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The Three Musketeers
Leituras Conjuntas
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8ª Leitura Conjunta - 1ª Fase
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Este livro foi uma surpresa muito agradável: fresco, cómico, interessante. Confesso que esperava uma linguagem mais sisuda e barroca, por preconceito: nunca tinha lido nada de Dumas e esperava que um livro do séc. XIX, ainda que um romance de cavalaria, pudesse levar-se demasiado a sério. Mas não é de todo isso que acontece; o tom jocoso que acompanha tanto o narrador como as personagens faz lembrar o livro "Jacques le fataliste et son mâitre", de D.Diderot, que em Portugal está publicado na bela edição da Tinta da China (colecção Ricardo Araújo Pereira), em excelente tradução (Pedro Tamen) — livro que aconselho.Para aquelas crianças que não sabem o que é um "romance de cavalaria" devia ser leitura obrigatória: esta é a história dos homens galantes e cavalheiros, leais para com os seus companheiros, orgulhosos e altivos, protegendo as damas em dificuldades e honrando o Rei.
Em alguns aspectos é um livro com ideias modernas: o facto de existirem homens assumidamente sustentados pelas suas amantes, por ex, ou até um certo desrespeito pela santidade da igreja, que se pode sentir no tratamento da personagem do Cardinal e principalmente através de Aramis — os jogos de palavras que se fazem com as suas leituras de Santo Agostinho, o facto de ele procurar tanto esconder os seus amores terrenos mentindo, envergonhado porque quer seguir a via eclesiástica, que condena os "pecados da carne".
Noutros aspectos, porém, senti ainda ideias que para nós se encontram ultrapassadas, mas que são o reflexo do tempo em que Dumas viveu (não esquecendo também que a acção do livro se passa no séc. XVII). Por exemplo, o almejar de uma situação social elevada, que incluia fortuna e fama, e que dita a consideração por personagens como o Duc de Buckingam e o Conde de Trémouille e o desprezo por personagens como o Bonacieux (simples comerciante, e para mais cobarde) e os lacaios; ou o papel das mulheres, ainda subservientes e que devem ser tratadas "com mão firme", como a certa altura diz alguém.
Até agora as minhas partes preferidas foram o encontro de D'Artagnan com os três mosqueteiros (capítulo IV), principalmente o diálogo entre este e Phortos, quando choca contra ele e ao envolver-se no seu manto (manto ou capa?) se apercebe de que o ouro do casaco é falso , porque só existe de um lado, e o capítulo VII, que descreve os três mosqueteiros através dos seus criados, habitações, segredos e carácter.
Gosto imenso do facto de os capítulos terem um título, sempre pertinente e, lá está, engraçado. Por exemplo o dito capítulo VII de que tanto gostei, em francês: "l'épaule d'Athos, le baudrier de Phortos et le mouchoir d'Aramis"; só este título dá vontade de continuar de imediato a ler, qual método-Dan-Brown qual quê :)
Fiquei com curiosidade de saber até que ponto seriam personagem verídicas, visto que o autor se dedicou aos romances históricos; sobre isso encontrei este site: http://www.lebearn.net/mousquetaires.....
Sintetizando: do que estou a gostar mais é do humor da escrita, tão irónico e elegante. E das maquinações do Cardial, que mereciam um verdadeiro advérbio, ao jeito de Maquiavel ("que cardialesco que tu estás hoje!").
Alexandra, também senti que essa comparação com D. Quixote era na mouche. E a média de mortes tão elevada e relatada de forma tão banal como se fosse o pão nosso de cada dia para eles; não sei se seria realmente assim, ou se é essa uma ironia do autor. Inclino-me mais para a segunda, pois é muito estranho que os homens tivessem tão pouco medo da morte mesmo nessa altura, ou que esta pudesse surgir a cada esquina.
Luís, a palavra "forrobodó" é perfeita para este contexto :-)Quanto ao amor do Duque, sem dúvida está em causa a declaração de amor mais egoísta que já vi: "Só para que eu a reveja morrerão milhares" — e não é que ela se enternece!
Rita wrote: Quanto ao amor do Duque, sem dúvida está em causa a declaração de amor mais egoísta que já vi: "Só para que eu a reveja morrerão milhar..."
Talvez nos cause um impacto negativo o enternecimento dela mas se formos ver por outro prisma até se consegue compreender. Afinal ele está a mostrar-lhe que para ele, ela tem mais valor que milhares de vidas e parecendo que não somos egoístas e possivelmente se estivéssemos no lugar dela daríamos mais valor ao sentimento que ele está a demonstrar do que ao resto.
Está a ler uma releitura muito agradável e entusiasmante e confesso que já havia pormenores dos quais não me recordava.
É um livro rápido sem pontos mortos pelo que é bastante fácil sermos impulsionados a ler.
Nesta primeira fase são-nos introduzidas as personagens bem como algumas das suas particularidades. D´Artagnam é sem duvida um jovem impulsivo, o que o mete em sarilhos e acaba por ser bastante engraçada a forma como se torna amigos dos mosqueteiros Athos, Phortos e Aramis e até como se vê envolvido na intriga.
Gostei ainda da introdução do um "pequeno" romance, afinal D´Artagnam, como jovem que é, depressa se vê arrebatado pela senhora Bonacieux.
Talvez nos cause um impacto negativo o enternecimento dela mas se formos ver por outro prisma até se consegue compreender. Afinal ele está a mostrar-lhe que para ele, ela tem mais valor que milhares de vidas e parecendo que não somos egoístas e possivelmente se estivéssemos no lugar dela daríamos mais valor ao sentimento que ele está a demonstrar do que ao resto.
Está a ler uma releitura muito agradável e entusiasmante e confesso que já havia pormenores dos quais não me recordava.
É um livro rápido sem pontos mortos pelo que é bastante fácil sermos impulsionados a ler.
Nesta primeira fase são-nos introduzidas as personagens bem como algumas das suas particularidades. D´Artagnam é sem duvida um jovem impulsivo, o que o mete em sarilhos e acaba por ser bastante engraçada a forma como se torna amigos dos mosqueteiros Athos, Phortos e Aramis e até como se vê envolvido na intriga.
Gostei ainda da introdução do um "pequeno" romance, afinal D´Artagnam, como jovem que é, depressa se vê arrebatado pela senhora Bonacieux.
Não consigo acrescentar muito ao que foi dito acima. "Os três mosqueteiros" foi uma óptima surpresa, sobretudo pela ligeireza de Dumas, que nos conta a história como se estivesse presente na mesma sala que eu. O seu sentido de humor subtil e os travos de ironia conferem certo toque humorístico e satírico a esta história.As personagens nestes primeiros capítulos são-nos apresentadas com bastante detalhe, sendo bastante fácil criar cada uma delas e identificar as suas características, tão reais e cheias de virtudes e fraquezas. Estou a adorar e ansiosa por conhecer o resto do livro!



Além disso, ainda bem que o estou a reler depois de ter lido o Dom Quixote, porque reparei agora que o tom da escrita é muito semelhante. O D'Artagnan lembra-me um pouco o D. Quixote e mesmo o próprio autor nesta primeira parte do livro nos diz praticamente o mesmo!
Só me faz um pouco de impressão a forma quase gratuita como se matam uns aos outros! Parece que naquela época era normal morrer em combate como se estivessem em guerra constante.