Ana C. Nunes's Blog

January 6, 2025

Um ano de leituras diferentes

2024 foi um ano literário diferente para mim. Diversifiquei muito os géneros de leitura, li talvez menos livros que em anos anteriores, mas fixei mais aquilo que li. Foi também um ano de quase estreia para mim, pois reli 2 livros, coisa que eu nunca faço! Um desses livros, “Os guardiães da noite” de Sergei Lukyanenko, li porque quero terminar a saga de livros. A segunda releitura foi sem querer! Comecei a ler “A Cidade das Ilusões” pensado que nunca tinha lido o livro e só depois me lembrei que este livro de Ursula K. LeGuin já me tinha passado pela vista … na íntegra!

Livros Lidos em 2024

Em 2024 li mais livros de não-ficção do que de qualquer outro género! E descobri que é um género que afinal até gosto bastante, ao contrário do que achava até então.
E agora, alguns dados estatísticos:

No total li 29 livros, 27 romances/noveletas e 2 álbuns de Banda Desenhada. Li ainda 32 contos.

Li mais de 7100 páginas, nas quais se incluem 12 livros físicos, 6 ebooks, e 15 audiolivros. Foram mais de 167 horas de narração audio!

Os géneros mais lidos foram a não ficção, a sátira/comédia e a ficção científica, nos romances. Já nos contos foi a ficção e o horror,

Quanto à qualidade das leituras, a classificação média que dei aos romances/noveletas foi de 7 estrelas em 10. Já para os contos foram 6,5 estrelas e para a BD foram 8 estrelas de média.

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Os favoritos do ano 2024“Wilt”, de Tom Sharpe“Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago“We should all be feminists”, de Chimamanda Ngozi Adiche“Somos o esquecimento que seremos”, de Hector Abad Faciolince“Terra de Sonhos” de Jirō Taniguchiconto “Morgado” de Miguel Torgaconto “O dominó preto” de Florbela Espancaconto “Canção de Ninar” de Victória F.conto “A parte pelo todo”, de Inês Fonseca Santosconto “A salvação de Wang-Fô”, de Marguerite YourcenarAs leituras do Clube

Com já mais de 12 anos, o Clube de Leitura de Braga continua em força!
Enquanto organizadora e gestora das redes sociais do clube, vejo-me ainda mais envolta nos títulos sugeridos. É algo que me dá muito gozo e acho incrível perceber quantas pessoas já passaram pelo clube e quantos livros já li que nunca teria lido se não fosse por serem sugestões do clube,
Para quem não sabe como funciona este clube, as escolhas mensais não são feitas exclusivamente pelos organizadores. Ao invés disso convidamos por mês um dos membros a escolher. Assim garantimos uma diversidade ímpar nas seleções. E permite-nos conhecer livros, contos e autores que, muito provavelmente de outra maneira nunca teriamos lido.

No ano de 2024 estas foram as minhas leituras favoritas do clube:

“Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago“Somos o esquecimento que seremos”, de Hector Abad Faciolince“Eusébio Macário”, de Camilo Castelo Branco“Ivanhoe”, de Walter Scott“A Balada do Café Triste”, de Carson McCullersconto “Morgado” de Miguel Torgaconto “O dominó preto” de Florbela Espancaconto “A salvação de Wang-Fô”, de Marguerite Yourcenarpoema “Ozymandias” de Percy Bysshe Shelleyconto “Matar um elefante”, de George OrwellLivros comprados em 2024

No ano passado comprei menos livros, como era o meu objectivo, Do que comprei metade foi em segunda mão e os restantes, curiosamente, foram livros quase explusivamente de autores nacionais. Mas melhor que isto – e isto é algo que sempre achei importante – li quase todos os livros novos que comprei no mesmo ano em que os trouxe para casa. Para quem, como eu, tem um espaço muito limitado nas estantes, isto faz cada vez mais sentido.

Li também muitos mais livros emprestados da biblioteca (no caso a de Barcelos), o que me permitiu poupar dinheiro e ler coisas mais diversas.

