Goodreads helps you follow your favorite authors. Be the first to learn about new releases!
Start by following Raul Brandão.
Showing 1-30 of 54
“Chove. Cada vez vejo mais turvo, cada vez tenho mais medo. Estamos enterrados em convenções até ao pescoço: usamos as mesmas palavras, fazemos os mesmo gestos. A poeira entranhada sufoca-nos. Pega-se. Adere. Há dias em que não distingo estes seres da minha própria alma; há dias em que através das máscaras vejo outras fisionomias, e, sob a impassibilidade, dor; há dias em que o céu e o inferno esperam e desesperam. Pressinto uma vida oculta, a questão é fazê-la vir à supuração.
Esta manhã de chuva é um minuto no rodar infinito dos séculos, e os seres que passam meras sombras. Tudo isto me pesa e pesa-me também não viver. Do fundo de mim mesmo protesto que a vida não é isto. A árvore cumpre, o bicho cumpre. Só eu me afundo soterrado em cinza. Terei por força de me habituar à aquiescência e à regra?”
― Húmus
Esta manhã de chuva é um minuto no rodar infinito dos séculos, e os seres que passam meras sombras. Tudo isto me pesa e pesa-me também não viver. Do fundo de mim mesmo protesto que a vida não é isto. A árvore cumpre, o bicho cumpre. Só eu me afundo soterrado em cinza. Terei por força de me habituar à aquiescência e à regra?”
― Húmus
“Ilusão, mentira, estúpido? Mas eu é que faço a verdade e a mentira. Eu é que a crio à custa de dor. Dou-lhe o meu bafo e a minha alma. Deus cria-me a mim - eu crio Deus. Um verdade pode ser abjecta, uma mentira pode construir outro mundo - outro Universo - outro céu.”
― Húmus
― Húmus
“O Pita tinha piedade dos grotescos que nunca amaram nem viveram, e que trazem na alma apenas restos de frases, detritos de ideias, concepções em feto.”
― A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore
― A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore
“Há existências inúteis, para quem a vida se reduz ao estreito âmbito formado pelas paredes que as cercam. Vivem por hábito. Sabem apenas exprimir-se com seis palavras rançosas. São um misto de papelada, de números de ideias estúpidas e vãs, de frases gastas e falsas.”
― A Farsa
― A Farsa
“A mesma interrogação se formula em todas as almas: quer então dizer que só vivi uma vida fictícia ao lado da vida e que perdi o melhor da existência em aparências? Quer então dizer que tudo para que vivi não existe?”
― Húmus
― Húmus
“Este momento trágico, esta pausa, este horror em que cada um se vê na sua essência, em que cada ser se encontra sós a sós com a sua própria alma, reduzido sem artifícios à sua própria alma, só tem outro a que se compare, aquele em que cada um vê a alma dos outros. Porque, por melhor ou pior que tenhamos julgado os outros, vimo-los sempre através de nós mesmos.”
― Húmus
― Húmus
“Quem há aí que seja a sós o mesmo que é cá fora e quem foi que em certas horas não representou até consigo mesmo?”
― A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore
― A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore
“A maior parte da gente, nasce, morre sem ter olhado a vida cara a cara. (...) Não há máscara que não custe a arrancar - há mentiras que têm raízes mais fundas que a verdade.”
― Húmus
― Húmus
“A realidade é o nada temeroso. A vida somos nós que a construímos à custa de quimeras, de gritos, de ternura: o mundo pertence-nos: a árvore, a água, o que te rodeia de simples, de belo ou de trágico, o que te faz viver e o que nos faz viver - tiraste-o da tua própria alma. A realidade é o negrume, o abismo donde só sai o silêncio. O sol foste tu que o criaste - porque a realidade é a treva: a luz nasce aos borbotões de teu ser.”
― A Farsa
― A Farsa
“Às árvores para dar flor há-de-lhes doer.”
―
―
“Baleal... A mais linda praia da terra portuguesa.”
― Os Pescadores
― Os Pescadores
“Questão lógica: pois eu hei-de ir para a cova, para todo o sempre, para toda a eternidade, sem ter extraído da vida tudo o que ela me possa dar, preso a palavras ou a meras questões de forma?”
― Húmus
― Húmus
“Está ali a morte - está aqui a vida - está ali o espanto - e só a ninharia consegue deitar raízes profundas”
― Húmus
― Húmus
“Às vezes não sei se estou viva se estou morta. Às vezes nem o sonho que sonho me é possível. Está no fio.”
― O Gebo e a Sombra
― O Gebo e a Sombra
“Esta manhã de chuva é um minuto no rodar infinito dos séculos, e os seres que passam meras sombras. Tudo isto me pesa e pesa-me também não viver. Do fundo de mim mesmo protesto que a vida não é isto. A árvore cumpre, o bicho cumpre. Só eu me afundo soterrado em cinza. Terei por força de me habituar à aquiescência e à regra? Crio cama, e todos os dias sinto a usura da vida e os passos da morte mais fundo e mais perto.”
―
―
“A história é dor, a verdadeira história é a dos gritos.”
― El-Rei Junot
― El-Rei Junot
“Perdoar o quê? O dinheiro, filha? O dinheiro nunca se perdoa.”
― O Gebo e a Sombra
― O Gebo e a Sombra
“O tempo era limitado, a paciência pegajosa, o gesto lento. Agora que a vida dura séculos ninguém espera um minuto.”
― Húmus
― Húmus
“Não sei - nem me importo - se creio na imortalidade da alma, mas do fundo do meu ser agradeço a Deus ter-me deixado assistir um momento a este espectáculo desabalado da vida. Isso me basta. Isso me enche: levo-o para a cova, para remoer durante séculos e séculos, até ao juízo final.”
― Memórias
― Memórias
“A maior parte das criaturas não só se ignoram como não passam nunca da camada superficial.”
― Húmus
― Húmus
“A vida é fictícia, as palavras perderam a realidade. E no entanto esta vida fictícia é a única que podemos suportar.”
― Húmus
― Húmus
“Os heróis ou os santos só em momentos excepcionais é que são compreendidos pelos homens vulgares.”
― Memórias
― Memórias
“Uma alma é preciso criá-la, e quando está criada - deixá-la. Tanta luta, tanta dúvida, perguntas ansiosas, respostas que nos deixam perplexos, necessidade de recalcar os instintos, e quando, enfim, a gente tem, à custa de dor, construído um universo que não existe e criado uma alma que não tinha, está cansada, velha, exausta, é forçoso deixá-la!”
― Memórias
― Memórias
“É com palavras que construímos o mundo. É com palavras que os mortos se nos dirigem. É com palavras, que são apenas sons, que tudo edificamos na vida. Mas agora que os valores mudaram, de que nos servem estar palavras? É preciso criar outras, empregar outras, obscuras, terríveis, em carne viva, que traduzam as cóleras, o instinto e o espanto.”
― Húmus
― Húmus




