Rodrigo Silva's Blog

December 7, 2017

NOVOS EPISÓDIOS EM 2018


A equipe do Evidências está preparando a próxima temporada de gravações de mais episódios, por isso estamos reprisando a temporada ESPECIAL ISRAEL.


Em 2018 teremos novos episódios para você, aguarde! Enquanto isso se inscreva em nosso canal youtube.com/ntevidencias e nos acompanhe também em novotempo.com/evidencias! Muito obrigada por sua audiência até aqui!

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Published on December 07, 2017 02:53

March 23, 2017

PALAVRAS DO APRESENTADOR

Abril – um mês de muitos significados


Muitos talvez não saibam, mas abril é um dos mais importantes meses do calendário judaico. Ele coincide parcialmente com o mês de Nisã ou Aviv que se tornou no deserto “o primeiro dos meses do ano”. (Êx 12:2; 13:4; Núm 33:3). Daí em diante, havia uma distinção entre o calendário sagrado instituído por Deus e outro anterior, criado a partir das atividades civis.


Aviv significa primavera em hebraico, já que, nesse período, começa a primavera no hemisfério norte e o tempo das colheitas. É, de fato, um período muito bonito do ano. O nome da famosa cidade de Tel Aviv é uma homenagem a esse momento. Tel Aviv quer literalmente dizer: “colina primaveril”.


O nosso nome “abril” em português, também tem um sentido semelhante, pois vem do latim com provável significado de “abertura” (aperire) – referente ao desabrochar das flores. Vocês precisam ver como são lindas as flores de Israel.


Na Bíblia, os meados abril coincidem com fim da estação chuvosa e a plenitude da chuva serôdia ou chuva de primavera, essencial para o amadurecimento dos grãos antes da colheita. (Dt 11:14; Os 6:3; Je 5:24).


Era neste mês que o rio Jordão transbordava (Jos 3:15; I Cr 12:15), o trigo amadurecia e a cevada já estava pronta para ser colhida (Rute 1:22; 2:23). Era também neste mês que celebrava-se a primeira das festas religiosas do ano, a páscoa, relembrando a libertação do povo da escravidão do Egito (Êx. 12:2-14; Lev. 23:5; Deut. 16:1). Depois vinha a festa dos pães ázimos e a oferta das primícias pela boa colheita da cevada (Êx 12:15-20; 23:15; 34:18; Lev. 23:6-11).


Tudo isso tinha um significado espiritual e, 15 séculos depois, Jesus chegou a Jerusalém com seus discípulos e celebrou, em abril, a festa da páscoa. Então ele institui a santa ceia e conclama que todos sempre participem dela em seu nome até que ele venha (Mt 26:17-30;1Co 11:23-25). Pouco tempo depois ele foi morto e, com seu sangue, redimiu a humanidade.


A toda essa lista de fatos importantes ocorridos em abril, permita-me acrescentar mais um: o retorno do programa Evidências à Rede Novo Tempo. Tentar descrever minha felicidade é utopia. É como pedir a um pássaro que descreva a alegria de voar ou a uma baleia que explique a emoção de navegar pelas profundezas do oceano. Sentimentos assim não se explicam, nem se descrevem. Apenas se testemunham.


Confesso que fazer um programa dessa natureza não é fácil. A equipe que o diga! Mas, como a secura do deserto deixa a água mais saborosa, a ausência temporária das telas alimentou a saudade e permitiu um retorno cheio de energia, contentamento e garra, fazendo o nosso melhor para produzir uma série de programas cada vez melhores, focados na glória de Deus e dedicados a você com todo o nosso carinho.


Peço a Deus que nos dê humildade e sabedoria para conduzir essa nova etapa de gravações. Que nos permita ser sérios o bastante na pesquisa e transmissão da mensagem, sem, contudo, perder a ternura que nos torna realmente humanos.


Um bom artista precisa ser vulnerável para transmitir sensibilidade através de sua arte. Se não somos vulneráveis, não podemos ser heróis. E o maior exemplo disso foi dado pelo próprio Deus que mesmo sendo inatingível assumiu em seu amor um ponto vulnerável: ele pode ser rejeitado! Por isso ele mesmo se tornou o nosso herói, apelando ao nosso coração para que aceitemos sua graça e perdão.


Pregar isso é a missão última do programa Evidências e a sua entrega, telespectador, é a “evidência” que precisamos para saber que estamos no rumo certo. Que vale a pena dar o nosso melhor para preparar programas que testemunhem a verdade através dos tempos, pois, afinal de contas: O Tempo não apaga a História!


Rodrigo Silva

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Published on March 23, 2017 10:38

June 5, 2014

Resposta ao professor Fábio Sabino

Tomei um tempo para responder brevemente às observações do professor Fabio Sabino referente ao programa Evidências sobre “As Origens do Monoteísmo” exibido no dia 01/06/2014. A princípio não costumo responder a todas as críticas devido a questões de tempo. Mas julguei por bem dar o meu parecer às observações do professor, não para convencê-lo de qualquer coisa, mas para oferecer aos telespectadores e internautas uma visão equilibrada do assunto deixando que cada um decida por si mesmo com base nas fontes apresentadas.


Antes, porém, deixe-me agradecer e parabenizar o professor por se ater ao conteúdo do programa sem recorrer a baixarias ou ofensas pessoais. Gostaria que todas as críticas se pautassem por essa regra. Também digo que o programa não foi feito em resposta a qualquer de seus vídeos, pois eu não os conhecia. Aliás, o único que assisti foi esse: http://www.youtube.com/watch?v=beoEboJ1yqI.


Seria interessante que todos assistissem para que entendam a resposta que dou abaixo.


Procurei seu currículo lattes e o encontrei em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4427909H7


Quem quiser pode encontrar ali a formação e produção acadêmica do professor.


A Citação de Langdon


Pois bem, caso alguém não tenha interesse de ler minhas ponderações até o fim, deixe-me começar pela cobrança mais forte que ele fez (em duas ou três vezes no vídeo) para que eu mostrasse a fonte de Langdon, um dos maiores especialistas em Assiriologia e Mesopotâmia. Deixe-me apenas esclarecer que o programa Evidências segue um formato de documentário jornalístico semelhante a outros vistos em diferentes canais e não cabe neste formato apresentação de bibliografias. Em casos especiais como esse, o autor/apresentador tem as fontes para mostrar de onde tirou a informação. Portanto aqui vai.


Eis a citação que fiz de Langdon, numa conclusão contrária à do prof. Fábio, e que o mesmo pediu a fonte (talvez suspeitando que a mesma não existisse). Tomei o cuidado de copiar o scanner do original, sem traduzir para que vejam a seriedade com que os textos do Evidências são preparados:


ref_langdon


A fonte desta citação pode ser encontrada em Langdon, Stephen H, Semitic Mythology, Mythology of All Races, Vol. 5 (New York: Cooper Square PublishersInco., 1965 [reimpresso de uma edição de 1931), p. xviii.


