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Newton’s 2024 Year in Books
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Newton Nitro
Goodreads Author
Born
in Belo Horizonte, Brazil
January 02, 1972
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March 2012
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https://www.goodreads.com/newtonnitro
Escritor de Horror, Ficção Científica e Fantasia. Mestre em Literaturas de Língua Inglesa e Professor de Inglês
WHIRLWIND, por James Clavell | Um retrato implacável do caos e das escolhas na Revolução Iraniana | NITROLEITURAS #resenha
WHIRLWIND, por James Clavell | Um retrato implacável do caos e das escolhas na Revolução Iraniana | NITROLEITURAS #resenha
Whirlwind, de James Clavell, se passa no Irã em 1979, nos meses que antecedem e seguem a Revolução Islâmica. A história acompanha uma companhia de helicópteros estrangeira e as pessoas que trabalham para ela. Pilotos, executivos, mecânicos e familiares lutam para s
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Published on August 13, 2025 12:27
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Nana Neném - Uma História de Horror Amazônico
3.55 avg rating — 22 ratings
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published
2012
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Dandara - A Rainha Guerreira de Palmares
4.27 avg rating — 15 ratings
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published
2015
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2 editions
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Quadrinhos Sonoros Vol.1
by
Fabrício Martins (Editor),
Alexandre Tso (Illustrator),
4.33 avg rating — 6 ratings
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O Segundo Éden e Outras Histórias de Horror e Fantasia: Contos de Fantasia Sombria
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The Young Marquise
by
M.C. Gill (Goodreads Author),
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AIOX
by
Antarik Fox (Illustrator),
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3 editions
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Newton’s Recent Updates
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Como Hitchens Pode Salvar a Esquerda Matt Johnson argumenta que Christopher Hitchens nunca traiu seus princípios — foi a esquerda que abandonou seu credo de liberdade, universalismo e debate destemido. “Nunca seja espectador da injustiça ou da estupide Como Hitchens Pode Salvar a Esquerda Matt Johnson argumenta que Christopher Hitchens nunca traiu seus princípios — foi a esquerda que abandonou seu credo de liberdade, universalismo e debate destemido. “Nunca seja espectador da injustiça ou da estupidez”, disse certa vez Christopher Hitchens a um auditório lotado de universitários, com a voz rouca pelo excesso de álcool e cigarros. “Procure a discussão e a disputa por elas mesmas. O túmulo oferecerá tempo suficiente para o silêncio.” A plateia riu, mas a frase não era uma piada. Hitchens viveu dessa forma e também morreu assim, deixando uma obra que nunca parou de brigar com o mundo. Quem o viu em um debate lembra da eletricidade do momento. Ele se inclinava para a frente com o copo na mão, sobrancelhas arqueadas, saboreando a chance de ofender. Tratava a retórica como combate, mas havia também prazer nisso — a sensação de que as ideias importavam o bastante para serem defendidas, de que a coragem e o espírito pertenciam ao centro da política. Mais de uma década após sua morte, Hitchens continua sendo um fantasma disputado. Para alguns, é a voz da livre investigação, um escritor capaz de transformar a clareza moral em música. Para outros, é o apóstata que emprestou seu prestígio a uma guerra que arruinou sua reputação. Seu nome ainda provoca discussão — e isso o teria divertido. How Hitchens Can Save the Left, de Matt Johnson, entra nesse terreno contestado com sua própria provocação: Hitchens nunca abandonou a esquerda. Ele permaneceu fiel a princípios que ainda deveriam defini-la — a sacralidade da liberdade de expressão, a resistência à tirania e a crença nos direitos humanos universais. Se hoje a esquerda se sente distante dele, Johnson sustenta que é porque ela própria se afastou desses compromissos. O livro não é uma biografia. Johnson não se demora nos vícios privados de Hitchens nem em seu carisma de bar. Não reconta todas as brigas ou cada frase de efeito. Em vez disso, persegue uma linha única: das denúncias a Kissinger e Pinochet nos anos 1970, passando pelos ataques a teocratas e ditadores nos anos 1990, até sua posição controversa sobre o Iraque nos anos 2000, vê-se a mesma lógica antitotalitária em ação. Nesse retrato, Hitchens não é um desertor, mas um defensor consistente da liberdade. Aceitar ou não esse argumento depende de como se pesa a intenção contra a consequência. O Iraque foi catastrófico, e Johnson não nega isso. Mas insiste que as motivações de Hitchens não foram oportunistas. Nasciam do mesmo ódio ao despotismo que moldou sua vida. Julgá-lo apenas por aquela guerra é, segundo Johnson, reduzir seu legado a uma única decisão. O que se segue é a tentativa de Johnson de reinscrever Hitchens na tradição política que ele nunca renunciou: uma esquerda que valoriza a verdade acima da lealdade tribal, o debate acima da conformidade e a dignidade humana acima do relativismo cultural. É, ao mesmo tempo, um ato de defesa e um desafio. Se Hitchens ainda importa, diz Johnson, é porque a esquerda precisa voltar a não ter medo da liberdade. ...more |
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Aug 24, 2025 01:05PM
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How Hitchens Can Save the Left by Matt Johnson.
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OS IRMÃOS KARAMÁZOV - Fyodor Dostoevsky (Trad. Paulo Bezerra) | A OBRA-PRIMA da Literatura Russa - Porque o Inferno é o Sofrimento de Não Poder Amar | NITROLEITURAS Uma obra-prima da literatura mundial, com os personagens mais vivos e complexos que já OS IRMÃOS KARAMÁZOV - Fyodor Dostoevsky (Trad. Paulo Bezerra) | A OBRA-PRIMA da Literatura Russa - Porque o Inferno é o Sofrimento de Não Poder Amar | NITROLEITURAS Uma obra-prima da literatura mundial, com os personagens mais vivos e complexos que já li na minha vida! OS IRMÃOS KARAMÁZOV - Fyodor Dostoevsky (Trad. Paulo Bezerra) | 2 Vol., 1040 pgs, Editora 34, 2008 | Lido de 03/06/22 a 10/07/22 | NITROLEITURAS SINOPSE Os Irmãos Karamazov (em russo Братья Карамазовы, Brat'ya Karamazovy, é um romance de Fiódor Dostoiévski, escrito em 1879, uma das mais importantes obras das literaturas russa e mundial, ou, conforme afirmou Freud "a maior obra da história". Freud considera esse romance, juntamente com Édipo Rei e Hamlet, três importantes livros a respeito do embate pai e filho, e retratam o complexo de Édipo. Obra aclamada pela crítica, trata-se de uma narração muito pormenorizada como que de uma testemunha dos aludidos factos numa cidade afastada russa. O narrador pede constantes desculpas ao leitor por não saber alguns factos, por considerar a própria narrativa longa (mesmo nos formatos grandes o livro passa de 700 páginas) e por considerar seu herói alguém pouco conhecido ou, até mesmo, insignificante. A narrativa não só conversa com o leitor, mas é omnipresente e também indica ou infere os pensamentos dos incontáveis personagens. Provavelmente o nome Karamázov foi forjado a partir de "kara", "castigo" ou "punição", e do verbo "mázat", "sujar", "pintar", "não acertar". Significaria, então, aquele que com seu comportamento errante vai tecendo a sua própria desgraça, segundo nota dos tradutores da obra. A narrativa trata da história de uma conturbada família em uma cidade na Rússia. O patriarca da família é Fiódor Pavlovitch Karamázov, um palhaço devasso que subiu na vida principalmente devido aos dotes de suas duas mulheres, ambas mortas de forma precoce, e à sua mesquinharia. Com a primeira mulher tem um filho, Dmitri Fiodorovitch Karamázov, que é criado primeiramente pelo criado que mora na isbá ao lado de sua casa e depois por Miússov, parente de sua falecida mãe. Com a segunda mulher tem mais 2 filhos: Ivan e Aliêksei Fiodorovitch Karamázov, que são criados também por um parente da segunda mulher do pai de ambos. Ao passo que Ivan se torna um intelectual, atormentado justamente por sua inteligência, Aliêksei se torna uma pessoa mística e pura, entrando para um mosteiro na cidade. De uma querela financeira entre o pai e seu primogênito, também devasso porém honrado, nasce também a disputa por uma mulher, Gruchénka, que levará ambos a descomedidos atos que resultarão na morte de Fiódor Pavlovitch Karamázov. Com mão de mestre, Dostoiévski conduz o leitor numa viagem única pelos recantos mais sombrios e luminosos da alma humana