Além disso acrescentei muitos ebooks à minha lista de livros para ler, maioritariamente graças a livros disponibilizados grauitamente, embora também tenha comprado alguns, aproveitei vários “Stuff your kindle day” para conhecer novos autores e até novos genéros literários. Comprei ainda vários ebooks, de autores nacionais e internacionais, mas também aqui fui bastante mais regrada do que em anos anteriores.

Esta mudança de atitude deve-se a vários factores: a primeira sendo o decrescente espaço que tenho em estantes para a aquisição de novos livros; a segunda é uma resolução pessoal, pois se afinal ainda tenho centenas de livros por ler nas minhas estantes, não faz sentido continuar a comprar livros para ficarem na pilha por ler. Por isso tenho feito um esforço acrescido por apenas comprar aquilo que sei que vou ler muito em breve ou até livros que já li (emprestados da biblioteca, de amigos ou em audiolivro) e que gostei tanto que quero tê-los nas minhas estantes,

E tu? Que livros te marcaram em 2024?

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Published on January 06, 2025 09:30

November 8, 2024

Um Novembro diferente

Se seguem este blog há alguns anos, talvez tenham estranhado o facto de não ter anunciado planos para este Novembro que acaba de começar. Por norma participo sempre no NaNoWriMo (National Novel Writing Month) e, nos poucos anos em que não consegui participar, prestei sempre contas das razões para tal aqui no blog que nasceu precisamente no primeiro ano em que fiz parte do desafio (em 2008). Este ano não será excepção.

Desde Novembro passado a organização do NaNoWriMo tem estado sob escrutínio por questões de segurança nos seus fóruns, mas este ano a problemática escalou por uma outra situação que revoltou a comunidade global de participantes deste desafio anual: a ONG responsável por este que se tornou um ícone de potencialização da escrita meteu a “pata na poça” ao falar da sua posição relativamente ao uso de IA no contexto da escrita criativa.

Esta posição da ONG criou uma enorme revolta na comunidade fiel ao NaNoWriMo até então.

Não me vou pronunciar muito sobre esta situação, deixando que cada um tire as suas elações. A publicação original foi entretanto retirada e substituída por outro texto, mas podem saber um pouco mais sobre isto AQUI, AQUI ou AQUI.

Pessoalmente creio que a NaNoWriMo queria apenas ser o mais inclusiva possível, não querendo alienar pessoas que possam querer usar a IA como auxiliador de escrita, mas ao fazê-lo usou expressões que levaram a revolta.

Sobre o uso de IA irei pronunciar-me noutra publicação em maior detalhe, mas adianto que em matéria de IA generativa me encontro no espectro de pessoas que estão contra a forma como esta está em efeito de momento, pois considero o uso indevido, não autorizado e não remunerado de arte, textos, fotos e demais expressões artísticas protegidas por direitos autorais, uma aberração e um abuso do “fair use”. Não é por as coisas estarem disponíveis online que podem ser usadas para treinar motores de Inteligência Artificial, especialmente porque muitas plataformas forçam os seus utilizadores a aceitarem termos abusivos ou quase os escondem sem que as pessoas perceberem que estão, por defeito, a consentir que as suas fotos pessoais, artes criadas, vídeos e muito mais sejam utilizados para treinar estes geradores que são depois usados sem grande discernimento por todo o mundo.

Dito isto parece-me que a NaNoWriMo deu um “tiro no próprio pé”, pois que sentido faz sugerirem sequer que estão a favor da IA generativa de textos, quando o propósito único deste desafio é que as pessoas se dediquem a escrever um romance de 50.000 palavras no espaço de um mês?

Mas independente desta minha opinião, em toda a verdade não foi esta a razão que me levou a não integrar no desafio do NaNoWriMo este ano. Acontece simplesmente que me quero focar em rever os trabalhos que tenho escritos há anos e que ainda não lancei nem enviei para editoras. Portanto vou estar focada em rever e não tanto em escrever histórias novas, embora a revisão implique sempre uma boa dose de escrita.

Durante o mês vou dando aqui novidades sobre o processo e, quem sabe, não lance um novo conto nos próximos meses …

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Published on November 08, 2024 09:30

September 8, 2024

Humanização e desumanização

Este fim-de-semana vi finalmente o filme “The Whale”, que deu a Brendan Fraser o Óscar de melhor actor principal.

