Igor Marcondes's Blog
April 22, 2020
Capítulo encerrado
Faz algum tempo que tento me convencer do contrário, até cheguei a criar novos planos, mas simplesmente não vejo motivo pra continuar. Tentei, também, organizar os pensamentos antes de escrever este texto, mas é tudo muito extenso pra expor em plataformas que prezam pela comunicação resumida…
De qualquer forma, a verdade é que, depois de 4 livros e mais de 450 posts (quase todos poemas e crônicas), não faz mais sentido escrever. Pelo menos não para que outras pessoas leiam.
Tenho me dedicado diariamente à escrita – mesmo trabalhando 8 horas por dia pra outra pessoa –, buscando resultados que simplesmente não vêm. E deixe-me contar uma coisa pra vocês: é exaustivo.
O principal, porém, é que me percebi um estranho dentro da minha lógica. Senti vontade de me tornar alguém que não sou, pois quem sou, aparentemente, não me permite viver de literatura. E eu não quero ser esse homem que precisa expor algo além de sua poesia pra viver dela, isso não faz sentido pra mim.
Além disso, as redes sociais, apesar de terem me ajudado a alcançar mais leitores, são extremamente tóxicas e vazias, não me contemplam e, sinto, não merecem meu tempo, o qual tem sido consumido por elas em busca de um reconhecimento desnecessário. Não me sinto parte disso tudo, apesar de ter desejado sentir, ato que me levou a perceber o caminho que estava seguindo e, sinceramente, me fez sentir decepcionado comigo mesmo.
Ainda, editoras não se interessam pelo que escrevo, sequer consegui, em anos de dedicação, ser avaliado por elas, o que tornou, meu caminho ainda mais solitário e árduo, pois sem apoio, não consigo produzir algo do qual eu tenha orgulho.
Sendo assim, informo que meu site estará disponível até março do ano que vem, pois renovei o contrato do domínio antes de tomar essa decisão. Os perfis do Instagram e do Twitter serão desativados daqui uma semana. Meus livros continuarão disponíveis na Amazon até meu site sair do ar.
Agradeço a todos que leram meus textos, independentemente da plataforma, e também àqueles que, em qualquer instância, me ajudaram.
Fiquem bem e em casa, inté, Migor.
April 21, 2020
A verdade não rima
Em dias como hoje
sinto que as palavras me acabaram
não tenho vocabulário
qualquer rima é feia, vazia
e até imoral
parece que me falta algo
como ar faltando nos pulmões
nada faz sentido linearmente
como exigem os poemas
e a compreensão humana
desidratado, seco nas palavras
elas já não me sangram
já não podem pulsar no meu coração
a minha mão treme
e escreve em linhas tortas
tudo o que há de errado
o texto vai pro lixo
não tem serventia
pois as poucas palavras que me saem
não contemplam a verdade
tão absurda ela é…
April 18, 2020
Minhas palavras
Escrevo muitos poemas
que ninguém conhecerá
pois às vezes as palavras
só pedem pra sair de mim
apenas eu preciso saber delas
somente eu poderei lê-las
e já me recusei a escrever
pois não queria assumir
alguns significados
mas ao negá-los
eu negava o que sentia
então entendi:
é um fardo muito pesado
fingir a inexistência
daquilo que não gosto
mas inevitavelmente sou
Minha experiência como autor independente – parte VI: a bolha
Da série de dificuldades que um autor independente tem, a que vem depois do lançamento de um livro é uma das mais desafiadoras: conseguir novos leitores. Para isso, sabemos que as ferramentas de impulsionamento das redes sociais ajudam. Porém, não se vende um livro apenas bombardeando as pessoas com propaganda, tampouco esperando que aqueles que você conhece pessoalmente o comprem devido a algum laço sanguíneo ou de amizade.
É necessário se dedicar a entender as individualidades das situações. No meu caso, foi essencial receber avaliações na Amazon. E até faz sentido, pois para apostar num autor desconhecido e independente, os leitores querem ter alguma segurança de que não perderão dinheiro e tempo.
Já nas redes sociais, postar conteúdos que demonstram meu estilo de escrita serviu para os leitores experimentarem um pouco do que faço. Porém, junto a isso, tive que desenvolver paciência e consistência. Com meu livro Um poema para cada dia em que não te vi, foi preciso quase um ano para que eu tivesse algum retorno dos leitores. E enquanto ele estava quietinho lá na Amazon, eu continuava postando diariamente no Autorias e no Instagram.