Deixa-me dizer que essa posição do Dr. Langdon nunca foi alterada até sua morte. Pelo contrário, a mesma foi repetida noutras publicações como The Scotsman, november 18, 1936. Para esse autor, definitivamente, o monoteísmo antecedeu ao politeísmo! Os argumentos do Dr. Langdon são baseados, principalmente, em textos cuneiformes encontrados em Uruk e Tall Asmar. Não vou ter tempo para reproduzir aqui todos esses argumentos, mas posso dizer que o próprio diretor das escavações em Tall Asmar, o professor Henry Frankfort, chegou às mesmas conclusões de Langdon de que o monoteísmo precede o politeísmo. As mesmas conclusões de nosso programa. Você pode encontrar o depoimento dele nos relatórios das escavações (Third Preliminary Reporton Excavations at Tell Asmar [Eshnunna]).


Método de citações do professor Fábio


Confesso que uma das maiores preocupações que tive com o material do professor Fábio (parece que ele publicou isso em forma de livro), é seu método de citações. Ele não segue nenhum critério acadêmico de citações longas, curtas, diretas ou indiretas. Não há recurso de aspas nem de indicações mais claras aonde começa e termina a fala do autor original. Isso fora o fato dele misturar linhas que no original estão em parágrafos distantes uns dos outros sem ao menos indicar isso com reticências […], conforme exigem as regras internacionais e também da nossa ABNT. Ele vai lendo rapidamente no vídeo e mostrando muito rápido a página original, dando a impressão que tudo o que ele traduz é uma citação ipsis litteris do original, quando não é!


Deixe-me dar alguns exemplos. Vamos começar pelo dicionário que ele cita da professora Gwendolyn Leick (A Dictionary of Ancient Near Eastern Mythology). Embora eu tenha muito apreço pelos escritos da professora que atualmente mora na Inglaterra, presumo que o professor Fábio desconheça que muito do material dela não conta com o apoio das principais sociedades de assiriologia. Aliás, o dicionário que ele cita, foi duramente criticado pela academia nos congressos de assiriologia (eu mesmo participei de um e pude constatar), veja, por exemplo, uma resenha crítica a esse dicionário publicada por Harry A. Hoffner, Jr. no Journal of Near Easter Studies vol. 55, no. 3 (Jul., 1996), pp. 230-233. Para quem não sabe, esse periódico indexado é para a assiriologia o que a Nature é para a ciência!


Um dos principais problemas do material da Dra. Leick, segundo os especialistas, é a falta de precisão com ela apresenta as informações, por exemplo:


Quando você começa a estudar sumeriano, já nas primeiras lições, aprende que na hora de transliterar o sinal sinal, An (com maiúsculo) é diferente de an (com minúsculo) e diferente de Dingir (ou DIĜIR). Ela fala no dicionário assim: “the sign dingir … means heaven”. Isso não é bem assim. Tanto em sumeriano quanto em acadiano, an é usado para céu, dingir para “deus”, a An (com maiúsculo) o supremo pai dos deuses (mais abaixo voltarei a falar disso).


Dingir só pode significar céu se estiver claramente em contraste com Ki, que significa terra, ou se estiver nalgumas raras construções em acadiano, mas mesmo assim, seu valor fonético seria šamû.


Mas, voltando a falar da forma como o professor Fábio faz sua citação, veja como ele cita a profa. Leick e como o texto está no original:


Ele traz assim:


print_1


Ora, compare isso com o que ele mesmo grifa no quadro seguinte e veja que os textos não equivalem:


print_2


Quem tiver acesso ao dicionário da profa. Leick deverá continuar a leitura para entender o que ela está de fato falando. Em primeiro lugar o sinal que ela está comentando para falar de An é assírio e não sumeriano. Ademais, ela diz que no período do “Old Sumerian”. Preste atenção que é dentro deste período e não antes ou depois dele, que o nome An começa a aparecer como um componente de vários nomes reais de Uruk e Ur. E, por isso, “dada a polivalência deste sinal não se pode necessariamente provar que ele sempre corresponde [“stands for” não “representou” como traduz o prof. Fábio] ao deus An”.


Note: o professor comete dois erros sérios aqui (além do erro de tradução do inglês): primeiro ele mistura partes distantes do texto da autora sem indicar isso com reticências e, segundo, altera completamente o contexto do que ela está dizendo. Ela diz que no período do “Old Sumerian” era assim… Trata-se, portanto, de uma situação específica. Apenas para esclarecer, o “Old Sumerian” (ou sumeriano clássico) vai de 2600 – 2300 a.C. e é posterior ao “Archaic Sumerian” (convencionalmente datado de 3100 a 2600 a.C.). É neste período anterior, do Archaic Sumerian, que estão as descrições de An como único Deus supremo, portanto, a citação da professora nada tem a ver com esse contexto. Aqui, neste período mais antigo, não há a confusão que se criou no período do “Old Sumerian”. O professor Fábio não atentou para isso.

Ademais, a própria profa. Leick complementa a informação da dubiedade do nome no período do Old Sumerian dizendo “Contudo, na metade do segundo milênio a.C., ele [An] é mencionado na lista dos deuses de Fara, em orações pelos reis Urukianos … bem como nas inscrições reais de Kis.” Veja portanto que aquela situação foi bem pontual. Apenas do período do “Old Sumerian”. E não antes ou depois disso.


No tempo 13:22 o professor Fábio cita o Manual de Sumeriano e cita a página 14 mas o que mostra está na página 31, num contexto bem diferente do que ele apresenta. Não vou tomar tempo mostrando a distorção do original, mas pela demonstração acima, pode-se perceber o tipo de erro que também se comete aqui. Há sérios erros de precisão quanto a interpretar o que o autor está dizendo.


No tempo 14:24 ele fala que o sumério não tem sistema de gênero e argumenta que An poderia representar um deus ou deusa primeva. Bem, em primeiro lugar, a argumentação do programa foi acerca da crença primordial num único “deus” ou “divindade” não num único Deus masculino. Isso não fez parte da argumentação do programa. Mesmo porque, embora YHWH seja na maioria absoluta das vezes apresentado com elementos do gênero masculino, também é representado nalgumas vezes como uma mãe, uma mulher que dá a luz etc. (isso no texto hebraico). O que não quer dizer que Deus tenha os dois sexos, que seja um hermafrodita ou símbolo de homossexualismo. Não é nada disso. Deus em si não tem sexo, mas se revela maiormente numa forma masculina e paterna. O forte sistema patriarcal dos sumerianos dificilmente representaria a condição primeva da divindade de modo matriarcal.


