Paola Giometti's Blog
September 27, 2022
A Senhora da Tundra está na lista dos melhores livros de Mitologia e Ficção na Amazon
O livro de fantasia nórdica A Senhora da Tundra tem ocupado ótimos rankings na Amazon e se mantido entre os 100 livros mais procurados e vendidos na categoria Mitologia Literatura e Ficção, chegando a ocupar também os 100 primeiros nas categorias Livros de História e Crítica dos Gêneros Literários e Fantasias Sombrias Literatura e Ficção.
Clique na imagem para adquirir o livro na AmazonSinopse: Quando a longa noite polar estendia seu manto de escuridão sobre o mundo, os nórdicos sabiam que seriam caçados, pois os draugar estavam vindo. Esses seres malditos, que comiam carne de mundanos. Eles, que já foram humanos e deveriam estar sob a terra, mas na morte se entregaram a Grafvölludr-Gulon, a serpente devoradora de homens que lhes deu uma nova existência. Jarnsaxa é uma bastarda do rei Drakkar, que comanda todos os draugar. Atormentada por uma revelação do passado que envolve o seu rei, a Ursa da Tundra – como é conhecida – se torna uma desertora e inicia uma busca por vilarejos, montanhas e santuários à procura de um homem que dizem ser um enviado das Nornas e de Odin e que poderá matar Drakkar. A Senhora da Tundra se passa em um período obscuro da Era Viking, quando os escandinavos acreditavam que os deuses os haviam abandonado. A história é um convite para o leitor adentrar no folclore, na mitologia e na magia nórdicos, percorrendo cenários fantásticos e um enredo épico, repleto de cenas de batalha e personagens memoráveis.
July 25, 2022
Os povos nórdicos mais antigos deixaram seus rastros
As esculturas rupestres podem nos contar muito sobre o passado, sobre o que os anigos povos consideravam importante retratar. Neste artigo vou comentar sobre as imagens escavadas pelos povos antigos que viveram em Jiepmaluoka (ou Hjemmeluft) localizada em Alta, no extremo norte da Noruega. O quartzo é uma rocha tão dura que era possível usá-lo para escavar outras rochas e formar imagens de renas, barcos, peixes, alces, ursos e indivíduos de um clã. Estou falando de esculturas feitas há 3700 anos, sendo que algumas são descritas terem sido feitas há mais de 5700 a.C.
Esculturas rupestres do museu de AltaSegundo Arved Sveen em seu livro “Rock Carvins”, Ao longo de toda costa de Finnmark, ou seja, todo o extremo norte da Noruega acima de Tromsø. Durante a Idade da Pedra as pessoas costumavam caçar, pescar e colher vegetais para a sua subsistência. É sabido que estes grupos sociais se tornaram organizados em vários sentidos, tanto religiosos, econômicos e culturais e isso também iria depender se este clã tendia a se mover mais pela costa, como um grupo nômade, ou se preferiam se estabelecer em algum lugar e a defender esta área.
Existe um desacordo entre o povo sámi quando discutem entre si a sua origem. Muitos sámi acreditam que estes poderiam ter sido os seus ancestrais, já que as esculturas rupestres retratam de modo similar inúmeras figuras como as dos xamãs tocando seus tambores, as renas, os ursos etc. Mas há uma parcela sámi que se considera cristã e que não gosta de ser associada a este povo antigo, já que costumam defender que suas origens estão relacionadas com a cristianizacão dos povos nórdicos, portanto, depois de Cristo.
Imagem do livro Rock Carvings de Arvid Sveen (pág 17) onde compara as esculturas rupestres dos povos antigos de Alta e as representações criadas por sámis em um tambor mágico e que fora confiscado por missionários do ´sec 18.É curioso afirmar, inclusive, que Alta é uma das cidades mais habitadas pelo grupo sámi e este povo é o único que possui o direito de criar renas, pois faz parte de uma tradicão cultural.
Representações conservadas no museu de Alta onde mostram possivelmente as renas sendo caçadas em uma emboscada, ou criadas em uma cerca. Alta Museum.Tive a oportunidade de estar no museu de Alta e é impressionante a quantidade de imagens que os povos antigos deixaram e que hoje podem ser vistas e apreciadas. Durante minhas observações, percebi que o alce fêmea acompanhada de seu filhote é um dos emblemas que costumam aparecer na composição escavada, e não encontrei nenhum alce sendo caçado (mas sim ursos e renas).
