Rotina Quotes

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Afonso Cruz
“Porque viver não tem nada a ver com isso que as pessoas fazem todos os dias, viver é precisamente o oposto, é aquilo que não fazemos todos os dias.”
Afonso Cruz, Flores

Fernando Namora
“Os dias eram iguais, iguais os silêncios e as pessoas - o hábito, um certo desamor por si próprios, soterrara-os na indiferença.”
Fernando Namora

Suman Pokhrel
“Mantenha-se ocupado até sentir sono.”
Suman Pokhrel

Martha Medeiros
“Quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de sermos idosos sem envelhecer é não nos opormos a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.”
Martha Medeiros, Doidas e santas

Pepetela
“o amor é uma dialética cerrada de aproximação-repúdio, de ternura e imposição. senão cai-se na rotina, na mornez das relações e, portanto, na mediocridade. detesto a mediocridade! Não há nada pior no homem que a falta de imaginação. é o mesmo no casal, é o mesmo na política. a vida é criação constante, morte e recriação, a rotina é exactamente o contrário da vida, é a hibernação.”
Pepetela, Mayombe

Afonso Cruz
“Nos últimos tempos, quando sinto os lábios da Clarisse a tocarem os meus, comprovo que não têm história, já não convocam o primeiro beijo que demos. Creio que, numa relação, o beijo terá sempre de manter a densidade do primeiro, a história de uma vida, todos os pores-do-sol, todas as palavras murmuradas no escuro, toda a certeza do amor. Mas já não é assim. Agora sabem às vacinas que tínhamos de dar à cadela (já morreu), às conversas como diretor da escola, á loiça por lavar, à lâmpada que falta mudar, às infiltrações no tecto, às reuniões de condóminos. Toco levemente os lábios dela e sabe-me à rotina, às finanças, ao barulho da máquina de lavar roupa. Beijamo-nos como quem faz a cama.”
Afonso Cruz, Flores
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Ken Kesey
“(Página 45)
"A enfermaria zumbe da maneira como ouvi uma fábrica de tecido zumbir uma vez, quando o time de futebol jogou com a escola secundária na Califórnia. Depois de uma boa temporada, s promotores da cidade estavam tão orgulhosos e exaltados que pagavam para que fôssemos de avião até a Califórnia para disputar um campeonato de escolas secundárias com o time de lá. Quando chegamos à cidade tivemos de visitar um indústria local qualquer. Nosso treinador era um daqueles dados a convencer as pessoas de que o atletismo era educativo por causa do aprendizado proporcionado pelas viagens, e em todas as viagens que fazíamos ele carregava com o time para visitar fábricas de laticínios, fazendas de plantação de beterraba e fábricas de conservas, antes do jogo . Na Califórnia foi uma fábrica de tecido. Quando entramos na fábrica, a maior parte do time deu uma olhada rápida e saiu para ir sentar-se no ônibus e jogar pôquer em cima das malas, mas eu fiquei lá dentro numa canto, fora do caminho das moças negras que corriam de um lado para o outro entre as fileiras de máquinas.
A fábrica me colocou numa espécie de sonho, todos aqueles zumbidos e estalos a chocalhar de gente e de máquinas sacudindo-se em espasmos regulares. Foi por isso que eu fiquei quando todos os outros se foram, por isso e porque aquilo me lembrou de alguma forma os homens da tribo que haviam deixado a aldeia nos últimos dias para ir trabalhar na trituradora de pedras para a represa. O padrão frenético, os rostos hipnotizados pela rotina... eu queria ir com o time, mas não pude.
Era de manhã, no princípio do inverno, e eu ainda usava a jaqueta que nos deram quando ganhamos o campeonato - uma jaqueta vermelha e verde com mangas de couro e um emblema com o formato de uma bola de futebol bordado nas costas, dizendo o que havíamos vencido - e ela estava fazendo com que uma porção de moças negras olhassem. Eu a tirei , mas elas continuaram olhando. Eu era muito maior naquela época. "

(Página 46)

"Uma das moças afastou-se de sua máquina e olhou para um lado e para o outro das passagens entre as máquinas, para ver se o capataz estava por perto, depois veio até onde eu estava. Perguntou se íamos jogar na escola secundária naquela noite e me disse que tinha um irmão que jogava como zagueiro para eles. Falamos um pouco a respeito do futebol e coisas assim, e reparei como o rosto dela parecia indistinto, como se houvesse uma névoa entre nós dois. Era a lanugem de algodão pairando no ar.
Falei-lhe a respeito da lanugem. Ela revirou os olhos e cobriu a boca com a mão, para rir, quando eu lhe disse como era parecido com o olhar o seu rosto numa manhã enevoada de caça ao pato. E ela disse : " Agora me diga para que é que você quereria nesse bendito mundo estar sozinho comigo lá fora, numa tocaia de pato ?" Disse-lhe que ela poderia tomar de conta da minha arma, e as moças começaram a rir com a boca escondida atrás das mãos na fábrica inteira. Eu também ri um pouco, vendo como havia parecido inteligente. Anda estávamos conversando e rindo quando ela agarrou meus pulsos e os apertou com as mãos. Os traços do seu rosto de repente se acentuaram num foco radioso; vi que ela estava aterrorizada por alguma coisa.
- Leve-me - disse ela num murmúrio - Leve-me mesmo garotão. Para fora desta fábrica aqui, para fora desta cidade, para fora desta vida. Me leva para uma tocaia de pato qualquer, num lugar qualquer . Num outro lugar qualquer. Hem garotão, hem ?”
Ken Kesey, One Flew Over the Cuckoo’s Nest

Ken Kesey
“(Cont.. Página 46)

