Chamo-me Rui Zambujal e escrevi um livro (2009-2049: Quarenta Anos de Montanha Russa) que tem matéria que penso ser do vosso interesse, e que ganhou o prémio de melhor e-book do New York Book Festival.
O livro trata, com alguma profundidade, o tema de uma nova teoria física unificada (a cinética subquântica) que responde a grande parte (ou mesmo a todos) os mistérios da física convencional, dá uma visão completamente nova do Universo, e abre possibilidades tecnológicas fascinantes, como a electrogravítica. Os dois últimos capítulos do livro tratam desta teoria e das suas aplicações práticas (viagens interestelares a velocidades superluminais, por exemplo), e o Apêndice 1 consiste num excerto muito esclarecedor de "Subquantum Kinetics: A Systems Approach to Physics and Cosmology", onde o autor da teoria, Paul LaViolette, explica as bases das suas ideias. É muito acessível.
A teoria abre uma imensidade de possibilidades tecnológicas, que têm especial interesse para despertar a imaginação de um engenheiro.
Aqui vai o excerto do meu livro (é do capítulo 7, o capítulo 8 e o Apêndice 1 é que tratam mais aprofundadamente as possibilidades tecnológicas):
-Há teólogos que dizem que Deus quer companhia, e que o Homem está a meio caminho entre os animais e os deuses. O destino do Homem seria tornar-se cada vez mais como Deus. Vamos ver.
-E tem havido progressos, nessa aproximação científica a Deus?
-Tem havido bons progressos. Um dos maiores foi a cinética subquântica, que como sabes é a teoria física vigente na actualidade. É uma teoria unificada, que a partir de um conjunto bem definido de fórmulas inter-relacionadas consegue explicar toda existência física, algo que Einstein pretendia atingir e não conseguiu.
-O nome é que é um bocado assustador.
-À primeira vista são duas palavras que utilizamos raramente no nosso quotidiano, mas que são fáceis de explicar. A teoria é “subquântica” pois refere-se a um nível da existência física que está abaixo dos “quanta”, ou seja, abaixo das partículas mais pequenas e elementares que a microfísica consegue detectar. Paul LaViolette, o autor da teoria postula (pressupõe) que abaixo desse nível físico que é o mais pequeno que podemos detectar, existe um mar de partículas ainda mais pequenas, a que chama o “éter subquântico”. Nesse mar de partículas (ele chama às partículas, que podem existir em muitos tipos diferentes, “eterões”) ocorrem reacções em que as partículas se transformam umas nas outras, se fundem, se dividem, se difundem e se concentram… LaViolette chama a esse mar, a esse éter, o “éter transmutante”, para o distinguir do éter de partículas inertes que existia na física do século XIX.
-Está explicado o “subquântico”… E quanto à cinética?
-A cinética é porque essas reacções do éter transmutante, do éter subquântico, são descritas quantitativamente por equações que LaViolette vai buscar às reacções químicas que ocorrem em sistemas abertos, sistemas que, como todos os seres vivos, trocam matéria e energia com o exterior (3). São essas reacções que mantêm as formas e propriedades dos seres vivos, como o nosso corpo, que é permanentemente recriado através dessas reacções. Nós (o nosso sistema) ingerimos permanentemente comida e oxigénio, e as reacções químicas que nos mantêm vivos, e humanos, resultam da transformação desse aporte nas moléculas que nos constituem. Tal como essas reacções químicas de sistemas abertos dão origem às formas vivas com todas as suas capacidades, também as reacções entre as partículas do éter subquântico dão origem às formas que se podem observar no nível quântico superior, as partículas subatómicas, os fotões, e todas as suas interacções. À descrição matemática dessas reacções chama-se a “cinética de reacção”, ou “cinética química”. É daí que vem o “cinética” da cinética subquântica. LaViolette aplica essas equações que descrevem as reacções nos sistemas abertos, nos sistemas vivos, ao seu éter subquântico, e obtém resultados extraordinários.
(3): todos os sistemas vivos são sistemas abertos, mas nem todos os sistemas abertos são sistemas vivos. E um sistema é qualquer entidade cujas propriedades não podem ser reduzidas às propriedades dos seus componentes.
-Extraordinários porquê?
