Cindy

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Catedrais
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Reading for the 2nd time
read in November 2025
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Afonso Cruz
“Goring disse: “quando oiço a palavra cultura, saco do revólver”. É assim que muita gente olha para a cultura. Não é mau, é sinal que é tão importante que pode ser ameaçadora, pode fazer sacar das armas. Se a arte e a literatura não tivessem importância, ninguém se preocuparia em incendiar a biblioteca de Alexandria (repetidas vezes), destruir os budas de Bamiyan ou as ruínas de Palmira. Se a cultura não fosse verdadeiramente importante, Goring não sacava do revólver.
A ficção não é um escape da fealdade (ou apenas isso), do horror e da injustiça sociais, é, isso sim, o planeamento para a construção de uma alternativa, a arquitetura de uma outra hipótese de sociedade que seja mais consentânea com as nossas expectativas humanas e morais.
“Não é todos os dias que o mundo se organiza num poema”, disse Wallace Stevens, mas todos os dias tentamos fazer com que alguns poemas se tornem mundo. A despeito de todos os esforços de dissuasão, desistir de o fazer não é uma opção humana.
Esse mundo que nos rodeia é produto da cultura.
Uma sociedade pode ser melhor se a imaginarmos melhor. Temos aquilo que Locke chamava perfectibilidade, essa estranha característica que nos permite evoluir até conquistarmos uma humanidade idealizada, pensada, imaginada. O nosso futuro será sempre uma ficção, algo que ainda não existe, a transformação da potência em ato.

Vamos comprar um poeta - Afonso Cruz”
Afonso Cruz

Afonso Cruz
“Era isto que ele me dizia. Eu limpava os espelhos na esperança de me sentir assim, tentava desembaciar a vida, como o poeta dizia que tínhamos de fazer, passar a mão pela realidade até vermos um sorriso. Sei que é um trabalho árduo, há demasiado vapor a tornar a vida pouco nítida, desfocada. Mas vou insistir. O poeta dizia que os versos libertam as coisas. Que quando percebemos a poesia de uma pedra, libertamos a pedra de sua “pedridade”. Salvamos tudo com a beleza. Salvamos tudo com poemas. Olhamos para um ramo morto e ele floresce. Estava apenas esquecido de quem era. Temos de libertar as coisas. Isso é um grande trabalho. Sei que muitas mudanças na minha vida aconteceram graças a ele. Por isso, jamais deixarei de me sentar ao seu lado, com metáforas na garganta, a trocar inutilidades. E, antes de me deitar, repito a oração que aprendi com o poeta:
Tenho milhas a percorrer antes de dormir.

Vamos comprar um poeta - Afonso Cruz”
Afonso Cruz

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