Neste filme de 2022 o actor interpreta Charlie, um homem com obesidade-mórbida (sempre detestei este termo, mas aqui encaixa que nem uma luva) que está prestes a morrer e é sobre ele, o que o levou ao lugar onde se encontra e sobre todos os que o rodeiam e que aparecem na sua vida no espaço de uma semana.

O filme inicia numa cena mundana que me pareceu incrivelmente poderosa para subverter as expectativas, pois parece-me que irá causar asco e aversão a muitos, mas logo depois forçá-los a passar para a pena. E atenção que não estou a dizer que acho a cena asquerosa, bem pelo contrário, mas é muito poderosa e infelizmente penso que será vista por muitos de forma depreciativa. Ou seja, eu acho que a personagem do Thomas está ali para mostrar o que a maioria das pessoas sentiria.

Thomas é a nova pessoa na vida de Charlie, aquele que o encontra num momento de extrema fragilidade e de mudança final na sua vida. Mas Thomas está focado nele próprio e nas suas necessidades, como a maioria de nós, e ele é o que menos vê do potencial e da profundidade de Charlie. Todas as outras personagens nos ajudam a pintar um quadro da vida deste homem, da sua dor, das suas fraquezas e erros, mas também da sua força.

Talvez por também eu ser obesa consegui separar imediatamente esta parte da sua condição física e comportamental da restante história do Charlie. Pois este filme, para mim, não é só sobre um homem obeso prestes a morrer, mas sobre um homem desolado, que perdeu o amor a si mesmo e a vontade de viver, mas que ainda assim quer acreditar que a sua vida não foi em vão, sem perceber que nesta demanda por retificação está a magoar todos os que ainda restam na sua vida.

Não é comum eu opinar filmes neste blog, mas este marcou-me e quero recomendá-lo a quem ainda possa não o ter visto. É agoniante, dá muito que pensar, leva-nos às lágrimas, e está cheio de actores fantásticos num filme escrito e dirigido com mestria.

Ao pesquisar um pouco mais sobre o filme deparei-me com uma entrevista que o argumentista, Samuel D. Hunter deu à Why Now em 2023. Nela ele diz o seguinte:

One of the responses to the film that I’ve heard that I always find a little troubling is, you really humanise this character. I understand what people are saying and I understand that it’s coming from a generous place, but I shouldn’t have to make a human being human for you. It wasn’t my project as a writer to humanise somebody, that’s automatic. If you have trouble with that, then that’s on you.

Uma reação ao filme que me preocupa, e que é das que oiço com mais frequência, é você consegue mesmo humanizar esta personagem. Compreendo o que as pessoas querem dizer e percebo que é dito com boas intenções, mas eu não devia ter de humanizar um ser humano aos vossos olhos. Não era o meu projecto, enquanto escritor, humanizar alguém, pois isso é automático. Se têm dificuldades com isso, é um problema vosso. (tradução livre)

Ao longo da entrevista ele fala muito nisto, que a maioria das pessoas se foca na figura do Charlie, quando esse é apenas um veículo para uma personagem muito complexa e para a mostrar como todos à sua volta são também pessoas incríveis: o apoio incondicional da Liz, motivado por uma enorme perda; a dualidade da Liz resultado do abandono, da negligência e de uma raiva incontida; o declínio e a agonia da Mary que mascaram um amor imenso.
Na verdade nem é só o Thomas que representa a pessoa comum, mas também o Dan, personagem que pode parecer insignificante, mas que conduziu a uma das cenas mais angustiantes do filme, em que pela vergonha de ser visto por Dan, Charlie se empanturra de comida, numa raiva consigo mesmo que se traduz em querer magoar-se ainda mais. Em nada diferente de outras dependências, assim é também com a comida.

Vejam o filme e pensem em tudo isto e muito mais, pois esta é a minha visão apenas. Depois digam o que acharam.
Eu já não via um filme que me afectasse tanto há muito.

