Paulo Scheunemann

“Sabemos da popularidade que desfruta, em certos círculos, a tese segundo a qual a antropologia, congenitamente exotista e primitivista, não passa de um teatro perverso, no qual o "outro" é sempre "representado" ou "iventado" segundo os interesses sórdidos do Ocidente. Nenhuma história, nenhuma sociologia consegue disfarçar o paternalismo complacente dessa tese, que reduz os assim chamados "outros" a ficções da imaginação ocidental sem qualquer voz no capítulo. Duplicar tal fantasmagoria subjetiva por um apelo à dialética da produção objetiva do Outro pelo sistema colonial é simplesmente acrescentar um insulto a uma injúria; supor que todo discurso "europeu" sobre os povos de tradição não europeia só serve para iluminar nossas "representações do outro" é fazer de um certo pós-colonialismo teórico a manifestação mais perversa do etnocentrismo.”
― Eduardo Viveiros de Castro, Cannibal Metaphysics

“O sofrer nos ameaça a partir de três lados: do próprio corpo, que fadado ao declínio e à dissolução, não pode sequer dispensar a dor e o medo, como sinais de advertência; e, por fim, das relações com os outros seres humanos.”
― Sigmund Freud, O mal-estar na civilização, novas conferências introdutórias à psicanálise e outros textos 1930-36

“Nunca dominaremos completamente a natureza, e nosso organismo, ele mesmo parte dessa natureza, será sempre uma construção transitória, limitada em adequação e desemprenho.”
― Sigmund Freud, O mal-estar da civilização