Um Novembro diferente

Se seguem este blog há alguns anos, talvez tenham estranhado o facto de não ter anunciado planos para este Novembro que acaba de começar. Por norma participo sempre no NaNoWriMo (National Novel Writing Month) e, nos poucos anos em que não consegui participar, prestei sempre contas das razões para tal aqui no blog que nasceu precisamente no primeiro ano em que fiz parte do desafio (em 2008). Este ano não será excepção.

Desde Novembro passado a organização do NaNoWriMo tem estado sob escrutínio por questões de segurança nos seus fóruns, mas este ano a problemática escalou por uma outra situação que revoltou a comunidade global de participantes deste desafio anual: a ONG responsável por este que se tornou um ícone de potencialização da escrita meteu a “pata na poça” ao falar da sua posição relativamente ao uso de IA no contexto da escrita criativa.

Esta posição da ONG criou uma enorme revolta na comunidade fiel ao NaNoWriMo até então.

Não me vou pronunciar muito sobre esta situação, deixando que cada um tire as suas elações. A publicação original foi entretanto retirada e substituída por outro texto, mas podem saber um pouco mais sobre isto AQUI, AQUI ou AQUI.

Pessoalmente creio que a NaNoWriMo queria apenas ser o mais inclusiva possível, não querendo alienar pessoas que possam querer usar a IA como auxiliador de escrita, mas ao fazê-lo usou expressões que levaram a revolta.

Sobre o uso de IA irei pronunciar-me noutra publicação em maior detalhe, mas adianto que em matéria de IA generativa me encontro no espectro de pessoas que estão contra a forma como esta está em efeito de momento, pois considero o uso indevido, não autorizado e não remunerado de arte, textos, fotos e demais expressões artísticas protegidas por direitos autorais, uma aberração e um abuso do “fair use”. Não é por as coisas estarem disponíveis online que podem ser usadas para treinar motores de Inteligência Artificial, especialmente porque muitas plataformas forçam os seus utilizadores a aceitarem termos abusivos ou quase os escondem sem que as pessoas perceberem que estão, por defeito, a consentir que as suas fotos pessoais, artes criadas, vídeos e muito mais sejam utilizados para treinar estes geradores que são depois usados sem grande discernimento por todo o mundo.

Dito isto parece-me que a NaNoWriMo deu um “tiro no próprio pé”, pois que sentido faz sugerirem sequer que estão a favor da IA generativa de textos, quando o propósito único deste desafio é que as pessoas se dediquem a escrever um romance de 50.000 palavras no espaço de um mês?

Mas independente desta minha opinião, em toda a verdade não foi esta a razão que me levou a não integrar no desafio do NaNoWriMo este ano. Acontece simplesmente que me quero focar em rever os trabalhos que tenho escritos há anos e que ainda não lancei nem enviei para editoras. Portanto vou estar focada em rever e não tanto em escrever histórias novas, embora a revisão implique sempre uma boa dose de escrita.

Durante o mês vou dando aqui novidades sobre o processo e, quem sabe, não lance um novo conto nos próximos meses …

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Published on November 08, 2024 09:30
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