Classificação etária para livros & conteúdos impróprios para crianças
Desde que lancei A vilã da história, essa sempre foi uma preocupação minha: não escrevo para crianças. Não acho que os meus livros sejam apropriados para crianças. E olhem que nem escrevo nada erótico, mas acho que os temas e enredos que escrevo não deveriam ser lidos por crianças. E agora que traduzo voluntariamente… o que traduzo definitivamente não é para crianças.
Aconteceu uma coincidência estranha. No mesmo dia que traduzi um capítulo extremamente pesado de A Princesa WeiYang (que coloquei um aviso no começo avisando que é pesado, e que foi desconfortável traduzir), tomei conhecimento de que uma menina lia algo meu. Não sei se são meus livros ou traduções, mas uma menina leu algo que passou pelas minhas mãos.
E nada que tenha meu nome deveria ser lido por uma criança.
Esse é um problema na literatura brasileira: a inexistência de uma indicação etária. Acho que na minha concepção, naquelas ideias perfeitinhas, isso é algo que deveria existir para todos os tipos de publicações escritas. Por mais que não sejam visuais, por mais que várias vezes tenham um vocabulários rebuscado que uma criança não entenderia, mas existem materiais que não são para todas as idades, e isso deve ser avisado. Um responsável deveria saber que aquilo que a criança consome em livros, quadrinhos, não são apropriadas para a sua idade, e a criança deveria saber antes de ler se terá algo que seja forte demais para ela.
Acho que já falei sobre uma reportagem de anos atrás que assisti e me deixou indignada: acho que todos que conhecem um pouco sobre mangás, sabe que Gantz é uma obra famosa pela sua violência exagerada e nudez feminina, nada que uma criança deva ler. E a tal matéria era sobre um festival de mangás e animes, falando dos quadrinhos para a criançada, que era importante ler, para que os pais levem as crianças… E enquanto ela falava isso, passou a filmagem de vários volumes de Gantz, e depois de um menino que parecia ter 8 anos lendo Gantz na frente de uma estande de Gantz…
O quê?
Mas talvez essa preocupação seja hipócrita e nada prática. Temos crianças assistindo novelas das 9, jogando games como GTA, produzindo e ouvindo funks proibidões, vendo vídeos no youtube com conteúdo impróprio, tendo como ídolos pessoas como Anitta, Pabllo Vitar, uma dúzia de ícones pops internacionais. Só conteúdos que apelam para o sexo, sensualidade e violência para vender. Nada que nenhuma criança deva ter acesso. Mas quantos pais e responsáveis se importam em fiscalizar o que seus filhos tem acesso? Pouquíssimos. E o que acho mais importante: como é vista pelos coleguinhas a criança que tem pais com tal discernimento? Definitivamente não tem muitos amigos.
Às vezes acho que textos como esse fazem com que eu pareça uma pessoa extremamente conservadora, para o que acho que não sou… Só faço algumas vezes perguntas que ninguém costuma fazer, e encontro respostas que ninguém quer admitir. Mas qual é a tamanha diferença entre o escândalo da galeria de artes no ano passado, no qual uma menina tonou um homem nu em uma exibição, e mostrar para uma criança a todo momento coisas sexualizadas?