-Porque, através dessas equações, e postulando cinco reacções entre apenas sete eterões, sete partículas diferentes do éter, ele consegue simular a criação de todas a partículas da microfísica, explicar a formação de campos, explicar porque é que as partículas se atraem ou repelem, enfim, explicar um sem-número de mistérios que deixavam a física convencional do século XX completamente às aranhas.
-Fantástico. Mas o que é que isso tem a ver com Deus?
-Tem tudo a ver, pois uma possibilidade aberta pela cinética subquântica é que além das reacções entre os sete eterões que dão origem ao nosso mundo físico, pode haver outras reacções, entre outros eterões, que dariam origem a outras realidades físicas ocupando o mesmo espaço que o que nosso mundo, o nosso universo, ocupa. Ou seja, abre-se a hipótese de existirem reinos invisíveis que seriam tão existentes como a nossa realidade física, mas que não seriam detectáveis. E isso é a definição de um domínio espiritual, de uma “matéria” que seria a “matéria” divina.
-Incrível. E já há algum sinal mensurável, palpável, que esse reino pode existir, ou ainda está tudo no domínio da especulação?
-Uma das pistas que têm sido seguidas têm origem numas experiências que um médico do Massachusetts, o Dr. Duncan MacDougall, fez no principio do século XX, e que foram publicadas em 1907. Esse médico pôs doentes moribundos numa cama que pesava os doentes com o objectivo de observar se no momento da morte havia alguma variação do peso. E obteve resultados muito interessantes. Ele fez isso com seis doentes. Dois dos resultados tiveram que ser eliminados, pois um dos doentes morreu quase imediatamente após ser colocado na cama, e a balança não pôde ser correctamente ajustada, e no segundo caso houve “interferência por pessoas que se opunham ao nosso trabalho”, como disse MacDougall. Nos restantes quatro doentes, a perda de peso no momento da morte (uma perda repentina, que ocorreu de um momento para o outro), variou entre 10,6 gramas e 45,3 gramas. O investigador repetiu depois a experiência com cães, e nos quinze cães observados não viu nenhuma perda de massa no momento da morte (4).
(4): seria talvez aconselhável repetir as experiências de MacDougall com os cães, pois se a perda de peso for da ordem de poucos miligramas, o investigador não a teria detectado com as balanças disponíveis na altura.
-Deve ter havido grandes controvérsias, com esses resultados.
-Houve sim. MacDougall foi criticado pelo reduzido número de casos estudados (uma critica com a qual ele concordava, pois dizia que as experiências tinham que ser repetidas muitas vezes). Diziam também que a alma parecia ter um comportamento muito errático, observando-se variações da perda de peso depois da morte. Eu acho que isso não é uma crítica, mas sim uma observação, pois não sabemos nada sobre como é suposto a alma comportar-se ao abandonar o corpo. E uma alma benfazeja disse que o malvado do doutor andava a envenenar cães nas suas experiências. O que é que ela julgaria que se fazia aos cães nas faculdades de medicina, cócegas?
-Então só os humanos é que têm alma, e a alma tem peso?
-É essa a conclusão a que se tem chegado: parece haver uma entidade que abandona o corpo no momento da morte, e essa substância tem massa gravitacional. E é aí que entra a cinética subquântica, com a ideia de um reino espiritual que seria tenuemente detectável na nossa realidade física através de uma interacção gravitacional. Há mesmo quem avance com outra ideia: esse reino espiritual, essa substância que compõe a nossa alma, seria a mesma que comporia a “matéria escura”, a matéria inobservável que os astrofísicos dizem que é necessária para explicar os movimentos das galáxias, e que constitui 80 por cento da massa do Universo. Haveria assim uma ligação gravitacional entre esse universo invisível e o nosso universo. É uma pista que muitos teólogos e cientistas (físicos, matemáticos, teóricos de sistemas) têm explorado, às vezes com resultados muito curiosos. Talvez esses resultados nos abram um dia as portas de domínios que nos têm estado vedados.
-É muito ambicioso.
-A ambição máxima dos teólogos que estudam a cinética subquântica é chegarem a uma descrição inteligível, matemática, da “matéria” divina, do reino espiritual.
-Realmente, ambição maior não me parece que possa haver.
