O que eu tenho andado a ler, v2.0.
Esta entrada é dedicada aos livros que tenho andado a ler desde março até hoje, dia 31 de outubro, o dia em que a estou a escrever. Não são muitos, mas aqueles para os quais tenho conseguido encontrar tempo. Os pequenos textos que dedico a cada um deles não passam disso mesmo e não devem ser encarados como críticas.
O Homem Ausente, Hjorth & Rosenfeldt, Suma de Letras

Para quem o desconhece, este é o terceiro volume de uma série policial nórdica cujo protagonista é um ex-profiler que regressa ao ativo após um longo período afastado. As histórias são independentes e este tomo em particular foca-se na investigação que se segue à descoberta de um conjunto de corpos enterrados na neve.
Eu gostei do livro em geral. A série, que não me tinha convencido com o primeiro volume, Segredos Obscuros, arrebatou-me com o segundo, O Discípulo. Aqui, senti que a história foi algo «esticada» e pouco interessante. Enquanto que no seu antecessor o enredo serviu para trabalhar as personagens e para criar empatia com elas (o que não é fácil com este protagonista, garanto-vos), neste livro julgo que isso não aconteceu. É quase como que se a certo ponto a investigação policial se tivesse tornado secundária e a história se focasse exclusivamente nas personagens. De qualquer modo, como aparentemente me dou melhor com os episódios pares, cá estou à espera do já anunciado quarto volume (A Menina Silenciosa).
A Viúva, Fiona Barton, Planeta

Foi um dos êxitos comerciais do ano passado, mais um que nos foi vendido como semelhante à Rapariga do Comboio ou Em Parte Incerta. A meu ver, são livros algo diferentes e este, em particular, acaba por perder com essa comparação (dos dois que cito, preferi sem dúvida Em Parte Incerta, que descobri ainda antes da aclamada adaptação cinematográfica de David Fincher). A Viúva é essencialmente um livro que se lê bem. O enredo é interessante. A pedofilia é, normalmente, uma aposta ganha. E a narrativa é bastante competente, mas não passa disso mesmo.
Santuário, The Loney, Andrew Michael Hurley, Bertrand

É um lugar-comum dizer que não devemos julgar um livro pela capa, se bem que, neste caso, foi mesmo isso que me fez comprá-lo. A ideia de uma história escondida sobre a infância de um par de irmãos num lugar recôndito junto à costa tem o poder de nos mexer com a cabeça. E quando o design é atrativo como neste caso, ainda melhor.
Há um certo magnetismo inexplicável em O Santuário que só reconheço nos grandes livros. As páginas vão passando de forma lenta, a história promete cada vez mais, mas nunca chega a avançar efetivamente, e damos por nós envolvidos. Depois, há o risco de não corresponder às expectativas, de não dar explicações suficientes para o imaginário criado. Julgo que este foi o problema deste livro. Há um trabalho notável do autor, que tem de ser enaltecido, ao ponto de quase nos dar a sensação de existir uma outra personagem na história para além das físicas. Falo da religião. Mas julgo que acaba por deixar demasiadas coisas à deriva. É certo que se trata de um livro em que grande parte do enredo acaba por ficar nas entrelinhas, mas considero que o final é apressado, confuso e pouco claro.
Os Desafios da Europa, Livros de Ontem

Este livro é uma pequena coletânea de contos criada com o trabalho dos vencedores do Prémio Literário da Junta de Freguesia dos Olivais. Trata-se de uma obra da qual fui um apoiante, sobretudo por conhecer duas das escritoras que a integram, Márcia Balsas e Márcia Costa. Li apenas os contos destas duas autoras, os quais são muito diferentes, quer na forma narrativa a que recorreram, bem como na abordagem que escolheram fazer do tema. Mas recomendo-os vivamente. Vivemos numa sociedade difícil, com desafios complexos pela frente, e questões como a emigração ou os movimentos migratórios têm de fazer parte da discussão quotidiana, gostemos ou não nós de ouvir falar nisso. Portanto, deixo aqui o meu aplauso a estas duas jovens escritoras, bem como ao restante elenco que forma a coletânea, pela coragem demonstrada.
Areias Movediças, Arne Dahl, D Quixote

