Paula Mota’s Reviews > Vítimas Perfeitas: A Condição Palestiniana > Status Update

"Caro Sr. Presidente Obama, tenho 14 anos.." Estas foram as primeiras palavras de uma carta aberta que me pediram para escrever a Obama em 2013. (Normalmente, não tento contactar criminosos de guerra, mas quando faço, certifico-me, pelo menos, de que são laureados com o Prémio Nobel da Paz).

"Os sionistas apresentam as suas acções sistemáticas e orientadas por políticas como(.)um destino inescapável em que nós os obrigamos a matar os nossos filhos.Esta foi a frase famosa e infame de Golda Meir,que tem ressoado desde então.No entanto, GM podia ter poupado os nossos filhos.Ninguém a obrigou.Ela escolheu matar os nossos filhos.Ela premeditou,planeou meticulosamente o massacre e executou-o a sangue-frio.

"Sei que este capítulo(..)está minado. Será retirado do contexto,(..)mas nunca serei uma vítima perfeita.Não há como escapar à acusação de antissemitismo.É uma batalha perdida e, mais do que isso, uma evidente falsa questão.E está na hora de reavaliarmos esta tática.Há coisas mais importantes a fazer: temos caixões para carregar; temos entes queridos nos frigoríficos das morgues israelitas que precisamos de sepultar.

"Algumas tardes, eu chegava da escola e encontrava autocarros carregados de turistas judeus no nosso quintal (.) a apontar para nós como se fôssemos animais num leilão, a cuspir palavrões americanos nas nossas caras. (..) De dois em dois meses, batiam à nossa porta e sorriam com desdém ao entregarem à minha avó ordens de expulsão e citações judiciais."

"Há pessoas que sentem desprezo pelo mundo onde uma enfermeira recebe o cadáver do marido numa maca, pelo mundo que obriga um rapaz a carregar os membros do irmão num saco. Eu sou uma dessas pessoas. E estou grato pelo meu desprezo, porque dignifica; lembra-me que sou humano."

"Mesmo os aliados mais bem-intencionados dizem a si próprios (antes de poderem convencer o público) que os palestinianos são tal como tu e eu: pais gentis que amam as suas esposas, que têm, ao contrário do que se pensa, cães (e não gado) como animais de estimação e um certo problema com a mentalidade de rebanho que, como sabemos,aflige a mente árabe. Os palestinianos podem ser nossos duplos: imitadores da civilidade.

"Não somos humanos, automaticamente, por virtude de sermos humanos - temos de ser humanizados pela nossa proximidade à inocência branquidão, civilidade, riqueza, compromisso, colaboração, não-alinhamento, não-violência, impotência, ausência de futuro."

"Declarações grosseiras são corrosivas para a nossa causa, mesmo quando essas declarações se referem àqueles que primeiro nos roubam a casa e depois nos saqueiam a tenda. Dizem-nos que a violência infligida às nossas terras e aos nossos corpos é secundária diante das manchas que maculam a nossa imagem - manchas que, ao que parece, se erguem entre nós e a justiça. As nódoas que vivemos para limpar."

"Aqui no Ocidente (seja lá o que "o Ocidente" signifique hoje em dia), seja nos ecrãs de televisão, nas universidades, nos cargos públicos ou no imaginário coletivo, os palestinianos existem numa falsa - e rígida - dicotomia: os somos vítimas, ou somos terroristas.

"Desacreditar o mensageiro como forma de desacreditar a mensagem" tem sido há muito um mantra israelita. Isto porque a nossa situação não pode ser "desacreditada", mas o nosso carácter pode. Transformam-nos em criminosos do pensamento, culpados da nossa raiva e dos nossos ressentimentos, das nossas respostas naturais à brutalização. Testam as nossas respostas contra o preconceito inerente do espectador."