Alces prenhes. Não cheguei a ver machos representados, e acredito que as fêmeas pudessem ter uma grande significância religiosa. Alta Museum.É possível que o alce tivesse uma importância religiosa para o povo que viveu na região de Jiepmaluokta, uma vez que também retrataram uma pessoa saindo de dentro da barriga de um alce fêmea, além de não terem sido encontrados vestígios de ossadas de alce consumidas por estes povos (o que também é comentado no livro de Sveen).
Um urso com seu filhote. Alta Museum.Lá também havia uma representação esculpida de uma caça ao urso fêmea e seu filhote, durante a estação do inverno, pois até mesmo a toca e as pegadas foram escavadas na ilustração. Representações de cerimônias religiosas também estão presentes, pois é possível ver certos “movimentos” entre as imagens, como mãos dadas, círculos onde envolvem “objetos” que lembram galhos e ligam as pessoas entre si, tambores, martelos, roupas xamânicas com máscaras de ossos e práticas ritualísticas que envolviam também a participacão dos animais.
Seria uma possível danca? Alta Museum.
Inúmeros barcos foram retratados com a cabeça de um alce na proa. Não se sabe ao certo que tipo de objeto está representado nas mãos do indivíduo à direita. Alta Museum.Uma das coisas mais curiosas das esculturas rupestres em Alta são as dezenas de representações às renas, com padrões escavados diferentes, marcações que as caracterizam individualmente. Questiona-se se esta era uma maneira de diferenciarem as renas umas das outras por seus padrões de cores, ou se estas eram marcas que podiam representar o clã.
O significado das diversas representações às renas e seus padrões ainda hoje deixam historiadores intrigados. Alta Museum.Creio que a melhor parte disso tudo é poder caminhar por entre estas rochas e tentar imaginar que os ancestrais nórdicos pisaram aqui antes de nós, antes mesmo dos famosos exploradores vikings. Que eles também sentiram o vento forte ali bater, sentiram o cheiro da terra e da vegetação, comeram ali olhando para o mar e cantaram suas celebrações. Esta é a parte mais divertida da história.
May 6, 2022
Segredos dos Curandeiros Nórdicos
Habilidades curandeiras do povo sámi nos dias atuais
Estudos realizados no norte da Noruega mostraram que não é incomum que as pessoas procurem por ajuda dos curandeiros espirituais por pelo menos uma vez na vida. Eles acreditam no talento natural para estas habilidades de cura, e que podem ser passadas de geração a geração. E segundo uma das curandeiras entrevistadas no trabalho de Langås-Larsen et al. (2018), um curandeiro precisa “enxergar” as pessoas e ser capaz de ler versos de cura, como se fosse uma fórmula mágica, e ao mesmo tempo ter muita empatia e compaixão por quem está doente.
Um curandeiro afirmou que quando deita suas mãos sobre uma pessoa doente, ele sente suas mãos brilharem e serem capazes de criar um canal de cura. Na cultura Sámi, habilidades especiais conectadas com clarividência são capazes de conferir poderes de ver o futuro e receber avisos para evitar tragédias, além de também poderem interpretar sonhos.
Tambores que xamãs sámi utilizam também em curandeirismoEles também acreditam que este poder pode ser passado de geração à geração, mas que não são todos na família que desenvolvem esta capacidade, principalmente quando seus antecessores ficam velhos e adoecem.
A capacidade de “ler” um doente permite muitas vezes, segundo os curandeiros sámi, são capazes de curar dores localizadas, coceiras e até mesmo controlar doencas como as de coração e câncer. Estes versos são mantidos em segredo pelo curandeiro e não é comumente compartilhado. Alguns, sob influência cristã, utilizam frases bíblicas, mas que são mantidas em segredo, outros possuem as suas fórmulas verbais mantidas por gerações. Mas uma coisa em comum que costumam fazer é utilizar o nome, data de nascimento e a diagnose do paciente, às vezes o nome do hospital onde o paciente está internado.
