Esse bem-estar, Cabrão!
Hoje percebi o quanto somos frágeis, vulneráveis, incapazes. Por mais que me dedique a crescer — desenvolva as minhas aptidões, explore a minha psique com ajuda profissional, oriente a minha constelação, escreva, leia, questione — serei sempre um ser falho, imperfeito.
Hoje tenho a certeza: no dia em que sentir que estou completo, que já não preciso de ajuda ou desenvolvimento, nesse dia morri. Ou pelo menos, deixei de viver — mesmo que o corpo ainda ande por aqui.
O bem-estar é um cabrão. Faz-nos acreditar que já está tudo resolvido, que não precisamos de mais nada. E foda-se, precisamos. Estamos bem… porque fazemos por isso.
Mas também… É bom. Só que mesmo quando acreditamos estar fortes, resilientes, equilibrados, chega o desafio. E às vezes, esse desafio toma a forma de alguém que simplesmente não te respeita. Ou não respeita as tuas ideias.
Se eu fosse um estoico à moda antiga, isso não me tocava. Ou tocava pouco. Mas não sou. Sou falho. Já tinha dito?
E sem querer, essa pessoa apodera-se de mim. Porque deixei. Fui eu que deixei. Abri a porta. E ela entrou. Estúpido.
Farto de saber: as coisas só têm importância na medida em que lha damos.
E mesmo agora — neste momento em que me vejo pequeno, em que reconheço o quanto ainda tenho de crescer — vejo também a importância daquilo que faço. Procuro o melhoramento. Para mim. Para os outros. E estou bem. Estou melhor do que alguém que desperdiça a própria energia vital a tentar aborrecer os outros.
Estou bem porque sei que o desenvolvimento é contínuo. É um compromisso com a vida. Certo — continuo imperfeito, mas próximo do meu areté. Que é como quem diz: vivo perto da minha melhor versão, todos os dias. E isso, além de ser incrível… também é profundamente contagiante.