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Escorreu o pincel até a ponta ficar bastante fina e, com pequenos pontos, fez as bocas às pessoas que estavam mais perto, para indicar que gritavam, que diziam — que diziam ao homem, naturalmente — que ele era bom e que o amavam muito.

Tentou imitar a voz de Wheelock, mais gutural:
- Entre. Devo confessar que estou ansioso… Não lhes ligue — (que difícil era imitar o sotaque norte-americano) — ladram sempre assim. Você é o Liebermann? Entre.
Os cães ladravam.
- Quietos! — gritou-lhes Mengele.

Comprou um bilhete para o primeiro voo para Nova Iorque, às 7h45m, que, em combinação com um voo da American Airlines, o levaria até Washington às 10h35m. da manhã seguinte.
Tempo suficiente para se instalar no Hotel Benjamin Franklin.

Apanhou um táxi para o aeroporto Kennedy e trocou o seu bilhete de regresso a Viena por um para Düsseldorf, via Frankfurt, para o primeiro voo, que saía às seis da manhã.
Comprou um exemplar do livro de Farago sobre Bormann e passou a tarde a ler, sentado junto de uma janela.

Olhou à volta: o dormitório, as copas das árvores através do tecto aberto, as estrelas que iam e vinham entre elas. E talvez, talvez não, lá em cima, o Führer a vigiá-lo.
«Não o hei-de deixar mal», prometeu.
Voltou a percorrer com a vista o lugar onde tão gloriosamente se havia realizado e, com os olhos brilhantes, em voz alta, repetiu:
- Não.

Uma nuvem negra das que emanam línguas de cor laranja substituiu subitamente o homem e a cortadora, enquanto, a certa distância, chegava o ruído de uma explosão.

(...) Era, efectivamente, o amador que eu pensava. Penso que nem falava alemão. Mande os rapazes para casa para treinarem as assinaturas. Isto foi apenas uma emoção para completar o dia. Não, pelo menos até novecentos e setenta e sete, receio. Mal terminemos, regressarei à quinta. Vá com Deus, Horst. E transmita aos outros por mim: «Vão com Deus».
Pousou o auscultador e disse:
- Heil Hitler.