Facas SámiQuanto aos pacientes com câncer, geralmente os curandeiros descrevem serem capazes de diminuir as condições que os efeitos adversos causam nos pacientes após o tratamento do qual se submetem. Podem usar uma faca como um artefato capaz de remover as más energias de diversas formas diferentes, sendo que alguns fazem o sinal da cruz três vezes sobre a área afetada pela doença. Outros usam Fogo, Água ou Terra em seus rituais de cura. Em um dos processos de cura deve-se recolher um pouco de musgo que cresce num pântano de onde não se pode ver o mar. Também usam pedras, materiais orgânicos como lã e batatas.
Um exemplo é como um dos curandeiros nórdicos descreveu o processo de cura de verrugas através do uso da lã e da terra. O paciente deve levar um fio de lã e um pouco de terra ao curandeiro, que irá falar sua fórmula enquanto amarra a lã a passando sobre a verruga. A seguir, o curandeiro adiciona a terra sobre a verruga, e então o restante da terra e o fio de lã devem ser levados para onde aquele monte de terra foi colhido. Então lá ele se desintegrará e a verruga também.
Casas SámiEm casos em que o paciente necessita de uma cura interna, os curandeiros geralmente usam água. Lêem sobre ela os versos que lhes confere poder e a seguir entrega ao paciente em uma garrafa para que ela seja bebida 3x ao dia, funcionando como se o curandeiro lesse os versos de poder durante várias vezes ao dia.
Se as pessoas apresentam erupções cutâneas causadas pela terra, geralmente usam terra ou algo que provém da terra para a cura. Se foram injuriados por pedra, os curandeiros usam pedra, pedindo que ela ajude o paciente e a seguir a devolve para o mesmo local de onde o elemento foi removido.
Nergård (2006) encontrou em sua pesquisa que muitos curandeiros interpretam a cura através dos fenômenos cristãos, mas os Sámi também acreditam no fenômeno proveniente das forcas Sámi onde guardiões fazem o trabalho de cura.
O Laestadianismo, movimento cristão que leva o nome do padre sueco Lars Levi Laestadius (1800-1861), foi uma das razões para se conservar a língua e cultura Sámi, já que Lars era descendente deste povo, conhecia sua linguagem, cultura e forma de viver. E este movimento foi rapidamente espalhado pelo povo Sámi, principalmente pelos pastores de rena Sámi (Kristiansen, 2005; Andersen, 2007; Evjen & Hansen, 2008).
Referência principal: Langås-Larsen et al., The prayer circles in the air: a qualitative study about traditional healer profiles and practice in Northern Norway.
May 5, 2022
Conheça um pouco sobre os Sámi contemporâneos
Vocês sabem o quanto eu gosto de ler sobre a cultura Sámi e trazer ela para meus livros. Tive a oportunidade de fazer algumas perguntas a Aina Ravna, uma Sámi que mora aqui em Tromsø. Ela é cientista da área da farmacologia e trabalha perto de mim. Eu queria poder saber um pouco mais da cultura contemporânea desse povo considerado nativo na Escandinávia e que no passado sofreu muito com o preconceito religioso e social e ainda vem superando barreiras como por exemplo, serem reconhecidos como o povo nativo mais antigo da Noruega. Aina também defende o direito do povo Sámi ativamente.
Selecionei algumas perguntas para fazer à Aina. Eu poderia ter feito inúmeras perguntas, mas não quis exagerar nesta primeira entrevista. Então vamos lá:

Paola: Aina, você se considera norueguesa, Sámi ou ambos?
Aina: Eu me considero Sámi.
Paola: Quanto ao folclore Sámi, cite 3 personagens que você acredita serem os mais difundidos na sua cultura nos dias de hoje.
Aina: Os três personagens mais difundidos e citados são Bieggolmai (o deus do clima), Beavvi (o deus Sol) e Ulda/Huldra (a senhora do submundo, das pessoas subterrâneas, ou seja, que vivem abaixo do solo. Eles estão vivos, não mortos. A Uldra é muito bonita e atrai jovens para que fiquem presos nas montanhas.
Paola: Com que frequência você vai aos rituais Sámi? Você poderia descrever um pouco deles para nós?
Aina: Faço rituais em casa e na natureza, principalmente realizando oferendas. Eu ofereço moedas (de preferência moedas de cobre) para pessoas subterrâneas e comida para a natureza (animais, deuses e para as pessoas subterrâneas).
Paola: Se uma pessoa quer aderir à religião Sámi o que precisa fazer? Tem que casar com um Sámi ou isso não é possível?
