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Pedro Nava

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Pedro Nava



Average rating: 4.05 · 108 ratings · 10 reviews · 19 distinct works
Baú de ossos (Memórias, #1)

4.07 avg rating — 43 ratings — published 1972 — 5 editions
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Balão cativo (Memórias, #2)

4.54 avg rating — 13 ratings — published 1973 — 3 editions
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Beira-mar (Memórias, #4)

4.36 avg rating — 11 ratings — published 1978 — 3 editions
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Chão de ferro (Memórias, #3)

4.29 avg rating — 7 ratings — published 1976 — 3 editions
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O círio perfeito

4.67 avg rating — 3 ratings — published 2004 — 3 editions
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Galo das trevas

3.25 avg rating — 4 ratings — published 2003 — 3 editions
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O bicho urucutum

liked it 3.00 avg rating — 2 ratings
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Viagem ao Egito, Jord‰nia e...

2.50 avg rating — 2 ratings
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Capítulos da história da Me...

really liked it 4.00 avg rating — 1 rating2 editions
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Cadernos 1 E 2

liked it 3.00 avg rating — 1 rating
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More books by Pedro Nava…
Baú de ossos Balão cativo Chão de ferro Beira-mar Galo das trevas O círio perfeito
(7 books)
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4.16 avg rating — 83 ratings

Quotes by Pedro Nava  (?)
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“Às vezes saímos para fazer visitas. Eu gostava das da zona sul e nascente Copacabana. O mar era entrevisto de longe, logo que se desembocava nos altos do Túnel Velho. Lá íamos visitar a grande amiga de tia Alice, solteirona e rica, que a todos impressionava pela dignidade de sua presença, pela miopia e pela peruca que usava aberta no meio da testa e esculpindo dois bandós simétricos de cabeleira de santo de pau. Sua vida era austera e piedosa: sempre condenava as fraquezas e escorregões da carne. Assim atravessou mocidade, a segunda mocidade, ficou madura, mas ao galope dos quatro cavaleiros do apocalipse da menopausa — arranjou seu Landru. Não a matou — mas foi roendo aos poucos seus prédios, suas apólices, suas joias, suas ações, suas pratas, seus cristais, suas porcelanas e quando já não havia o que cardar, plantou a noiva de tantos anos. Morreu abandonada pelo moço (que ela achava a cara de George Walsh), curtida de paixão e marginalizada pela família. Sua pobreza tornava-a mais culpada aos olhos dos sobrinhos. Eu gostava de sua casa, de seu beijo estalado, do seu sempiterno bolo de aipim e do seu convite sugestão amplidão azul. Vamos menino! tire os sapatos e vá brincar na areia! Ia e pasmava. As ondas vinham altas, empinadas, lisas, oscilantes, como que hesitantes, como se se fossem cristalizar naquele bisel ou coagular-se naquele dorso redondo da serpente marinha coleando do Leme à Igrejinha; paravam um instante de instante, suspensas um instante, decidiam de repente e deflagravam quebrando num estrondo barulhos luzes marulhos espumas — se procurando nos leques se sobreabrindo sobre as areias. Era mais ou menos no Posto 5 e ainda havia conchas para apanhar, tatuís para desentocar no praiol deserto e impoluído. Ou simplesmente andar, sentindo nas solas nuas a frescura da praia molhada e seu derrobamento sob os pés inseguros, ao retorno das águas. …”
Pedro Nava, Chão de ferro

“Eu conheci esse pedaço do belo Belorizonte, nele padeci, esperei, amei, tive dores-de-corno augustas, discuti e neguei. Conhecia todo mundo. Cada pedra nas calçadas, cada tijolo nas sargetas, seus bueiros, os postes, as ávores. Distinguia seus odores e suas cores de todas as horas. Seu sol, sua chuva, seus calores e seu frio. Ali vivi dos meus dezessete aos meus vinte e quatro anos. Vinte anos nos anos Vinte. Sete anos que valeram pelos que tinha vivido antes e que viveria depois. Hoje, aqueles sete anos, eles só, existem na minha memória.”
Pedro Nava, Beira-mar

“A chácara da Prima Zezé descia de platô em platô até o nível da rua. Era só comparável à de minha avó materna, em Juiz de Fora. Só que nela predominavam as mangueiras de densa sombra e os jambeiros esgalhados. Prima Zezé gostava descer com o farrancho para o meio das árvores. Palestrar chupando fruta. Vamos seu Marote! Vamos seu Pedro! Vamos subir nessas árvores e apanhar uns jambos pra gente. Ou eram mangas. Ou eram abios. Ou eram sapotis. Subíamos: alto de ver os trens passando longe, na linha da Central e na outra direção, mais longe ainda, os da Leopoldina e os minaretes de Manguinhos. Lembro da queimadura que peguei no dorso da mão só de roçar casulos vazios em que a taturana deixara o pelo venenoso depois de virar frágil borboleta. A tarde descia e subíamos para jantar sob a lâmpada amiga do lustre baixo, baixo, sobre a mesa da sala de jantar. Foi aí nessa ocasião, que ouvi Prima Zezé fazer o inventário das joias da Inhá Luísa e dizer a minha Mãe que ela fora prejudicada na partilha. Minha Mãe que não! Zezé, fora tudo muito justo… Mas Prima Zezé que absolutamente! de jeito nenhum… E enumerava os adereços, as montagens, as rivières, os sautoirs, os berloques, os oiros, as pérolas, os diamantes, as marcassitas, as pedrarias. Mudavam de assunto, passavam Juiz de Fora num crivo. Às vezes baixavam a voz, riam muito. Filhos do marido nada, Dibança! Filhíssimos do Seu Nanal da Tartaria. Isso. Esse mesmo, primo do Saninho Castro. Gente mais conhecida em Oliveira… A grande lâmpada acesa. Como calhaus, os besouros abatiam-se na brancura da toalha ou batiam no vidro do abajur. As mariposas faziam nuvem vinda da mata. A Amair trazia uma larga bacia cheia d’água onde os bichinhos se precipitavam vendo na lâmina líquida a reflexão das lâmpadas. de vez em quando um pio de mocho, tescunjuro! ou um silvo raro de locomotiva...”
Pedro Nava, Chão de ferro



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