Voltando, porém, à questão do gênero. A regra gramatical não é bem assim como o professor Fábio cita. Vou reproduzir o que diz a gramática de DANIEL A FOXVOG que deu aulas de sumeriano e acadiano por muitos anos na Universidade de Berkeley na Califórnia:


gramatica


Ou seja, o sumeriano não tem formas gramaticais masculinas ou femininas, mas essas categorias podem ser reconhecidas na maioria dos casos pelo contexto. E pelo contexto dá para saber se An é um determinativo de um deus, de uma deusa ou se está sozinho, indicando, o Deus An– Pai dos deuses. An como determinativo pode ser colocado diante de um deus ou deusa, é isso que as gramáticas dizem, quando afirmam que pode se referir a um deus ou uma deusa. Mas quando está sozinho, indicando aquela divindade chamada An, o termo é sempre entendido como masculino. O professor Fábio está sozinho em sua inferência de que An pode se referir a uma deusa primeva porque o determinativo pode ser ambivalente, nenhum assiriólogo que eu conheço interpreta assim.


Aliás, o professor mostra um livro não acadêmico no final (do qual usei apenas a ilustração e nada mais) dizendo que é uma obra acadêmica, quando na verdade é um livro para juvenis. E com um texto fora de contexto, pois ali não está falando da suméria primitiva, ele insiste que An não era o pai dos deuses nem o criador nos primeiros documentos da humanidade. Em primeiro lugar não se pode confundir a liturgia posterior (neoacadiana, por exemplo), com aquela primeva. São dois contextos históricos bem distintos em que as descrições das divindades sofreram graves alterações. O professor parece ignorar isso ao tomar os comentários citados sem precisar a que período da evolução religiosa sumeriana eles fazem referência. Por exemplo, as mais antigas referências cuneiformes a An, não mencionam nada acerca de sua origem ou se ele de fato foi originado algum dia. Esse dado, simplesmente não é mencionado. Somente mais tarde, já noutro período posterior, ele é citado como filho de Anšar e Kišar e consorte de Usaš.


Na fase mais antiga; assim pensam autores sérios como Delitzch, Wiseman, von Soden, Hallo, Niesen e outros; An era entendido como sendo o “pai dos deuses”. E eu também poderia citar aqui o falecido prof. Bouzon da PUC do Rio de Janeiro, que foi o maior assiriologista do nosso país, ele também pensava assim. Veja essa citação de Kathryn Stevens, ‘An/Anu (god)’, Ancient Mesopotamian Gods and Goddesses, Oracc and the UK Higher Education Academy, 2013:


“An/Anu frequently receives the epithet “father of the gods,” and many deities are described as his children in one context or another. Inscriptions from third-millennium Lagaš name An as the father of Gatumdug, Baba and Ningirsu. In later literary texts, Adad, Enki/Ea, Enlil, Girra, Nanna/Sin, Nergal and Šara also appear as his sons, while goddesses referred to as his daughters include Inana/Ištar, Nanaya,Nidaba, Ninisinna, Ninkarrak, Ninmug, Ninnibru, Ninsumun, Nungal and Nusku. An/Anu is also the head of the Annunaki, and created the demons Lamaštu, Asag and the Sebettu. In the epic Erra and Išum, Anu gives the Sebettu to Erra as weapons with which to massacre humans when their noise becomes irritating to him (Tablet I, 38ff).”


Bem, espero que esse resumo responda bem as colocações do professor Fábio, reiterando o desejo honesto e diplomático de discutir ideias e não pessoas.


Rodrigo Silva

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Published on June 05, 2014 12:38

May 8, 2014

Mãe, um ato de divindade

tijolo_nascimento2


Em 2002, arqueólogos da Universidade da Pensilvânia descobriram um tijolo de 3.700 anos dentro de uma casa próxima ao cemitério de Abydos, o lugar de sepultamento mais importante do Antigo Egito. O que havia de especial neste tijolo? Tratava-se de um tijolo de barro especial para apoiar os pés de uma mulher no momento em que ela estivesse dando a luz a uma criança. Mas a cena estampada nele foi o que mais chamou a atenção dos especialistas.


Nela é possível ver uma mãe com uma criança no colo. Mas ao invés de estar sentada numa cadeira, como era de costume, a mulher está sentada num trono especial e, tanto os seus cabelos quanto os das servas que lhe ajudam, estão tingidos de azul celeste, quando o normal era tingi-los de preto. Por que isso? Ora o trono que ela se assenta não é um trono de rei ou rainha, mas um trono típico dos deuses e a cor azul dos cabelos (semelhante aos cabelos da deusa Hathor que aparece no canto direito) também é um tipo especial de cabeleira que só uma divindade pode possuir.


O que os egípcios queriam dizer com isso? Que quando uma mulher se torna mãe, ela deixa de ser um ser humano para partilhar algo pertinente a um ser divino – a capacidade de gerar vida! Por isso sua cadeira se torna um trono dos deuses e seu cabelo um símbolo de divindade estendido às que lhe ajudam no cuidado da criança.


Que lição podemos tirar desta cena? É claro que não podemos endossar o politeísmo dos antigos egípcios, mas podemos concordar que, metaforicamente falando, mais do que os anjos e os homens, a mulher que se torna mãe é o ser que mais se aproxima da experiência divina de criar/gerar uma vida. Afinal, o que é o nascimento de um bebê senão a intervenção miraculosa de Deus na história? Uma mulher grávida mostrando ao universo que o mal não prevaleceu, pois ainda existe vida onde só deveria haver morte! E você mãe, foi o instrumento escolhido para materializar esse milagre.


Por isso, a você nossa mais profunda homenagem neste dia especial. E embora a adoração só pertença a Deus, que a homenagem dos anjos possa hoje ser rendida a você!


São os votos da equipe do programa Evidências

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Published on May 08, 2014 13:24

October 2, 2013

Encontraram a arca de Noé?

arkexploring1Não sou de maneira nenhuma partidário de Hitler ou das ideias que ele defendeu. Mas considerando a rara sinceridade com que ele admitiu algumas intenções de seu projeto e a advertência que nos vem disso, gostaria de começar esse texto citando um de seus pensamentos ou diria confissões. Ele disse: “É mais fácil envolver o povo numa grande mentira, do que numa pequena. Quanto maior a mentira, mais pessoas acreditarão nela… Torne a mentira grande, simplifique-a, continue afirmando-a, e eventualmente todos acreditarão nela.” (MeinKampf, 185).


O mesmo espírito que inspirou Hitler a usar esse método de propagar inverdades parece estar por detrás de muitos boatos e enganos que surgem, especialmente, nas mídias sociais. E o Inimigo de Deus não teria estratégia melhor, senão criar boatos aparentemente favoráveis à Bíblia, apenas para depois desmentir tudo como puro embuste e, na esteira das denúncias, lançar descrédito à Palavra de Deus.