Aina: A religião Sámi não é uma religião formal, não há igreja ou sociedade religiosa. Hoje temos apenas fragmentos desta religião. Foi proibido acredito que no século 17 praticar a nossa crença, mas hoje é legal. Qualquer um pode praticar a religião Sámi, se desejar. Você pode se juntar à Shaman Society e aprender técnicas lá, mas a prática deles é tanto voltada para a prática Sámi quanto ao xamanismo nórdico.
Paola: Quais divindades os Sámi de hoje mais citam? Praticam rituais com resquícios de práticas católicas?
Aina: A maioria dos Sámi hoje são cristãos/luteranos. Eles foram mais ou menos forçados a se tornarem cristãos. Não sei se existem rituais da igreja católica envolvidas nas práticas sámi atuais.
Paola: Como os ancestrais são vistos pelo povo Sámi? Você poderia falar um pouco sobre a crença do espírito?
Aina: Os ancestrais são importantes na cultura Sámi e estar relacionado a eles também é muito importante. As pessoas Sámi são muito espiritualizadas e também acreditamos na presença de espíritos e fantasmas de nossos ancestrais.
Paola: Como você divide seu tempo como cientista farmacêutica e a religião Sami? Os Sámi se encontram frequentemente para realizar seus ritos?
Aina: Minha prática religiosa está integrada em minha vida. Mas a medicina ocidental e a medicina Sámi são bem diferentes uma da outra. Os Sámi se encontram frequentemente para conversar em voz baixa sobre o que o deus do tempo está fazendo. São discretos.

Paola: Existe algum conceito de maldição ou Mal para o povo Sámi? Você poderia distinguir para nós?
Ravna: Sámis são bem conhecidos por lançar feitiços malignos, mas isso é algo sobre o qual não falamos. Mas você pode olhar assim: se alguém te machuca, você pode devolver o mal para a pessoa que te machucou.
Paola: Você poderia descrever em poucas palavras como os Sámi veem a rena, o lobo, o urso, a aurora boreal, sol, lua, alce.
Aina:
a) rena: considerada trazer boa sorte.
b) lobo: o lobo pode ser um espírito auxiliar, ou o xamã pode se transformar em lobo.
c) urso: é muito sagrado para meu povo.
d) aurora boreal: Deve ser respeitada. Se você assobiar para ela ou acenar com algo branco para ela, a aurora pode descer e capturar você.
e) sol: o sol é sagrado para os Sámi.
f) lua: o ciclo da lua é muito importante. Certas coisas só podem ser feitas em uma lua crescente.
g) alce: O alce provavelmente é sagrado, mas acho que nunca ouvi falar sobre a importância dele para os Sámi, pois há coisas que se perderam no passado. Os Sámi não tinham uma linguagem escrita, e por isso muito conhecimento se perdeu.
Em breve trago mais curiosidades sobre o povo Sámi por aqui em meu site.
April 27, 2022
Religião Sami e seus atuais curandeiros nórdicos
A medicina do norte da Noruega é influenciado pela medicina popular oriunda do entendimento sámi pela natureza. Antes da era Cristã o curandeiro sámi, denominado noaidi, era contactado como clarividente, conselheiro, sendo capaz de controlar as forcas que poderiam tanto prejudicar, quanto ajudar alguém.

Ao longo do processo de cristianização do povo sámi, as crianças logo passavam a não mais praticar o samisk (a língua sámi), e bem como tirá-las do ambiente que pudesse fazê-las se ligar à sua origem cultural. O resultado disso foi que muitos sámis passaram a ter vergonha de sua própria origem e passaram a ignorá-la, ou simplesmente esquecê-la. Por conta disso, muitos apenas passaram a praticar a cura de modo privado.
Os sámis passaram a revogar seus direitos e hoje são por muitos considerados “os primeiros” escandinavos a viverem por estas terras, e sendo assim, possuindo tantos direitos quanto os que se consideram apenas noruegueses. E assim os sámi ganharam espaço desde então, com escolas próprias onde ajudam a resgatar as tradições nas crianças e as ensinando o samisk, lendas e hábitos.