Nota: O filme é a adaptação de uma peça de teatro com o mesmo nome e escrita pelo mesmo argumentista.

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Published on September 08, 2024 05:56

June 26, 2024

Wilt de Tom Sharpe – Passeando Leituras

O segundo episódio desta minha nova rubrica saiu já há umas semanas, mas estava a dever-vos mais informações sobre o título em destaque e o seu autor.

Passeando leituras – episódio 2

Com esta rubrica pretendo divulgar oralmente a literatura, bem como mostrar cenários interessantes e relaxados. Quem sabe não vos desperte a vontade de sair e ler mais ao ar livre? Conhecer novos auttores?

E neste segundo episódio quis mostrar-vos o início de um livro que li este ano e que surpreendeu muito pelo quão divertido e acutilante foi.

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Wilt

Wilt é uma sátira sobre a sociedade, o casamento, o sistema de investigação, e sobre aquela vontade que todos confessamos (aos outros ou a nós mesmos) ter ocasionalmente: a de matar alguém.
Eu ri-me imenso com este livro, com as coisas absolutamente incríveis que acontecem a Wilt e aos que o rodeiram. É uma leitura incrível que eu recomendo muito!


Henry Wilt, amarrado a um emprego idiota no Instituto de Letras e Tecnologia de Fenland, acaba de ser novamente preterido para a promoção. Tem pela frente longos anos a tentar enfiar literatura na cabeça de estucadores, canalizadores, talhantes e afins. E as coisas não vão melhor em casa, onde Eva, a sua mulher maciça e dominadora, é dada a ilimitados e imprevisíveis acessos de entusiasmo. As fantasias de Wilt em relação à mulher tornam-se dia a dia mais assassinas. Após uma experiência dolorosa e embaraçosa numa festa, Wilt lança-se à realização das suas fantasias mais vingativas. Eva desaparece. Rapidamente as suspeitas recaem – com fundamentos bem sólidos – sobre Wilt, que passa à situação de Homem que Está a Ajudar a Polícia nas Investigações. Mas ajudará mesmo? Wilt exerce todos os seus poderes para mostrar que a polícia não consegue distinguir entre uma pessoa desaparecida e uma boneca e entre uma prova e um buraco.


Leitura de excerto do livro
Quem é Tom Sharpe?

O autor deste livro é Tom Sharpe, que nasceu em Londres em 1928 e faleceu em 2013.
Após cumprir o serviço militar nos Fuzileiros Navais, foi viver para a África do Sul em 1951. Aí trabalhou em serviços sociais e mais tarde no ensino, em Natal. Teve um estúdio fotográfico em Pietermaritzburg de 1957 a 1961, ano em que foi deportado. De regresso a Inglaterra, em 1963-1972 foi professor de História no Instituto de Letras e Tecnologia de Cambridge. É autor de dezena e meia de romances de grande êxito, traduzidos em mais de vinte línguas. Em 1986 recebeu o XXIIIème Grand Prix de l’Humour Noir Xavier Forneret. Em 2010 foi-lhe atribuído o Prémio BBK La Risa de Bilbao. Residiu alternadamente em Cambridge e na Catalunha.

Convite aberto

Por fim volto a renovar o convite para entrarem também nesta onda. Vamos levar a literatura a novos locais!
Podes partilhar a tua leitura deste livro, ou de um outro que nada tenha a ver, mas que te tenha marcado de alguma forma. Usa a hashtag #passeandoleituras e identifica-me nas publicações para eu poder partilhar.
Boas leituras!

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Published on June 26, 2024 13:24

May 21, 2024

Passeando Leituras – um exercício de oralidade

Na semana passada dei início a uma nova rubrica em formato vídeo, no meu Instagram e Facebook.
Chama-se Passeando Leituras e consiste numa premissa muito simples, que já tinha intenção de iniciar há algum tempo.