Veja que é coisa muito séria tentar defender a Bíblia com fatos falsos. A própria idoneidade da Palavra de Deus é posta em questionamento. Disse Jesus: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” Mateus 5:37. É claro que há argumentos que usamos que são hipóteses, mas ainda assim, elas têm de ser plausíveis e nunca mentirosas. Mais doído do que ouvir um oponente defender mal a idéia que combatemos é ouvir um aliado defender mal a ideia com a qual simpatizamos.


O curioso é que mesmo com advertências óbvias como estas, vira-e-mexe testemunhamos o aparecimento de matérias sensacionalistas dizendo num momento que encontraram as rodas dos carros de Faraó debaixo do Mar Vermelho, noutro que localizaram os restos de Sodoma e Gomorra debaixo do Mar Morto.


E o campeão destes boatos sem fundamento é o suposto achado da arca de Noé. Há tantos que os autores de língua inglesa chegaram a criar um trocadilho para esses exploradores da arca perdida. Eles ironicamente os chamam de arcaeólogos, ao invés de arqueólogos!


Ao todo já relacionei ao relatório mais de 40 supostos achados da arca de Noé e além de serem todos falsos ou inconclusos, eles têm mais dois pontos em comum: primeiro que foram todos encontrados por leigos sem nenhuma formação ou treinamento de arqueologia e segundo, que a maioria deles convenceram muitas pessoas apesar de apresentarem provas questionáveis e relatos contraditórios.


Só sei que se um desses relatos estiver verdadeiro, todos os demais têm de ser falsos, por mais bem defendidos que tenham sido. A menos, é claro, que existam várias arcas de Noé ou que a mesma esteja ainda surfando até hoje sob as geleiras do Ararate porque seus vestígios ora aparecem num canto, ora aparecem noutro. E todos afirmando sem medo de errar que acharam a verdadeira arca de Noé!


Um desses últimos achados se deu há cerca de 5 anos, mas especulações acerca do mesmo continuam bem firmes na Internet. Afirma-se que um grupo de chineses e turcos teria encontrado o barco milenar e até feito filmagens dentro dele. Será verdade?


Eu mesmo ficaria muito feliz se fosse, mas por honestidade acadêmica e cristã, sou obrigado a dizer que se trata de mais um engano. Mais um desserviço à propagação da Palavra de Deus.


Tive a oportunidade de trocar e-mails e conversar pessoalmente com o Dr. Randall Price, arqueólogo americano que num primeiro momento teve seu nome associado ao grupo. Ele não somente negou que aquilo fosse verdade, mas ainda se disse desapontado com a falta de sinceridade do grupo.


O Dr. Price, para que todos saibam, chegou a fazer parte da primeira expedição dos Chineses quando esses lhe mostraram as fotos do achado em 2008. Ele conseguiu um recurso de cem mil dólares para o projeto, mas em pouco tempo percebeu que as evidências apresentadas não passavam de uma fraude.


Em 2009 Dr. Price e outros especialistas identificaram a caverna e os troncos que os chineses usaram para produzir o seu “filme”. Na verdade eles nunca estiveram dentro da arca de Noé!


Aliás, mesmo sem essa informação, o que eles apresentaram já era por si só digno de ceticismo. Veja o dilúvio ocorreu há pouco mais de 4 mil anos, logo, essas madeiras jamais estariam em perfeito estado de conservação conforme mostra o vídeo. E não adianta dizer que foram preservadas pelo poder de Deus, pois como arqueólogo posso afirmar que essa não parece ser a forma de Deus agir. Mesmo os importantes manuscritos do Mar Morto (achado importantíssimo para comprovar a veracidade textual da Bíblia Sagrada) foram encontrados em forma fragmentária e alguns completamente destruídos pela ação do tempo!


Outra coisa que me chamou a atenção é que nalguns sites o suposto achado dos Chineses é misturado com fotos de uma estrutura de pedra em forma navicular localizada em Durupinar. Ora, na verdade o que temos ali é outro falso achado promulgado desta vez por Ron Wyatt um falecido anestesista do Tennessee que também vivia “descobrindo” relíquias bíblicas – todas falsas.


Como se pode ver, alguns jornalistas nem se deram ao trabalho de verificar que estavam divulgando dois diferentes “achados” como se fossem a mesma “descoberta” – uma de Wyatt, outra dos chineses. Aliás, essa estrutura de pedra de Durupinar que Wyatt disse ter sido confirmada por muitos como sendo a arca de Noé era na verdade uma formação rochosa comum que nem fóssil era. Vários geólogos turcos afirmaram isso!


São por coisas assim que os que creem na Bíblia devem ter sua atenção redobrada no momento de usar certos argumentos na defesa da fé. Segundo Othon M. Garcia, “ainda que cometamos um número infinito de erros, só há, na verdade, do ponto de vista lógico, duas maneiras de errar: raciocinando mal com dados corretos ou raciocinando bem com dados falsos. (Haverá certamente uma terceira maneira de errar: raciocinando mal com dados falsos). O erro pode, portanto, resultar de um vício de forma – raciocinar mal com dados corretos – ou de matéria – raciocinar bem com dados falsos.” (Comunicação em prosa moderna. p. 307). De qualquer forma, o cristão deve evitar esse tipo de argumento. Paul Joseph Goebbels, ministro das Comunicações de Adolf Hitler, dizia que “Uma mentira mil vezes repetida se torna uma verdade autenticada”. Para mim, uma mentira mil vezes repetida continua sendo uma mentira e não devemos nunca ter parte nela!


Rodrigo Silva, escritor, professor, doutor em Teologia, doutor em arqueologia bíblica, doutorando em arqueologia clássica e apresentador do programa Evidências.

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Published on October 02, 2013 05:25

April 25, 2011

Artigo – Encontraram a arca da aliança?, 2011

Rodrigo P. Silva

Em julho de 1981, os moradores de Israel foram surpreendidos com uma notícia extraordinária. Moti Éden, um repórter da Rádio Israelense, anunciava em seu programa noturno que dois rabinos haviam encontrado a arca da aliança e que, ele mesmo, era uma testemunha ocular do ocorrido.


O que Éden tinha de fato presenciado foi a escavação clandestina de um grupo de judeus ortodoxos que acreditavam estar a caminho de encontrar o valioso tesouro. Eles criam que um túnel lateral ao muro das lamentações os levaria ao antigo lugar santíssimo do Templo, em baixo do qual estariam escondidas as tábuas da lei e outros artefatos originais. Hoje, o que vemos no local do antigo Templo são as edificações islâmicas do Domo da Rocha e da mesquita de Al Aksa.