Os curandeiros podem ser chamados de readers, blowers ou curers (guvhllàr em Sami). Reading é um ritual onde o curandeiro reza fazendo uso de trechos bíblicos para que haja o alívio dos sintomas do doente. Blowing é um ritual onde o curandeiro sopra três vezes após ter lido uma oracão. No entanto, por mais que para alguns as palavras bíblicas podem ser voltadas à forca de um Deus, às vezes estas oracões são ditas para uma forca que eles não definem.
De acordo com a literatura, os curandeiros herdam estas capacidades além da clarividência e um poder da qual denominam mãos quentes.
Muitos samis possuem em suas famílias indivíduos com dons de cura, sendo descritos também como capazes de rezar e fazer um sangramento parar. Mas outros tipos de rituais podem ser considerados segredos de família. Pesquisadores mostraram que muitos sámi curandeiros procedentes de Finnmark e Troms, norte da noruega, onde a pratica está relacionada ao cristianismo. Entretanto, jovens curandeiros usam uma prática mista de medicina holística em seus ritos.
Um outro estudo realizado em Porsanger, mostrou que os curandeiros tradicionais desta área explicavam o processo de cura através de um poder superior. No entanto, muitos dos chamados tradicionais curandeiros possuem a influência cristã em seus métodos de cura fazendo uso da Bíblia e é um conhecimento restrito a poucos.
Conclusão: A religião sami mudou muito ao longo dos anos, e adaptações foram feitas, influenciadas pela imposicão do cristianismo e de modo que os métodos primordiais acabaram se diluíndo em seus ritos, e que talvez só seja possível ser encontrado estudando a história da evolução da religião sámi.
April 22, 2022
Mais Vendidos da Amazon
Que escritora não fica feliz em ver sua obra no TOP 100 dos livros mais vendidos na Amazon? Hoje eu fui dar uma olhada nos rankings e todos os meus livros publicados pela Elo Editora estavam lá. De 100 livros consumidos no ramo escolar, recreativo e educacional, 5 estão nesta lista!
Confira abaixo os Rankings!
#30 O Código das Águias
#44 O Chamado dos Bisões
#46 O Destino do Lobo
#54 Noite ao Amanhecer
#55 Symbiosa e a Ameaça no Ártico





Isso é resultado de muita luta onde as pessoas acreditam na minha literatura. Muito obrigada!!
April 13, 2022
La Señora de la Tundra está no topo da lista do Casa del Libro
La Señora de la Tundra está no topo da lista dos livros de fantasia que mais foram opinados e valorizados neste último mês.
– Casa del Libro

La Señora de la Tundra está no topo da lista dos livros mais opinados do último mês!

La Señora de la Tundra também está no topo da lista dos livros mais valorizados do mês!
La señora de la Tundra se passa em um período obscuro da era viking, onde os escandinavos creem que os deuses os abandonaram. Jarnsaxa é uma draugr, bastarda do rei Drakkar, e caminha junto a seus draugar de armas. Nenhum lugar está seguro durante o inverno polar, já que um draugr caca na escuridão. Atormentada por uma revelação do passado que implica a seu rei, Jarnsaxa se converte em uma desertora que se esconde entre povos, montanhas e santuários em busca de um homem que dizem ser um enviado das Nornas e Odín, e que pode matar Drakkar. O material aporta um tratamento interessante a época viking através do folclore, da mitologia e a magia nórdica mediante a experiência, impressões e estudos da autora, que vive em um vilarejo no extremo norte de Noruega.
Para adquirir o ebook em espanhol: https://www.casadellibro.com/ebook-la-senora-de-la-tundra-ebook/9788419009708/12879790
Como descobrir os Landvættir de onde você vive
Pare por um momento e identifique a terra abaixo de você. Ela é sua amiga, sustenta a sua vida, dela você veio e para ela voltará. Respire fundo três vezes e cante a vogal O até que consiga sentir fortemente essa conexão amiga, um abraço da terra que te faca sentir como se estivesse sendo recebido por uma mãe protetora ou pai. Agradeça por ela estar ali com você.
Pare por um momento e identifique a água além de você. Ela é sua amiga, sustenta a sua vida, dela você veio e para ela voltará. Respire fundo três vezes e cante a vogal I até que consiga sentir fortemente essa conexão amiga, um abraço das águas que te faz sentir como se estivesse sendo recebido por uma mãe protetora ou pai. Agradeça por ela estar ali com você.

