Status Updates From Amphitryon - Molière'den Es...

SÓSIA
Preferia que para sempre sem lira
Me tivesses deixado! Em minha vida
Mais danado não vi com o bastão.

PRIMEIRO GENERAL
Deveras! Que triunfo ...

SEGUNDO GENERAL
Quanta glória ...

PRIMEIRO GENERAL
Siderados nos vés ...

ANFITRIÃO
Alcmena!

ALCMENA
Ah!

ANFITRIÃO
Ouvi, cidadãos.

SÓSIA
Sim, gente de Tebas!
Vede aqui o verdadeiro Anfitrião;
E aquele que está sentado à mesa,
O que merece é que o lancem aos corvos.
Força! Assaltai, por mercê, ora a casa,
A couve ainda deve estar quente.

ANFITRIÃO
Segui-me.

SÓSIA
Mas vede! Ele já aí vem. Ele e ela.

SÓSIA
Satanás soberbo! Quero é que morras
Por causa do tal corpo que mataram!
- «Ai de quem lhe meter a mão no prato!» -
Antes comer a meias com um cão
Pastor, que com ele da mesma tigela.
Ele nem com o pai à frente a morrer
De fome era capaz de lhe dar tanto,
Quanto lhe coubesse na cova de um dente.
- Vai! Hás-de pagá-las bem, renegado.
Tivesse uma salsicha em cada mão,
À minha boca não as levaria.
(...)

PRIMEIRO GENERAL
O que este nos disse aqui, é ainda
Tão pouco perceptível, que por ora
Será vosso empenho, com passo ousado
Romper toda a falsa rede do enigma.

ANFITRIÃO
Pois que seja então! Dai-me vossa ajuda.
A mim vos conduziu minha boa estrela.
Tentarei a sorte, a de minha vida.
Oh! No peito arde a ânsia de saber,
E ah! Receio-a como a morte.

SÓSIA
Quem sou eu?

CÁRIS
Porque te negas a mim?

SÓSIA
Hoje está tudo doido?

CÁRIS
Não vi
Eu em teus olhos inflamados de ira
Brilhar de Apolo o raio penetrante?

SÓSIA
Apolo, eu? Estás possessa? - De mim
Um faz cão, o outro faz de mim deus? -
Sou o velho asno bem conhecido,
Sósia!

CÁRIS
Sósia? Quê? O velho
Asno que conheço muito bem, Sósia?
Patife, ainda bem que eu o sei,
Pois hoje não vais ter quente a salsicha.

ALCMENA
Anfitrião!

JÚPITER
Calma, calma, calma!
A teu favor se resolverá tudo.
Anseia o deus por se mostrar a ti,
E antes que das constelações a roda
Retome o seu curso na noite suave,
Sabe já teu peito a quem inflamou ...
Sósia!

SÓSIA
Senhor!

JÚPITER
Vamos, meu servo fiel,
E que seja este dia glorioso!
Alcmena, em amor, fez comigo as pazes:
E tu vais-me ao acampamento chamar
Os convivas para um festim que vou dar

(...)
Não terei de admitir não ser a letra
A do monograma de Anfitrião?
De admitir que me não pode chegar
Um presente dele com marca estranha?
E mesmo que eu jure sobre o altar, que ele
Próprio ontem a pedra me ofertou,
Estou bem certa, diz-me, que ontem também
Recebi o sinal que está aqui?

Cáris
Coragem. Ei-lo. Agora sabereis.

SÓSIA
Senhor, eu ...?

ANFITRIÃO
Cala, nada saber quero.
Continuas cá, neste meu lugar.

CÁRIS
Senhora ...?

ALCMENA
Cala, nada saber quero,
Não me sigas, sozinha quero estar.

CÁRIS

Porquê, para este infame castigar
Com uma inequívoca atitude,
Me falta assim a coragem? Ó deuses!
Como eu agora lamento que o mundo
Por uma mulher de aspeito me tome!

SÓSIA

Ó justos deuses!
E não me valeis? O lombo em ferida
Semanas terei. Mesmo que Anfitrião
Seu bastão descanse. Pois bem, p'ra longe
Do demo, para o acampamento volto,
Por muito que pasme a noite infernal. -
Mas que embaixada inesquecível esta!
Como te acolherá teu amo, Sósia?