Status Updates From Detestável Vizinho

E enquanto os gatos dormiam ao nosso redor e o apartamento estava imerso em um silêncio acolhedor, soube que essa era a melhor história que eu poderia escrever. Porque era real, porque era nossa.

Olhando para ele, senti meu coração se aquecer. Seus olhos encontraram os meus e ele sorriu, aquele sorriso que sempre parecia dizer: “Estamos exatamente onde deveríamos estar.”
Apertou minha mão com delicadeza, e eu sabia que ele sentia o mesmo.

— Nós ainda temos o resto da nossa história para escrever.
Ela sorriu e fungou.
— Nós, finalmente, estamos no mesmo capítulo. Depois de encontros e desencontros.
— Você nunca vai precisar escrever sobre o nosso final feliz — murmurei. — Porque nossa história está só começando.
Enfim, tudo estava exatamente como deveria ser.

— Eu quis ficar com aquele apartamento, porque sabia que ele era a única coisa que me conectaria a você, que me colocaria de novo no seu caminho.
Esfregou a palma no meu peito, suspirando.
— Por... quê?
— Porque, Lorelai, você sempre foi a protagonista da minha história. Eu só estava tentando encontrar meu caminho de volta para você.

— Você me disse, uma vez…, sobre aqueles sete minutos antes de morrermos. Sobre como o cérebro repassa os momentos mais felizes da nossa vida.
….

— Sim, eu disse
…..

— Jonathan, você vai estar nos meus sete minutos. — Suas palavras saíram como um sussurro, mas elas atingiram meu peito como um raio. — Porque você é meu momento mais feliz.

Jonathan ñ era só meu amigo, meu companheiro de apartamento. Ele era meu lar.
Eu o amava.
Ñ Carter, ñ um personagem fictício, mas Jonathan. O médico arrogante, q queria viver até os cento e vinte anos, q comia como um coelho e ñ perdia um treino de CrossFit, fizesse chuva ou sol.
Meu coração se apertou novamente com essa idealização.
Jonathan era minha história mais real. E eu ñ podia deixá-lo ir.

Meu coração errou uma batida enquanto as lágrimas começavam a escorrer pelo meu rosto. Pela primeira vez, percebi que estava apaixonada por alguém real. Não era um personagem de livro, não era um avatar idealizado.

— Quero que nosso primeiro beijo deste ano seja um do outro.
O sorriso desapareceu do rosto dela, substituído por uma expressão de surpresa.
— Jonathan...
— Não como "vizinhos", "colegas de apartamento" ou qualquer outro personagem que você queira criar. — Sorri de leve, tentando aliviar a tensão crescente. — Mas como nós. Jonathan e Lorelai.

Eu podia sentir a conexão entre nós crescendo, algo que ia além do físico, algo que me fazia esquecer todas as razões pelas quais eu achava que isso era uma má ideia.

— Quero que essa cena seja perfeita… Como nos seus livros.
Eu ri baixinho, um som entre a excitação e a incredulidade.
— Isso não é um livro, Jonathan.
— Não, é melhor do que um livro. — Encontrou meus olhos novamente, o olhar tão intenso que quase tirou meu fôlego. — Não somos personagens agora, somos só você e eu. Sem ficção, apenas a realidade.

Meu coração deu um salto, mas tentei manter a compostura.
Nunca imaginei que alguém... criaria uma cena para mim. Isso era algo que eu fazia, colocando no papel todas as fantasias românticas que, algum dia, esperava viver na vida. Mas ele..., bem, ele era Jonathan, e sempre esteve fora de qualquer paradigma.

Ela estava lá dentro, debruçada sobre o notebook, digitando freneticamente. Mais cedo ou mais tarde, ela sairia de novo, com aquele brilho nos olhos e uma nova ideia.
Talvez fosse egoísmo, mas não me importava. Enquanto ela continuasse precisando de mim para criar as cenas mais importantes dos livros, Matt e qualquer outro cara, real ou fictício, não passavam de uma nota de rodapé.

— Boa noite, Jonathan — balbuciou, já quase adormecida.
Eu me permiti sorrir no escuro, fechando os olhos enquanto a exaustão me alcançava. E quando o sono veio, foi mais profundo e pacífico do que eu conseguia me lembrar. Na cama dela, ao lado dela. Exatamente onde eu queria estar.

— Talvez eu esteja ganhando agora, mas a verdade é q ela quer o avatar dela. E eu? Eu só estou aqui pra diversão.
Não esperei por nenhuma resposta. Caminhei em direção à saída, sentindo o peso das palavras q havia acabado de dizer. Elas eram mais fáceis de aceitar do q admitir a verdade: eu queria ser mais do q só diversão. Queria ser o suficiente para Lorelai.
Mas, no final, querer não mudava nada.

— Espera aí! As cenas q vocês recriam..., você escreve putaria? — Engasgou-se. Meu rosto ficou vermelho feito um tomate.
Jonathan gargalhou alto. — E das pesadas… Mas preciso confessar que ela é muito boa nisso. E não é só isso. Os livros dela têm alma, sabe? Sempre há uma mensagem por trás, algo q inspira as mulheres a se sentirem mais confiantes, mais livres. É muito mais do q só cenas quentes.

— Já sei, o Mister Whey Protein ainda está na fila para concorrer? — Gargalhou. — Lorelai deve ter mel, sendo disputada por dois vizinhos.
Revirei os olhos.
— Não há disputa nenhuma. Ela gosta dele, e ele... demonstra ter algum interesse por ela.
— E quanto a você? — Me encarou, arqueando uma sobrancelha.
— Eu sou a diversão. O sexo é bom e nós dois aproveitamos.

Como alguém como eu, um homem normal, com defeitos e qualidades, assim como qualquer outro ser humano, poderia concorrer com ele?
Matt era um imbecil, mas ainda era o avatar perfeito dos livros de Lorelai.
Sebastian tinha razão.
Eu era um idiota.

Não ficaria ali, plantado que nem um idiota, vendo aquele boneco de cera fitness dar em cima dela.
Lorelai gostava dele, criou um personagem usando o idiota como modelo. Era impossível concorrer com isso, com a inspiração que ela usava para escrever seus livros.
Ela era uma garota apaixonada e sonhadora. Isso ficou perceptível desde o começo, quando me rejeitou na adolescência por um personagem literário.

— Porra! Não sei se isso fere ou infla o seu ego. O lado positivo é q não foi por nenhum nerd idiota como vc pensava, mas o ruim é que ela desprezava tanto você q te rejeitou por um personagem de livro.
Ela não me desprezava, só não tinha capacidade de ver a beleza q escondia de todos por detrás daqueles olhos verdes. Lorelai estava tão acostumada a ser invisível, q não acreditou quando eu a enxerguei.

Era a razão e a emoção.
Elas sempre estiveram presentes, por toda a minha vida.Só q, na maioria dos momentos,eu usei a razão p julgar os meus atos.
Mas não agora. N dessa vez.
Eu usaria a emoção. Isso me assustava pra caramba.Tanto q eu mal conseguia respirar direito.
Li uma vez, q estar vivo e viver são coisas diferentes. Agora, pela 1 vez, escolhia viver…, mesmo q isso desafiasse toda a minha razão.

— Você era todo descolado e popular, vivia rodeado de garotas lindas..., enquanto eu...
— Enquanto você… — deu mais um passo na minha direção, a voz mais baixa, quase como se estivesse se lembrando de algo distante — era diferente. Inteligente, engraçada… e meio atrapalhada, de um jeito que fazia tudo parecer mais interessante. Talvez você não visse, mas eu via.