Pare por um momento e identifique o céu sobre você. Ele é seu amigo, permite levar os ventos e o ar, sustenta a sua vida, do universo acima tudo veio, dele você sempre precisou e sob ele sempre estará. Respire fundo três vezes e cante a vogal U até que consiga sentir fortemente essa conexão amiga, um abraço do céu que te faz sentir como se estivesse sendo recebido por uma mãe protetora ou pai. Agradeça por ele estar ali com você.
Sentindo-se conectado aos três, tente ver a sua casa de cima, como se você pudesse flutuar e ver tudo a sua volta. Repare nas árvores ao redor de sua casa, perceba para onde você primeiramente é chamado a explorar. Você será levado a ver algo mais de perto, alguma coisa que na natureza já havia chamado sua atenção anteriormente. Ou algo que na natureza você s\o perceberá agora. Em um lance você verá o Landvættir e quando fizer isso tente focá-lo, tente manter os olhos fechados e ver suas formas e perguntar o seu nome. Pode ser que o nome se apresente por intuição, pode ser que você subtenda seu nome de acordo com o nome do local onde ele é encontrado, ou você pode oferecer a ele um nome que permita que sinta ele mais próximo a você, como um apelido de um amigo.

Agradeça por ele ter se mostrado e por estar ali com você, por ter revelado a sua forma da melhor maneira que você o entenda. Despeça-se dele e procure despertar da conexão, indo fazer suas tarefas diárias normalmente, mas sabendo que a ponte foi criada. Coma uma fruta e leve até o local do Landvættir, enterrando um pedaço para ele (você pode fazer o mesmo processo acima antes de dar a ele a fruta). Se estiver na água, deixe nas águas em processo meditativo, com a mente focada àquele propósito.
Não esqueça de anotar em um caderno a sua experiência com este e outros Landvættir que encontrará fazendo este processo de conexão. Oferecer-lhe coisas boas de comer é uma forma de deixá-los felizes e prestarem atenção ao seu gesto como um amigo.
Esta árvore foi fotografada por mim em uma cidade na Alemanha. Consegue ver o rosto logo ao centro? Estes costumam ser sinais dos Landættir, segundo a Magia CeltaQuando precisar peca a proteção deles, a orientação deles, principalmente relacionado à sua casa e seu ambiente de convívio, afinal, os Landvættir são os velhos espíritos da terra.
Referência: Hughes. The Book of Celtic Magic. Adaptado.
April 11, 2022
A Magia Nórdica nas entrelinhas da Edda
Gostaria de trazer uma nova opcão de leitura para vocês que gostam de temas relacionados com magia nórdica. Eu tenho a cada dia descoberto mais sobre assuntos relacionados com galdr e, para quem não se lembra, este é um método de magia islandesa que está relacionada com grimórios e magias descritas e que geralmente seguem uma metodologia, fazendo uso de bastões de madeira, ossos, desenho de runas e assinaturas mágicas envolvidas com os deuses e entidades que teriam o poder de ajudar o galdr a alcancar seus objetivos.
O livro que hoje trago me ajudou a criar um oráculo pessoal fazendo uso de staves (bastões de madeira) dos quais pintei palavras rúnicas e que me ajudam a pensar sobre determinados aspectos de minha vida e sobre os momentos que preciso refletir.
As Eddas são conhecidas como um conjunto de relatos míticos, originalmente transmitidos oralmente de geração em geração, à maneira das lendas tradicionais. As Eddas são compostas por duas partes, distintas no tempo, na temática e na autoria da coletânea. São eles a Edda Poética e a Edda em Prosa.
A Edda Poética consiste em muitos e variados contos reunidos por mão anônima provavelmente cerca de 1250 havendo, no entanto, a possibilidade de a maioria das histórias terem sido escritas antes da Era Viking.
E é justamente relacionado às Eddas Poéticas que este livro está relacionado. O Galdrs of the Edda do autor sueco Lars Magnar Enoksen é um compilado de textos originais das Eddas, traduzidos e analisados sob aspecto da magia nórdica denominada galdr.
