FODA-SE 1
Os tempos em que vivemos. Não publicarei mais, às sextas feiras, minha crônica “Cesta” em O Diário do Pará. Atendi a um convite do amigo Gerson Nogueira, então editor do jornal em outubro de 2014. De lá para cá, foi um exercício criativo e gostoso. Creio que nunca faltei. Cheguei a pensar em selecionar algumas para publicar em livro. Seria o “Crônicas da Cidade Morena 4”. Seria? Sei lá. Quem sabe? Meus poucos cabelos são brancos e lá se vão 40, quase 50 anos como jornalista em diversas funções. Muitas peças de teatro. Livros que, com sorte, tiveram reconhecimento nacional e melhor ainda, traduzidos e lançados na Inglaterra e na França, nesta última com algum destaque. Nada disso parece fazer qualquer diferença, merece propiciar alguma reverência a alguém que decidiu cortar um parágrafo inteiro de uma crônica, onde narrava minha passagem por Parauapebas, participando de uma Feira do Livro, promovida pela Secult, desbravando esse gigantesco Pará em uma cidade de poucos paraenses e um sentimento quase nada de pertencimento a uma cultura, uma terra, região. O trecho cortado referia-se ao sentimento de orgulho, até empáfia que talvez tivéssemos, se das riquezas gigantescas que são levadas diariamente daqui, nos coubesse, Pará, a digna remuneração. Somos o Estado potencialmente mais rico do Brasil e economicamente um dos mais pobres. Contratos espúrios, determinados a partir de Brasília, certamente com a pressão de grandes interesses e penso, a falta de uma justa e firme posição paraense, resultaram no que somos. Um almoxarifado. Leio jornais do Rio e SP, onde vários deitam saberes sobre uma terra onde nunca estiveram. O governador Helder Barbalho foi bem explícito ao falar nisso em boa entrevista na Globonews. Pois é, cortaram, certamente temendo de alguma maneira ferir os interesses do jornal diante do patrocinador que nem precisa ser mencionado. Mas era uma crônica, assinada, ou seja, com autor definido, sem expressar se for o caso, a opinião do jornal. Cortaram. Não me ligaram, sequer argumentando tipo “e aí, que tal mexer aqui e ali, troque isso por aquilo”. Nada. Soube do corte ao ler a matéria. Um desrespeito. Um foda-se a quem escreve desde 2014, sem falta. Foda-se, não escreva mais. Pensam se entraram em contato, ao menos dizendo, obrigado por sua participação, valeram todos esses anos e tal? Não. Foda-se. Sou um qualquer. Bem, sou um qualquer, como qualquer outro, mas todos merecemos respeito. Isso não tive.
Published on October 11, 2019 06:54
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