Marcelo Costa's Blog

August 6, 2025

Crônica reflexiva filosófica sobre a vida.

Eu divido a vida em 3 partes.

A primeira é como viver na Terra do Nunca: sentimos que seremos sempre jovens e somos naturalmente desinteressados por responsabilidades ou filosofias de vida. Temos uma vida pela frente, e nada de mal pode acontecer, certo? Enquanto isso as feridas ficam nas profundezas. 

A segunda parte é onde a coisa complica: erramos vezes sem conta, desperdiçamos oportunidades e queimamos o tempo na expectativa de adquirir o “mundo”. Não obstante, aprendemos muito, ao contrário da primeira parte, onde não aprendemos nada significativo. Mas aqui as feridas tornam-se visíveis. 

A terceira, e última, é a maturidade. Entende que esta última não está ligada à maturidade social, mas sim à intelectual — aquela que atinges quando passas com sucesso da segunda para a terceira. A tua bagagem está cheia de ensinamentos, de erros e tentativas, de pessoas que vieram e de outras que foram. Assumes uma postura mais serena; os fatores externos já não te abalam como antes. Aceitas que devem cumprir as tuas missões impostas por ti ou apenas entregues a ti. Vives de forma leve, entregas o conhecimento e auxilias sem pedir nada em troca, enquanto vais curando as partes de ti que foram sendo feridas no processo.

Em suma, a última fase é aquela em que tens tudo o que precisas para viver.

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Published on August 06, 2025 06:11

August 2, 2025

Análise Sistémica da Carência Afetiva

A necessidade de aprovação é algo que se manifesta ao longo do tempo, com pequenos atos, comportamentos e reações ao nosso meio. As causas podem ser banais ou mais complexas, entrando num campo da psicologia que ainda não estou confortável nem capacitado para abordar, mas existe algo que podemos verificar através de metodologias como a Análise Sistémica, que observa o indivíduo não de forma isolada, mas como parte integrante de um sistema de relações.

Como sabem (ou não), os pais são os pilares da nossa vida. Se por um lado a mãe é o afeto, o pai é a força. Quando, por alguma razão, os papéis são invertidos, ou um ou ambos não estão presentes, ou estão presentes de forma distante — ou seja, existe uma rutura da ordem —, tendemos a desequilibrar essas “forças” que nos regulam e regulam tudo na nossa vida: relações, dinheiro, emprego, projetos, etc.

Inevitavelmente, procuramos preencher esses “gaps” com coisas, pessoas ou sentimentos comprados com base em interesses mútuos, mas, com o passar dos anos, percebemos que não funcionam. Entramos em desespero e, possivelmente, em depressão. Claro que sentimos que falta “algo”; o vazio continua lá, a crescer. Mas, sem saber por onde começar, é impossível tratar.

Algo muito comum hoje em dia é a necessidade de aprovação, que pode nascer de uma estrutura familiar falha. Não significa que não tenha existido amor, mas que, por algum motivo, a ordem não foi respeitada. A pessoa vai para a vida com a necessidade constante de ser reconhecida, de se dar ao mundo à espera que a aprovem. Facilita, assim, relacionamentos de interesse, sem bases fundamentadas no respeito, no amor e, acima de tudo, na admiração, sendo que esta última é a chama que permite que duas pessoas continuem juntas, mesmo quando a paixão passou.

Nas redes sociais, vemos constantemente pessoas a tentar viralizar as suas selfies, tentando vender os seus atributos em troca de likes, como se lhes dissessem: “Uau, és incrível!”. Quando, no fundo, até são, mas a exposição facilitada, a falta de autoestima e o amor-próprio levam essas pessoas à vulgarização. É um processo em que o “Falso Self”, como lhe chamou o psicanalista D.W. Winnicott, é construído para ser aceite, ofuscando a identidade autêntica.

No fim, a grande ironia é que, na busca incessante por serem vistos, muitos acabam por se perder de vista a si mesmos. Talvez o verdadeiro ato de coragem, na era da exposição, não seja viralizar uma imagem, mas sim cultivar um mundo interior tão sólido que a aprovação externa se torne apenas um eco agradável, e não uma necessidade vital.