Já se percebeu que eu tenho um fraquinho por capas bonitas, não é? Pois, aqui está mais um caso. Começo por fazer festinhas ao livro e depois levo-o à caixa e trago-o comigo para casa.
Brincadeiras à parte, fiquei algo desapontado com este livro. Talvez tenha pegado nele no pior momento possível (li-o durante os meses do verão, uma altura em que me encontrava bastante cansado por causa da redação do meu próprio livro), ou pura e simplesmente já tenha tido a minha dose de autores nórdicos. A história é um pouco diferente do tradicional romance policial sueco, tendo até alguns contornos de espionagem, o que foi agradável. Mas a verdade é que achei que as duas personagens principais não tinham assim tanta química quanto seria desejável e que os «saltos» no enredo tornaram o livro algo confuso.
O Homem Que Perseguia a Sua Sombra, David Lagercrantz, D. Quixote

Mais uma série policial nórdica, desta feita bastante famosa, se bem que agora pela mão de um outro escritor, na sequência da morte de Stieg Larsson, o autor dos três primeiros livros.
A comparação entre os dois é inevitável, embora algo dispensável. David Lagercrantz já escrevia antes de ter pegado na série Millennium e não imitou o estilo de Larsson. Pediu-lhes as personagens «emprestadas» e escreveu a sua própria trilogia com elas (julgo que a série terminará com o sexto e último volume). Não considero que este livro evidencie o mesmo brilhantismo do 2º volume de Larsson, por exemplo, mas, como escrevi antes, não devemos comparar as duas séries. Este volume, em particular, é um bom policial, sobretudo na segunda metade. O desenvolvimento que Lagercrantz deu ao arco narrativo dos gémeos monozigóticos está muito bem estruturado e conseguiu criar alguma empatia comigo. É para ler a série toda até ao fim!
O Homem Ausente, Hjorth & Rosenfeldt, Suma de Letras

Para quem o desconhece, este é o terceiro volume de uma série policial nórdica cujo protagonista é um ex-profiler que regressa ao ativo após um longo período afastado. As histórias são independentes e este tomo em particular foca-se na investigação que se segue à descoberta de um conjunto de corpos enterrados na neve.
Eu gostei do livro em geral. A série, que não me tinha convencido com o primeiro volume, Segredos Obscuros, arrebatou-me com o segundo, O Discípulo. Aqui, senti que a história foi algo «esticada» e pouco interessante. Enquanto que no seu antecessor o enredo serviu para trabalhar as personagens e para criar empatia com elas (o que não é fácil com este protagonista, garanto-vos), neste livro julgo que isso não aconteceu. É quase como que se a certo ponto a investigação policial se tivesse tornado secundária e a história se focasse exclusivamente nas personagens. De qualquer modo, como aparentemente me dou melhor com os episódios pares, cá estou à espera do já anunciado quarto volume (A Menina Silenciosa).
A Viúva, Fiona Barton, Planeta

Foi um dos êxitos comerciais do ano passado, mais um que nos foi vendido como semelhante à Rapariga do Comboio ou Em Parte Incerta. A meu ver, são livros algo diferentes e este, em particular, acaba por perder com essa comparação (dos dois que cito, preferi sem dúvida Em Parte Incerta, que descobri ainda antes da aclamada adaptação cinematográfica de David Fincher). A Viúva é essencialmente um livro que se lê bem. O enredo é interessante. A pedofilia é, normalmente, uma aposta ganha. E a narrativa é bastante competente, mas não passa disso mesmo.
Santuário, The Loney, Andrew Michael Hurley, Bertrand