Hoje em dia, recebo mensagens de pessoas dizendo que até indicaram meu livro para grupos de leituras dos quais participam. E, vez ou outra, sou marcado em posts de pessoas que se identificaram com o que escrevi, o que pra mim é realmente muito especial.
Talvez nos primeiros meses o material não receba atenção, mas aos poucos isso pode acontecer. É o que estou tentando fazer com meus dois novos livros Uma cura para a vida e Relações poéticas. Quero que pessoas de fora da minha rede leiam esses lançamentos e, para isso, além de impulsionar publicações, analisar métricas e continuar postando material gratuito, estou desenvolvendo mais paciência e perseverança. Sem contar que ando sendo bem cara de pau e pedindo pra que quem já leu avalie na Amazon e aqui no Goodreads. :P
Como você pôde ver, minhas ferramentas para atingir novos leitores são bem básicas. Você tem outras dicas acessíveis? Aceito sugestões. ;)
Minha experiência como autor independente – parte V: as ferramentas de trabalho
Atualmente, uso o Canva.com para me ajudar com posts de Instagram, meu celular, as ferramentas do Kindle Direct Publishing, alguns editores de imagem para leigos, redes sociais, WordPress e muitos livros.
Olhando assim, parece nada, mas é muito. Basicamente escrevo, edito e posto meu conteúdo, bem como analiso os dados resultantes para entender que caminho tomar. Claro, eu não me tornei especialista em nenhum outro campo, mas o básico dessas habilidades tive que desenvolver por necessidade.
Nas últimas semanas, por exemplo, além de traduzir um dos meus livros para espanhol e inglês, tenho trabalhado na edição física dele, utilizando a ajuda da Amazon. Está sendo difícil, mas acredito que até dezembro esses projetos se tornem realidade.
Nesse sentido, um autor independente não pode apenas escrever, do contrário, não atingirá leitores. Ele precisa usar o que tem à mão. Ferramentas on-line e gratuitas, ainda que sejam básicas, ajudam. E num primeiro momento, acredito que isso é melhor do que não estar presente de forma alguma no mercado.
Somado a isso, a ajuda de amigos é imprescindível. No meu caso, tenho muita sorte. Além de me ajudarem com as capas, eles já escreveram sinopses e revisaram meus livros pra mim. Então, aproveito para deixar meu agradecimento eterno a essas pessoas maravilhosas que tive a oportunidade de conhecer.
De qualquer forma, acredito que a única coisa com a qual um autor realmente tem que se preocupar é com a qualidade do que escreve. De resto, ele pode fazer o seu melhor, que pode ser o básico, e torcer para que seja suficiente. Nessa atitude, está embutida a ideia de que as coisas levam tempo para acontecer.
No futuro, espero não precisar de todas essas ferramentas que, em alguns casos, me distraem da minha verdadeira função, mas até que esse dia chegue, preciso me virar com o que tenho.
E o que eu tenho agora são quatro livros digitais na Amazon, Uma cura para a vida e Relações Poéticas (lançados recentemente!!!), Um poema para cada dia em que não te vi e Cinza São Paulo. Além disso, publiquei dois contos com um preço bem acessível para que novos leitores possam experimentar minha escrita: Após o beijo e A cadeira vazia. No meu site, o Autorias.com.br, sempre tem poemas, crônicas, contos, textos críticos e até playlists. Ah, e eu posto todo dia no @igorautor.
Minha experiência como autor independente – parte IV: as outras profissões
No meu caso, além de escrever no Autorias e publicar meus livros, sou revisor de textos, redator e cozinheiro. Como você pôde entender, infelizmente, ainda não ganho dinheiro suficiente com meus livros para deixar os outros trabalhos, o que, para mim, seria o ideal.
Hoje, porém, não escrevo este texto para negativar o fato de que preciso me desdobrar de diversas formas para publicar meus textos. Venho reconhecer a importância dessas ocupações na minha vida, a começar pelo fato de que, se não fosse por elas, eu sequer teria R$ 10 para impulsionar uma publicação no Instagram (os outros benefícios servem para outro texto).