Olá a todos
Chamo-me Rui Zambujal e escrevi um livro (2009-2049: Quarenta Anos de Montanha Russa) que tem matéria que penso ser do vosso interesse, e que ganhou o prémio de melhor e-book do New York Book Festival.
O livro trata, com alguma profundidade, o tema de uma nova teoria física unificada (a cinética subquântica) que responde a grande parte (ou mesmo a todos) os mistérios da física convencional, dá uma visão completamente nova do Universo, e abre possibilidades tecnológicas fascinantes, como a electrogravítica. Os dois últimos capítulos do livro tratam desta teoria e das suas aplicações práticas (viagens interestelares a velocidades superluminais, por exemplo), e o Apêndice 1 consiste num excerto muito esclarecedor de "Subquantum Kinetics: A Systems Approach to Physics and Cosmology", onde o autor da teoria, Paul LaViolette, explica as bases das suas ideias. É muito acessível.
A teoria abre uma imensidade de possibilidades tecnológicas, que têm especial interesse para despertar a imaginação de um engenheiro.
Aqui vai o excerto do meu livro (é do capítulo 7, o capítulo 8 e o Apêndice 1 é que tratam mais aprofundadamente as possibilidades tecnológicas):
-Há teólogos que dizem que Deus quer companhia, e que o Homem está a meio caminho entre os animais e os deuses. O destino do Homem seria tornar-se cada vez mais como Deus. Vamos ver.
-E tem havido progressos, nessa aproximação científica a Deus?
-Tem havido bons progressos. Um dos maiores foi a cinética subquântica, que como sabes é a teoria física vigente na actualidade. É uma teoria unificada, que a partir de um conjunto bem definido de fórmulas inter-relacionadas consegue explicar toda existência física, algo que Einstein pretendia atingir e não conseguiu.
-O nome é que é um bocado assustador.
-À primeira vista são duas palavras que utilizamos raramente no nosso quotidiano, mas que são fáceis de explicar. A teoria é “subquântica” pois refere-se a um nível da existência física que está abaixo dos “quanta”, ou seja, abaixo das partículas mais pequenas e elementares que a microfísica consegue detectar. Paul LaViolette, o autor da teoria postula (pressupõe) que abaixo desse nível físico que é o mais pequeno que podemos detectar, existe um mar de partículas ainda mais pequenas, a que chama o “éter subquântico”. Nesse mar de partículas (ele chama às partículas, que podem existir em muitos tipos diferentes, “eterões”) ocorrem reacções em que as partículas se transformam umas nas outras, se fundem, se dividem, se difundem e se concentram… LaViolette chama a esse mar, a esse éter, o “éter transmutante”, para o distinguir do éter de partículas inertes que existia na física do século XIX.
-Está explicado o “subquântico”… E quanto à cinética?
-A cinética é porque essas reacções do éter transmutante, do éter subquântico, são descritas quantitativamente por equações que LaViolette vai buscar às reacções químicas que ocorrem em sistemas abertos, sistemas que, como todos os seres vivos, trocam matéria e energia com o exterior (3). São essas reacções que mantêm as formas e propriedades dos seres vivos, como o nosso corpo, que é permanentemente recriado através dessas reacções. Nós (o nosso sistema) ingerimos permanentemente comida e oxigénio, e as reacções químicas que nos mantêm vivos, e humanos, resultam da transformação desse aporte nas moléculas que nos constituem. Tal como essas reacções químicas de sistemas abertos dão origem às formas vivas com todas as suas capacidades, também as reacções entre as partículas do éter subquântico dão origem às formas que se podem observar no nível quântico superior, as partículas subatómicas, os fotões, e todas as suas interacções. À descrição matemática dessas reacções chama-se a “cinética de reacção”, ou “cinética química”. É daí que vem o “cinética” da cinética subquântica. LaViolette aplica essas equações que descrevem as reacções nos sistemas abertos, nos sistemas vivos, ao seu éter subquântico, e obtém resultados extraordinários.
(3): todos os sistemas vivos são sistemas abertos, mas nem todos os sistemas abertos são sistemas vivos. E um sistema é qualquer entidade cujas propriedades não podem ser reduzidas às propriedades dos seus componentes.
-Extraordinários porquê?