e, com uma trama hipnotizante, consegue prender nossa atenção ao longo das centenas de páginas do volume - agora traduzido diretamente do russo por Paulo Bezerra. RESENHA Pelo amor do Deus da Escrita Thoth, seu nome grego mas que era conhecido como Djhuty no Antigo Egito, que livro maravilhoso! QUE LIVRO ESPETACULAR! Aidei por muitos anos a leitura de Irmãos Karamazov, tendo contato com Fyodor Dostoevsky através de contos, mas depois desse romance, pretendo ler tudo do mestre russo. E várias vezes. Irmãos Karamazov é uma obra-prima, um monstro de romance que, dentro da proposta de mostrar uma família exatamente como ela é, com todas as emoções e ações contraditórias, todas as mudanças de humor e situações difíceis, ao mesmo tempo que trabalha uma infinidade de pontos de vistas diferentes que traça um panorama ideológico e político da Rússia do final do século 19. E isso junto com discussões filosóficas onde Dostoevsky coloca suas concepções pessoais sobre as tendências de pensamento de sua época. Impressionante mesmo. Irmãos Karamazov é também um romance repleto de técnicas modernas de narrativa. Dostoevsky, mesmo adotando o narrador onisciente do século 19, permite que seus personagens fossem o que eram naturalmente, sem julgá-los do ponto de vista da história e da sociedade. Outro ponto que me impressionou é como Dostoevsky é hábil em contar histórias e em criar cenas dramáticas impactantes. E digo para todos os escritores de ficção, aspirantes e veteranos, Irmãos Karamazov é um romance para ser estudado detalhadamente, é uma aula tanto de criação de personagem como de criação de cenas e de diálogos! Pelo amor de Thoth, que diálogos sensacionais! O enredo é simples e complexo ao mesmo tempo. Ao longo da narrativa, à medida que os três irmãos e as mulheres que eles amam e que os amam de diferentes maneiras lidam com o assassinato do velho bufão patriarcal, todos eles têm que aceitar a dolorosa realidade de amar e odiar ao mesmo tempo. São personagens vivos, contraditórios, imprevisíveis, que parecem gente de verdade. E muito contemporâneos em seus questionamentos, ambiguidades, dúvidas e anseios. A trama gira em torno do assassinato de talvez um dos personagens mais desprezíveis já criados, Fyodor Pavlovich Karamazov, o pai dos irmãos Karamazov. Este romance não é tanto uma história quanto: uma longa dissertação sobre a natureza humana; as questões da época de Dostoiévski; perfis de personalidade detalhados; e digressões sobre todos os assuntos que o autor queria perseguir, incluindo o livre-arbítrio, a existência de Deus, a responsabilidade moral e a verdade. É um romance repleto de temas intelectuais de peso e a habilidade de Dostoiévski é inquestionável. Tudo impressiona, mas, para mim, nenhuma narrativa foi mais chocante para mim do que a história do “O Grande Inquisidor”, um capítulo extremamente estranho e uma das coisas das mais originais e assustadoras pelos insights sobre a sociedade humana que li na literatura mundial. O Grande Inquisidor é um poema criado e recitado pelo personagem Ivan Karamazov, que questiona seu espiritualizado irmão Alexei sobre a possibilidade de um Deus pessoal e benevolente. No conto “O Grande Inquisidor”, em um longo discurso dirigida ao próprio Jesus, que retornou à Terra em Sevilha no auge da Inquisição, o Grande Inquisidor defende as seguintes ideias: que somente os princípios do diabo podem levar à unificação da humanidade; dê pão ao homem, controle sua consciência e governe o mundo. O Grande Inquisidor também afirma que Jesus limitou-se a um pequeno grupo de eleitos, enquanto a Igreja Católica aperfeiçoou sua obra e se dirigiu a todas as pessoas; que a igreja governa o mundo em nome de Deus, mas com os princípios do diabo e que Jesus errou ao considerar o homem em alta estima. Jesus permanece em silêncio durante todo o discurso do Inquisidor. Ao final, ele responde todas as acusações do Grande Inquisidor com um beijo em sua face e desaparece pelas ruas de Sevilha. Um conto impactante, que vou guardar para o resto da vida em minhas memórias literárias. E que final! O Grande Inquisidor parece ser a racionalização de Ivan e a condenação de Dostoiévski de qualquer instituição que tire a liberdade espiritual de um indivíduo para criar um mundo com menos sofrimento. É um das denúncias mais contundentes contra o autoritarismo. Na história do Grande Inquisidor, Dostoiévski, ao meu ver, está dizendo que mudanças em instituições e estruturas sociais não importam se os corações das pessoas a quem servem não são livres epiritualmente. Ele afirma que que a criação de um mundo melhor não acontece no nível do governo e das instituições; acontece em cada alma humana, uma de cada vez. Quanto a parte filosófica desse romance complexo, apesar da missão declara de missão de Dostoevsky em provar que o nacionalismo russo e a ortodoxia cristã estão no centro do sentido da vida, ele trabalha esses temas de maneira intelectualmente honesta, revelando suas limitações, seus problemas e a hipocrisia e corrupção das instituições que supostamente representam essas duas linhas de pensamento. Mas o romance brilha mesmo, para mim, é na construção de personagens. Dostoiévski articula, melhor do que ninguém, como os seres humanos realmente são o que eu chamaria de "contradições ambulantes". Talvez todas as nossas lutas na vida se resumam à realidade de que desejamos coisas contraditórias, simultaneamente. Se você gosta de seus romances com bom desenvolvimento de personagens, Irmãos Karamazov é o “padrão ouro” desse tipo de narrativa. Os personagens de Dostoiévski são mais reais, mais humanos do que qualquer outro que já vi. Em diferentes pontos ao longo do caminho, o leitor se identifica com eles, irá simpatizar, irá enraivecer-se, amaldiçoá-los, agonizar por eles, celebrá-los. É também um romance mutante em termos de estilo e gênero. Ao longo da narrativa temos capítulos com histórias de crianças. Temos capítulos com fluxo de consciência, uma técnica que seria popularizada décadas mais tarde, no Modernismo. Em outros capítulo, o romance se torna um romance policial. Em outros se torna uma obra filosófica, e até alegórica. Em alguns capítulos ele se transforma em drama familiar e em uma história de amores tempestuosos. E ao final se torna um drama de tribunal, com direito a reviravoltas. E unindo tudo de maneira orgânica estão os Karamazov e sua história dramática. O mais incrível, é que, mesmo com passagens e momentos de muita dureza psicológica, de angústia existencial e de uma crítica feroz e por vezes desesperançosa do futuro da Rússia, representado pelos três irmãos, os Karamazov ainda demonstram uma característica redentora, o amor que demonstram um pelo outro. Sim, porque os irmãos se amam, de uma maneira torta, raivosa, distorcida e estranha, e muitas vezes perversa, mas se amam. Eles até mesmo amam, mesmo que perversamente, o pai morto. Eles se amam apesar de serem completamente diferentes em sua abordagem da vida. E mesmo com tantas diferenças, eles se amam e apoiam o direito um do outro à vida, ao amor e à felicidade. E isso é uma lição eterna e muito necessária para esses tempos contemporâneos tão conturbados e intolerantes. Porque o amor é sempre inclusivo. Um romance maravilhoso, fascinante e desafiador! Recomendadíssimo! Newton Nitro https://linktr.ee/newtonnitro CITAÇÕES “Acima de tudo, não minta para si mesmo. O homem que mente para si mesmo e ouve sua própria mentira chega a um ponto em que não consegue distinguir a verdade dentro de si, ou ao seu redor, e assim perde todo o respeito por si mesmo e pelos outros. E não tendo respeito, ele deixa de amar.” "O que é inferno? Sustento que é o sofrimento de não poder amar”. “Eu amo a humanidade, disse ele, “mas, para minha surpresa, acho que quanto mais amo a humanidade como um todo, menos amo o homem em particular”. “O mistério da existência humana não está apenas em permanecer vivo, mas em encontrar algo pelo que viver.” "O mundo diz: "Você tem necessidades - satisfaça-as. Você tem tanto direito quanto os ricos e os poderosos. Não hesite em satisfazer suas necessidades; na verdade, expanda suas necessidades e exija mais." Esta é a doutrina mundana de hoje. E eles acreditam que isso é liberdade. O resultado para os ricos é isolamento e suicídio, para os pobres, inveja e assassinato.” “Eu posso ver o sol, mas mesmo que eu não possa ver o sol, eu sei que ele existe. E saber que o sol está lá - isso é viver.” “O terrível é que a beleza é tão misteriosa quanto terrível. Deus e o diabo estão lutando lá e o campo de batalha é o coração do homem”. “Acho que o diabo não existe, mas o homem o criou, ele o criou à sua imagem e semelhança.” “Esta é minha última mensagem para você: na tristeza, busque a felicidade.” “Além disso, hoje em dia, quase todas as pessoas