Esta pode ser uma das causas, mas como referi no início, pode ser mais complexo, com raízes profundas na psique humana — deixo essa parte para os especialistas. Para terminar, deixo uma mensagem de coração de alguém que sentiu durante anos o vazio a corroer por dentro, que ignorou os sinais mais óbvios e procurou a aprovação constante, ignorando todo e qualquer tipo de ajuda.

Não procurem nos outros aquilo que falta em vocês. Cultivem em vocês o que querem dar aos outros.

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Published on August 02, 2025 06:40

June 24, 2025

Do Outro Lado da Dor

Marcus, um homem à deriva, consumido pela culpa e pelo arrependimento, decide afastar-se de tudo, sem saber que o verdadeiro encontro será consigo mesmo. É então que, numa tarde solitária à beira de um rio, conhece Elias, um homem misterioso que o conduz numa viagem transformadora ao Brasil. Ao longo da sua jornada, Marcus cruza-se com pessoas que o ajudam a reencontrar o rumo, trazendo consigo não só ensinamentos inesperados, mas também ecos de histórias e laços que ele julgava esquecidos. Ao mesmo tempo, um segredo inesperado emerge, desafiando-o a reconstruir o seu lugar no mundo. Nesta travessia, Marcus descobre que para se libertar do peso do passado é preciso compreendê-lo, reconciliando-se com as suas raízes. Uma história sobre perda, reencontro e segundas oportunidades, onde a viagem mais desafiante é aquela que nos leva às profundezas do que somos.

Quero ler

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Published on June 24, 2025 13:09

May 11, 2025

Três Meses Longe do Espelho

Três meses podem parecer pouco e, dependendo do contexto, até o são. Mas muito pode acontecer — isso é inegável. Não sei quanto a vocês, mas em três meses mudei completamente a minha vida. Parece que existe algo mágico nesse agrupamento temporal. Tantas pessoas mudaram as suas vidas em três meses, umas para melhor, outras nem tanto.

Três meses foi o tempo que precisei para sair de um poço fundo, que me cobria de merda até ao pescoço — escuro, húmido e a cheirar a ração de cão estragada. Alinhei a minha vida com aquilo a que chamamos dignidade e propósito — bastante cliché nos dias que correm. Mas, apesar disso, poucos chegam lá. Sei que muitos questionam o porquê. Eu não tinha essa resposta. Agora tenho.

Durante esses meses, encontrei várias pessoas pelo caminho. É incrível como cada uma deixa um fragmento seu, nem que seja em forma de reflexão. Algumas dessas pessoas eram verdadeiramente ricas no campo imaterial e pobres de dinheiro. Outras eram ricas de dinheiro e extremamente pobres no campo da espiritualidade, da mente e da humanidade. Uns sem tecto, e outros com vários — incluindo alguns com vista para o mar. Uns apenas com uns velhos sapatos, gastos de incontáveis dias sobre o asfalto quente. E outros que circulavam em carros de luxo, com ar condicionado.

Não sou hipócrita — prefiro o carro com ar condicionado. Mas convivi com o dos sapatos de igual forma.

“Não temos por costume sentir a dor do outro, a menos que se torne nossa também” — disseram-me certa tarde, já perto do lusco-fusco. Pela parte que me toca, acenei com a cabeça. Foda-se, faz sentido.

Porém, percebi mais tarde que é de mestre calçar os sapatos do outro, sentir a sua dor e respeitá-la com empatia. Perceber, então, o outro lado da dor (juro que não foi de propósito). Afinal, as dores são imensuráveis — para ele, pode ser o máximo de dor que sentiu na vida. A nós cabe-nos ser humanos.

Nem sempre pensei assim. Afinal, semanas antes destes eventos, provoquei tanta dor que certamente foi o máximo que esse ser humano sentiu.

A vida ensina-nos. Nós escolhemos o que fazemos com os ensinamentos — se queremos ser a nossa melhor versão ou a nossa pior. Tudo se resume, no final, a uma escolha.

Três meses são suficientes para mostrar o carácter, a força, a cumplicidade, a empatia de cada um (podia continuar, mas já perceberam) — elevando-nos a um estado pleno de humanidade… ou não.

O que é que os outros veem quando te colocas à frente?

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Published on May 11, 2025 11:54

April 30, 2025

Esse bem-estar, Cabrão!