-Porque, através dessas equações, e postulando cinco reacções entre apenas sete eterões, sete partículas diferentes do éter, ele consegue simular a criação de todas a partículas da microfísica, explicar a formação de campos, explicar porque é que as partículas se atraem ou repelem, enfim, explicar um sem-número de mistérios que deixavam a física convencional do século XX completamente às aranhas.
-Fantástico. Mas o que é que isso tem a ver com Deus?
-Tem tudo a ver, pois uma possibilidade aberta pela cinética subquântica é que além das reacções entre os sete eterões que dão origem ao nosso mundo físico, pode haver outras reacções, entre outros eterões, que dariam origem a outras realidades físicas ocupando o mesmo espaço que o que nosso mundo, o nosso universo, ocupa. Ou seja, abre-se a hipótese de existirem reinos invisíveis que seriam tão existentes como a nossa realidade física, mas que não seriam detectáveis. E isso é a definição de um domínio espiritual, de uma “matéria” que seria a “matéria” divina.
-Incrível. E já há algum sinal mensurável, palpável, que esse reino pode existir, ou ainda está tudo no domínio da especulação?
-Uma das pistas que têm sido seguidas têm origem numas experiências que um médico do Massachusetts, o Dr. Duncan MacDougall, fez no principio do século XX, e que foram publicadas em 1907. Esse médico pôs doentes moribundos numa cama que pesava os doentes com o objectivo de observar se no momento da morte havia alguma variação do peso. E obteve resultados muito interessantes. Ele fez isso com seis doentes. Dois dos resultados tiveram que ser eliminados, pois um dos doentes morreu quase imediatamente após ser colocado na cama, e a balança não pôde ser correctamente ajustada, e no segundo caso houve “interferência por pessoas que se opunham ao nosso trabalho”, como disse MacDougall. Nos restantes quatro doentes, a perda de peso no momento da morte (uma perda repentina, que ocorreu de um momento para o outro), variou entre 10,6 gramas e 45,3 gramas. O investigador repetiu depois a experiência com cães, e nos quinze cães observados não viu nenhuma perda de massa no momento da morte (4).
(4): seria talvez aconselhável repetir as experiências de MacDougall com os cães, pois se a perda de peso for da ordem de poucos miligramas, o investigador não a teria detectado com as balanças disponíveis na altura.
-Deve ter havido grandes controvérsias, com esses resultados.
-Houve sim. MacDougall foi criticado pelo reduzido número de casos estudados (uma critica com a qual ele concordava, pois dizia que as experiências tinham que ser repetidas muitas vezes). Diziam também que a alma parecia ter um comportamento muito errático, observando-se variações da perda de peso depois da morte. Eu acho que isso não é uma crítica, mas sim uma observação, pois não sabemos nada sobre como é suposto a alma comportar-se ao abandonar o corpo. E uma alma benfazeja disse que o malvado do doutor andava a envenenar cães nas suas experiências. O que é que ela julgaria que se fazia aos cães nas faculdades de medicina, cócegas?
-Então só os humanos é que têm alma, e a alma tem peso?
-É essa a conclusão a que se tem chegado: parece haver uma entidade que abandona o corpo no momento da morte, e essa substância tem massa gravitacional. E é aí que entra a cinética subquântica, com a ideia de um reino espiritual que seria tenuemente detectável na nossa realidade física através de uma interacção gravitacional. Há mesmo quem avance com outra ideia: esse reino espiritual, essa substância que compõe a nossa alma, seria a mesma que comporia a “matéria escura”, a matéria inobservável que os astrofísicos dizem que é necessária para explicar os movimentos das galáxias, e que constitui 80 por cento da massa do Universo. Haveria assim uma ligação gravitacional entre esse universo invisível e o nosso universo. É uma pista que muitos teólogos e cientistas (físicos, matemáticos, teóricos de sistemas) têm explorado, às vezes com resultados muito curiosos. Talvez esses resultados nos abram um dia as portas de domínios que nos têm estado vedados.
-É muito ambicioso.
-A ambição máxima dos teólogos que estudam a cinética subquântica é chegarem a uma descrição inteligível, matemática, da “matéria” divina, do reino espiritual.
-Realmente, ambição maior não me parece que possa haver.