o protagonismo da História.”
Paulina Chiziane, O Alegre Canto da Perdiz
“No passado, os grandes homens da Europa em sessões magnas, festins e banhos de champanhe dividiram o continente negro em grandes e boas fatias, escravizaram, torturaram, massacraram e deportaram as almas destas terras. Hoje, gente oriunda das antigas potências colonizadoras diz que dá a sua mão desinteressada para ajudar os que sofrem. É preciso acreditar na mudança”
Paulina Chiziane, Ventos do Apocalipse: Romance
“Até na bíblia a mulher não presta. Os santos, nas suas pregações antigas, dizem que a mulher nada vale, a mulher é um animal nutridor de maldade, fonte de todas as discussões, querelas e injustiças. É verdade. Se podemos ser trocadas, vendidas, torturadas, mortas, escravizadas, encurraladas em haréns como gado, é porque não fazemos falta nenhuma. Mas se não fazemos falta nenhuma, por que é que Deus nos colocou no mundo? E esse Deus, se existe, por que nos deixa sofrer assim? O pior de tudo é que Deus parece não ter mulher nenhuma. Se ele fosse casado, a deusa — sua esposa — intercederia por nós. Através dela pediríamos a bênção de uma vida de harmonia. Mas a deusa deve existir, penso. Deve ser tão invisível como todas nós. O seu espaço é, de certeza, a cozinha celestial.”
Paulina Chiziane, Niketche: Uma História de Poligamia
tags: deus
“Men lie. Oh, how they lie! They tell us we're worth nothing? That we're no use for anything? Poppycock! There's nothing more miraculous than us in the whole human community. That's why they hate us, fear us, mutilate us, rape us, torture us, seek us out, hurt us. But it's for us they yearn their whole lives through. It's us they seek, night and day, from the day they're born to the day they die.”
Paulina Chiziane, Niketche: Uma História de Poligamia

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