Galdrs of the Edda: um estudo sobre trechos da Edda Poética e seu uso na magia Galdr.A leitura, ao meu ver, é quase um pequeno grimório galdr com 38 trechos das Eddas que poderiam ser utilizadas em cânticos de magia galdr e com propósitos definidos. Por vezes, o autor sugere que os trechos sejam cantados em alta voz para que possamos fazer a magia. As rimas aqui são sempre levadas em conta, o que se assemelha com o fato de na magia celta também se utilizarem das rimas para causar os efeitos mágicos, no entanto, a aliteração está presente, pois é possível verificar a repetição de fonemas ao longo das posais de modo que intensifique seu efeito mágico. Creio que a poesia possa de fato mexer com as pessoas de um modo especial, que dirá as músicas bem rimadas e musicadas. Os sons são capazes de nos trazer fortes emoções e conexão com algum momento ou pensamento-sentimento.
Como comentei anteriormente, o livro é dividido em 38 versos que podem ser utilizados para diferentes intenções mágicas, onde é possível cantá-las ou “uivá-las”:
Lars utiliza do cântico rúnico durante o Midsummer no dia de solstício.Adivinhação, Cautela, Imortalidade, Procurando, Direções, Proteção, Combate, Vagando, Presença, Congelando, Flutuando, Queimando, Desaparecendo, são alguns dos tópicos citados e explorados brevemente, interpretados pelo galdr Lars Enoksen de modo que ajude o leitor a compreender a intenção dos trechos das Eddas.
Um exemplo disso é o tópico do qual ele chama de Amaldiçoando (p.35). Aqui ele cita a página 23, as linhas 3 a 7 da Edda Poética. A seguir ele inclui a foto do documento original, e então transcreve as palavras de modo que possamos compará-las e, a seguir, pronunciá-las. Então ele finalmente traduz para o inglês o conteúdo e ainda clarifica, ao seu ver, interpretações sobre o tópico.
Um outro exemplo é o trecho abaixo e que corresponde à página 13, linha 3-5 das Eddas.
Veiztu hve rista skal,
veiztu hve raÞa skal.
Veiztu hve fá skal,
veiztu hve freista skal.
Veiztu hve bidia skal,
veiztu hve blóta skal,
Veiztu hve senda skal,
veiztu hve soa skal.
O galdr Lars atribuiu as palavras acima a um cântico mágico relacionado à Direção, e sua tradução seria:
Você sabe como as esculturas são feitas,
você sabe como o aconselhamento é feito.
Você sabe como tintura é feita,
você sabe como os testes são feitos.
Você sabe como as perguntas são feitas,
você sabe como as oferendas são feitas.
Você sabe como a direção é feita,
você sabe como a dissolução é feita.
E para quem sabe como todas as coisas são feitas e é o senhor ou a senhora do conhecimento, também conhecerá a direção a ser tomada em tudo o que a vida demandar. E assim nos faz entender este pequeno trecho da nossa bisavó, a Edda.
Acredito que este livro pode servir de guia para muitos que gostariam de aprender e adaptar seus métodos de culto ao método dos galdr. Eu encontrei um bom caminho para usá-lo, através do meu oráculo rúnico, e acredito que você poderá encontrá-lo também.
Vocês podem adquirir o livro através deste link:
https://www.larsmagnarenoksen.com/store/books/galdrs-of-the-edda/
April 9, 2022
O povo Sámi: os nórdicos mais antigos ainda existem
Por volta de 10 mil anos a região de Finmark, mais conhecida por ser uma área de tundra que preserva muito da história das civilizações antigas da Noruega, é uma das regiões onde grande parte da arte rupestre foi gravada.
Através desse tipo de arte foi possível especular o estilo de vida que os clãs da idade antiga mantinham, sua relacão com a natureza, a importância da caça e pesca. Algumas imagens retratam barcos pesqueiros e ainda outras revelam interações com renas em aparentes emboscadas, caca aos ursos durante o período da primavera (quando a fêmea já pariu o seu filhote), e a presença dos alces como criaturas que provavelmente possuíam importância na fé destes povos antigos, além de xamãs que tocam tambores e dançam.
O tambor sámi é feito de couro de rena e tocado com um martelo feito de ossoA região de Alta é famosa pelos “rock carvings”, e tudo isso pode ser encontrado no museu que revela a herança que o povo norueguês herdou de seus ancestrais. Mas a presenca de um xamã não somente revela que o culto à divindades e sacrifícios eram feitos, como também foram confirmados por achados arqueológicos.
