A escritora norte-americana Tiffany McDaniel, autora de “On the Savage Side”, tornou pública sua insatisfação com a editora brasileira Darkside Books após descobrir que a capa da edição nacional de sua obra havia sido criada por inteligência artificial. Segundo o relato publicado pela própria autora em suas redes sociais, a editora enviou a imagem final sem informar que se tratava de uma arte gerada por IA, revelando o fato somente depois que ela questionou diretamente a origem da imagem. McDaniel afirmou ter ficado decepcionada com a falta de transparência e com a escolha de utilizar uma ferramenta automatizada em um processo criativo que, segundo ela, deveria valorizar o trabalho humano. Após a recusa da autora em aprovar a arte gerada por IA, a Darkside contratou o artista Vitor Willemann, do estúdio Retina78, para produzir uma nova capa feita em aquarela, que passou a ilustrar o livro lançado no Brasil sob o título “O Lado Selvagem”. Em sua publicação, Tiffany McDaniel destacou que o problema vai além de uma simples questão estética. Para ela, o uso de inteligência artificial em capas de livros representa uma ameaça mais profunda à integridade artística da indústria editorial. A autora argumentou que escolher IA em vez de artistas humanos é, essencialmente, escolher o lucro em detrimento da humanidade. Segundo McDaniel, a adoção indiscriminada dessas tecnologias transmite a mensagem de que o trabalho e a criatividade humanos deixaram de ter valor. A escritora também chamou atenção para o papel de influência da Darkside Books no mercado editorial. Com mais de um milhão de seguidores nas redes sociais, a editora ocupa uma posição de destaque e, nas palavras de McDaniel, quando líderes do setor normalizam o uso de IA, contribuem para redefinir os padrões criativos de toda uma indústria. A autora classificou a prática como um risco não apenas para artistas e designers, mas também para escritores e fotógrafos que há gerações sustentam o mercado de livros com sua produção intelectual. Outro ponto levantado por Tiffany McDaniel foi o aspecto ético e ambiental do uso de inteligência artificial. Ela lembrou que os sistemas de IA são treinados com base em obras e imagens criadas por artistas reais, muitas vezes sem autorização ou crédito, o que, em sua visão, configura uma forma de apropriação indevida. Além disso, ressaltou que a operação desses sistemas consome grandes quantidades de energia e água, contribuindo para impactos ambientais e pressionando comunidades próximas aos centros de dados. Para McDaniel, a arte e a escrita representam um legado humano que deve ser preservado. Em sua declaração, ela defendeu que o papel da arte é celebrar a vida, e não a consumir, como acredita que ocorre com a produção feita por IA. A autora concluiu afirmando que, ao optar pela inteligência artificial em detrimento de profissionais humanos, o mercado editorial arrisca perder não somente a integridade, mas também a alma de sua própria indústria. Segundo suas palavras, as editoras têm o dever de proteger os criadores, não de substituí-los. O episódio reacende um debate cada vez mais urgente sobre os limites do uso da inteligência artificial em áreas criativas. Até que ponto a tecnologia pode ser considerada uma aliada, e quando passa a representar uma ameaça ao trabalho humano? Qual é a sua opinião sobre o assunto?
Published on November 14, 2025 09:13