capazes têm muito medo de ser ridículas e se sentem infelizes por causa disso.” “Quanto mais estúpido, mais próximo está da realidade. Quanto mais estúpido é, mais claro é. A estupidez é breve e ingênua, enquanto a inteligência se contorce e se esconde. A inteligência não tem princípios, mas a estupidez é honesta e direta.” “O amor em ação é uma coisa dura e terrível em comparação com o amor nos sonhos.” “Você vai queimar e você vai queimar; você será curado e voltará novamente”. “Creio como uma criança que o sofrimento será curado e compensado, que todo o absurdo humilhante das contradições humanas desaparecerá como uma miragem lamentável, como a fabricação desprezível da mente euclidiana impotente e infinitamente pequena do homem, que no final do mundo, no momento da harmonia eterna, algo tão precioso acontecerá que será suficiente para todos os corações, para o conforto de todos os ressentimentos, para a expiação de todos os crimes da humanidade, por todo o sangue que eles derramaram ; que tornará não apenas possível perdoar, mas justificar tudo o que aconteceu”. “Uma fera nunca pode ser tão cruel quanto um ser humano, tão artisticamente, tão pitorescamente cruel.” TERCEIRA RELEITURA Releitura de Os Irmãos Karamazov Os Irmãos Karamazov (1880) é o último romance de Fiódor Dostoiévski e, para muitos, seu opus magnum. Revisitar essa obra monumental é sempre uma experiência rica, pois o livro reúne em suas páginas os grandes temas que Dostoiévski desenvolveu ao longo da vida – questões filosóficas, religiosas e psicológicas profundas, entrelaçadas numa trama familiar de crime e punição. A narrativa gira em torno da família Karamázov: o pai, Fiódor Pavlovitch, sujeito devasso e egoísta; e seus três filhos legítimos – Dmitri (Mítia), o impulsivo e apaixonado; Ivan, o intelectual atormentado; e Alexei (Aliócha), o jovem de fé e coração puro – além do suposto filho ilegítimo, Smerdiakov, de personalidade sombria. Quando Fiódor é assassinado, as tensões morais e espirituais de cada personagem vêm à tona durante a investigação e o julgamento. Dostoiévski ambienta a história na Rússia do século XIX, numa pequena cidade, mas os debates travados ali têm alcance universal. Não à toa, Os Irmãos Karamazov influenciou pensadores mundo afora – filósofos, escritores, teólogos. Sigmund Freud chegou a dizer que este romance é “a obra-prima da literatura” (colocando-o ao lado de Édipo Rei e Hamlet no panteão das maiores criações humanas) e destacou seu valor na compreensão da psique humana. Filósofos existencialistas, como Jean-Paul Sartre e Albert Camus, beberam profundamente de suas ideias. Einstein leu Dostoiévski com admiração. Essa longa lista de admiradores ilustres testemunha o impacto do livro no pensamento ocidental. Ao reler a obra, fica claro o porquê: Os Irmãos Karamazov não é apenas uma história policial sobre um parricídio; é uma exploração poderosa do livre-arbítrio, da fé, da dúvida, do bem e do mal no coração humano. O romance é talvez mais conhecido por seus embates filosófico-teológicos, sobretudo nas conversas entre Ivan e Aliócha. Ivan Karamázov representa o intelectual atormentado pela questão do sofrimento e da existência de Deus. Em um capítulo célebre, “Rebelião”, Ivan expõe a Aliócha (que é um noviço devoto) seu argumento contra a ordem divina: ele descreve casos horripilantes de sofrimento de crianças inocentes e questiona que tipo de Deus permitiria isso. Para Ivan, mesmo que Deus exista, ele “devolve o bilhete” de entrada nesse mundo, pois não pode aceitar um Paraíso construído sobre lágrimas de inocentes. Esse protesto moral culmina na parábola do “Grande Inquisidor” – outro trecho magistral, em que Ivan imagina Jesus retornando à Terra durante a Inquisição Espanhola e sendo preso pelo Inquisidor, que o acusa de atrapalhar a obra da Igreja. Nessa parábola (que é praticamente um ensaio dentro do romance), Dostoiévski discute livre-arbítrio versus autoridade: o Inquisidor diz a Cristo que os homens preferem entregar sua liberdade em troca de pão e segurança, e que a Igreja (aliada a Satanás, segundo a história) corrige o “erro” de Jesus ao dar liberdade demais ao homem. ...more |
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O TALISMÃ por Stephen King e Peter Straub Uma Aterrorizante e Sombria Jornada do Herói! O Talismã conta a história de Jack Sawyer, um menino de 12 anos que embarca em uma jornada extraordinária para salvar sua mãe, Lily, que está morrendo de câncer. Ele O TALISMÃ por Stephen King e Peter Straub Uma Aterrorizante e Sombria Jornada do Herói! O Talismã conta a história de Jack Sawyer, um menino de 12 anos que embarca em uma jornada extraordinária para salvar sua mãe, Lily, que está morrendo de câncer. Ele descobre a existência de um universo paralelo chamado Territórios, onde muitas pessoas têm “duplos” (ou twinners) – versões paralelas delas mesmas em outro mundo. A mãe de Jack, por exemplo, possui uma gêmea nos Territórios: a Rainha Laura DeLoessian, governante amada daquele reino, que também está à beira da morte. Guiado por um misterioso homem chamado Speedy Parker, Jack aprende a “girar” entre as duas realidades e descobre que somente um artefato mágico conhecido como o Talismã pode curar sua mãe e salvar a Rainha Laura. Para encontrar esse objeto, Jack precisa cruzar os Estados Unidos de costa a costa e, simultaneamente, atravessar os perigos dos Territórios em uma verdadeira jornada do herói. Ao longo do caminho, Jack enfrenta uma série de aventuras e obstáculos em ambos os mundos. Ele conhece aliados improváveis, como Lobo (Wolf) – um jovem lobisomem dos Territórios – que se torna seu amigo fiel e protetor. Juntos, eles fogem de vilões implacáveis que os perseguem nos dois universos. Um desses inimigos é Morgan Sloat, antigo sócio do falecido pai de Jack. Morgan deseja o poder do Talismã para si e não hesita em cometer atrocidades: ele foi responsável pela morte do pai de Jack em nosso mundo, visando roubar a fortuna da família. Nos Territórios, o “duplo” de Sloat é Morgan de Orris, um tirano que almeja assumir o trono se a Rainha Laura morrer. Outra ameaça surge na figura de Sunlight Gardener (Robert Gardner nos Territórios), um pregador fanático que dirige uma instituição cruel para garotos problemáticos. Jack e Lobo acabam capturados nesse orfanato religioso, sofrendo abusos tanto do reitor insano quanto dos internos violentos. Esse episódio sombrio testa os limites da coragem de Jack e a pureza de Lobo, culminando em um sacrifício trágico: Lobo se transforma em sua forma bestial para salvar Jack e é mortalmente ferido durante a fuga, morrendo nos braços do amigo. Apesar das perdas e do cansaço, Jack segue em frente movido pelo amor à sua mãe. Ele eventualmente recebe a ajuda de Richard Sloat, seu melhor amigo na América (e filho de Morgan). Richard inicialmente nega a realidade dos Territórios, mas acaba acompanhando Jack na fase final da busca. Juntos, eles atravessam paisagens desoladas e passam por “quebras de realidade” – pontos em que os dois mundos quase se sobrepõem, com efeitos estranhos de tempo e espaço. Conforme Jack se aproxima do local onde o Talismã está guardado (um hotel abandonado na Califórnia e seu reflexo sombrio nos Territórios, conhecido como Alhambra/Hotel Negro), os perigos aumentam. No clímax, Jack confronta Morgan Sloat para impedir que o vilão roube o artefato. A batalha entre eles acontece alternando entre as dimensões, distorcendo a realidade ao redor. Jack consegue prevalecer: Morgan é derrotado por sua própria ganância (ele tenta “girar” entre os mundos de maneira instável e acaba se destruindo). De posse do Talismã, Jack finalmente utiliza seu poder para salvar Lily e a Rainha Laura, curando ambas simultaneamente. Ao cumprir sua missão, Jack retorna para casa profundamente mudado pela experiência. Desenvolvimento dos Personagens Jack Sawyer começa a história como um garoto tímido e assustado, mas sua jornada o obriga a amadurecer rapidamente. Ele é um herói relutante – no início, Jack tem dúvidas e medos, e muitas vezes gostaria de estar em qualquer lugar menos nessa missão perigosa. Porém, conforme enfrenta cada desafio, ele desenvolve coragem, altruísmo e resiliência. Jack aprende a suportar perdas dolorosas e a fazer escolhas difíceis, assumindo responsabilidades de adulto muito cedo. Em certos momentos ele parece ter perdido a inocência típica da infância, agindo de forma séria e decidida além de sua idade. No fim, Jack demonstra um forte senso de dever e sacrifício pessoal, características que o definem como o verdadeiro herói de sua própria história. Lobo, o companheiro que Jack encontra nos Territórios, é um dos personagens mais cativantes do livro. Ele é um lobisomem adolescente que difere completamente do monstro violento dos contos tradicionais. Lobo