o jardim n��o precisa de mim

Tenho um jardim por pura sorte. H�� uma dama-da-noite que briga para dominar uma palmeira, uma samambaia exuberante trazida por passarinhos, vidas min��sculas, uma planta rasteira que se tem como daninha, mas parece um buqu�� de noiva. Percebo floradas e recuos parecidos com os da escrita, mas n��o vou ser brega agora, uma vez que flores com literatura j�� d��o enj��o em est��magos mais requintados. Agora, o meu espanto �� que tenho um borbolet��rio, esse borbolet��rio �� uma ��rvore, um manac��-de-cheiro. Ele d�� uma flor azul-arroxeada que vai clareando at�� ficar branca. Bem parecido com meu olho esquerdo que vai do castanho-escuro ao claro a cada irrita����o. A flor tem cheiro de mel com leite, a ��rvore fica carregada de lagartas, carregada mesmo, a ponto de as folhas verdes ficarem pela metade, quase todas.�� O manac�� �� a ��nica fonte de alimento dessas lagartas que se transformam na borboleta-do-manac��. Minha ��rvore fornece borboletas aos vizinhos. Se alguma aparecer em sua janela, ela pode ter nascido no meu quintal, trate-a bem. Acabei com muitas lagartas at�� perceber, por aquelas que sobreviveram �� minha tesoura, que elas eram donas e n��o intrusas. Hoje deixo as lagartas entrarem em casa at�� que elas achem um canto seguro. J�� acordei com duas borboletas, ainda ��midas, tentando achar a sa��da, abro as janelas da sala e elas v��o embora. De fato, da vida delas eu s�� acompanho o seu sono de beleza. Soube que podem voar grandes dist��ncias, a c��pula se d�� violenta, os ovos ficam no manac�� e tudo come��a outra vez. Ainda n��o vi as c��pulas, talvez aconte��am nas madrugadas em que a dama-da-noite entra no cio, ela faz o pr��dio tremer. H�� mais borbolet��rios pelo bairro, vira-e-mexe alguma aparece no muro, rodopia em volta de um vaso e espera que eu a fotografe.



Eu n��o interfiro no almo��o.




A ��rvore fica com todas as folhas irregulares, as lagartas comem feito gente.




De barriga cheia, procuram um lugar seguro para o grande sono.




Pode ser na palmeira.




Debaixo da janela.




Na pr��pria ��rvore onde comeu.




Ou na minha sala.




Com a supervis��o do peso de porta.



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Published on May 26, 2011 12:17
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Andréa del Fuego
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