Passeando Leituras

Numa tentativa de divulgar a literatura e de potenciar o interesse de novos leitores, nesta rubrica vou ler excertos do início de alguns livros, tanto de autores nacionais como estrangeiros.
A somar a esta dinâmica de transmissão oral das obras, proponho fazer estas leituras em ambientes naturais ou urbanos que ou evoquem localizações do livro em questão, ou simplesmente sejam locais belos e calmos. Dando assim também a conhecer novas paisagens e locais.
E noutra vertente mais social, quero convidar todos a partilharem também os seus passeios literários, em formato vídeo (ou noutro que pensem que servirá o mesmo propósito). Usem a hashtag #passeandoleituras e sinalizem-me nas vossas publicações e vídeos, para eu poder partilhar as vossas visões e sugestões.

Primeiro passeio

Dei início ao Passeando Leituras com uma das obras mais famosas de José Saramago. O Ensaio sobre a Cegueira é uma obra que li muito recentemente, e que me agarrou logo nas primeiras páginas.
Que melhor forma de dar início a esta nova rubrica?

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E porque acho que o blog pode ajudar a complementar esta rubrica, deixo mais algumas informações.

Do que trata “Ensaio sobre a cegueira”?

Um homem fica cego, inexplicavelmente, quando se encontra no seu carro no meio do trânsito. A cegueira alastra como «um rastilho de pólvora». Uma cegueira coletiva.
Romance contundente. Saramago a ver mais longe. Personagens sem nome. Um mundo com as contradições da espécie humana. Não se situa em nenhum tempo específico. É um tempo que pode ser ontem, hoje ou amanhã. As ideias a virem ao de cima, sempre na escrita de Saramago. A alegoria. O poder da palavra a abrir os olhos, face ao risco de uma situação terminal generalizada. A arte da escrita ao serviço da preocupação cívica.

Ou, segundo o autor:

“É uma tentativa de nos perguntarmos o quê e quem somos. E para quê? Provavelmente não existe uma resposta e, se existisse, seguramente não seria eu a pessoa capaz de oferecê-la. No fundo, o que o livro quis expressar é muito simples: se somos assim, que cada um se pergunte porquê”

Quem foi José Saramago?

Autor de mais de 40 títulos, José Saramago nasceu em 1922, na aldeia de Azinhaga.
As noites passadas na biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a sua formação.

«E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.»


Em 1947 publicou o seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em 1953, terminaria o romance Claraboia, publicado apenas após a sua morte.
No final dos anos 50 tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário.
Regressa à escrita em 1966 com Os Poemas Possíveis.
Em 1971 assumiu funções de editorialista no Diário de Lisboa e em abril de 1975 é nomeado diretor-adjunto do Diário de Notícias.
No princípio de 1976 instala-se no Lavre para documentar o seu projeto de escrever sobre os camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca. Até 2010, ano da sua morte, a 18 de junho, em Lanzarote, José Saramago construiu uma obra incontornável na literatura portuguesa e universal, com títulos que vão de Memorial do Convento a Caim, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes ou A Viagem do Elefante, obras traduzidas em todo o mundo.
No ano de 2007 foi criada em Lisboa uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012 a Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa.
José Saramago recebeu o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998. Faleceu em 2010.

Convite aberto

Por fim volto a renovar o convite para entrarem também nesta trend. Vamos levar a literatura a novos locais?
Podes partilhar a tua leitura deste livro, ou de um outro que nada tenha a ver, mas que te tenha marcado de alguma forma. Usa a hashtag #passeandoleituras e identifica-me nas publicações para eu poder partilhar.
Boas leituras!

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Published on May 21, 2024 11:00

April 1, 2024

Autoras de Terror Português e Ler Contos

Nas últimas semanas o meu trabalho esteve em destaque em algumas publicações, em papel e no digital:

Enciclopédia do Terror Português

Enquanto escritora, o meu nome foi mencionado num artigo sobre autoras de terror português, incluído no livro “Enciclopédia do Terror Português”. Graças ao meu conto “A Última Ceia“.
Soube disto através do Grupo Editorial Divergência, numa publicação no instagram, pelo que agradeço!

