Status Updates From Uma Mulher Desnecessária

A minha mãe só gosta dos filhos homens e nem se dá ao trabalho de disfarçar.(...) De mim, a mais velha, quase nem tem consciência.

Rapazes de farda imaculada eram capazes de matar pessoas a tiro, enquanto comiam uma sandes de carne e bebericavam uma Pepsi.
Tentei justificar, mas não consegui.
Não sei o que pensar.
Pode ser meu meio-irmão, mas não somos da mesma família,. Separa-nos um abismo de mundos incomunicáveis.

Pergunto-lhe delicadamente o que está a fazer:
- Vim trazer a tua mãe - responde ele. - É a tua vez. Não devíamos ser nós a cuidar dela. A responsabilidade é tua. És filha e não tens família. Tu é que devias de ter ficado a cuidar dela estes anos todos. Chegou a hora, é a tua vez. Nós não podemos continuar com ela a nosso cargo.

Joseph Roth escreveu: "É preciso muito tempo até que os homens adquiram a sua fisionomia própria. Poderemos dizer que ao nascer as pessoas não vêm com a própria cara, a própria testa, o próprio nariz,os próprios olhos. Só os adquirem com o correr do tempo e há que ter paciência pois o processo é moroso."

I could probably drop this without guilt, but I'm so close to the end of the year and don't want to DNF anything else. I feel like this'll be a solid three stars though.

...todos nós pensamos que somos como somos por causa das decisões que tomámos, dos acontecimentos que nos moldaram, das escolhas de quem nos rodeia. Raramente temos em conta que também somos formados pelas decisões que não tomámos, pelos acontecimentos que poderiam ter acontecido mas não aconteceram e, já agora, pela nossa falta de escolhas.

Nos meus planos para a velhice, não pensei que fosse passar todas as noites no quarto às escuras, de pálpebras meio abertas, encostada a almofadas nada fofas, a receber a visita das minhas memórias.

Estou sozinha.
Foi uma escolha que fiz, mas, verdade seja dita, foi uma escolha feita perante um leque muito reduzido de opções. Naqueles tempos, a sociedade beirutense não morria de amores por mulheres divorciadas e sem filhos.

A literatura dá-me a vida e a vida mata-me.
Bom, a vida mata toda a gente.

A literatura é a minha caixa de areia.Nela brinco, construo os meus fortes e castelos(.)É o mundo fora dessa caixa q me causa problemas.Adaptei-me mansamente, embora não de forma convencional, a esse mundo visível, para poder retirar-me sem grandes inconvenientes para o meu mundo interior, feito de livros.Transformando esta metáfora, se a literatura é a minha caixa de areia, então o mundo real é a minha ampulheta(.)