É um lugar-comum dizer que não devemos julgar um livro pela capa, se bem que, neste caso, foi mesmo isso que me fez comprá-lo. A ideia de uma história escondida sobre a infância de um par de irmãos num lugar recôndito junto à costa tem o poder de nos mexer com a cabeça. E quando o design é atrativo como neste caso, ainda melhor.
Há um certo magnetismo inexplicável em O Santuário que só reconheço nos grandes livros. As páginas vão passando de forma lenta, a história promete cada vez mais, mas nunca chega a avançar efetivamente, e damos por nós envolvidos. Depois, há o risco de não corresponder às expectativas, de não dar explicações suficientes para o imaginário criado. Julgo que este foi o problema deste livro. Há um trabalho notável do autor, que tem de ser enaltecido, ao ponto de quase nos dar a sensação de existir uma outra personagem na história para além das físicas. Falo da religião. Mas julgo que acaba por deixar demasiadas coisas à deriva. É certo que se trata de um livro em que grande parte do enredo acaba por ficar nas entrelinhas, mas considero que o final é apressado, confuso e pouco claro.
Os Desafios da Europa, Livros de Ontem

Este livro é uma pequena coletânea de contos criada com o trabalho dos vencedores do Prémio Literário da Junta de Freguesia dos Olivais. Trata-se de uma obra da qual fui um apoiante, sobretudo por conhecer duas das escritoras que a integram, Márcia Balsas e Márcia Costa. Li apenas os contos destas duas autoras, os quais são muito diferentes, quer na forma narrativa a que recorreram, bem como na abordagem que escolheram fazer do tema. Mas recomendo-os vivamente. Vivemos numa sociedade difícil, com desafios complexos pela frente, e questões como a emigração ou os movimentos migratórios têm de fazer parte da discussão quotidiana, gostemos ou não nós de ouvir falar nisso. Portanto, deixo aqui o meu aplauso a estas duas jovens escritoras, bem como ao restante elenco que forma a coletânea, pela coragem demonstrada.
Areias Movediças, Arne Dahl, D Quixote

Já se percebeu que eu tenho um fraquinho por capas bonitas, não é? Pois, aqui está mais um caso. Começo por fazer festinhas ao livro e depois levo-o à caixa e trago-o comigo para casa.
Brincadeiras à parte, fiquei algo desapontado com este livro. Talvez tenha pegado nele no pior momento possível (li-o durante os meses do verão, uma altura em que me encontrava bastante cansado por causa da redação do meu próprio livro), ou pura e simplesmente já tenha tido a minha dose de autores nórdicos. A história é um pouco diferente do tradicional romance policial sueco, tendo até alguns contornos de espionagem, o que foi agradável. Mas a verdade é que achei que as duas personagens principais não tinham assim tanta química quanto seria desejável e que os «saltos» no enredo tornaram o livro algo confuso.
O Homem Que Perseguia a Sua Sombra, David Lagercrantz, D. Quixote

Mais uma série policial nórdica, desta feita bastante famosa, se bem que agora pela mão de um outro escritor, na sequência da morte de Stieg Larsson, o autor dos três primeiros livros.
A comparação entre os dois é inevitável, embora algo dispensável. David Lagercrantz já escrevia antes de ter pegado na série Millennium e não imitou o estilo de Larsson. Pediu-lhes as personagens «emprestadas» e escreveu a sua própria trilogia com elas (julgo que a série terminará com o sexto e último volume). Não considero que este livro evidencie o mesmo brilhantismo do 2º volume de Larsson, por exemplo, mas, como escrevi antes, não devemos comparar as duas séries. Este volume, em particular, é um bom policial, sobretudo na segunda metade. O desenvolvimento que Lagercrantz deu ao arco narrativo dos gémeos monozigóticos está muito bem estruturado e conseguiu criar alguma empatia comigo. É para ler a série toda até ao fim!
Published on October 28, 2017 07:48
No comments have been added yet.
Site oficial de Nuno Nepomuceno.
Principais notícias e tudo o que há para saber sobre o autor de "A Célula Adormecida" e da trilogia Freelancer.
Principais notícias e tudo o que há para saber sobre o autor de "A Célula Adormecida" e da trilogia Freelancer.
...more
- Nuno Nepomuceno's profile
- 444 followers