O resultado, evidentemente, foi uma reação imediata dos muçulmanos que entraram em luta armada contra militantes judeus, causando a morte de seis estudantes. O quadro só não ficou pior porque o rabino Meir Getz, que liderava as escavações, cedeu a um acordo político, colocando “panos quentes” sobre a questão. Getz morreu em 1995 e um ano depois e o túnel foi parcialmente aberto ao público como atração turística.


A despeito da agitação, nenhuma prova concreta foi apresentada de que a arca tivesse mesmo ali. Mas esta não foi a única vez que alguém pretendeu tê-la encontrado.


Pretensos achados

Os etíopes dizem que a verdadeira arca estaria em seu país, numa capela da cidade de Axum. Eles argumentam que ela foi roubada do Templo judeu pelo príncipe Menelik, filho de Salomão e da rainha de Sabá. O curioso é que, com exceção de uns poucos políticos, a ninguém foi permitido ver ou fotografar a arca, o que torna bastante suspeita esta tradição.


Vendyl Jones, provavelmente o mais excêntrico dos descobridores, foi a inspiração para Steven Spielberg criar o personagem Indiana Jones. Com base num obscuro texto encontrado entre os Manuscritos do Mar Morto (o Manuscrito de Cobre), Jones diz ter decifrado o mapa de onde estariam a arca e outros utensílios sagrados do Templo.


Em 1988, ele apresentou uma pequena vasilha de barro cujo conteúdo seria o Shemen Afarshimon, o óleo sagrado dos sacerdotes. Análises químicas posteriores pareceram dar certo crédito à sua descoberta, mas o assunto ainda não está tecnicamente encerrado. Mais tarde, em 1992, Jones mostrou aos jornalistas um pote de cinzas que alegou pertencerem originalmente ao ketoret, o incenso sagrado do Templo. Muitos, é claro, dizem que tudo não passa de um embuste.


Com absoluta segurança ele prometeu que revelaria em agosto deste ano o local exato da arca. Mas até agora nada de concreto foi apresentado e o mérito de Vendyl Jones parece ser apenas o de ter inspirado a criação de um personagem holliwoodiano.


Dentro do arraial adventista, um profissional da área de saúde chamado Ron Wyatt também pretendeu ter encontrado a arca. Infelizmente, a empolgação apressada, seguida da forma fácil como a Internet divulga inverdades, fez com que muitos irmãos, de boa fé, acreditassem na história de Wyatt e a divulgassem, inclusive, através do púlpito.


Embora não tenhamos aqui espaço para mostrar as falhas de suas pretensas descobertas, podemos resumidamente dizer que Wyatt afirmou ter encontrado a arca em 1982. De acordo com sua história, Deus lhe havia dado uma revelação especial, por ocasião de sua visita a Jerusalém, mostrando-lhe a gruta de Jeremias, dentro da qual estaria a arca da aliança.


Munido de uma discutível “permissão” para escavar no local, que fica próximo à porta de Damasco, Wyatt disse ter encontrado ali a espada de Golias, a mesa dos pães asmos, o altar de incenso e outras coisas. Sua trama, recheada por aparições angelicais e visões de Cristo, termina com o achado da arca e os dez mandamentos. Ron disse ainda ter tirado várias fotos, mas quase todas queimaram. A única que restou não oferece nada que possa ser chamado de “convincente”. Apenas uma luz forte onde ele afirma poder visualizar o rosto de Cristo sentado num trono celestial.


Numa teologia muito confusa, Wyatt  também apontou o lugar como sendo o Calvário e concluiu que, quando Cristo morreu, seu sangue penetrou o solo, aspergindo a arca que estaria poucos metros abaixo. Este seria o cumprimento de Daniel 9:24. Ora, o texto bíblico não diz que seria ungida a arca e sim o santo dos santos que, se entendido no sentido pessoal, refere-se a Cristo e, no sentido geográfico, ao santuário celestial. Mesmo porque, o lugar santíssimo do santuário terrestre não ficava no Calvário, mas dentro do Templo.


Ron Wyatt afirmou ainda ter recolhido amostras do sangue de Cristo, mas, como nas declarações anteriores, tudo não passou de uma teoria infundada. Como Vendyl Jones, ele também foi desafiado a apresentar provas mais substanciais do que dizia. Então, prometeu que, em um ano ou dois, voltaria ao local com uma equipe de cientistas e revelaria a arca para o mundo. Só esperaria uma ordem de Deus dizendo que chegou a hora de fazê-lo. Mas, Wyatt morreu em 1999 e, até hoje, nenhum de seus  colaboradores apresentou qualquer prova que legitime suas afirmações.


O que diz Ellen White?

Como muitos já sabem, a arca desapareceu por volta de 587 a.C., quando os babilônios atacaram Jerusalém e destruíram o Templo. A Bíblia não descreve como isto aconteceu, mas antigas tradições judaicas revezam entre Josias, Jeremias e Baruque a responsabilidade pela ocultação do objeto. Ellen White, embora não mencione o nome dos envolvidos, parece dar crédito a esta tradição. Ela diz:


“Antes do templo ser destruído, Deus fez saber a alguns de seus fiéis servos o destino do templo, que era o orgulho de Israel …Também lhes revelou o cativeiro de Israel. Estes homens justos, exatamente antes da destruição do templo, removeram a sagrada Arca que continha as tábuas de pedra, e com lamento e tristeza esconderam-na numa caverna, onde devia ficar oculta ao povo de Israel por causa de seus pecados, não mais sendo-lhes restituída. Esta sagrada arca ainda está oculta, jamais foi perturbada desde que foi escondidaSpiritual Gifts, vol. 4, pp. 114, 115 (1864); Spirit of Profecy, vol. 1, p. 414, (1870); História da Redenção, p. 195.


“Entre os justos que ainda restavam em Jerusalém, a quem tinha sido tornado claro o propósito divino, alguns havia que se determinaram colocar além do alcance das mãos cruéis, a sagrada Arca que continha as tábuas de pedra, sobre a qual haviam traçado os preceitos do decálogo. Isto eles fizeram. Com lamento e tristeza esconderam a arca numa caverna onde deveria ficar oculta do povo de Israel e de Judá por causa de seus pecados, não mais sendo-lhes restituída. Esta sagrada arca ainda está oculta. Jamais foi perturbada desde que foi escondida.” Profetas e Reis, p. 436 (1989). Grifos acrescentados.


Assim, descarta-se a idéia de que a arca tenha sido destruída, arrebatada ou transferida para fora de Israel, pois com a iminente chegada dos babilônios, os judeus não teriam tempo de fugir para longe levando consigo um objeto sagrado que demandaria um detalhado cerimonial de transporte.


Será a arca encontrada novamente?