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Publicação do Grupo Editorial Divergência, no instagram

O artigo “Autoras do Terror Português” é da autoria de Sandra Henriques, co-fundadora do projecto e portal Fábrica do Terror, que vos convido a visitarem e explorarem, caso ainda não conheçam.
A “Enciclopédia do Terror Português” já estava na minha lista de desejos, mas agora ainda fiquei ainda mais curiosa, pois também eu senti essa lacuna na literatura portuguesa: encontrar escritoras portuguesas de referência no género de terror. E não só no terror, como na ficção científica e até na fantasia (embora aqui já há alguns anos que temos muitos nomes femininos que se destacam). Neste sentido a Fábrica do Terror tem feito um excelente trabalho na divulgação de autores que escrevem e criam no género de terror.
Já agora aconselho a que consultem a lista que eles compilaram, com as obras de terror portuguesas. Um trabalho notável e em constante evolução. Podem ver AQUI.

Onde comprar a Enciclopédia do Terror Português?na FNACna Wookna Bertrandno site da Editora (Grupo Editorial Divergência)Nova rubrica da Olinda P. Gil

Foi já em Janeiro que a Olinda P. Gil, também ela escritora, começou uma nova rubrica, no seu perfil de instagram, chamada Ler Contos. Nesta rubrica ela convida autores a selecionarem um conto seu para ela ler, divulgar e criticar. Em Fevereiro a Olinda, amavelmente, destacou o meu conto “Dispensáveis“, incluido na antologia “Por Mundos Divergentes”.

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Publicação da Olinda P. Gil no seu instagram

Este mês tomei atenção especial à leitura de “Dispensáveis” de Ana C. Nunes. Um conto que gostei muito, retrata temas tais como a velhice, a vulnerabilidade, a família ou a parentalidade. Um idoso depara-se com a fragilidade da sua saúde, numa realidade distópica em que aqueles como ele são “dispensáveis”.

Olinda P. Gil, via instagram

Se não conhecem o trabalho da Olinda, convido-vos a visitar o seu blog, ou a sua newsletter, e a lerem alguns dos seus contos.

Outras publicações relevantes
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O grupo Editorial Divergência destacou várias fotos da sessão de lançamento da antologia “Por Mundos Divergentes” no Porto, da qual eu já tinha falado AQUI.
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O Nuno Almeida também partilhou fotos da apresentação da antologia “Por Mundos Divergentes”
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Published on April 01, 2024 06:06

March 1, 2024

Por mundos divergentes – uma vez mais

Em 2014 um dos meus contos, de título “Dispensáveis“, foi selecionado para ser publicado numa antologia da então recém-formada Editorial Divergência. A antologia tinha o título de “Por Mundos Divergentes” e incluía contos de mais quatro autores nacionais.

A premissa prometia história distópicas, num imaginário português, escrito por portugueses e ilustrados por outros tantos portugueses.
O lançamento foi na Arena Porto, conjuntamente com o de outro projecto de ficção científica com cunho português: “Comandante Serralves” (da Imaginauta) e ainda da antologia “Na sombra das palavras” (da divergência), Na altura partilhei um vídeo com fotografias e vídeos do evento, que podem ver AQUI e AQUI.

Lançamento da antologia “Por Mundos Divergentes” em Setembro de 2014, da esquerda para a direita: Nuno Almeida, Pedro Cipriano, Ricardo Dias, Ana Ferrreira e Ana C. Nunes (eu)

Em finais de 2023 recebi a confirmação de que o agora Grupo Editorial Divergência iria lançar uma segunda edição da antologia “Por Mundos Divergentes“, com a adição de mais um conto e com uma nova capa, visto que a primeira edição estava esgotada há bastante tempo.

Saltamos para 3 de Fevereiro de 2024 e, na FNAC do Alameda (Porto), voltamos a reunir-nos. Desta vez para o lançamento da segunda edição. Foi incrível rever a quase totalidade das pessoas que tinham estado presentes no primeiro lançamento!
Quase dez anos volvidos e ainda continuamos a considerar estas histórias relevantes. Talvez ainda mais nos dias que correm.

Da esquerda para a direita: Nuno Almeida, Ana C. Nunes (eu) e Ricardo Dias, da FNAC do Alameda (Porto)

Estiveram presentes 3 dos 6 autores (incluindo eu), o Pedro Cipriano (editor chefe), e até a Ana Ferreira nos fez uma visita, ela que foi a editora da primeira edição.

