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Simples, mas bem divertido pra distrair a cabeça.

Cascavéis é uma novela simples, mas pra mim é a melhor do livro. Aliás, geralmente quanto menos mirabolante o King tenta ser, melhor o resultado.

Tem uma crítica ao mundo de poetas, escritores, pintores, etc., que é meio cansativa porque te obriga a passar tempo demais com personagens que falam só disso. Mas ainda assim é um livro com lots of gays e cenas de sexo, escrito por um autor negro e que pega padrões de comportamento bem atuais para montar os personagens. Me lembra o Quarto Aberto, do Tobias Carvalho, de certa maneira. Em PT se chama Vidas Tardias.

Uma história de horror com bicho em que o bicho não morre. finalmente! não tem clichê mais insuportável do que cão e gato morrer pra demonstrar ameaça ou proximidade de perigo para os humanos.

A novela sobre sonho premonitório acabou sendo uma história sobre como fanáticos damarescos não se privam de destruir a vida das pessoas para alimentar suas ilusões de poder e de povo escolhido. Entendi o ponto, mas passa tempo demais com o vilão fanático. Foi como entrar no twitter, basicamente.

Tô numa noveleta sobre como o fanatismo religioso está entranhado na estrutura do estado, inclusive na força policial, e sobre como isso torna nossa vida um inferno que embora seja algo muito com cara de EUA na ambientação é infelizmente 100% reconhecível na rotina brasileira. Ainda mais no dia de hoje

Retomando esse que pra mim é um dos melhores do King em muito, muito tempo. Reúne contos e noveletas, com destaque para uma "continuação" do Cujo chamada Cascavéis.

Procurando citações sobre bocas e/ou mordidas para uma epígrafe. Se tiver alguma sugestão, conta pra mim.

Bem simples pros padrões do King. Parece ser um livro sobre contar histórias mais do que sobre uma história. Mas como é gostosinho de ler peguei firme nele pra quebrar a ressaca literária. É um dos livros curtos recentes que o King andou escrevendo pra homenagear romances investigativos.

"não existe governo bom para Estado ruim. É preciso contracolonizar a estrutura organizativa".

Cheguei na última das 3 histórias que compõem o livro. As duas primeiras são eventos do passado, antes de existir a borda da Área X. Essa última acontece depois dos eventos da trilogia.

Do meio pra frente deu uma animada.

Meu dilema com essa série é que tudo sobre a Área X me interessa, mas tudo sobre a Central que investiga os fenômenos da Área X é muito muito chato, porque 90% dos personagens de lá foram escritos para serem desagradáveis e não tenho paciência com esse arquétipo que gera conflito sendo mala.

Indo em frente mais por questão de pesquisa de horror e weird do que por estar empolgado com a leitura.

"Humanismo é uma palavra companheira da palavra desenvolvimento, cuja ideia é tratar os seres humanos como seres que querem ser criadores, e não criaturas da natureza, que querem superar a natureza"

"Quando completei dez anos, comecei a adestrar bois. Foi assim que aprendi que adestrar e colonizar são a mesma coisa. Tanto o adestrador quanto o colonizador começam por desterritorializar o ente atacado quebrando-lhe a identidade".

Gosto que o livro tem um núcleo forte queer, não tem medo de usar erotismo, gore, de misturar os dois em algumas cenas que deixariam Clive Barker feliz, mas ainda assim Lucas consegue manter a metáfora do que é um "sangue raro" ampla o bastante para diferentes leitores poderem fazer diferentes projeções a partir de si.

Entre a fantasia urbana e horror, com elementos queer, fala de pessoas que tem um "sangue raro" usados por bruxos para fazer magias. Essas pessoas são perseguidas por todo mundo: exército, governo, igreja... O que leva o protagonista queer a lidar com a sensação de que estão sempre tentando usá-lo e com o ódio que sente de si mesmo por ser diferente.

Estou numa parte passada no Peru, com uma personagem jovem chamada Carmen e sua avó, que serve de ponte para falar de machismo no país e dos impactos da construção de uma hidrelétrica na comunidade local e nas florestas que dá um UP na história que até aqui estava muito calcada em dramas banais de relacionamento.

Engraçado que o grande motivador da história seja a protagonista ter tomado um chifre e isso ser realmente um drama. Ainda mais comparado ao humorzinho ligeiro que a autora mostrou no "Ela se chama Rodolfo" quase 15 anos depois.

Pegando Absolution depois de reler a trilogia da Área X. A primeira história, que se passa anos antes dos eventos da trilogia, é um bom exemplo de como um conteúdo interessante pode se tornar chatíssimo sob o peso da forma, algo que já havia acontecido no livro 2 da trilogia.

"Sempre acreditara que deus fora inventado à imagem da mãe. (...) Os anos passam e quando adultos substituímos o choro pela reza e esperamos que deus venha trocar nossas fraldas"

In Julia Dantas we trust

Um conto super engraçadinho pra te desarmar e o seguinte chega com rape-revenge vampiresco.