UM PA��S QUE SE CHAMA PAR��
Eu nunca tinha estado em Parauapebas. Em Caraj��s, sim, com uma pe��a de teatro, mas trata-se de uma cidade cercada. Semana passada, a convite da Secretaria de Estado de Cultura, que l�� promoveu uma Feira Liter��ria, iniciando um projeto que pretende alcan��ar todo o Estado, fui falar sobre minha carreira e meus livros. Fui de jato, com escala em Marab��. Pela janela, nota-se logo a mudan��a na paisagem, agora com muitos morros, serras. Come��o a perceber a imensid��o deste Par��, com o tamanho de um pa��s. Conversei com muitas pessoas. H�� naturais queixas contra o prefeito, como sempre acontece, mas nas ��reas principais da cidade, tudo bem limpinho, apesar do sol inclemente, a queimar a grama dos canteiros. Raro encontrar um paraense. S��o quase todos piauienses, maranhenses, goianos e da�� em diante. Grandes fazendas, grandes conflitos, grandes riquezas e muita pobreza. H�� uma farm��cia em cada esquina, como aqui. Lojas Americanas. Cada uma das pessoas conta sua hist��ria de vida, de como trocou de profiss��o e foi parar l�� para ganhar dinheiro. O motorista �� formado em Nutricionismo. Ou estudantes da Universidade l�� com um campus. O tr��nsito �� intenso e vez por outra flagro um Porsche Cayenne, desfilando pelas ruas. Fiquei hospedado em um hotel mais afastado, simplesmente porque todos os hot��is est��o sempre lotados. Quase sempre com tr��s andares, tudo limpo, simples, mas sem grande conforto. As pessoas n��o est��o l�� por turismo, a passeio. V��o trabalhar. �� noite, no estacionamento, havia 32 carros estacionados. Acordam cedo e v��o resolver seus assuntos. Penso que nenhum deles se considera paraense. Apenas parauapebenses. Por todos os motivos, o Par��, Estado, com sua cultura, seus costumes, seu sotaque, n��o chega, o que �� um desperd��cio brutal. Vou a um restaurante, almo��ar e jantar. �� noite, ningu��m sai para jantar fora, encontrar amigos e conversar. Comem r��pido, churrasco, comida forte, para dormir e no dia seguinte, trabalhar. Entram tr��s funcion��rios da Vale. Imagino que n��s, paraenses, dev��amos ser muito metidos a bestas, orgulhosos, pretenciosos, ricos, principalmente, se os contratos que at�� hoje vicejam, pagassem o que deviam pela retirada de todos os nossos min��rios, deixando um buraco no lugar. Produzimos energia para todo o pa��s e pagamos as taxas mais altas. Nossas fazendas t��m o maior n��mero de bois. Nossa produ����o de cacau, tudo enfim. Nossa floresta com sua brutal riqueza. Mas n��o somos. A Feira est�� lotada. H�� interesse, mas n��o h�� uma livraria na cidade. Os autores locais formam Academias de Letras. Recomendo que ao inv��s de se fecharem, abram as portas e promovam encontros, onde possam mostrar suas obras. Ap��s a palestra, dou entrevista para tr��s emissoras de televis��o. H�� algum jornal? �� uma cidade que cresce a cada segundo, pujante, mesmo. Deve ter uma das maiores arrecada����es de impostos do Brasil. E s�� a Cultura pode unir todo esse imenso espa��o. A Secult inicia seu trabalho. Os planos s��o bons. O Par�� n��o �� somente Bel��m, que agora, parece t��o distante. Ningu��m fala da capital por l��. Depois da escurid��o que passamos na Cultura, por mais de vinte e tantos anos, �� um trabalho herc��leo. Agrade��o ao convite. No tempo da escurid��o, nunca me chamaram. Atrapalharam mas n��o parei de produzir. H�� muito a ser feito. Contem comigo.
Published on September 20, 2019 07:28
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