Foi uma dinâmica muito bem-disposta, com lugar a ponderações sobre o actual estado do mundo, a relevância deste tipo de narrativas, e se estas se mantém ou não actuais, quase dez anos volvidos. Em suma a resposta é sim, e cada vez mais. Alguns destes contos, atrevo-me (e atreveram-se outros) a dizer são mais incidentes e pertinentes na sociedade de hoje, do que eram quando inicialmente foram lançadas.

Deixo-vos com uma luz sobre o que fala o meu conto, para evitar falar demais, sem querer, como aliás me dizem que fiz nesta apresentação. Ehehe!

Rui nasceu livre, mas ao longo dos anos viu-se preso a um sistema que acabará, inevitavelmente, por descartá-lo. A duração da saúde é limitada e a sua está a chegar ao fim. Qual o destino que o aguarda?

Onde comprar?SITE da EDITORAWookFNACBetrande em muitas outras livrarias. Antologia Por Mundos Divergentes 2ª edição Capa da nova edição da antologia “Por mundos divergentes”, com ilustração de Tânia Roberto Capa da primeira edição da antologia “Por mundos divergentes”, com ilustração de Ana C. Silva (vulgo Cláudia Silva)
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Published on March 01, 2024 09:00

November 27, 2023

15 anos de Caneta, Papel e Lápis

Foi a 27 de Novembro de 2008 que inaugurei este blog. E sabem porque iniciei este cantinho? Porque estava a participar pela primeira vez no NaNoWriMo e alcancei, nesse dia, as 50 000 palavras. Foi uma vitória enorme para mim na altura.

Desde então foi aqui que falei sobre a minha rotina de escrita, os meus projectos, os meus objectivos, as minhas desilusões e os meus sucessos.

Foram 8 romances e dezenas de contos, cujo percurso narrei neste blog, ao longo destes 15 anos.

Em 2024 quem sabe o que acontecerá?

Mas queria relembrar o que disse no início, até para meu benefício.


Terminei agora mesmo de ultrapassar as 50 000 palavras no imenso desafio que é o NaNoWriMo (National Novel Writing Month). Com a história “Angel Gabriel”.


O desafio consistia em escrever um livro de 50 000 palavras em um mês (Novembro).


Senti que devia comemorar esta vitória da melhor maneira. E nada mais apropriado que começar aquela blog que tem preenchido o meu pensamento nos últimos meses. Este blog!


Podem ler o post inaugural AQUI.

Obrigada a todos/as que me acompanharam ao longo destes 15 anos. Que venham mais 15!

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Published on November 27, 2023 14:53

November 1, 2023

NaNoWriMo 2023

Pensavam que não ia participar este ano?

Chegou a altura de mais um NaNoWriMo, que para quem não conhece:

É um desafio global que convida escritores profissionais e amadores a escreverem um romance de 50 000 palavras durante o mês de Novembro.
Eu já participo desde 2008 e este ano vou regressar.


Este ano vou participar com a escrita de uma noveleta (ainda por revelar) e de vários contos. Conto manter-vos a par do progresso semanalmente, mas se quiserem estar mais a par desta aventura literária, podem seguir-me no instagram. Vou estar mais activa por lá. Desejem-me sorte!

Também vais participar? Se sim, partilha detalhes do teu projecto e diz-me onde posso seguir o teu progresso.

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Published on November 01, 2023 03:59

October 7, 2023

Dinâmicas culturais e turísticas aliadas à literatura

No passado sábado, dia 30 de Setembro, tive oportunidade de participar de uma dinâmica que me deu muito que pensar.
O município de Barcelos, através do seu Gabinete de Arqueologia e Património Histórico, organizou, no dia 30 de Setembro, uma rota literária por várias frequeguesias do concelho, baseando-se no romance histórico “O Sargento-Mor de Vilar“, da autoria de Arnaldo Gama.

Foi a primeira vez que participei deste tipo de dinâmica e confesso que adorei. A guia era uma das arqueólogas do município que, claramente, conhecia e adorava o livro e a história da região, mais concretamente da invasão napoleónica da zona.