é leal, carinhoso e possui uma pureza quase infantil – um gigante gentil que enxerga Jack como parte de seu “rebanho” a proteger. A amizade entre os dois é sincera e comovente: Lobo ensina Jack sobre lealdade e amor incondicional, enquanto Jack ensina Lobo sobre coragem em um mundo desconhecido. A morte heroica de Lobo para salvar Jack não só parte o coração do protagonista como reforça o tema do sacrifício no enredo. Esse momento trágico marca profundamente Jack e dá ainda mais motivação para ele concluir sua missão, honrando o legado de bondade de seu amigo. Richard Sloat inicia a trama como um contraponto a Jack. Filho de Morgan Sloat, Richard foi protegido das durezas da vida e é cético em relação a tudo que foge da lógica. Ele reluta em acreditar nos Territórios e entra em negação quando confrontado com o fantástico. Porém, conforme a aventura progride e a realidade alternativa se impõe, Richard passa por uma transformação significativa. Tirado de sua zona de conforto, ele precisa encarar terrores e maravilhas que não compreende. No decorrer da jornada, Richard supera parte de sua covardia inicial e se mostra um aliado importante. Apesar de seu medo, ele ajuda Jack nos momentos cruciais – por exemplo, cuidando de Jack quando este fica debilitado perto do final e reunindo coragem para enfrentar Morgan ao lado do amigo. Richard ilustra como pessoas comuns podem superar limitações pessoais quando a situação exige, e sua evolução reforça a importância da amizade e confiança mútua em momentos de crise. Entre os antagonistas, Morgan Sloat se destaca como o vilão principal. Ele é motivado por ganância e sede de poder, tanto no mundo real quanto nos Territórios. Morgan é responsável por grandes tragédias na vida de Jack – ele traiu o pai de Jack e orquestrou seu assassinato anos antes, assumindo o controle dos negócios da família Sawyer. Frio e manipulador, Morgan não hesita em perseguir Jack e Lily para garantir seus objetivos sombrios. Sua versão dos Territórios, Morgan de Orris, é igualmente perversa: um usurpador em potencial que aguarda a morte da Rainha Laura para tomar o poder. Morgan representa o arquétipo do inimigo implacável, alguém que personifica a corrupção e a maldade desenfreada. Sua queda no final – provocado em parte pela própria arrogância – traz um senso de justiça poética à história. Já Sunlight Gardener (Robert Gardner em seu “duplo” do outro mundo) é um vilão secundário, mas memorável. Ele encarna o fanatismo religioso e a hipocrisia: se apresenta como um pastor salvador de jovens, mas na verdade dirige um lar abusivo onde comete crueldades indescritíveis contra os garotos sob seus cuidados. Gardener é sádico e desequilibrado, utilizando a fé como ferramenta de controle. Em O Talismã, King costuma criar vilões humanos terríveis mesmo em uma história de fantasia, e Gardener é um exemplo disso – um monstro no mundo real, provando que o terror pode estar disfarçado de virtude. Sua presença na narrativa adiciona camadas de horror psicológico e crítica social (à religião corrompida pelo poder) em meio à aventura. Embora Gardener não seja o antagonista final, sua derrota durante a fuga de Jack e Lobo do reformatório é um momento satisfatório que demonstra a coragem dos heróis diante da tirania. Por fim, vale mencionar Speedy Parker, o mentor de Jack. Speedy é um velho faz-tudo em nosso mundo, mas seu verdadeiro papel é muito maior do que parece. Ele guia Jack no início, fornecendo instruções enigmáticas e uma poção (o “suco mágico”) para ajudá-lo a acessar os Territórios. No mundo paralelo, Speedy revela-se como Parkus, um pistoleiro sábio que protege a Rainha – uma clara alusão aos gunslingers (pistoleiros) da mitologia de A Torre Negra. Com sua sabedoria serena e habilidades misteriosas, Speedy/Parkus cumpre o arquétipo do mentor na jornada do herói, lembrando figuras como Gandalf ou Obi-Wan Kenobi. Ele aparece nos momentos-chave para orientar Jack, mas também permite que o garoto aprenda com os próprios erros. Apesar de não acompanhar Jack em toda a viagem, a influência de Speedy é sentida até o fim. Seu personagem simboliza a ponte entre os mundos e, de certa forma, entre O Talismã e outras obras de King, dado seu elo com a mitologia mais ampla do autor (como veremos adiante). Temas Centrais Jornada do herói e amadurecimento: A trama de O Talismã segue o modelo clássico da jornada do herói, com Jack percorrendo um longo caminho físico e espiritual para alcançar um objetivo nobre. No início, ele é apenas um menino assustado fugindo de problemas maiores do que ele. Aos poucos, Jack atravessa desafios que testam sua coragem, sua moral e sua perseverança, fazendo-o crescer. Essa jornada é deliberadamente comparada a outras grandes aventuras literárias – em certo momento, Jack assiste a uma adaptação de O Senhor dos Anéis, uma referência explícita que ecoa a missão de carregar um objeto poderoso através de terras perigosas. Há também paralelos com O Mágico de Oz (um jovem deixando sua casa para salvar alguém amado em uma terra estranha) e até com As Aventuras de Huckleberry Finn, já que a amizade na estrada lembra a relação entre Huck e Jim. No entanto, King e Straub também brincam com esses arquétipos. Jack não é um herói perfeito – ele sente medo, pensa em desistir e falha em alguns momentos. Essa imperfeição o torna mais humano. O livro explora a ideia de destino versus escolha: Jack parece predestinado a essa missão, mas é sua determinação pessoal e seus sacrifícios voluntários que o fazem triunfar no final. Em suma, a jornada de Jack é tanto externa (atravessando mundos) quanto interna (tornando-se maduro e corajoso) – um rito de passagem doloroso porém necessário para que ele deixe de ser criança e assuma seu papel de herói. Dualidade entre mundos: Um dos temas mais evidentes é a existência de realidades paralelas e as repercussões disso. Os Territórios e o “Mundo Real” de Jack espelham um ao outro de formas intrigantes. Eventos importantes em um mundo costumam ter reflexos no outro – por exemplo, a doença de Lily está ligada à doença da Rainha Laura, mostrando uma conexão profunda entre as duas dimensões. O conceito dos duplos (twinners) enfatiza essa dualidade: quase cada pessoa tem uma contraparte no universo alternativo, como um reflexo em um espelho mágico. Essa ideia de “espelhos entre os mundos” é explorada não apenas literalmente (com personagens correspondentes), mas também simbolicamente. Jack frequentemente enxerga similaridades e contrastes entre as duas realidades: lugares familiares assumem formas fantásticas nos Territórios, e figuras conhecidas aparecem sob novas faces. Essa dualidade levanta questões sobre identidade – quais características são inerentes a uma pessoa e quais mudam conforme o ambiente? – e também sobre destino, já que o destino de cada mundo está interligado. Além disso, a mecânica de viajar entre universos permite ao livro brincar com quebras de realidade. A física e o tempo funcionam de modo diferente nos Territórios: distâncias enormes podem ser percorridas lá em menos tempo que no nosso mundo, como se o espaço fosse “comprimido” naquela dimensão. Em alguns trechos, Jack experimenta confusão sensorial e temporal ao alternar entre as realidades, o que reforça a sensação de que as leis que conhecemos podem se partir quando os mundos colidem. Essa temática de mundos paralelos e interconectados expande a aventura pessoal de Jack para uma escala cósmica, sugerindo que nosso mundo é apenas um entre muitos – um elemento presente em diversas obras de Stephen King. Amizade e sacrifício: Outro pilar temático de O Talismã é o valor da amizade e os sacrifícios feitos em nome do amor. Jack não conseguiria completar sua missão sozinho – suas alianças com Lobo e Richard são fundamentais. Com Lobo, o livro exibe uma amizade pura e incondicional entre dois seres de origens totalmente diferentes. A lealdade feroz de Lobo salva Jack em inúmeras ocasiões, e finalmente o próprio Lobo dá a vida para garantir que Jack escape do cativeiro. Esse sacrifício é retratado de forma emocional, mostrando o preço alto que o bem muitas vezes precisa pagar para vencer o mal. Já a amizade com Richard ilustra a confiança mútua crescendo mesmo sob estresse extremo; apesar de todo medo, Richard permanece ao lado de Jack quando importa. Stephen King tem uma tendência a destacar grupos de amigos enfrentando juntos forças sombrias (como em It ou Conta Comigo), e aqui não é diferente – a união de Jack com seus companheiros lhe dá forças para continuar quando tudo parece perdido. O tema do sacrifício se manifesta de várias formas: além do sacrifício literal de Lobo, Jack sacrifica sua infância e inocência na busca, arriscando a própria vida repetidamente pelo bem de sua mãe e de um mundo que ele mal conhece. Até