Ok, num mundo ideal, eu teria apenas que me sentar em frente ao computador e escrever todos os dias. Esse é o meu objetivo. Mas é cozinhar, revisar e redigir textos o que me permite fazer isso algumas horas por dia, alguns dias na semana. Prefiro pensar que é melhor que nada.
Há alguns meses, eu sequer pensava que ganharia qualquer dinheiro com a Amazon. Agora, mesmo sendo uns trocados, me motivo a continuar exercendo as outras profissões para, quem sabe, investir cada vez mais naquela que realmente me completa.
Nesse sentido, como autor independente, é importante ver essas outras funções como financiadoras, do contrário, elas se tornam inimigas desmotivadoras, e todos sabemos que isso pode minar qualquer sonho, né?
Portanto, qualquer apoio é bem-vindo, seja uma curtida no Instagram, um compartilhamento no Facebook ou uma avaliação na Amazon e aqui Goodreads. ;)
Minha experiência como autor independente – parte III: o que escrever
Nesse sentido, vejo tanto autor independente na internet e tanta gente que escreve, mas não expõe seus textos de alguma forma, que chego a pensar que existem mais pessoas escrevendo o que desejam, do que o que o mercado quer.
De qualquer forma, basicamente, estamos falando de inspiração, que é uma espécie de estímulo, segundo entendo. E não importa de onde vem (de uma experiência pessoal ou de um contrato editorial), desde que você produza, certo? Bom, eu acho errado... Claro, o exercício constante aprimora o trabalho, mas apenas produzir é perigoso para a inspiração, ainda que ela seja excitada sob demanda.
O que quero dizer é que acredito na existência de uma lógica cerebral que precisa ser respeitada, ou seja, não pode ser pressionada.
Um bom exemplo é o trabalho de publicitário. O pouco tempo que gastei nele me vez perceber que o cérebro cansado, estressado e pressionado não produz. Ok, mentira, produz, mas com baixíssima qualidade. Calma, não é um julgamento capitalista de mesa de concurso ou de chefe engomadinho, pois compreendo que, naquele momento, você deu o seu melhor e essa ideia de que sempre é possível fazer mais não é saudável.
Falo da qualidade pessoal, aquela que nos faz identificar algo nosso quando vemos o resultado. No caso da publicidade, tem a ver com um produto, porém, quando se fala de um conto ou de um poema, o autor realiza algo de melhor qualidade quando se vê na obra de alguma forma.
Pelo menos comigo é assim que funciona. Por isso, a inspiração é algo pessoal para mim; é de algo vivido que retiro o que escrever. Os poucos poemas que fiz por demanda têm rimas bonitas, ficaram sonoramente agradáveis, mas não representam meu trabalho, segundo minha ótica de qualidade. Primeiro porque os compus de acordo com um tema que me pediram e, depois, porque esses textos tinham uma finalidade diferente daqueles que escrevo segundo minha vontade.
Sendo assim, apesar de acreditar na possibilidade de escrever por demanda, aquilo que é pessoal me faz mais sentido, o que não significa que não crie um eu lírico ou uma nova realidade para todos os meus textos, afinal, não publico meus diários pessoais.
Para exemplificar melhor, indico meus livros Um poema para cada dia em que não te vi, Cinza São Paulo, Um cura para a vida e Relações Poéticas. Além disso, no meu site, Autorias você encontra mais textos.
Minha experiência como autor independente – parte II: a crítica
Mas ficam os questionamentos: as avaliações são justas? Notas e resenhas importam? Bom, é possível que essas perguntas só sirvam para refletirmos sobre o assunto, posto que as respostas são muitas e cheias de experiências individuais, que sem dúvida guardam um pouco de verdade comum.
No meu caso, para lidar com a crítica, é fundamental ter apoio de quem me conhece pessoalmente. Daí, alguns dirão: vida pessoal não se mistura com a profissional. Todavia, a realidade é que sem amigos e familiares me apoiando, é mais difícil ler críticas negativas. Eles sabem o que me custa escrever meus textos, o quanto me entrego à escrita, reconhecendo minha obra, quem sabe, pela dedicação que tenho, mais do que pelo conteúdo, algo bem utópico, eu sei, mas essencial para que eu continue a escrever.
