retrospectiva

vez ou outra me pego revendo arquivos antigos
videos meus tocando com velhos amigos
registros de quando minha memória me permitia recitar poesias de cor
fotos que me levam a recordar os olhos com os quais eu olhava o mundo
playlists antigas que me conduzem a memórias muito sutis
como o posto de gasolina que eu comprava cerveja quando largava do outro trabalho.
ao percorrer esse caminho não me coloco a pensar “como esse tempo era bom”
embora o primeiro contato com as memórias pendam pra esse lugar
me impulsiono a ir além desse sentimento e refletir que aqueles tempos tinham suas complexidades e belezas, assim como hoje.
penso que o melhor lugar ainda é aqui
assim como antes, que o melhor lugar era lá
o presente, o único tempo em que é possível viver e mover-se
ao invés de pensar no que eu diria para o meu eu de antes, opto por dizer ao meu eu de agora
que esteja viva aqui, com gentileza e conforto em sua pele
porque o que há de vir vai precisar do caminhos do hoje
e que em ambos eu possa ter contentamento no presente.
“Durante o caminho das pedras, viver as pedras é mais importante do que sair delas. Porque no final, depois de atravessar o rio e chegar às margens seguras e lamacentas, a única coisa que pude levar dali foi o desenho imaginário que meu caminho traçou entre as pedras.”
Aline Valek.
dezembro de 2022
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