personagens secundários como o corajoso jovem Richard superam seus limites pessoais, sacrificando suas certezas e segurança para abraçar a verdade fantástica e ajudar o amigo. Em contrapartida, os vilões do livro representam o egoísmo e a traição – Morgan sacrificou seu amigo (o pai de Jack) por ganância, e Gardener sacrifica a infância de dezenas de meninos para alimentar seu fanatismo. Assim, O Talismã contrapõe atos de amor e altruísmo contra atos de crueldade e egoísmo, enfatizando que a salvação vem da empatia e da disposição de se sacrificar pelos outros. Essa mensagem humanista dá ao romance um coração caloroso em meio às cenas sombrias e fantásticas. Estilo de Escrita O estilo de escrita de O Talismã é marcado pela colaboração única entre Stephen King e Peter Straub. Os dois autores – ambos conhecidos por suas obras de terror – unem forças aqui em uma narrativa de fantasia sombria com toques de horror. Eles escreveram o livro a quatro mãos, revezando capítulos e trechos, e esforçando-se para que a voz do texto fosse coesa. O resultado é uma prosa rica em detalhes, com descrições vívidas tanto dos cenários cotidianos dos EUA dos anos 1980 quanto das paisagens estranhas e medievalescas dos Territórios. A influência de King e Straub pode ser sentida em diferentes aspectos: King traz seu domínio em criar personagens cotidianos e diálogos coloquiais, além de momentos de terror visceral; Straub contribui com um ritmo mais lento e contemplativo, adicionando camadas de misticismo e suspense psicológico. Surpreendentemente, apesar da fama dos autores no terror, o romance possui poucos elementos de terror convencional – há criaturas sobrenaturais (lobisomens, trocas de dimensão), mas elas são tratadas sob a ótica da aventura fantástica, não do susto fácil. Em vez de sustos constantes, a atmosfera é de tensão e maravilhamento, como um conto de fadas macabro voltado ao público moderno. Uma característica notável do texto é a sua extensão e nível de detalhe. Com mais de 700 páginas (na edição original), O Talismã se desenrola em ritmo relativamente lento, dedicando bastante tempo ao desenvolvimento das etapas da jornada. Em certos trechos, especialmente na metade do livro, a narrativa fica mais arrastada – alguns capítulos parecem um desvio prolongado da trama principal, incluindo episódios em que Jack passa um bom tempo em situações que não avançam imediatamente sua missão. A própria estrutura episódica da aventura (Jack enfrentando um obstáculo após o outro) faz com que algumas partes soem como histórias dentro da história, potencialmente cansando quem espera um progresso mais ágil. Por exemplo, a sequência no bar Oatley Tap e no reformatório Casa Sunlight, embora tematicamente relevantes para o amadurecimento de Jack, se estendem por muitos capítulos e apresentam vários personagens secundários. Stephen King é conhecido por povoar seus romances com elencos enormes de coadjuvantes e por vezes divagar em suas histórias pessoais – em O Talismã, isso fica evidente quando até mesmo um caminhoneiro que dá carona a Jack tem sua vida detalhada, apesar de pouco influenciar nos eventos principais. Esse excesso de descrições pode tornar a leitura desafiadora para alguns, dando a sensação de que uma edição mais concisa teria deixado o livro mais enxuto e focado. Por outro lado, essa abundância de detalhes também é responsável por enriquecer o universo ficcional. Os Territórios emergem das páginas como um lugar real, com sua própria geografia, cultura e criaturas, graças às descrições evocativas. Da mesma forma, os cenários norte-americanos percorridos por Jack ganham vida de forma quase cinematográfica – praias de New Hampshire, estradas interestaduais, pequenas cidades e parques de diversão abandonados são descritos com a familiaridade e o carinho que King tem pelo “coração dos EUA”. A linguagem é acessível, repleta de diálogos naturais e toques de humor mesmo em momentos sombrios, o que contribui para um tom direto e envolvente. Não há floreios literários desnecessários; em vez disso, a narrativa foca nas sensações de Jack e no suspense de cada situação. Quando o terror aparece, ele é eficaz – por exemplo, as passagens em que Jack é perseguido ou quando enfrenta criaturas violentas têm um ritmo acelerado e claustrofóbico, lembrando ao leitor que, embora seja uma fantasia, o perigo é real e brutal. Em suma, o estilo de O Talismã combina o épico e o íntimo: é uma narrativa grandiosa de viagem por múltiplos mundos, contada através de uma voz que busca proximidade com o leitor, como uma fábula moderna narrada à beira da fogueira. Essa mistura de tons e a colaboração de dois mestres tornam o livro único em termos de escrita, ainda que sua generosa extensão e detalhismo nem sempre agradem a todos os gostos. Simbologia O Talismã está repleto de símbolos e referências que enriquecem sua interpretação. O próprio objeto que dá título ao livro, o talismã, é mais do que um simples artefato mágico – ele representa a esperança e a salvação não apenas para Lily e a Rainha Laura, mas potencialmente para o equilíbrio entre muitos mundos. No clímax, descobrimos que o talismã é descrito como “o eixo de todos os mundos possíveis”, ou seja, um ponto central que conecta diversas realidades. Esse simbolismo confere ao objeto uma importância quase cósmica: ele não serve apenas para curar uma doença, mas para manter a harmonia do multiverso. Assim, Jack não carrega consigo apenas a cura da mãe, mas também a responsabilidade sobre o destino de universos inteiros, mesmo que ele não compreenda completamente esse peso. O talismã pode ser visto como uma metáfora para aquilo que une pess ...more |
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GAI-JIN, DE JAMES CLAVELL Poder, Identidade e Honra: o Japão e Ocidente em Conflito O Japão de 1862 ainda era um terreno instável, onde o passado feudal se recusava a morrer e o futuro ocidental insistia em nascer. É nesse momento de tensão que Gai-Jin GAI-JIN, DE JAMES CLAVELL Poder, Identidade e Honra: o Japão e Ocidente em Conflito O Japão de 1862 ainda era um terreno instável, onde o passado feudal se recusava a morrer e o futuro ocidental insistia em nascer. É nesse momento de tensão que Gai-Jin, terceiro volume da chamada Saga Asiática de James Clavell, constrói seu drama. A história gira em torno de estrangeiros britânicos tentando se estabelecer no enclave comercial de Yokohama, enfrentando a resistência de uma cultura que os rejeita tanto quanto os tolera. O foco é em Malcolm Struan, jovem herdeiro de uma empresa mercantil que busca afirmar seu poder num território onde ele mal entende as regras. Ao redor dele, outros personagens orbitam, todos tentando encontrar algum equilíbrio entre honra, desejo, ambição e sobrevivência. Clavell monta um elenco numeroso, mas sabe dar a cada um um contorno nítido. Malcolm é ao mesmo tempo impulsivo e preso a uma herança que não escolheu. Angelique, sua amante francesa, é ambiciosa e orgulhosa, sempre um passo à frente de suas próprias emoções. O samurai Toranaga Yoshi domina a cena quando aparece, encarnando a dignidade ameaçada de um Japão prestes a mudar. Ninguém aqui é apenas bom ou mau. Todos carregam contradições. E é nisso que o livro se fortalece. As relações são forjadas no atrito — entre culturas, entre gerações, entre o que se quer e o que se pode. O romance tem tempo para mostrar isso com calma, e as mudanças internas dos personagens não parecem forçadas. A história segue um ritmo lento, mas consistente. Clavell não tem pressa. Ele prefere construir o cenário tijolo por tijolo, como se estivesse desenhando um mapa antes de contar a aventura. A geografia da narrativa é densa: castelos em ruínas, jardins fechados, casas de chá e becos de lama. O contraste entre o mundo interno dos japoneses e o olhar ocidental sobre ele dá o tom da obra. O conflito principal é cultural, e Clavell consegue tratá-lo com uma honestidade que incomoda. O livro não é imparcial — o autor claramente tem empatia pelo Japão — mas não idealiza nem demoniza nenhum dos lados. Há ignorância e arrogância em todos os campos. Os temas principais — poder, identidade, honra — aparecem o tempo todo, quase como personagens. E a maneira como Clavell articula isso nos diálogos, nos costumes descritos e nas pequenas ações cotidianas é o que mais chama atenção. Ele não explica o Japão. Ele mostra. E, ao mostrar, nos obriga a lidar com o estranhamento. O livro fala de colonização sem usar essa palavra. Fala de racismo, de desejo, de medo do outro, sem fazer disso discurso. Isso é mérito de um autor que confia no leitor e na força da situação dramática. O clímax da história, embora inevitável, não é ruidoso. Ele cresce aos poucos, como um nó que aperta. Quando estoura, não é o espetáculo o que importa, mas o que