A atitude de esconder objetos sagrados devido a uma ameaça iminente não era estranha. II Crônicas 34:14-30 descreve o momento em que, em meio à reforma do Templo, Hilquias encontrou os originais de Moisés que sacerdotes piedosos haviam escondido durante o idolátrico reinado de Manassés. Os Manuscritos do Mar Morto, descobertos em 1947, nas cavernas de Qumran, também exemplificam tal comportamento. Segundo uma hipótese, os textos teriam sido guardados ali em virtude do cerco romano sobre a cidade de Jerusalém.


Várias tradições judaicas baseadas em Jeremias 3:16 fazem supor que a arca reaparecerá no fim dos tempos. Embora o espaço não nos permita expor estas tradições, torna-se digno de nota que Ellen White também fala que as Tábuas serão trazidas novamente à vista dos habitantes da Terra:


“Com Seu próprio dedo, Deus escreveu os Seus Mandamentos em tábuas de pedra. Essas tábuas não foram deixadas aos cuidados dos homens, mas foram postas na arca; e no grande dia em que cada caso estiver decidido, essas tábuas escritas com os Dez Mandamentos serão mostradas para que o mundo inteiro possa ver e entender. Seu testemunho contra o mundo será inquestionável.” Carta 30, (1900). Manuscript Releases 1401. vol. 19, p. 265.


“O precioso registro da lei foi colocado na Arca do Testamento e está lá ainda seguramente escondida da família humana. Mas no tempo apontado por Deus Ele revelará essas tábuas de pedra a fim de serem testemunho para todo o mundo contra o desdém para com Seus Mandamentos e contra o culto idolátrico de um falso sábado.” Manuscript Releases 122, 1901. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol.1, p. 1109.


“Quando o templo de Deus for aberto, que triunfo não será para aqueles que foram fiéis e verdadeiros! No templo será vista a Arca do Testamento em que foram postas as duas tábuas de pedra nas quais foi escrita a Lei de Deus. Essas tábuas de pedra serão tiradas de seu esconderijo e nelas serão vistos os Dez Mandamentos gravados pelo dedo de Deus. Essas tábuas de pedra que agora jazem dentro da arca do testamento serão um testemunho para a verdade e os reclames da lei de Deus.” Carta 47, 1902. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 7, p. 972.


Embora não possamos ser dogmáticos, estes textos parecem indicar que o reaparecimento da Lei será um ato sobrenatural de Deus por ocasião do Seu juízo sobre os homens. E isto ocorrerá quando cada caso estiver decidido.


Assim, embora possamos admitir um desejo próprio de que a arca seja encontrada, é importante ter prudência e permitir que se cumpra a vontade de Deus. Note-se que um ponto em comum a todos os pretensos descobridores da arca é que nenhum deles até hoje apresentou provas concretas que justifiquem suas afirmações. Fotos que não se revelam, soldados que impedem o acesso ou promessas que não se cumprem são insuficientes para nos fazer acreditar neste tipo de abordagem. E é importante lembrar que mesmo a verdade, se for sustentada com argumentos infundados torna-se um desserviço à causa de Deus.

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Published on April 25, 2011 09:53

April 1, 2011

Artigo – A Arqueologia e a Bíblia

Rodrigo P. Silva


Das muitas definições dadas à Bíblia, é provável que uma das mais interessantes tenha sido a de Gerald Wheeler que definiu a inspiração como “Deus falando com sotaque humano”. De fato, a Bíblia é a Palavra do Altíssimo entrando em nossa história e participando ativamente dela.


Logo, seria interessante lembrar que as Escrituras Sagradas não nasceram num vácuo histórico. Elas possuem um contexto cultural que as antecede e envolve. Suas épocas, seus costumes e sua língua podem parecer estranhos a nós que vivemos num tempo e geografia bem distantes daqueles fantásticos acontecimentos, mesmo assim são importantíssimos para um entendimento saudável da mensagem que elas contêm.


Como poderíamos, então, voltar a esse passado escriturístico? Afinal, máquinas do tempo não existem e idéias fictícias seriam de pouco valor nesta jornada. A solução talvez esteja numa das mais brilhantes ciências dos últimos tempos: a Arqueologia do Antigo Oriente Médio.


Usada com prudência e exatidão, a Arqueologia poderá ser uma grande ferramenta de estudo não apenas para contextualizar corretamente determinadas passagens da Bíblia, mas também para confirmar a historicidade do seu relato. É claro que não poderemos com a pá do arqueólogo provar doutrinas como a divindade de Cristo ou o Juízo final de Deus sobre os homens. Esses são elementos que demandam fé da parte do leitor. Contudo, é possível – através dos achados – verificar se as histórias da Bíblia realmente aconteceram ou se tudo não passou de uma lenda. Aí, fica óbvio o axioma filosófico: se a história bíblica é real, a teologia que se assenta sobre essa história também o será. Talvez seja por isso que ao invés de inspirar a produção de um manual de Teologia, Deus soprou aos profetas a idéia de escreverem um livro de histórias que confirmassem a ação divina em meio aos acontecimentos da humanidade.


Como tudo começou


Dizer exatamente quando começou a arqueologia bíblica não é tarefa fácil. Na verdade, desde os primeiros séculos da era cristã já havia pessoas que se aventuravam na arte de tirar da terra tesouros relacionados à história da Bíblia Sagrada. Helena, a mãe de Constantino, foi uma dessas “pioneiras” que numa peregrinação à Terra Santa demarcou com igrejas vários locais sagrados onde supunham ter ocorrido algum evento especial. Muitos destes locais servem até hoje de ponto turístico no Oriente Médio.


As técnicas porém desses primeiros empreendimentos eram bastante duvidosas e o fervor piedoso levava as pessoas a verem coisas que na verdade nem existiam. Aparições de santos, sonhos e impressões eram o suficiente para demarcar um local como sendo o exato lugar da crucifixão ou do nascimento de Cristo.


Mas a partir do final do século XIII, a arqueologia das Terras Bíblicas começou finalmente a ter ares de maior rigor científico. A descoberta acidental da Pedra de Roseta, ocorrida em 1798, levou vários especialistas a se interessarem pela história do Egito, da Mesopotâmia e da Palestina, descobrindo um passado que há muito se tinha por perdido.


Babilônia, Nínive, Ur e Jericó foram apenas algumas das muitas localidades que começaram a ser escavadas revelando importantes aspectos da narrativa bíblica. Para os críticos que na ocasião levantavam argumentos racionalistas contra a Palavra de Deus, os novos achados representavam um grande problema, pois desmentiam seus arrazoados confirmando vários elementos do Antigo e do Novo Testamento.