Hoje percebi o quanto somos frágeis, vulneráveis, incapazes. Por mais que me dedique a crescer — desenvolva as minhas aptidões, explore a minha psique com ajuda profissional, oriente a minha constelação, escreva, leia, questione — serei sempre um ser falho, imperfeito.
Hoje tenho a certeza: no dia em que sentir que estou completo, que já não preciso de ajuda ou desenvolvimento, nesse dia morri. Ou pelo menos, deixei de viver — mesmo que o corpo ainda ande por aqui.

O bem-estar é um cabrão. Faz-nos acreditar que já está tudo resolvido, que não precisamos de mais nada. E foda-se, precisamos. Estamos bem… porque fazemos por isso.

Mas também… É bom. Só que mesmo quando acreditamos estar fortes, resilientes, equilibrados, chega o desafio. E às vezes, esse desafio toma a forma de alguém que simplesmente não te respeita. Ou não respeita as tuas ideias.

Se eu fosse um estoico à moda antiga, isso não me tocava. Ou tocava pouco. Mas não sou. Sou falho. Já tinha dito?

E sem querer, essa pessoa apodera-se de mim. Porque deixei. Fui eu que deixei. Abri a porta. E ela entrou. Estúpido.

Farto de saber: as coisas só têm importância na medida em que lha damos.

E mesmo agora — neste momento em que me vejo pequeno, em que reconheço o quanto ainda tenho de crescer — vejo também a importância daquilo que faço. Procuro o melhoramento. Para mim. Para os outros. E estou bem. Estou melhor do que alguém que desperdiça a própria energia vital a tentar aborrecer os outros.

Estou bem porque sei que o desenvolvimento é contínuo. É um compromisso com a vida. Certo — continuo imperfeito, mas próximo do meu areté. Que é como quem diz: vivo perto da minha melhor versão, todos os dias. E isso, além de ser incrível… também é profundamente contagiante.

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Published on April 30, 2025 14:58

April 26, 2025

(In)Capaz – As Desculpas que Anulam Sonhos

Todas as desculpas que usamos para adiar, para não agir, são apenas reflexos das nossas inseguranças, medos e crenças limitantes. Elas protegem-nos daquilo que sentimos ser um risco, mas, na realidade, afastam-nos do que realmente desejamos. O poder de transformar a nossa vida está nas escolhas que fazemos todos os dias, no momento em que decidimos dar o primeiro passo, independentemente da dúvida ou do medo.

Cada desculpa é uma oportunidade de crescer, de questionar as histórias que contamos a nós mesmos e de construir uma narrativa mais autêntica. Não existe o momento perfeito, a condição ideal, ou a falta de obstáculos. O que existe é o agora, o que posso fazer agora para me aproximar de quem quero ser.

Não esperes pelo sinal. O que precisas está dentro de ti, e a única coisa que falta é a coragem para agir.

Ebook Gratuito

https://marcelocosta12.gumroad.com/l/inCapaz

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Published on April 26, 2025 10:53

April 18, 2025

Reflexo

— Muitos estão a acordar dia após dia, olham no espelho e não reconhecem a pessoa do reflexo, perguntam-se quem são e o que raios estão aqui a fazer.

Sem respostas, procuram em qualquer lugar que pareça oferecê-las, vingando-se de si mesmos com fast food, redes sociais e sexo, ou, na sua ausência, com pornografia, distribuída na internet de forma gratuita como tantas outras drogas mentais. Criam uma realidade falsa com perfis no Facebook, Instagram e Tinder, onde utilizam inteligência artificial para melhorar a aparência, alterando virtualmente tudo o que conheciam deles fisicamente.

Neste momento, tornam-se oficialmente mentirosos cognitivos. Tornam-se incapazes, inúteis aos seus próprios olhos, sentem nojo deles mesmos, perdem o verdadeiro interesse da vida. Pegam no smartphone, tiram mais uma foto, fingem mais um sorriso, quando, na verdade, deviam aceitar o choro e procurar parar de cavar o poço onde se colocaram.

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Published on April 18, 2025 07:04

February 22, 2025

Sobre Livre-arbítrio

O texto surge como uma reflexão, tendo como base apenas uma conversa entre conhecidos.