Finnmark é muito conhecida por ser uma região onde habitam muitas famílias do povo sámi, conhecidos também por serem os índios escandinavos, também citados como lapões. Há relatos de que o povo sámi habita a Noruega há tanto tempo quanto os ancestrais mais velhos da Noruega, trazendo debates fervorosos sobre: quem estava na Noruega primeiro? O povo sámi ou o norueguês? Parece uma pergunta onde a resposta é bastante clara quando se estuda os achados arqueológicos, no entanto muitos noruegueses não gostam de ser associados ao povo sámi.

Quando um sámi tem orgulho de sua origem, é possível vê-los caminhando pelas ruas com suas vestes tradicionais, e muitos praticam os costumes herdados dos antigos sámi, mesmo que isso inclua alguma interferência do cristianismo.
Uma das formas de expressão sámi mais conhecidas é realizando o joik (diz-se yoik), que é uma forma de música tradicional, uma maneira profunda de expressão e que está relacionado a uma pessoa, a um lugar e que tenha uma significância em seu meio social. É também possível escutar joikis destinados a filhos, pais e avós, amigos, o que é considerado uma forma de homenagear estas pessoas. O joiker (aquele que canta o joik) expressa as suas impressão e percepção sobre as caracter´ísticas de outra pessoa, podendo fazer uso de poucas ou nenhuma palavra. Mas também existem joiks que são usados para expressar sentimentos negativos como por exemplo o ciúme ou inveja de um jovem por seu rival. Mas cantar o seu próprio joik pode ser considerado como uma forma de se gabar.
Alguns símbolos pintados em tambores sámis utilizados em seus rituaisO povo sámi também me inspirou a escrever o livro Symbiosa e a Ameaça no Ártico, que conta uma história fictícia sobre como um sámi médico foi capaz de usar o joik e auroras boreais para efetuar pontes de cura entre pessoas e animais. O livro também ganhará versão traduzida para inglês este ano. Para saber mais sobre este livro, clique aqui para conferir: https://eloeditora.com.br/produto/symbiosa-e-a-ameaca-no-artico/
Hoje, desde o jardim de infância as crianças sámi aprendem joiks, em escolas, encontros de fim de semana e principalmente em festivais, onde a herança cantada pode continuar a ser passada adiante, o que no passado já não era mais possível devido as proibições geradas pelo cristianismo, vendo como uma forma de pecado, o que é bem explicado pelo fato de que a cristianizacão do povo sámi ocorreu no início do século 17, época em que ocorreu a “Norwegianisation” entre 1851 a 1959, termo esse empregado para chamar os que passaram a abandonar a vida sámi para viver uma vida norueguesa por influência religiosa, onde a cultura nativa escandinava era denegrida, vista como pecadora, pagã e primal.
O estilo de vida sámi antiga é seguido por algumas famílias, que também ustilizam o espaco como um modo de se relacionar com tustistasO joik podia e pode também ser usado em rituais, e trabalhos científicos descrevem que esse método de canto faz as pesoas se sentirem conectadas com algo, leveza, formas de aliviar a solidão e o luto, além de acessarem o seu interior mais profundo. Curiosamente, quando citam sobre cantar joikes sobre pessoas falecidas, eles se referem a “joik a person”, como se cantassem a pessoa, o que poderia ser uma forma de fazê-la presente.
E como eles criam estes joiks? Alguns contam que simplesmente andam pelas montanhas e cantam, e que sabem que seus ancestrais fizeram o mesmo por aquela montanha, então, cantar o joik os fazem se sentir conectados com a montanha e seus antepassados, algo que faz parte deles e os mantém conectados. Recentes pesquisas têm mostrado inclusive que o joik é uma forma de elevar o ânimo das pessoas, algo que as mantém em conversa com um “amigo” com quem possam dividir suas alegrias, tristezas, uma forma de melhor meditar sobre suas emoções.
Fogueira ao centro: um modo de conservar o calor do lavvoen (como chamam a típica barraca em forma cônica)Creio que esta pode ser uma das maiores lições que o povo sámi tem a nos ensinar: que cantar joiks pode nos conectar a tudo o que quisermos, criar vibrações sobre determinadas pessoas, lugares, animais e nunca estaremos sozinhos, além de ser uma forma de nos permitir meditar sobre nossos sentimentos e nos entendermos melhor.
Referências:
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