Diz-me o que lês, dir-te-ei quem és discussion

The Three Musketeers
This topic is about The Three Musketeers
37 views
Leituras Conjuntas > 8ª Leitura Conjunta - 1ª Fase

Comments Showing 1-6 of 6 (6 new)    post a comment »
dateUp arrow    newest »

Alexandra (biobreeze) | 105 comments Estou a gostar bastante de reler este livro! Com tantos filmes e diferentes versões, já estava um bocadinho esquecida da história verdadeira!
Além disso, ainda bem que o estou a reler depois de ter lido o Dom Quixote, porque reparei agora que o tom da escrita é muito semelhante. O D'Artagnan lembra-me um pouco o D. Quixote e mesmo o próprio autor nesta primeira parte do livro nos diz praticamente o mesmo!
Só me faz um pouco de impressão a forma quase gratuita como se matam uns aos outros! Parece que naquela época era normal morrer em combate como se estivessem em guerra constante.


Rita P Smits Este livro foi uma surpresa muito agradável: fresco, cómico, interessante. Confesso que esperava uma linguagem mais sisuda e barroca, por preconceito: nunca tinha lido nada de Dumas e esperava que um livro do séc. XIX, ainda que um romance de cavalaria, pudesse levar-se demasiado a sério. Mas não é de todo isso que acontece; o tom jocoso que acompanha tanto o narrador como as personagens faz lembrar o livro "Jacques le fataliste et son mâitre", de D.Diderot, que em Portugal está publicado na bela edição da Tinta da China (colecção Ricardo Araújo Pereira), em excelente tradução (Pedro Tamen) — livro que aconselho.

Para aquelas crianças que não sabem o que é um "romance de cavalaria" devia ser leitura obrigatória: esta é a história dos homens galantes e cavalheiros, leais para com os seus companheiros, orgulhosos e altivos, protegendo as damas em dificuldades e honrando o Rei.

Em alguns aspectos é um livro com ideias modernas: o facto de existirem homens assumidamente sustentados pelas suas amantes, por ex, ou até um certo desrespeito pela santidade da igreja, que se pode sentir no tratamento da personagem do Cardinal e principalmente através de Aramis — os jogos de palavras que se fazem com as suas leituras de Santo Agostinho, o facto de ele procurar tanto esconder os seus amores terrenos mentindo, envergonhado porque quer seguir a via eclesiástica, que condena os "pecados da carne".

Noutros aspectos, porém, senti ainda ideias que para nós se encontram ultrapassadas, mas que são o reflexo do tempo em que Dumas viveu (não esquecendo também que a acção do livro se passa no séc. XVII). Por exemplo, o almejar de uma situação social elevada, que incluia fortuna e fama, e que dita a consideração por personagens como o Duc de Buckingam e o Conde de Trémouille e o desprezo por personagens como o Bonacieux (simples comerciante, e para mais cobarde) e os lacaios; ou o papel das mulheres, ainda subservientes e que devem ser tratadas "com mão firme", como a certa altura diz alguém.

Até agora as minhas partes preferidas foram o encontro de D'Artagnan com os três mosqueteiros (capítulo IV), principalmente o diálogo entre este e Phortos, quando choca contra ele e ao envolver-se no seu manto (manto ou capa?) se apercebe de que o ouro do casaco é falso , porque só existe de um lado, e o capítulo VII, que descreve os três mosqueteiros através dos seus criados, habitações, segredos e carácter.

Gosto imenso do facto de os capítulos terem um título, sempre pertinente e, lá está, engraçado. Por exemplo o dito capítulo VII de que tanto gostei, em francês: "l'épaule d'Athos, le baudrier de Phortos et le mouchoir d'Aramis"; só este título dá vontade de continuar de imediato a ler, qual método-Dan-Brown qual quê :)

Fiquei com curiosidade de saber até que ponto seriam personagem verídicas, visto que o autor se dedicou aos romances históricos; sobre isso encontrei este site: http://www.lebearn.net/mousquetaires.....

Sintetizando: do que estou a gostar mais é do humor da escrita, tão irónico e elegante. E das maquinações do Cardial, que mereciam um verdadeiro advérbio, ao jeito de Maquiavel ("que cardialesco que tu estás hoje!").


Rita P Smits Alexandra, também senti que essa comparação com D. Quixote era na mouche. E a média de mortes tão elevada e relatada de forma tão banal como se fosse o pão nosso de cada dia para eles; não sei se seria realmente assim, ou se é essa uma ironia do autor. Inclino-me mais para a segunda, pois é muito estranho que os homens tivessem tão pouco medo da morte mesmo nessa altura, ou que esta pudesse surgir a cada esquina.


Rita P Smits Luís, a palavra "forrobodó" é perfeita para este contexto :-)
Quanto ao amor do Duque, sem dúvida está em causa a declaração de amor mais egoísta que já vi: "Só para que eu a reveja morrerão milhares" — e não é que ela se enternece!


message 5: by Calypso (last edited Jul 13, 2012 12:24AM) (new) - rated it 4 stars

Calypso | 358 comments Mod
Rita wrote: Quanto ao amor do Duque, sem dúvida está em causa a declaração de amor mais egoísta que já vi: "Só para que eu a reveja morrerão milhar..."

Talvez nos cause um impacto negativo o enternecimento dela mas se formos ver por outro prisma até se consegue compreender. Afinal ele está a mostrar-lhe que para ele, ela tem mais valor que milhares de vidas e parecendo que não somos egoístas e possivelmente se estivéssemos no lugar dela daríamos mais valor ao sentimento que ele está a demonstrar do que ao resto.

Está a ler uma releitura muito agradável e entusiasmante e confesso que já havia pormenores dos quais não me recordava.
É um livro rápido sem pontos mortos pelo que é bastante fácil sermos impulsionados a ler.
Nesta primeira fase são-nos introduzidas as personagens bem como algumas das suas particularidades. D´Artagnam é sem duvida um jovem impulsivo, o que o mete em sarilhos e acaba por ser bastante engraçada a forma como se torna amigos dos mosqueteiros Athos, Phortos e Aramis e até como se vê envolvido na intriga.
Gostei ainda da introdução do um "pequeno" romance, afinal D´Artagnam, como jovem que é, depressa se vê arrebatado pela senhora Bonacieux.


Sofia (djamb) | 39 comments Não consigo acrescentar muito ao que foi dito acima. "Os três mosqueteiros" foi uma óptima surpresa, sobretudo pela ligeireza de Dumas, que nos conta a história como se estivesse presente na mesma sala que eu. O seu sentido de humor subtil e os travos de ironia conferem certo toque humorístico e satírico a esta história.
As personagens nestes primeiros capítulos são-nos apresentadas com bastante detalhe, sendo bastante fácil criar cada uma delas e identificar as suas características, tão reais e cheias de virtudes e fraquezas. Estou a adorar e ansiosa por conhecer o resto do livro!


back to top