O livre-arbítrio parece funcionar de forma diferente para cada um – porque assim é. Desde pequenos, somos moldados, esculpidos e lapidados para agir com base num conjunto de crenças, sejam elas religiosas, culturais, familiares ou sociais, que influenciam a forma como vemos o mundo e tomamos decisões.

Além disso, temos os vieses cognitivos (bias), que condicionam as nossas escolhas através de padrões comportamentais como a confirmação, a preferência ou o hábito. Se tudo o que fazemos é, no fundo, apenas uma soma de influências, onde fica, então o livre-arbítrio? Será que ele existe apenas como uma ideia abstrata de liberdade absoluta que os “meros mortais” nunca atingem? Ou será, antes, um conjunto de “regras” definidas e aceites dentro de uma comunidade?

Esta reflexão leva-nos a outro ponto: aqueles que seguem o seu livre-arbítrio até às últimas consequências acabam, muitas vezes, por matar, roubar ou aniquilar povos inteiros porque acreditam que podem fazê-lo. Mais recentemente, temos exemplos como Putin e Trump, que, de uma forma ou de outra, influenciam e levam à morte de milhares de pessoas. Nós classificamo-los como ditadores, criminosos, genocidas ou assassinos, porque moralmente as suas ações são inaceitáveis. Mas não estarão eles apenas a exercer o seu livre-arbítrio?

A verdade em que acredito é que, por mais que a ideia de ser totalmente livre seja romantizada e pareça incrível, talvez não o seja. Talvez ainda não tenhamos a consciência necessária para assumir essa liberdade como nossa. Precisamos de normas, leis, regras, padres, políticos – o que for – para tomar decisões pela maioria e guiar as massas. Não estou a falar de certo ou errado, apenas do facto de que sempre houve quem conduzisse a sociedade.

Usar o livre-arbítrio em toda a sua plenitude implica um nível de autonomia, responsabilidade e crescimento que menos de 0,1% das pessoas tem neste mundo, neste tempo.

No fundo, talvez o livre-arbítrio não seja apenas a capacidade de escolher, mas sim a coragem de lidar com as escolhas feitas e o percurso que traçamos.

E vocês o que acham?

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Published on February 22, 2025 06:37

January 29, 2025

Não tens de ser perfeito, só real.

Pode ser difícil de acreditar, mas nem tudo o que vemos na internet é real. Grande parte da rotina que parece tão perfeita não é como a mostram.

Muitas vezes, as comidas são preparadas só para a foto, os sorrisos são ensaiados e tudo parece saído de um filme. Mas a vida não é um filme, é a realidade. Há dias em que vamos chorar, dias em que não vamos treinar, nem sempre vamos conseguir ir àquele hotel da moda ou adquirir o iPhone do ano. E está tudo bem assim.

O problema começa quando nos comparamos com o que vemos, algo que nem sequer existe de verdade, transformando a nossa paz em frustração e a nossa felicidade em tristeza. Cada vez mais nos afastamos do básico, daquilo que realmente importa: a conexão humana.

Precisamos urgentemente de pessoas reais, de relações genuínas que nos ajudem a voltar à essência do que significa estar verdadeiramente presente no mundo.

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Published on January 29, 2025 07:39

January 18, 2025

Livro: Do Outro Lado da Dor

DO OUTRO LADO DA DOR

Há momentos na vida em que a bagagem que trazemos se torna pesada demais para ignorar. Histórias familiares não resolvidas, a ausência de propósito, o vazio deixado pela perda ou pelo abandono, e até o receio de um futuro incerto podem parecer sombras que nos acompanham.

Este livro é uma viagem para quem procura mais do que um destino – é um convite a explorar o que nos sustenta quando tudo o resto parece desmoronar. Através de paisagens externas e internas, esta narrativa conduz-te por caminhos onde a dor se transforma em sabedoria, as cicatrizes contam histórias e o renascimento se revela possível.

Não importa onde estejas no teu percurso, esta história oferece um espaço para refletir, sentir e, talvez, encontrar fragmentos de respostas que há tanto tempo procuras.

📚 Lançamento previsto: Junho de 2025
📖 Disponível em formato físico e ebook

Nas principais livrarias nacionais, incluindo:Fnac
Bertrand
Wook
El Corte Inglés
Pingo Doce

RESERVA https://dooutroladodador.carrd.co/

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Published on January 18, 2025 12:48