O seu rosto negro, bonito, cintilava ali na minha frente. Fiquei boquiaberto, tentando pensar em alguma maneira de responder. Ficamos juntos, enlaçados daquela maneira durante alguns segundos; então o som da fábrica saltou num arranco, e alguma coisa começou a puxá-la para trás, afastando-a de mim. Um cordão em algum lugar que eu não via se havia prendido naquela saia vermelha florida e a puxava para trás. As unhas dela foram arranhando as minhas mãos e, tão logo ela desfez o contato comigo, seu rosto saiu novamente de foco, tornou-se suave e escorregadio como chocolate derretendo-se atrás daquela neblina de algodão que soprava. Ela riu e girou depressa, deixando que eu visse a perna amarela, quando a saia subiu. Lançou-me uma piscadela de olho por sobre o ombro enquanto corria para sua máquina, onde uma pilha de fibra deslizava da mesa para o chão; ela apanhou tudo e saiu correndo sem barulho pela fileira de máquinas para enfiar as fibra num funil de enchimento; depois, desapareceu no meu ângulo de visão virando num canto.

(Página 47)

"Todos aqueles fusos bobinando e rodando, e lançadeiras saltando por todo lado, e carretéis fustigando o ar com fios, paredes caiadas e máquinas cinza-aço e moças com saias floridas saltitando para a frente e para trás e a coisa toda tecida como uma tela, com linhas brancas corrediças que prendiam a fábrica, mantendo-a unida - aquilo tudo me marcou e de vez em quando alguma coisa na enfermaria o traz de volta à minha mente
Sim. Isto é o que sei.. A enfermaria é uma fábrica da Liga. Serve para reparar os enganos cometidos nas vizinhanças, nas escolas e nas igrejas, isso é o que o hospital é. Quando um produto acaba, volta para a sociedade lá fora - todo reparado e bom como se fosse novo, às vezes melhor do que se fosse novo, traz alegria ao coração da Chefona; algo que entrou deformado, todo diferente, agora é um componente em funcionamento e bem-ajustado, um crédito para todo esquema e uma maravilha para ser observado. Observe-o se esgueirando pela terra com um sorriso, encaixando-se em alguma vizinhançazinha, onde estão escavando valas agora mesmo, por toda a rua, para colocar encanamento para a água da cidade. Ele está contente com isso. Ele finalmente está ajustado ao meio-ambiente...”
Ken Kesey, One Flew Over the Cuckoo’s Nest

Tati Bernardi
“Por que você ficou frio e sumiu e esqueceu e secou e matou e deletou e resolveu e foi? E você diz que está trabalhando e eu me sinto idiota. Me sinto esfolada viva pelo mundo. Me sinto enganada por anjos. Me sinto inteira uma enganação. Porque a gente estava, sim, se amando, mas você correu para levantar antes a bandeira do “se fodeu, trouxa, o amor não existe”. Justo você que eu escolhi para fugir comigo das feiuras do planeta. Porque você me emprestava a mão vendo TV e queria fazer camarões fritos para mim e escondia as meias suadas quando eu chegava antes do que você esperava. E você me perguntava o tempo todo se eu percebia como era legal a gente. E então, só para fazer parte da merda universal de toda a bosta da vida, você se bandeou para o lado do impossível e se foi e me deixou como louca, escondida no jardim da produtora, chorando, te perguntando para onde foi o amor. E você riu e disse: “mas eu só estou fazendo minhas coisas”. E eu me senti idiota e louca e chata, e isso foi muito cruel ainda que seja tão normal. Normal não me serve não encaixa não acalma.”
Tati Bernardi, Depois a louca sou eu

Clarice Lispector
“E a morte, que era para ser uma única boa vez, não: está sendo sem parar.”
Clarice Lispector, Todas as Crônicas

Philip K. Dick
“Pôs mãos à obra. Por volta de três da tarde, ele terminara; levantou-se, as articulações estalando, e espreguiçou-se, sentindo o corpo cansado. Mas sua mente permanecia lúcida. Então eles revistaram o meu ap, disse para si. Com o auxílio de mecanismos visuais e auditivos. Elevou a voz, para facilitar o trabalho do receptor — Aqueles desgraçados do escritório… me espionando. É patológico. Francamente é um alívio estar fora dessa atmosfera de desconfiança e… — cessou o falatório; de que adiantava? Foi para a cozinha e preparou o almoço.”
Philip K. Dick, Clans of the Alphane Moon

“O problema é que a maioria das pessoas sequer sabe onde quer chegar, exatamente pelo fato de desconhecer os próprios valores. Logo, as pessoas acabam vivendo uma vida “comum” que geralmente é assim: nascer, crescer, estudar, trabalhar, esperar final de semana para “descansar” para continuar trabalhando, até chegar um dia para aposentar e morrer. Às vezes se casam “porque tem que casar”, “têm filhos porque faz parte”... etc”
Tsoah, Como Ter Relacionamentos Que Dão Certo

Erich Fromm
“todas as suas tentativas de amar estão fadadas a falhar se não procurar, com o máximo de atividade, desenvolver sua personalidade total, de modo a conseguir uma orientação produtiva; convencê-lo de que a satisfação no amor individual não pode ser atingida sem a capacidade de amar ao próximo, sem verdadeira humildade, coragem, fé e disciplina. Numa cultura em que tais qualidades são raras, o alcance da capacidade de amar deve permanecer uma conquista rara.”
Erich Fromm, The Art of Loving

Erich Fromm
“tornar-se consciente de que o amor é uma arte, assim como viver é uma arte; se quisermos aprender como se ama, devemos proceder do mesmo modo por que agiríamos se quiséssemos aprender qualquer outra arte, seja a música, a pintura, a carpintaria, ou a arte da medicina ou da engenharia”
Erich Fromm, The Art of Loving

“Sua rotina é sua vida em resumo.”
Richard Oliveira
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