Um exemplo pode ser visto no próprio ceticismo com que encaravam a existência de uma cidade chamada Babilônia. Muitos pensavam que tal reino jamais existira. Era apenas o fruto mitológico da mente de antigos escritores como Heródoto e os profetas canônicos. Até que, finalmente, suas ruínas foram desenterradas em 1899 pelo explorador alemão Robert Koldewey, que demorou pelo menos 14 anos para escavar as suas estruturas.


Mais tarde veio a descoberta de várias inscrições cuneiformes que revelaram o nome de pelo menos dois personagens mencionados no livro de Daniel, cuja historicidade também tinha sido questionada pelos céticos. O primeiro foi Nabucodonosor, o rei do sonho esquecido e o segundo, Belsazar que viu sua sentença de morte escrita com letras de fogo nas paredes de seu palácio.


Contribuições adicionais


Além de ajudar tremendamente na confirmação de episódios descritos na Bíblia, a arqueologia presta um grande serviço ao estudo elucidativo de determinadas passagens. Graças a ela, é possível reconhecer o porquê de alguns comportamentos estranhos à nossa cultura. É o caso de Raquel roubando deliberadamente os “ídolos do lar” que pertenciam a Labão, seu pai (Gn 31:34). Aparentemente o delito parecia ter um fim religioso, mas antigos códigos de lei sumerianos revelaram que naquela época a posse de pequenos ídolos do lar (comumente chamados de Terafim) era o certificado de propriedade que alguém precisava para firmar-se dono de uma terra. Caso os ídolos fossem parar nas mãos de outra pessoa, essa se tornava automaticamente a proprietária dos terrenos que eles demarcavam. Por serem pequenos, poderiam facilmente ser roubados e cabia ao dono o cuidado de guardá-los para não ser lesado. Foi portanto num descuido de Labão que Raquel roubou seus ídolos (ou seja suas escrituras) com o fim de entregá-los posteriormente a Jacó, e fazer dele o novo senhor daquelas terras. Tratava-se, portanto, de uma tentativa de indenização do esposo pelo engano que o levou a sete anos extras de trabalho nas terras de seu pai.


Várias palavras e expressões antigas também tiveram seu significado esclarecido pelo trabalho da arqueologia. O nome de Moisés, que certamente não era de origem hebraica pode ter sua explicação na raiz do verbo egípcio ms-n que significa “nascer ou nascido de”. Não é por menos que muitos faraós e nobres da corte egípcia tinham o seu apelido formado pela junção desse verbo e do nome de uma divindade. Por exemplo: Ahmose (“nascido de Ah, o deus da lua”); Ramose (“nascido de Rá, o deus sol”), Thutmose (“nascido de Thot, outra forma do deus da lua”). É possível que Moisés (ou em Egípcio Mose) também tivesse originalmente o nome de um deus local acoplado ao seu próprio nome. Talvez fosse Hapimose (o deus do Nilo) uma vez que, de acordo com Êxodo 2:10, a rainha escolheu chamá-lo assim, porque das águas do Nilo o havia tirado.


Uma embaraçosa situação entre Jesus e um discípulo também pode ser esclarecida pela arqueologia. Trata-se do episódio descrito em Lucas 9:59, onde o Senhor aparentemente nega a um jovem que queria seguir-lhe o direito de sepultar o seu próprio pai. Olhando pela cultura moderna ocidental, dá-se a impressão que o pai do moço estava morto em um velório e que ele estaria pedindo apenas algumas “horas” a Cristo para que pudesse seguir o féretro e, logo em seguida, partir com o Senhor. Um pedido, a princípio, bastante justo para não ser atendido!


Mas as dificuldades se esvaem quando entendemos pelo resgate arqueológico que, naquela época (e também hoje, nalguns idiomas como o árabe e o siríaco), a expressão “sepultar o meu pai” seria um idiomatismo que nem de longe indicava que seu pai houvesse recentemente morrido! Tanto o é que o episódio se dá “caminho fora” (Lc. 9:57). Se o pai do jovem houvesse morrido o que estaria ele fazendo à beira da estrada? Na verdade, essa expressão idiomática significava que o pai estava sadio e feliz e que seu filho prometia sair de casa apenas depois que ele morresse.


Ademais, segundo o costume oriental, quando o pai morria, o filho mais velho ficava encarregado do seu sepultamento, mas esse também não ocorria imediatamente após a sua morte. Primeiramente o corpo era banhado, perfumado e envolvido num lençol para ser depositado numa gruta tumular onde ficava deitado sobre uma cama de pedra por um ano ou mais até que a carne houvesse completamente sido decomposta restando apenas os ossos. Então, nesse dia, o filho retirava a ossada de seu pai, colocando-a delicadamente num pequeno caixão de pedra (conhecido como ossuário) e, somente aí, tinha-se finalmente completado o “sepultamento”, isto é, vários meses após a morte do indivíduo.


Com esse pano de fundo trazido dos estudos arqueológicos o diálogo de Jesus com aquele jovem passa a ter outra dimensão. Esclarece-se a questão e torna o texto mais compreensivo e agradável de se ler.


È curioso como a Bíblia – evidentemente usando uma figura de linguagem – descreve a teimosia do rei do Egito com a idéia de que Deus endureceu (literalmente “petrificou”) o coração de Faraó. O estudo das línguas orientais mostra que Deus muitas vezes é colocado como autor daquilo que Ele na verdade apenas tolera. É um limite do idioma e nada mais. Nós também temos as mesmas limitações em nossa língua pátria: quando dizemos a alguém “vá com Deus” ou “que o Senhor te acompanhe” não estamos com isso negando a onipresença do Altíssimo como se Ele precisasse “ir” a um lugar onde já não estivesse. Também não estamos de maneira nenhuma nos matando quando dizemos: “Estou morto (isto é, cansado)!”


A idéia de um faraó de coração duro pode ser ainda mais esclarecida se atentarmos para o fato de que o estudo de várias múmias revelou o estranho costume egípcio de colocar dentro do corpo mumificado um escaravelho de pedra bem no lugar do coração. Esse amuleto servia ao defunto como uma espécie de salvo conduto no juízo final perante Osíris. Um coração normal (que era pesado na balança da deusa Ma’at) poderia denunciar os seus pecados fazendo-o perder um lugar no paraíso. Mas um coração de pedra, enganaria os deuses. Ocultaria os erros que ele cometeu garantindo-lhe o paraíso, mesmo que houvesse levado uma vida de constantes pecados. Ter, portanto, um coração duro (ou “de pedra”) era para Faraó a certeza de uma salvação forjada à custa do engano dos deuses! Daí a forma irônica e eufemística de dizer: “Deus endureceu o coração de faraó”.


Arqueologia do Antigo Testamento


Estes são alguns dos principais achados alusivos ao Antigo Testamento:


1 – Leis mesopotâmicas – uma coleção de várias leis datadas do terceiro e segundo milênios antes de Cristo que ilustram em muitos detalhes o período patriarcal. O conhecido código de Hamurabi (c. 1750 a.C.) é uma delas.