sobra depois. O impacto vem menos do evento em si do que do que ele provoca nos personagens. E aí está a chave: Clavell não escreve para o choque, mas para o peso da consequência. O fim do livro não traz exatamente uma conclusão, mas uma mudança de estado. Quem era estranho talvez nunca se torne parte. Mas também não volta a ser quem era. Ler Gai-Jin exige atenção e paciência. Não é um livro fácil. O número de personagens e a quantidade de detalhes históricos podem cansar. Às vezes, a repetição de certas informações parece desnecessária. Em outros momentos, o olhar masculino de Clavell sobre as personagens femininas soa antiquado. Mas ainda assim, há algo poderoso na forma como ele estrutura o embate entre mundos. O romance é extenso, mas não se perde. Ele exige um tipo de entrega que é recompensada pelo modo como as camadas se revelam aos poucos. Não há pressa, mas também não há enrolação. O autor escreve como quem está tentando entender, e não explicar. A leitura vale a pena por vários motivos. Para quem gosta de romances históricos com densidade, o livro entrega. Para quem se interessa por conflitos culturais sem reduções fáceis, também. E, principalmente, para quem quer ver personagens em choque com o tempo em que vivem. Gai-Jin não é um livro sobre heróis ou vilões. É sobre gente tentando viver entre ruínas, tentando negociar o que pode e o que não pode ser perdido. Clavell não resolve tudo, e isso é o melhor elogio que se pode fazer. Recomendadíssimo! ...more |
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GAI-JIN, DE JAMES CLAVELL Poder, Identidade e Honra: o Japão e Ocidente em Conflito O Japão de 1862 ainda era um terreno instável, onde o passado feudal se recusava a morrer e o futuro ocidental insistia em nascer. É nesse momento de tensão que Gai-Jin GAI-JIN, DE JAMES CLAVELL Poder, Identidade e Honra: o Japão e Ocidente em Conflito O Japão de 1862 ainda era um terreno instável, onde o passado feudal se recusava a morrer e o futuro ocidental insistia em nascer. É nesse momento de tensão que Gai-Jin, terceiro volume da chamada Saga Asiática de James Clavell, constrói seu drama. A história gira em torno de estrangeiros britânicos tentando se estabelecer no enclave comercial de Yokohama, enfrentando a resistência de uma cultura que os rejeita tanto quanto os tolera. O foco é em Malcolm Struan, jovem herdeiro de uma empresa mercantil que busca afirmar seu poder num território onde ele mal entende as regras. Ao redor dele, outros personagens orbitam, todos tentando encontrar algum equilíbrio entre honra, desejo, ambição e sobrevivência. Clavell monta um elenco numeroso, mas sabe dar a cada um um contorno nítido. Malcolm é ao mesmo tempo impulsivo e preso a uma herança que não escolheu. Angelique, sua amante francesa, é ambiciosa e orgulhosa, sempre um passo à frente de suas próprias emoções. O samurai Toranaga Yoshi domina a cena quando aparece, encarnando a dignidade ameaçada de um Japão prestes a mudar. Ninguém aqui é apenas bom ou mau. Todos carregam contradições. E é nisso que o livro se fortalece. As relações são forjadas no atrito — entre culturas, entre gerações, entre o que se quer e o que se pode. O romance tem tempo para mostrar isso com calma, e as mudanças internas dos personagens não parecem forçadas. A história segue um ritmo lento, mas consistente. Clavell não tem pressa. Ele prefere construir o cenário tijolo por tijolo, como se estivesse desenhando um mapa antes de contar a aventura. A geografia da narrativa é densa: castelos em ruínas, jardins fechados, casas de chá e becos de lama. O contraste entre o mundo interno dos japoneses e o olhar ocidental sobre ele dá o tom da obra. O conflito principal é cultural, e Clavell consegue tratá-lo com uma honestidade que incomoda. O livro não é imparcial — o autor claramente tem empatia pelo Japão — mas não idealiza nem demoniza nenhum dos lados. Há ignorância e arrogância em todos os campos. Os temas principais — poder, identidade, honra — aparecem o tempo todo, quase como personagens. E a maneira como Clavell articula isso nos diálogos, nos costumes descritos e nas pequenas ações cotidianas é o que mais chama atenção. Ele não explica o Japão. Ele mostra. E, ao mostrar, nos obriga a lidar com o estranhamento. O livro fala de colonização sem usar essa palavra. Fala de racismo, de desejo, de medo do outro, sem fazer disso discurso. Isso é mérito de um autor que confia no leitor e na força da situação dramática. O clímax da história, embora inevitável, não é ruidoso. Ele cresce aos poucos, como um nó que aperta. Quando estoura, não é o espetáculo o que importa, mas o que sobra depois. O impacto vem menos do evento em si do que do que ele provoca nos personagens. E aí está a chave: Clavell não escreve para o choque, mas para o peso da consequência. O fim do livro não traz exatamente uma conclusão, mas uma mudança de estado. Quem era estranho talvez nunca se torne parte. Mas também não volta a ser quem era. Ler Gai-Jin exige atenção e paciência. Não é um livro fácil. O número de personagens e a quantidade de detalhes históricos podem cansar. Às vezes, a repetição de certas informações parece desnecessária. Em outros momentos, o olhar masculino de Clavell sobre as personagens femininas soa antiquado. Mas ainda assim, há algo poderoso na forma como ele estrutura o embate entre mundos. O romance é extenso, mas não se perde. Ele exige um tipo de entrega que é recompensada pelo modo como as camadas se revelam aos poucos. Não há pressa, mas também não há enrolação. O autor escreve como quem está tentando entender, e não explicar. A leitura vale a pena por vários motivos. Para quem gosta de romances históricos com densidade, o livro entrega. Para quem se interessa por conflitos culturais sem reduções fáceis, também. E, principalmente, para quem quer ver personagens em choque com o tempo em que vivem. Gai-Jin não é um livro sobre heróis ou vilões. É sobre gente tentando viver entre ruínas, tentando negociar o que pode e o que não pode ser perdido. Clavell não resolve tudo, e isso é o melhor elogio que se pode fazer. Recomendadíssimo! ...more |
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KING RAT, DE JAMES CLAVELL A Guerra sem Heroísmo e as Não-Regras da Sobrevivência A história se passa num campo de prisioneiros britânicos em Changi, Cingapura, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas o foco não está nos combates ou nos heróis. Está na s KING RAT, DE JAMES CLAVELL A Guerra sem Heroísmo e as Não-Regras da Sobrevivência A história se passa num campo de prisioneiros britânicos em Changi, Cingapura, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas o foco não está nos combates ou nos heróis. Está na sobrevivência cotidiana, crua, muitas vezes humilhante. O protagonista, um prisioneiro americano conhecido apenas como "o Rei", não comanda batalhões nem carrega armas. Ele negocia. Compra, vende, engana. Enquanto oficiais e soldados britânicos tentam manter sua dignidade dentro da ordem militar, o Rei prospera nas margens dessa ordem, criando um sistema paralelo de poder. A força do romance está nos personagens. Clavell conhece bem o mundo que descreve — ele próprio foi prisioneiro em Changi — e isso dá às figuras do livro uma solidez difícil de ignorar. O Rei, apesar de operar à margem da ética tradicional, nunca é reduzido a vilão. Ele é carismático, prático, ferozmente inteligente. O contraste entre ele e Peter Marlowe, um oficial britânico mais idealista, organiza boa parte da tensão narrativa. Marlowe tenta entender o mundo do Rei, mas se vê dividido entre a admiração e o repúdio. O que Clavell constrói ali não é apenas uma amizade improvável, mas uma conversa sobre poder, lealdade e o que sobra da moral quando tudo o resto foi tirado. A história é direta. Clavell não enfeita. A linguagem é seca, como o ambiente. E isso funciona. O ritmo é constante, sem pressa, mas também sem pausas desnecessárias. A ambientação é sufocante, como deve ser. Lama, calor, doenças, fome, ratos. Tudo está no lugar certo para mostrar que aquele mundo é hostil, mas ainda assim, vivo. O campo de prisioneiros não é só cenário. É um organismo em colapso, onde cada um tenta, à sua maneira, manter alguma forma de controle. O livro lida com temas duros sem melodrama. A moralidade é posta em xeque o tempo todo. Quem é o mais forte? O que significa vencer? Quem é, afinal, o inimigo? Que regras, ou não-regras existem em um campo de prisioneiros de guerra? As respostas não vêm mastigadas. O Rei sobrevive porque entende o jogo, e porque não se prende às ilusões dos que ainda acreditam em regras. Mas Clavell também mostra o custo disso. Ninguém sai ileso, mesmo quem parece ganhar. O clímax é silencioso. Não há explosão, nem gritos. Só uma mudança de clima, quase imperceptível, mas decisiva. E quando ela acontece, percebemos o quanto o mundo dentro do campo estava mais organizado do que parecia. O fim, longe de oferecer catarse, oferece uma espécie de silêncio constrangido. A guerra acaba. Mas o que ela fez com os homens continua lá. Pessoalmente, acho King Rat um dos livros mais honestos de Clavell. Ele não tenta dourar nada. Às vezes, essa secura pode parecer fria demais. Alguns leitores talvez sintam falta de emoção mais visível. Mas o que o romance oferece é mais profundo. É uma observação dura, mas humana. E isso, para mim, vale mais do que qualquer apelo sentimental. A leitura vale pela forma como mostra um microcosmo de poder e sobrevivência sem recorrer a caricaturas. Quem gosta de histórias de guerra, mas está cansado de heroísmo óbvio, vai encontrar aqui algo diferente. King Rat não ensina lições. Ele mostra uma realidade e pergunta o que você faria ali. Nem sempre a vida oferece um inimigo claro. Às vezes, só oferece escolhas ruins. Recomendadíssimo! ...more |