Fomos de autocarro (fornecido gratuitamente pelo município) até ao primeiro local de interesse que escolheram mostrar-nos: o Convento de (São Salvador de) Vilar de Frades, na freguesia de Areis de Vilar.
Um pequeno parênteses para dar os parabéns, e deixar um agradecimento, ao município, pela oferta de um exemplar do livro “O Sargento-Mor de Vilar” a cada um dos participantes.

À entrada do convento, fomos convidados a abrir o livro e a seguir a leitura em voz alta de um trecho que descrevia o local onde nos encontrávamos. Depois seguimos a pé por várias ruas desta e das freguesias contínguas, parando várias vezes para abrir o livro e sermos transportados para a história aí narrada, as suas personagens e a sua vertente histórica. Não foi apenas para ler que paramos, pois em vários momentos a nossa guia travava a marcha (uma caminhada intensa, mas fácil) para fazer apontamentos sobre locais, edifícios e costumes.

A nossa guia tinha um dom para dar vida às personagens e à história. Foi realmente uma experiência que me encheu as medidas.

O caminho que percorremos é apenas uma parte do trilho completo que passa pelas freguesias de Areias de Vilar, Martim, Bastuço St. Estevão, Bastuço S. João, Encourados e Airó (o único local onde encontrei informação do trilho completo foi na WikiLoc) e que vos convido a percorrerem. Durante o percurso existem várias placas informativas a identificarem os pontos de maior interesse da região.

A pergunta que esteve comigo o tempo todo foi: porque não há mais disto? Depois de uma manhã muito bem passada, em boa companhia, e a conhecer novos locais e novas escritas, tive de questionar: existem mais destas rotas literárias em Barcelos? A resposta é não, mas fiquei a saber que está outra a ser planeada, evidenciando os poetas do concelho.

E neste aspecto vou falar apenas da minha parca experiência no concelho de Barcelos, pois este tipo de turismo, de trilhos, parece-me ter um potencial enorme em três frentes principais:
– Atrair leitores para o turismo de região;
– Tornar novos leitores os apaixonados pelo turismo “cá dentro” e pelos trilhos;
– Dar a conhecer o património cultural, social e literário a estrangeiros.

Por exemplo, porque não incluir no início, fim, e até em certos pontos de interesse destes trilhos literários uma espécie de máquina de venda automática onde qualquer um pudesse comprar os livros homenageados? Ou, melhor ainda, porque não deixar à consignação, em comércios locais que façam parte do trilho, estas mesmas obras, para assim o comércio local estar envolvido na experiência?

Outra ideia … porque não juntar as outras artes? Performances teatrais em pontos-chaves dos trilhos (em ocasiões especiais, claro), ou convidar artistas plásticos locais para pintarem ou interpretarem cenas específicas das obras literárias? Tal como no caso do Trimagisto, que fez um guia audio para o Roteiro Literário Levantado do chão, porque não convidar locutores ou narradores locais para dar vida ao percurso? Tudo isto tem potencial de criar riqueza, não só em dinheiro, mas culturalmente.

Claro que é possível que estas e muitas outras ideias já estejam em prática noutros locais. E se souberem de coisas semelhantes, convido-vos a partilharem nos comentários.

Na verdade, graças a esta actividade, fiquei muito curiosa por conhecer alguns outros trilhos literários no país, e deixo-vos os links para alguns:
Rota literária do Algarve;
Roteiros cuturais dos Açores;
Escritores a Norte (plataforma com localização de pontos de interesse literário e citações ligadas);
Turismo literário de Elvas;
Rota literária de Cascais;
Rota literária geografia Agustiniana;
Roteiro literário levantando do chão (com guia audio também aqui);
Rota Memorial do Convento;

Aconselho ainda a consulta e leitura de Lit & Tour 2023 (Apesar do título, tem artigos em português), que reúne várias visões sobre o tema do turismo, a literatura e as paisagens aquáticas.

Partilhem as vossas experiênciasem roteiro literários, ou caso não as tenham, digam o que vos poderia levar a ter interesse neste tipo de actividade.

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Published on October 07, 2023 03:30