2 – Papiro de Ipwer – trata-se da oração sacerdotal de um certo egípcio chamado Ipwer que reclama junto ao deus Horus as desgraças que assolavam o Egito. Entre elas ele menciona o Nilo se tornando em sangue, a escuridão cobrindo a terra, os animais morrendo no pasto e outros elementos que lembram muito de perto as pragas mencionadas no Êxodo.


3 – Estela de Merneptah – uma coluna comemorativa escrita por volta de 1207 a.C. que conta as conquistas militares do faraó Merneptah. É a mais antiga menção do nome “Israel” fora da Bíblia. Alguns céticos insistem em negar a história dos Juízes dizendo que Israel não existia como nação naqueles dias. Porém, a Estela de Merneptah desmente essa afirmação ao mencionar Israel entre os inimigos do Egito.


4 – Textos de Balaão – fragmentos de escrita aramaica foram encontrados em Tell Deir Allá (provavelmente a cidade bíblica de Sucote). Juntos eles trazem um episódio na vida de “Balaão filho de Beor” – o mesmo Balaão de Números 22. Os textos ainda descreviam uma de suas visões, indicando que os cananitas mantiveram lembrança desse profeta.


5 – Estela de Tel Dã – outra placa comemorativa, desta vez da conquista militar da Síria sobre a região de Dã. Encontrada em meio aos escombros do sítio arqueológico, a inscrição trazia de modo bem legível a expressão “casa de Davi” que poderia ser uma referência ao templo ou à família real. Porém o mais importante é que mencionava pela primeira vez fora da Bíblia o nome de Davi, indicando que este fora um personagem real.


6 – Obelisco negro e prisma de Taylor – Estes artefatos mostram duas derrotas militares de Israel. O primeiro traz o desenho do rei Jeú prostrado diante de Salmanazar III oferecendo tributo e o segundo descreve o cerco de Senaqueribe a Jerusalém, citando textualmente o confinamento do rei Ezequias.


7 – Inscrição de Siloé –  encontrada acidentalmente por algumas crianças que nadavam no tanque de Siloé, essa antiga inscrição hebraica marca a comemoração do término do túnel construído pelo rei Hezequias, conforme o relato de II Crônicas 32:2-4.


Arqueologia do Novo Testamento


Estes são alguns dos principais achados alusivos ao Novo Testamento:


1 – Ossuários de Caifás e (possivelmente) Tiago irmão de Jesus – Alguns ossuários costumavam trazer uma inscrição com o nome da pessoa que estaria ali. Sendo assim, dois ossuários chamaram a atenção dos arqueólogos. O primeiro foi encontrado em 1990 e legitimado como sendo do mesmo Caifás mencionado em Mateus 26 e João 18. Já o segundo, cuja autenticidade é disputada entre os especialistas, pertenceria a Tiago, um dos irmãos de Jesus conforme o texto de Mateus 13:55. Caso se demonstre verdadeiro, este ossuário será a mais antiga menção do nome de Jesus que temos notícia.


2 – O esqueleto do crucificado – Um outro ossuário encontrado em 1968 revelou a ossada de um certo Yehohanan (“João” em aramaico) que morrera crucificado. Seu calcanhar ainda trazia um pedaço torcido do prego romano. Esse foi o único exemplar de um crucificado de que temos notícia. Graças ao seu estudo foi possível levantar importantes detalhes sobre os modos de crucifixão usados no tempo de Cristo.


3 – Inscrição de Pilatos – Uma placa comemorativa encontrada em Cesaréia Marítima no ano de 1962 revelou o nome de Pilatos como prefeito da Judéia. Antes disso, sua existência histórica era questionada pelos céticos.


4 – Cafarnaum – A cidade onde Jesus morou foi escavada e preservada para visitação. Ali é possível se ver os restos de uma sinagoga e uma igreja bizantinas que foram respectivamente construídas sobre a sinagoga dos dias de Jesus e a casa de Pedro, o líder dos doze apóstolos.


Qumran e os Manuscritos do Mar Morto


Um isolado sítio arqueológico foi acidentalmente descoberto por um garoto beduíno em 1947, nas redondezas do Mar Morto junto ao deserto da Judéia. Ali podem ser vistas as ruínas de Khirbet Qumran onde, segundo a opinião de muitos, viveram os antigos essênios, uma facção religiosa judaica que rompera com o partido sacerdotal de Jerusalém.


Mas o achado do garoto foi ainda mais surpreendente. Ele descobriu numa das grutas locais antigas cópias do Antigo Testamento e outros livros judaicos que estavam guardados por quase dois mil anos.


Juntos esses manuscritos (advindos de pelo menos 11 cavernas) formavam uma enorme biblioteca de textos inteiros ou fragmentados que contextualizam o judaísmo dos dias de Cristo. E mais, ajudam a estabelecer a confiança na transmissão texto bíblico, uma vez que não possuímos nenhum dos originais que saíram das mãos dos profetas.


Ocorre que, até ao achado dos manuscritos do Mar Morto, as cópias hebraicas mais antigas da Bíblia datavam do século 10 d.C., ou seja, mais de mil anos depois da produção do último livro vétero-testamentário. E que certeza teríamos, além da fé, de que não houve alterações substanciais no texto? Sendo assim, o achado de Qumran foi bastante providencial pois proveu-nos de cópias da Bíblia Hebraica que datavam de até 250 a.C..


Quando essas cópias foram comparadas ao texto hebraico massorético (aquele tardio sobre o qual baseavam-se as traduções modernas) demonstrou-se claramente que elas confirmavam a fidedignidade da versão que possuíamos. Se a Bíblia tivesse sido drasticamente alterada ao longo dos séculos, os Manuscritos do Mar Morto demonstrariam isso pois, afinal, foram produzidos antes mesmo do surgimento do cristianismo.


O achado de Qumran, pois, constitui a maior descoberta bíblica de todos os tempos.


Conclusão


Certa vez ao entrar glorioso em Jerusalém, Jesus declarou em meio à multidão que ainda que os filhos se calassem, as próprias pedras clamariam (Lc 19:40). Por que não poderíamos ver na arqueologia um cumprimento destas palavras? De uma maneira silenciosa, porém bastante ativa, pedras, cacos de cerâmica, restos de fortalezas e antigos manuscritos clamam que a história é verdadeira, que Deus é tão real que quase dá para tocá-lo.


A arqueologia é certamente um presente do céu aos crentes. Seu conhecimento é uma excelente ferramenta na compreensão, no estudo e na proclamação da Palavra de Deus!

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Published on April 01, 2011 07:48

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Rodrigo  Silva
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