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KING RAT, DE JAMES CLAVELL A Guerra sem Heroísmo e as Não-Regras da Sobrevivência A história se passa num campo de prisioneiros britânicos em Changi, Cingapura, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas o foco não está nos combates ou nos heróis. Está na s KING RAT, DE JAMES CLAVELL A Guerra sem Heroísmo e as Não-Regras da Sobrevivência A história se passa num campo de prisioneiros britânicos em Changi, Cingapura, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas o foco não está nos combates ou nos heróis. Está na sobrevivência cotidiana, crua, muitas vezes humilhante. O protagonista, um prisioneiro americano conhecido apenas como "o Rei", não comanda batalhões nem carrega armas. Ele negocia. Compra, vende, engana. Enquanto oficiais e soldados britânicos tentam manter sua dignidade dentro da ordem militar, o Rei prospera nas margens dessa ordem, criando um sistema paralelo de poder. A força do romance está nos personagens. Clavell conhece bem o mundo que descreve — ele próprio foi prisioneiro em Changi — e isso dá às figuras do livro uma solidez difícil de ignorar. O Rei, apesar de operar à margem da ética tradicional, nunca é reduzido a vilão. Ele é carismático, prático, ferozmente inteligente. O contraste entre ele e Peter Marlowe, um oficial britânico mais idealista, organiza boa parte da tensão narrativa. Marlowe tenta entender o mundo do Rei, mas se vê dividido entre a admiração e o repúdio. O que Clavell constrói ali não é apenas uma amizade improvável, mas uma conversa sobre poder, lealdade e o que sobra da moral quando tudo o resto foi tirado. A história é direta. Clavell não enfeita. A linguagem é seca, como o ambiente. E isso funciona. O ritmo é constante, sem pressa, mas também sem pausas desnecessárias. A ambientação é sufocante, como deve ser. Lama, calor, doenças, fome, ratos. Tudo está no lugar certo para mostrar que aquele mundo é hostil, mas ainda assim, vivo. O campo de prisioneiros não é só cenário. É um organismo em colapso, onde cada um tenta, à sua maneira, manter alguma forma de controle. O livro lida com temas duros sem melodrama. A moralidade é posta em xeque o tempo todo. Quem é o mais forte? O que significa vencer? Quem é, afinal, o inimigo? Que regras, ou não-regras existem em um campo de prisioneiros de guerra? As respostas não vêm mastigadas. O Rei sobrevive porque entende o jogo, e porque não se prende às ilusões dos que ainda acreditam em regras. Mas Clavell também mostra o custo disso. Ninguém sai ileso, mesmo quem parece ganhar. O clímax é silencioso. Não há explosão, nem gritos. Só uma mudança de clima, quase imperceptível, mas decisiva. E quando ela acontece, percebemos o quanto o mundo dentro do campo estava mais organizado do que parecia. O fim, longe de oferecer catarse, oferece uma espécie de silêncio constrangido. A guerra acaba. Mas o que ela fez com os homens continua lá. Pessoalmente, acho King Rat um dos livros mais honestos de Clavell. Ele não tenta dourar nada. Às vezes, essa secura pode parecer fria demais. Alguns leitores talvez sintam falta de emoção mais visível. Mas o que o romance oferece é mais profundo. É uma observação dura, mas humana. E isso, para mim, vale mais do que qualquer apelo sentimental. A leitura vale pela forma como mostra um microcosmo de poder e sobrevivência sem recorrer a caricaturas. Quem gosta de histórias de guerra, mas está cansado de heroísmo óbvio, vai encontrar aqui algo diferente. King Rat não ensina lições. Ele mostra uma realidade e pergunta o que você faria ali. Nem sempre a vida oferece um inimigo claro. Às vezes, só oferece escolhas ruins. Recomendadíssimo! ...more |
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WHIRLWIND, por James Clavell | Um retrato implacável do caos e das escolhas na Revolução Iraniana | NITROLEITURAS #resenha Whirlwind, de James Clavell, se passa no Irã em 1979, nos meses que antecedem e seguem a Revolução Islâmica. A história acompanh WHIRLWIND, por James Clavell | Um retrato implacável do caos e das escolhas na Revolução Iraniana | NITROLEITURAS #resenha Whirlwind, de James Clavell, se passa no Irã em 1979, nos meses que antecedem e seguem a Revolução Islâmica. A história acompanha uma companhia de helicópteros estrangeira e as pessoas que trabalham para ela. Pilotos, executivos, mecânicos e familiares lutam para sobreviver ao colapso político e à hostilidade crescente contra ocidentais. Enquanto o regime do xá cai e o aiatolá Khomeini assume o poder, cada personagem precisa decidir se foge, negocia ou resiste. O contexto histórico é central para o enredo. A revolução não foi apenas uma troca de líderes. Foi uma mudança total na vida cotidiana, marcada por greves, protestos e violência nas ruas. Empresas estrangeiras perderam contratos, cidadãos comuns enfrentaram perseguição e o medo tornou-se constante. Clavell mostra esse ambiente com realismo. Ele descreve checkpoints armados, reuniões tensas e a sensação de que qualquer decisão errada pode levar à prisão ou morte. A estrutura do livro é ampla e fragmentada. Clavell alterna dezenas de pontos de vista, criando um mosaico de histórias interligadas. Isso dá uma visão completa do caos, mas também dispersa a atenção. Muitas vezes, o leitor sai de uma cena de alta tensão para outra que não parece ter relação imediata. O ritmo oscila entre ação intensa, como resgates aéreos em zonas perigosas, e trechos longos com descrições técnicas sobre manutenção de helicópteros. Essas partes mais lentas podem cansar quem espera um fluxo constante de suspense. Os personagens mais marcantes incluem Andrew Gavallan, o chefe pragmático que mede cada decisão em termos de risco e custo. Leslie Merrick, um piloto experiente dividido entre o dever e a autopreservação. E O’Flynn, o oportunista que se adapta rápido a qualquer cenário. Há também iranianos que ajudam ou atrapalham, desde militares corruptos até revolucionários ideológicos. Alguns são tridimensionais e mostram dilemas reais, outros funcionam mais como peças de enredo. O livro acerta no retrato histórico detalhado e na tensão constante. Os diálogos são claros e objetivos, revelando tanto informação quanto caráter. Mas há pontos fracos evidentes. O excesso de personagens prejudica o vínculo emocional. O foco frequente em logística e procedimentos técnicos tira espaço do drama humano. E a falta de um protagonista central enfraquece o impacto do final, que se resolve mais como uma retirada inevitável do que como uma vitória ou derrota clara. Comparado a outros livros da “Saga Asiática”, Whirlwind se diferencia pelo tom menos centrado em um herói e mais preocupado com a visão panorâmica. Isso o torna valioso como documento ficcional de um período histórico, mas menos envolvente para quem busca uma trajetória pessoal forte como em Shōgun. A ambientação funciona como antagonista coletiva: não há um inimigo único, mas um conjunto de forças históricas que tornam impossível “vencer” no sentido tradicional. Para escritores, o livro oferece lições úteis. É possível trabalhar múltiplos pontos de vista sem perder coerência, mas isso exige controle rigoroso de ritmo e importância de cada núcleo. O contexto histórico deve surgir na ação, não em blocos expositivos longos. E, mesmo em um enredo amplo, alguns personagens precisam ter arcos claros para servir de âncoras emocionais. Detalhes técnicos podem dar realismo, mas não devem ofuscar o que move o leitor: as pessoas. Whirlwind é extenso, denso e exige atenção. Quem busca uma narrativa rápida provavelmente vai se frustrar. Mas para quem aprecia tramas históricas complexas, carregadas de política e tensões culturais, é uma leitura recompensadora. Clavell oferece um retrato vívido de um momento em que um país inteiro mudou de rumo, levando junto as esperanças e planos de todos que viviam nele. CLAVELL, James. Whirlwind. Unabridged ed. New York: Blackstone, 2019 (1ed 1986), 1185 páginas | Lido de 20/07/25 a 12/08/26 Amazon: https://www.amazon.com.br/Whirlwind-J... Escrito por Newton Nitro 13/08/25 prof.newtonrocha@gmail.com https://linktr.ee/newtonnitro SERVIÇOS DE LEITURA CRÍTICA, ANÁLISE GERAL DE TEXTO, REVISÃO, TRADUÇÃO PARA INGLÊS Entre em contato para serviços de revisão, leitura crítica, análise de texto e tradução para inglês! ...more |