Além disso, não serei injusto com a dor de ninguém e dizer que é necessário aprender com as críticas negativas, porque só alguém pouco realista não considera o quanto isso machuca. Afinal, é o seu tempo, seus sentimentos e pensamentos ali, em texto, e alguém não gostou. Isso dói.
Apesar de alguns tratarem isso como trabalho e, portanto, mais focado na produtividade e num suposto “aprimoramento”, eu não consigo e nem quero ignorar o fato de que é triste alguém classificar sua obra como ruim, pois naquele momento, aquele foi o seu melhor e você mesmo viu o material dessa forma.
Sendo assim, nem sempre as avaliações são justas, porque como pessoas, queremos empatia. Como autores, por outro lado, devemos saber que, depois que publicamos a obra, ela está fadada à crítica, ou seja, não está sob nossa responsabilidade. Para lidar com isso, eu prefiro me apegar às críticas boas, não apenas de familiares e amigos que leram minhas obras, mas de desconhecidos que me deram uma chance.
Prefiro me ater a comentários como esses, pois entendo que eles têm mais valor para mim como autor e pessoa (nem deveria separar os dois, mas beleza). Eles demonstram uma conexão importante. São poucos, mas significativos e era algo que eu sequer esperava.
Nesse sentido, resenhas e notas importam, porque nos mostram que existem pessoas sentindo e pensando como nós. Além disso, é curioso pensar o que elas viram na obra que criou esse laço, o que as surpreendeu positivamente, o que elas perceberam que talvez nem o autor viu, mas escreveu.
É possível que este espaço seja pequeno para o tamanho dessa polêmica paradoxal que, como se vê, tem respostas bem pessoais, mas como conheço o medo da crítica, pensei que seria no mínimo interessante analisar um pouco o caminho que sigo, sem nem ao menos saber que ele existia.
Já que estou aqui, como exercício de superação do medo de críticas, peço que leia meus livros (Um poema para cada dia em que não te vi, Cinza São Paulo, Uma Cura para a Vida e Relações Poéticas) ou meus textos no Autorias e deixe sua opinião.
Minha experiência como autor independente – parte I: o mercado
Nesse sentido, plataformas como o Kindle Direct Publishing (KDP), Wattpad, Kobo Writing Life, Clube dos Autores, etc., ajudam na exposição dos trabalhos e no angariamento de leitores. Além disso, o Instagram e o Facebook são bons aliados, mas pedem um pequeno investimento para que o alcance das publicações vá além das hashtags.
De qualquer forma, esse tem sido meu caminho: publicações diárias no Instagram (@igorautor) e no meu site pessoal (autorias.com.br), bem como o lançamento de livros na Amazon. Sucesso? Depende do ponto de vista. Ainda não vivo do dinheiro que recebo das vendas e, tirando as capas dos livros e as sinopses, faço tudo sozinho.
O que ressalto é que o exercício diário de escrita, me ajudou (e ajuda) a desenvolver minha técnica, culminando na publicação de “Um poema para cada dia em que não te vi”, com o qual obtive um gostinho do que o KDP pode fazer por um autor independente.
É claro que os livros impulsionados por editoras têm mais chances de conquistar um maior número de leitores. Todavia, sozinho e em um ano, alcancei o quarto lugar de livro mais lido na categoria de poesia da Loja Kindle. Considerando que meu exemplar está disponível apenas no formato de eBook, acredito que é uma ótima conquista.
Grande parte desses leitores vêm do Kindle Unlimited, uma espécie de assinatura que permite ao público ler diversos livros sem comprá-los e paga os autores por páginas lidas. Esse esquema de venda mantém meu livro no top 10 há duas semanas, o que, sabemos, é difícil no campo da poesia.
Como mencionei, há diversos caminhos para entrar no mercado editorial, o meu me serviu porque pude ir direto para o meu público, o que quebrou o medo da crítica e me permitiu colher resultados que, mesmo pequenos, mostraram que é possível continuar a escrever poesia.
April 14, 2020
O julgamento
De cada lado, uma versão
daquilo que um deles falou
a individualidade na expressão
revela a verdade que restou
não há uso para tal reflexão
se só um lado foi responsável
a verdade não é uma opinião
mas há prazer no condenável
resta o amargor da interpretação
que se destaca pela pequenez
ver o outro exige do coração
o que por aquele coração ninguém fez
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