Pat R
Goodreads Author
Born
Évora, Portugal
Website
Genre
Influences
Charles Bukowski
William S. Burroughs
Jack Kerouac
J.G. Ballard
Ernest Hem ...more
William S. Burroughs
Jack Kerouac
J.G. Ballard
Ernest Hem ...more
Member Since
June 2012
Pat R hasn't written any blog posts yet.
![]() |
Os Homens Nunca Saberão Nada Disto
by
—
published
2015
|
|
![]() |
Livro de Extras
by
—
published
2015
|
|
![]() |
O Pijama da Gata
by
—
published
2015
|
|
![]() |
Inércia
by
3 editions
—
published
2014
—
|
|
![]() |
Do David Sobre o David
by |
|
“She falls back like a dead weight. The red hair loosens from the hair band and spreads in the colorful surface of the pillows, her white body is in sharp contrast, the gleam in her bloodshot eyes becomes intense and shines. My aunt, lying like this, looks like a goddess in an orgasm, only that, inside, she is suffering. I close my eyes and breathe deeply. The same is happening to us, we're really disappearing. I think of the matter of our bodies, changeable, disappearing in the particles of the air while we breathe. In this room, everywhere, we are printed on the walls, in the air that settles on things. I breathe and look at her. I'm stuck in her.”
― Os Homens Nunca Saberão Nada Disto
― Os Homens Nunca Saberão Nada Disto
“Nessa altura, vários mitos eram criados pelos jovens das carrinhas de fumo e das florestas de cogumelos alucinogénios, os famintos pela sede do ácido lisérgico, que estavam demasiado cansados do sofrimento em que cresceram e que precisavam de se refugiar nos sonhos. No universo destas crianças, corriam histórias inacreditáveis sobre os locais nas montanhas que as mulheres procuravam para se refugiar, sítios onde as pessoas se uniam pela música e pelo amor, para um crescimento espiritual mútuo. Para a tia Jeanine, que já tinha crescido com a imagem do pai sem um pé devido à guerra, alimentar-se dessas histórias parecia um refúgio, que ela mais tarde tentaria transformar em casa. E uma dessas histórias, particularmente uma, ficou-lhe na memória até à última fase da sua vida, quando veio a falecer aos oitenta e um anos, queimada pelo fogo. (...) Naquela altura, miúdo, diziam que, se procurássemos bem, íamos encontrar um sítio onde o mundo não acabaria. Os homens nunca iriam saber que raio de sítio era aquele, totalmente indomável! Um sítio onde as mãos porcas dos homens não chegariam. Um sítio sobre o qual os homens nunca saberiam nada. Não achas que consegui? Ter o meu corpo a desaparecer na floresta, como vi acontecer aos miúdos no Japão, na floresta Aokighara que os engole para o seu âmago. A carne reduzida a pó, a minha essência a desaparecer no meio da vida. Eles diziam que, quando morres num sítio, ficas nesse sítio para sempre. Era por isso que toda a gente tinha medo de ir para a guerra. Não era de morrer que eles tinham medo, miúdo, era de morrer lá.”
― Os Homens Nunca Saberão Nada Disto
― Os Homens Nunca Saberão Nada Disto
“The so-called ‘psychotically depressed’ person who tries to kill herself doesn’t do so out of quote ‘hopelessness’ or any abstract conviction that life’s assets and debits do not square. And surely not because death seems suddenly appealing. The person in whom Its invisible agony reaches a certain unendurable level will kill herself the same way a trapped person will eventually jump from the window of a burning high-rise. Make no mistake about people who leap from burning windows. Their terror of falling from a great height is still just as great as it would be for you or me standing speculatively at the same window just checking out the view; i.e. the fear of falling remains a constant. The variable here is the other terror, the fire’s flames: when the flames get close enough, falling to death becomes the slightly less terrible of two terrors. It’s not desiring the fall; it’s terror of the flames. And yet nobody down on the sidewalk, looking up and yelling ‘Don’t!’ and ‘Hang on!’, can understand the jump. Not really. You’d have to have personally been trapped and felt flames to really understand a terror way beyond falling.”
―
―
“A ideia de que ele poderia representar dois papéis tão distintos com duas pessoas diferentes intrigava-a de uma forma desconcertante. Seria ela o vício obsessivo de alguém que não conseguia lidar com a sua sexualidade? Seria ela a satisfação demente do desejo, a expressão do dissoluto? Seria ele um ator quase tão natural quanto ela? Quem é que estava ali a enganar quem? “Tenho a minha fala!” - pensou e, ainda que fosse descontextualizada e o som ininterrupto do telefone se fizesse ouvir, ela proferiu-a só para que fosse verbalizada, o drama da personagem que já não se deixava ouvir, a quem o tempo destruíra o protagonismo.
- Encontro-te lá.
Conduzida pelo magnetismo secreto dos seus olhos, olhou-se ao espelho e achou-se harmoniosa. Viu um brilho determinado nos olhos, que poderia ser só do gin, mas ela identificou-o e apercebeu-se, pela primeira vez, que todo o quarto cheirava a fumo de tabaco e que aquele não era um dia com muito sol, era um dia ideal para ficar deitada, a ler, a beber e a fumar. Sabia que não devia sair e que parte dela queria ficar mas, às vezes, no que toca ao amor, parece que não aprendemos nada com o passar dos anos.”
―
- Encontro-te lá.
Conduzida pelo magnetismo secreto dos seus olhos, olhou-se ao espelho e achou-se harmoniosa. Viu um brilho determinado nos olhos, que poderia ser só do gin, mas ela identificou-o e apercebeu-se, pela primeira vez, que todo o quarto cheirava a fumo de tabaco e que aquele não era um dia com muito sol, era um dia ideal para ficar deitada, a ler, a beber e a fumar. Sabia que não devia sair e que parte dela queria ficar mas, às vezes, no que toca ao amor, parece que não aprendemos nada com o passar dos anos.”
―

wikipedia: "Transgressive fiction is a genre of literature that focuses on characters who feel confined by the norms and expectations of society and w ...more