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Newton Nitro
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Aliens – A Novelização Oficial A novelização de Aliens (1986), escrita por Alan Dean Foster, oferece uma experiência familiar para os fãs do filme clássico de James Cameron, mas com diversas expansões e modificações sutis que enriquecem a história. Co Aliens – A Novelização Oficial A novelização de Aliens (1986), escrita por Alan Dean Foster, oferece uma experiência familiar para os fãs do filme clássico de James Cameron, mas com diversas expansões e modificações sutis que enriquecem a história. Como muitas novelizações, ela foi baseada no roteiro original – incluindo cenas que acabaram cortadas da versão cinematográfica. Por isso, o livro funciona quase como uma “edição estendida” de Aliens: logo de cara, temos a sequência inicial em Hadley’s Hope (a colônia em LV-426) antes da infestação xenomorfa, mostrando a vida dos colonos e, em especial, a família da pequena Newt. Essa cena, que só apareceu no Special Edition do filme anos depois, aqui está integrada, dando um contexto mais amplo ao desastre que levou ao sumiço dos colonos. Ficamos sabendo, por exemplo, da expedição dos pais de Newt até a nave alienígena abandonada – o que culmina em eles trazerem um abraçador de rosto para dentro da colônia, desencadeando a infestação. No livro, essa antecipação dos eventos torna ainda mais palpável a tragédia e faz com que, quando Ripley e os fuzileiros chegam ao planeta, o leitor já tenha uma noção do horror que se abateu ali. Outra expansão interessante está nos detalhes tecnológicos e de cenário. Foster descreve com mais profundidade a atmosfera inóspita de LV-426 – frio extremo, ventos cortantes – o que leva personagens humanos a usarem trajes ambientais em certas cenas, algo pouco destacado no filme. As armas e equipamentos dos fuzileiros também ganham nuances: há menção de armaduras mais avançadas, quase como power armor, lembrando as descrições de Tropas Estelares. No cinema isso não é visível, mas no livro sim. Essas adições dão um tempero de ficção científica literária maior à trama. Uma das vantagens claras da novelização é permitir acesso aos pensamentos e ao passado dos personagens, aprofundando-os além do que o ritmo frenético do filme permitiu. A protagonista Ellen Ripley, por exemplo, tem um arco emocional mais detalhado. No livro acompanhamos melhor seu trauma após os eventos do primeiro Alien – sonhos ruins, ansiedade, a dor de descobrir que sua filha morreu de velhice enquanto ela derivava no espaço. Foster consegue transmitir a solidão e a determinação de Ripley de uma forma muito íntima. Sua relação maternal com Newt é construída gradualmente em trechos introspectivos, o que torna ainda mais tocante a ligação das duas (algo que no filme já era forte, mas aqui ganha reflexões internas de Ripley sobre a perda da filha e como Newt preenche esse vazio emocional). Os fuzileiros coloniais também se beneficiam. No filme, temos personalidades marcantes (Hicks, Hudson, Vasquez, etc.), mas a novela nos deixa “ouvir” seus pensamentos e entender melhor suas reações. Um exemplo bacana: o soldado Hudson, alívio cômico no cinema com suas bravatas seguidas de pânico, no livro ganha um momento em que ele reflete sobre seu próprio medo e tenta compensá-lo com humor – essa camada dá mais humanidade a ele. O androide Bishop, por sua vez, tem trechos descrevendo sua curiosidade quase infantil sobre o comportamento humano e também explicando suas diretivas. Sabemos que ele fica acordado durante a viagem enquanto os humanos estão em hibernação, cuidando da nave, algo apenas sugerido no filme. Pequenos detalhes como esse aproximam o leitor dos personagens. Além disso, a novela traz personagens coadjuvantes que no filme mal aparecem, como os colonos de Hadley’s Hope. Passagens do ponto de vista do administrador da colônia durante o caos da infestação, ou de Newt se escondendo sozinha após perder tudo, adicionam novas perspectivas. Especialmente emocionante é vivenciar o terror de Newt quando ela era apenas uma menininha de seis anos (no livro, Newt tem 6 anos, mais nova que no filme, onde aparenta uns 10, o que torna suas façanhas de sobrevivência ainda mais impressionantes). Foster manteve o tom tenso de ação e horror do filme, porém a narrativa escrita permite um ritmo levemente diferente – por vezes mais contemplativo entre as set-pieces de ação. O leitor pode sentir um suspense maior em certas cenas, já que o autor prolonga descrições ou apresenta a cena pelos olhos de um personagem aterrorizado. Por exemplo, o confronto inicial com os xenomorfos na colmeia tem algumas mudanças: no livro, a cena das torres automáticas (sentry guns) está presente – aqueles robôs metralhadores automáticos que disparam nos túneis, que no filme só aparecem na edição especial. Isso cria uma tensão extra enquanto a munição acaba e os personagens monitoram o avanço implacável dos aliens. Quando enfim ocorre o embate na sala da colmeia, Foster descreve os detalhes de forma ligeiramente diversa: alguns fuzileiros morrem de outra maneira (Crowe, por exemplo, não morre instantaneamente numa explosão como no filme, mas é arrastado vivo pelos aliens para ser hospedeiro, o que é ainda mais aterrador). Aliás, os xenomorfos no livro têm uma habilidade adicional – eles podem ferroar com a cauda e paralisar suas vítimas, uma pequena adaptação criativa que Foster introduziu. Isso explica de forma diferente como alguns soldados ficam imobilizados, e é uma ideia inspirada em insetos que não aparece no filme. Outro detalhe curioso: a icônica máquina Power Loader que Ripley usa no final para enfrentar a rainha alien tem um design diferente na novelização – em vez de um exoesqueleto humanoide bípede, Foster a descreve como uma espécie de veículo quadrúpede parecido com um “elefante mecânico”. É uma imagem bem distinta e nos faz imaginar como seria aquela batalha final com Ripley pilotando uma máquina de quatro patas! Provavelmente derivado de algum conceito inicial, isso mostra como a novelização às vezes preserva ideias descartadas na produção do filme. A cena final, aliás, tem diferenças marcantes: na versão escrita, o confronto no hangar da nave Sulaco é mais prolongado e dramático. A Rainha Alien chega a destruir completamente o Power Loader de Ripley, despedaçando a máquina – deixando Ripley vulnerável. Há um momento de desespero em que Ripley, encurralada com Newt, considera até pular do hangar para uma morte rápida em vez de serem capturadas pela criatura. A resolução também diverge um pouco: a Rainha acaba sendo lançada ao espaço, porém Foster descreve que, em vez de simplesmente flutuar pelo vácuo, ela é puxada pela gravidade de LV-426 e cai de volta no planeta. Esses desfechos alternativos dão ao leitor veterano do filme pequenas surpresas – mesmo sabendo em linhas gerais como a história termina, os detalhes novos mantêm a atenção e a sensação de perigo. No geral, o tom da narrativa escrita é respeitoso ao original: muita ação acelerada, diálogos fiéis (você consegue “ouvir” as falas icônicas dos atores ao lê-las), mas também um pouco mais de explicações aqui e ali. A escrita de Alan Dean Foster é direta e visual, facilitando a imaginação das cenas – ele não floreia demais, o que combina com o estilo militar e tenso de Aliens. Há, talvez, um ligeiro aumento na sensação de horror psicológico, porque podemos acompanhar o medo dos personagens por dentro. Quando Ripley desce sozinha para resgatar Newt no ninho da Rainha, no livro sentimos o coração dela acelerado, lembranças da filha falecida passando pela mente, a adrenalina pura sustentando-a – elementos internos que reforçam a coragem extraordinária daquela ação. A novelização de Aliens expande o universo do filme de maneira satisfatória: preenche lacunas, adiciona contexto histórico e científico e aprofunda relações. Foster consegue manter o clima de terror e ação, ao mesmo tempo em que nos dá um pouco mais de cada personagem. Para fãs do filme, é um complemento delicioso – quase como ver um “director’s cut” em forma literária. Para quem nunca viu o filme, a novela se sustenta como uma aventura sci-fi de ritmo eletrizante. ...more |
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