Aquele sobre diálogos e números

Esse mês tive a oportunidade de colocar em prática um aprendizado que todes vivem dizendo por aí, mas que é muito mais fácil falar do que fazer: desapegar das métricas.
Desde o dia 4 de janeiro até o mês passado, eu escrevi todos os dias.

Para quem não conhece, o NanoWrimo tem um diário de escrita onde você cria um projeto e vai anotando a quantidade de palavras que você escreve por dia. É uma ferramenta bem divertida que ajuda a dar um gás na escrita. Eu criei um projeto chamado “2021” no início do ano e desde então tenho escrito bastante. Porém, passei por uma situação que acabou mudando um pouco as coisas.

No final de junho, eu terminei um projeto no qual estava trabalhando há pouco mais de dois meses. Com isso, eu não estava muito a fim de começar um projeto novo imediatamente. Ainda estava com aquelas personagens do último trabalho na mente e tudo o que eu tentava criar saía um pouco como um reflexo da última história. Por fim, decidi me dar umas semanas de descanso. Tá, mas e daí? Qual o problema disso?
A minha sequência de 178 dias estava gritando para que eu não parasse.
Foi difícil abandonar essa sequência, juro para você; eu tentei começar a escrever outras coisas por uns 2 ou 3 dias, mas sabe quando a escrita não avança e você odeia o que escreveu? Pois é, vi que se eu continuasse naquele ritmo iria manter um número, mas com um trabalho de péssima qualidade. Isso sem contar a possibilidade de um burnout no futuro.
Mesmo odiando perder aquele número tão grande — e que eu suei para conseguir —, parei e me dei três semanas sem escrever. Foi difícil, mas percebi que eu precisava parar e tomar um ar antes de mergulhar ainda mais fundo.

Claro, eu não fiquei completamente sem escrever nada. Aproveitei esse tempo para revisar um manuscrito e fazer as alterações que recebi dos betas (tem livro novo vindo no futuro!). Agora, escrever mesmo, do zero… não escrevi. Isso foi bom para eu ter um tempo de me despedir das últimas personagens da forma que elas mereciam e poder focar em algo novo.

Usei esse tempo também para começar a pensar em um projeto diferente de tudo o que já escrevi até hoje; algo completamente fora da minha zona de conforto em todos os sentidos: tema, narrativa, gênero e também conteúdo. Mas estou animado, é algo que vai me ajudar a desenvolver mais a minha escrita.

Julho ainda foi um mês maravilhoso por outro motivo: descobri o mundo incrível dos diálogos. Ok, você deve estar se perguntando “como assim?” Eu já tenho dois livros publicados, eu deveria saber fazer diálogos, não? Pois então, sim e não.

Desde que decidi abraçar a escrita e transformá-la em algo maior que um hobby, comecei a estudar muito sobre técnicas de criação de mundo, outlines, pessoas da narrativas, POV… a lista vai longe. Porém, eu ainda não tinha estudado sobre diálogos. Eu os escrevia no feeling. Claro, eu tinha algumas noções do que fazer, mas técnica mesmo, nenhuma. Então, depois de ficar por muito tempo na minha wishlist, decidi comprar o livro “Diálogo: a Arte da Ação Verbal na Página, no Palco e na Tela”. Eu já queria comprá-lo, e depois de uma panfletagem muito eficiente da Marina Rezende, decidi mergulhar de cabeça. E que mergulho delicioso!

Descobri um mundo incrível e cheio de coisas a serem exploradas. Eu costumo marcar meus livros com flags e eu estou gastando uma cartela inteira nele. Já percebi vários erros que eu cometi e que não se repetirão. Apesar de ainda não ter terminado o livro, ele já se tornou o meu livro sobre escrita favorito.

Esse foi o meu mês como escritor. Cheio de altos e baixos, mas continuo firme. Tive essa ideia de compartilhar mensalmente como foi o meu mês com vocês. Isso é bom para quem quer acompanhar no que estou trabalhando e também pode ter alguma dica legal que sirva para você.

E, fala sério, não podia ter uma data melhor para começar a fazer esse diário de escrita no dia do escritor. ^^
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Published on July 25, 2021 06:56 Tags: escrita
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